quarta-feira, 11 de maio de 2016

Correcção do teste 11G

De acordo com o texto, explique o que se entende por método de conjecturas e refutações.

1.     Conjectura é uma suposição validada por experiências, não é uma certeza ou verdade. As teorias científicas são hipóteses explicativas que foram provisoriamente corroboradas pela experiência, isto é, que ainda não foram falsificadas ou refutadas. Assim a ciência funciona com um conjunto de conjecturas, que podem ser futuramente refutadas. Para Popper, a ciência evolui no sentido de uma aproximação à verdade na medida em que vai eliminando os erros das teorias, substituindo-as por outras mais abrangentes e consistentes com os factos observados. Visto que a ciência se faz num processo racional de conjecturas e refutações, o cientista trabalha no sentido de fazer previsões arriscadas de modo a testar de os limites de cada teoria. O progresso científico é um sistema em aberto em que as teorias são sujeitas continuamente a testes e criticadas pela comunidade científica. A substituição de uma teoria por outra é um processo de selecção  em que as novas teorias aperfeiçoam as antigas na medida em que não cometem os mesmos erros da anterior, explicam os fenómenos das anteriores e ainda explicam novos fenómenos.

2.Segundo Popper a prática científica não é afectada pelo problema da indução levantado por Hume. Porquê? Na sua resposta comece por apresentar o problema da indução levantado por Hume.

O problema da indução, tal como é exposto por David Hume, consiste em demonstrar que a crença na indução não está justificada porque ultrapassa a experiência e a razão, isto é, não pode ser justificada nem empiricamente nem racionalmente. Acreditamos que a natureza é uniforme e, por isso acreditamos que aquilo que aconteceu de uma determinada maneira irá acontecer do mesmo modo no futuro. Esse é o pressuposto que garante as nossas generalizações futuras, mas esse pressuposto já resulta ele próprio de uma generalização e de uma previsão, isto é, aquilo que garante a validade de uma indução é conseguido através da indução, utiliza-se o mesmo processo para validar algo que devia ser validado por um outro conhecimento onde se pudesse fundar.  Há assim um raciocínio falacioso, uma petição de princípio.
A crítica de Popper à indução coloca-se em 3 passos:
  1. Não há observação neutra pois esta já é direccionada por um problema teórico.
  2. As leis científicas não resultam de uma generalização a partir de casos particulares porque elas são universais e a generalização só é válida para os casos observados.
  3. A conclusão de um raciocínio indutivo é sempre provável, assim as leis científicas teriam de ser probabilísticas e não são, logo não podem resultar de um raciocínio indutivo.
A teoria epistemológica de Popper ultrapassa o indutivismo da ciência ao propor um novo método: o falsificacionismo.  O falsificacionismo é, simultaneamente, um critério de demarcação científica, isto é, um critério para separar conhecimento científico e não científico; e, por outro lado, uma nova forma de compreender a metodologia das ciências propondo como realmente científica  uma metodologia hipotética e dedutiva e não indutiva.


3.Relacione estes dis tipos de conhecimento: senso comum e conhecimento científico.

O conhecimento científico e o senso comum divergem no sentido em que há uma lentidão e resistência do senso comum a ideias novas que possam entrar em contradição com aquilo que habitualmente se pensa. O senso comum é acrítico, isto é, não se deixa refutar mesmo que novos factos possam desmentir as suas crenças. Esta característica produz uma sensação de desfasamento que pode identificar o senso comum com o preconceito uma vez que se agarra a verdades eternas que nada têm que as justifique senão a tradição. Contrariamente o conhecimento científico pauta-se por estar continuamente a ser revisto, aperfeiçoado, e rectificado ou refutado através de testes empíricos, essa característica permite uma evolução mais rápida e uma abertura constante a novas formas de explicação que possam satisfazer a constante crítica a que está sujeito  conhecimento científico. O senso comum é útil para servir de limite aos excessos da ciência mas também pode constituir um obstáculo ao seu avanço porque tem dificuldade em aceitar e compreender tudo o que não se adapta ou está na margem das suas certezas. Partem dos dados dos sentidos e acumulam factos, mas se o segundo tira as suas conclusões a partir da experiência, o primeiro formula certas hipóteses que constituem uma directriz através da qual organiza os dados da experiência e a interroga de um determinado modo, sistemático e racional e não apenas ocasional. São assim diferentes percepções da realidade. A outra característica apontada é a linguagem. A linguagem científica é universal e rigorosa na medida em que apresenta símbolos que obedecem a uma técnica de codificação aceite pela comunidade e que tem um significado susceptível de ser apresentado numa experiência e não pode ter vários significados. Veja-se o caso de H2O. Contrariamente o senso comum utiliza a linguagem vulgar onde as palavras podem ter diferentes sentidos.


4 .Distinga o método indutivo do método hipotético/dedutivo

O método indutivo, principia pela observação e consiste na generalização teórica  a partir de dados observacionais, retirando dos factos singulares repetições e constantes que são comuns a todos os factos observados e que permitem a elaboração de leis  válidas para todos os casos semelhantes. Assim o procedimento consiste em recolher dados, de forma sistemática, organizando-os cronologicamente; descobrir um padrão ou constante e  retirar uma hipótese que possa ser testada e confirmada pela experiência. Se a hipótese for confirmada, quer dizer que se verifica o que supúnhamos e então podemos generalizar para casos que ainda não tenham sido observados. A lei científica resultaria de uma generalização válida para todos os casos, e que possibilitaria previsões sobre os fenómenos no futuro. Este procedimento é comum em algumas ciências como a Biologia. O método hipotético-dedutivo privilegia a criatividade intelectual e tem na colocação de problemas o seu princípio, seguidamente procura hipóteses que sejam tentativas de resposta ao problema e retira dessas hipóteses consequências práticas, são as chamadas consequências preditivas. Seguidamente experimenta-se essas consequências de modo a poder corroborá-las ou refutá-las de acordo com os resultados das experiências.  colocação dos problemas e das hipóteses assim como a dedução a partir destas,  de consequências observáveis. Ultrapassa o problema do método indutivo que não pode justificar as leis da natureza, e que é por si um problema visto que carece de fundamento racional.



Nenhum comentário: