sábado, 25 de novembro de 2017

Tópicos para um ensaio.




Vermeer, Senhora escrevendo uma carta, 1670, Dublin




Elaboração de um ensaio sobre um tema problema.

1. Introdução: Apresentação do tema/ problema. Esclarecer a sua importância. Contextualizar no tempo.

2. Corpo argumentativo. Apresentar argumentos convincentes. Fundamentar e justificar as informações. Dar exemplos e retirar deles consequências para a tese que se quer defender. Prever e apresentar possíveis objeções através de contraexemplos ou contra – argumentos.

Apresentar as premissas com ordem e simplicidade.

3. Conclusão: apresentar a síntese ou resultado do que foi anteriormente exposto e retirar uma tese principal.Esta tese principal expõe de forma sucinta o que se defende  como resposta ao problema. Também podemos apresentar a tese logo na introdução e depois expôr as razões. A conclusão/tese é indispensável para que o ensaio se conclua e feche. Pode haver mais que uma conclusão mas não se podem contradizer, pelo contrário tem que ter uma relação entre si -uma pode ser a consequência ou a derivação da outra ou podem ser apresentadas várias alternativas.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Matriz para o 2ºTeste Sumativo - Novembro 2017


Competências
·                  Construir argumentos formais.
·                  Saber aplicar as regras de validade.
·                  Identificar as principais falácias formais.
·                  Distinguir demonstração e argumentação.
·                  Compreender as regras dos argumentos informais.
·                  Identificar argumentos indutivos, por analogia e de autoridade qualificada.
·                  Aplicar as condições de validade destes argumentos a argumentos dados.
·                  Compreender as principais falácias informais.
·                  Compreender o âmbito de estudo da retórica.
·                  Definir os dois usos da retórica persuasão e manipulação
·                  Explanar os elementos constitutivos do discurso persuasivo: Ethos, Pathos e Logos
            Elaborar um pequeno ensaio argumentativo.

Conteúdos
Racionalidade Argumentativa e Filosofia.
1. Argumentação e lógica formal

1.1. Formas de inferência válida.
Silogismos
Argumentos condicionais, Ponens e Tollens e disjuntivos
1.2. Principais falácias formais

2. Argumentação e retórica.

2.1 O domínio do discurso argumentativo e a procura de adesão do auditório. Demonstração e argumentação.
2.2. O discurso argumentativo: principais tipos de argumentos  informais.
2.2.1. Indução; Argumento de Autoridade; Analogia
2.2.2 Falácias que decorrem dos próprios argumentos informais.
2.3.Principais tipos de falácias informais.
2.3.1. Ad hominem; Ad misericordiam; Apelo à Ignorância; Apelo à Força; Falso Dilema e Petição de Princípio; Bola de Neve; Espantalho. 

3. Argumentação e Filosofia.
3.1. Persuasão e manipulação ou os dois usos da retórica. (opcional)
3.2. Elementos constitutivos da Retórica. (Ethos/Pathos, Logos)
Estrutura e cotações
Todas as questões são de resposta obrigatória

     Grupo I
50 Pontos
Questões de escolha múltipla

Grupo II
 120 Pontos
(Seis questões de resposta objetiva)

Grupo III

30 Pontos

Ensaio argumentativo



Critérios de correção



Domínio dos conceitos; Domínio dos conteúdos; Expressão clara e correta; Capacidade de aplicação dos conhecimentos adquiridos ; Originalidade e coerência nos argumentos apresentados; Capacidade de estabelecer relações oportunas entre os conteúdos; Objetividade e rigor; Técnica de análise de texto.


terça-feira, 7 de novembro de 2017

Retórica, propaganda e manipulação - Texto para ler e fotocopiar 11ºB e G

A manipulação conscienciosa e inteligente dos hábitos organizados e das opiniões é um elemento importante da sociedade democrática. Aqueles que manipulam este oculto mecanismo da sociedade constituem um governo invisível que é o verdadeiro poder regulador do nosso país.
Somos governados, as nossas mentes moldadas, os nossos gostos formados, as nossas ideias sugeridas, em grande medida por homens dos quais nunca ouvimos falar. Este é o resultado lógico do modo com a nossa democracia está organizada. Um vasto número de seres humanos têm de cooperar desta maneira se querem viver em conjunto como uma sociedade que funcione tranquilamente. (...)

Nos dias em que os reis eram reis, Luís XIV proferiu esta modesta observação: “O Estado sou eu”. Ele estava quase certo.
Mas os tempos mudaram. A máquina a vapor, a impressão em série, a escola pública, este trio da revolução industrial, retirou o poder aos reis e deu-o ao povo. O povo hoje conquista o poder que o rei perdeu. O poder económico tende a ser arrastado pelo poder político; a história da revolução industrial mostra como o poder passou do rei e da aristocracia para a burguesia. O sufrágio universal e a escola universal reforçaram esta tendência, e por fim mesmo a burguesia sente-se ameaçada pelas pessoas comuns. As massas prometem ser o próximo rei.
Hoje, contudo, surge uma reação. A minoria descobriu um poderoso auxiliar para influenciar as massas. Tornou-se então possível moldar a mentalidade das massas que se lançarão com o seu vigor recém-adquirido na direção desejada. Na actual estrutura da sociedade, esta prática é inevitável. Qualquer que seja a importância social que lhe é dada hoje, seja na política, finança, industria, agricultura, caridade, educação, ou noutros campos, deve ser feita com recurso à propaganda. A propaganda é o braço executor do governo invisível.
Supunha-se que a literacia universal educaria o homem comum a controlar o meio ambiente. Uma vez que podia ler e escrever poderia ter uma mentalidade apta a governar. Mas em vez de uma mentalidade, a literacia universal ofereceu-lhe carimbos, carimbos esses pintados com slogans publicitários, com editoriais, com dados científicos, com as trivialidades dos tablóides e as vulgaridades da história, mas pouco inocentes no que respeita à originalidade. Cada carimbo humano é duplicado de milhões de outros, de modo que quando estes milhões são expostos aos mesmos estímulos, recebem todos impressões idênticas. (…)O mecanismo pelo qual as ideias são disseminadas em larga escala é a propaganda, no sentido lato de um esforço organizado para espalhar uma convicção ou uma doutrina.
Estou consciente que a palavra propaganda provoca em muitas mentes uma conotação desagradável. De qualquer maneira, em qualquer circunstância, a propaganda ser boa ou má depende do mérito da causa advogada, e da correção da informação publicada.(…)

Trotter e Le Bon concluíram que a mentalidade de grupo não pensa no sentido estrito da palavra. Em vez de pensamentos tem impulsos, hábitos, e emoções. Ao elaborar o seu pensamento o primeiro impulso geralmente é seguir o exemplo de um líder em que se confia. Este é um dos princípios mais firmemente estabelecidos da psicologia de massas. Funciona a subida ou diminuição de prestígio de uma estância estival, ao provocar uma corrida a um banco, ou o pânico na cotação de ações, ao criar um “best-seller” ou u êxito de bilheteira. Mas quando o exemplo do líder não está à mão e a multidão tem de pensar por si, fá-lo com o recurso a clichés, palavras ou imagens que permanecem na globalidade de um grupo de ideias e experiências. Não há muitos anos atrás, era somente preciso etiquetar um candidato político com a palavra interesses para fazer com que milhões de pessoas votassem contra ele, porque qualquer coisa associada a “os interesses” parecia necessariamente corrupta. Recentemente a palavra Bolchevique tem desempenhado um serviço semelhante a pessoas que desejam assustar o público para o afastar de uma linha de ação.(…)
Os homens raramente se apercebem das verdadeiras razões que motivaram as suas ações. Um homem pode acreditar que compra um carro porque, depois de ter cuidadosamente estudado as características técnicas de todas as marcas no mercado, concluiu que aquele é o melhor. Quase de certeza que se está a enganar a si próprio. Compra-o, talvez, porque um amigo, cuja esperteza financeira respeita, comprou um na semana anterior; ou porque os seus vizinhos crêem que ele não é capaz de ter recursos para comprar um carro daquela categoria; ou porque vem com as cores do lar universitário de estudantes em que viveu.
Foram principalmente os psicólogos da escola de Freud que identificaram que muitos dos pensamentos e ações do homem são substitutos compensatórios dos desejos que são obrigados a reprimir. (…) Os desejos humanos são o vapor que faz a máquina social funcionar. Só compreendendo-os o propagandista pode controlar esse vasto mecanismo, ao mesmo tempo solto e unido, que é a sociedade moderna.

Edward Bernays (1928) Propaganda, Lisboa, Mareantes Editora, 2005 (p.p 19, 31,32,  64,66)