sábado, 1 de junho de 2013

Teste e Correção - Maio-2013- 45 minutos. 11ºE e F


Grupo I




VERSÃO A




Leia o teste com atenção e responda com objectividade e clareza às seguintes questões:



I

4x40 Pontos


Os homens pedem à ciência que lhes forneça um meio, não só de conhecer, mas também de prever fenómenos – quanto maior a possibilidade de previsão, maior será o domínio deles sobre a natureza; quem sabe prever sabe melhor defender-se e, além disso, pode provocar a repetição, para seu uso, dos fenómenos naturais. A ciência deve ser considerada, acima de tudo, como um instrumento forjado pelos homens, instrumento activo de penetração no desconhecido.

É evidente que, se as previsões fornecidas pelo quadro explicativo não forem confirmadas pela realidade, esse quadro pode satisfazer altamente a primeira exigência, mas nunca poderá ser o instrumento de que os homens necessitam. Entendamo-nos bem. A Ciência não tem, nem pode ter, como objecto descrever a realidade tal como ela é. Aquilo que ela aspira é construir quadros racionais de interpretação e previsão; a legitimidade de tais quadros dura enquanto durar o seu acordo com os resultados da observação e da experimentação.


Bento de Jesus Caraça, Conceitos fundamentais de Matemática



1. Partindo do texto, seleccione e esclareça a tese principal do autor.


2. Distinga, em dois aspectos relevantes, o senso comum do conhecimento científico. Justifique.


3. Explique quais são os problemas que a teoria falsificacionista de Karl Popper pretende resolver. Justifique.


4. Caracterize a evolução do conhecimento científico segundo Thomas Kuhn.


II

8x5 Pontos


Escolha a opção correcta.


1. A afirmação: “Nenhum gato voa”

a. É verificável e falsificável.

b. Só é verificável.

c. Só é falsificável.

d. Nenhuma das duas.


2. A afirmação: “O Francisco sofre de complexo de Édipo”

a. É verificável e falsificável.

b. Só é verificável.

c. Só é falsificável.

d. Nenhuma das duas.


3. Qual das seguintes afirmações é mais falsificável?”

a. Alguns estudantes do ensino secundário são altos.

b. Todos os estudantes do ensino secundário em Portugal têm Filosofia.

c.  Nenhum estudante do ensino secundário tem idade inferior a 13 anos

d.  Há estudantes do ensino secundário que falam francês


4. Segundo Kuhn os Paradigmas são incomensuráveis porque:

a. Existem critérios objectivos para os comparar.

b. Existem critérios subjectivos para os comparar.

c. Não existem critérios objectivos para os comparar.

d. Ainda que existam critérios objectivos não sabemos quais são.


5. Segundo Kuhn um dos critérios para a escolha de uma teoria científica é:

a. O facto desta ser mais razoável.

b. A lógica e a complexidade.

c. A sua simplicidade e abrangência.

d. A falsificabilidade da teoria.


6. O conceito de objectividade do conhecimento científico significa:

a. a possibilidade das teorias serem submetidas a testes empíricos.

b. Uma metodologia acessível a todos os cientistas e que lhes permite obter os mesmos resultados.

c. A descrição fiel dos fenómenos da natureza.

d. A impossibilidade de demonstrar a verdade


7. As principais etapas do método hipotético-dedutivo são:

a. Observação, hipótese, experimentação. Generalização.

b. hipótese, experimentação, previsão.

c. Problema, hipótese, previsão, experimentação

d. Experimentação, previsão, generalização.


8. O problema da indução enuncia-se do seguinte modo:

a. Não podemos justificar a priori nem a posteriori a indução

b. Podemos justificar a indução mas não podemos ter a certeza das conclusões.

c. O método indutivo é o procedimento normal nas ciências.

d. Não há nenhum problema com a indução.
Grupo I
1. A ciência aspira a construir quadros racionais de interpretação e previsão.

Esses quadros duram enquanto durar o seu acordo  com os resultados da observação e da experimentação.

Porque  não tem nem pode ter como objecto descrever a realidade tal qual ela é mas sim enquadrá-la num quadro racional previamente estabelecido que isola as regularidades de certos fenómenos e legisla sobre eles de modo a poder ter  domínio sobre o passado e o futuro dos fenómenos da natureza. A ciência pretende ser um instrumento ao serviço do homem no domínio da natureza de modo a alargar o campo das suas possibilidades de acção e ultrapassar os limites que a natureza vai impondo sobre a sua liberdade.

Com estes quadros racionais poderemos prever e repetir fenómenos , porque compreendemos o seu mecanismo, podemos antecipar os resultados.

Mas a ciência é forjada pelos homens e, como tal está limitada à sua capacidade de conhecimento e de penetração no desconhecido.


2. Segundo o texto o conhecimento científico e o senso comum partem dos dados dos sentidos e acumulam factos, mas se o primeiro tira as suas conclusões a partir da experiência, o segundo formula certas hipóteses que constituem uma directriz através da qual organiza os dados da experiência e a interroga de um determinado modo, sistemático e racional e não apenas ocasional.

O esforço do conhecimento científico é o de unificar os factos sobre uma certa explicação racional conciliando razão e experiência.. A diferença apontada é a sistematização que se faz dos factos contrariamente ao senso comum que vê os factos no seu aspecto particular, sem estarem inseridos num sistema de funcionamento universal que os agrega uns aos outros. O conhecimento científico é organizado em disciplinas e unifica os dados da experiência, diferentes fenómenos obedecem às  mesmas leis.

Por outro lado, o conecimento científico evolui porque tem sentido crítico, isto é, submete as teorias à discussão e a testes empíricos de modo a rectificá-las e a melhorá-las, enquanto o senso comum se orienta preferencialmente pela tradição porque é um saber orientado para a vida prática imediata e não para o questionamento e explicação da natureza.

3. A teoria epistemológica de Popper ultrapassa o indutivismo da ciência ao propor um novo método: o falsificacionismo.  O falsificacionismo é, simultaneamente, um critério de demarcação científica, isto é, um critério para separar conhecimento científico e não científico; e, por outro lado, uma nova forma de compreender a metodologia das ciências propondo como realmente científica  uma metodologia hipotética e dedutiva e não indutiva. O método hipotético-dedutivo privilegia a criatividade intelectual e a colocação dos problemas e das hipóteses assim como a dedução a partir destas  de consequências observáveis. 


Como critério de demarcação, o falsificacionismo ultrapassa o problema do critério verificacionista que não podia adaptar-se às leis da natureza. Destes dois critérios de demarcação científica: o critério verificacionista que considera científico o que for empiricamente verificável e o critério falsificacionista que considera científico tudo o que é empiricamente falsificável, só o segundo pode servir para explicar a cientificidade das leis naturais. O primeiro considerará que uma teoria é verdadeira se a experiência e a observação a confirmarem, servindo-se de um método indutivo de confirmação, enquanto o segundo serve-se da experiência para testar ou refutar as teorias, utiliza um método hipotético ou dedutivo.


4. Para Kuhn as teorias científicas funcionam como paradigmas, isto é trazem consigo uma visão do mundo e certos métodos de trabalho que se destinam a ampliar os seus resultados e a confirmar as suas previsões. A comunidade científica trabalha no âmbito dos paradigmas e não os põe em causa, mesmo que surjam anomalias. Não há verdadeiro progresso porque os paradigmas que se vão sucedendo são incomensuráveis, isto é, não podem ser comparados porque apresentam diferentes formas de trabalhar, de seleccionar fenómenos e novos princípios metafísicos.
Há, portanto, na evolução da ciência, cortes abruptos que correspondem a revoluções científicas, de mudanças de paradigma.As revoluções científicas sucedem-se a períodos criativos em que há teorias diferentes e a comunidade científica não forma consenso acerca de nenuma delas. A escolha de uma teoria pela comunidade científica equivale a um acordo sobre a forma proposta de explicar os fenómenos. Uma vez acordado, ele torna-se exemplar e guia a comunidade para um desenvolvimento desta concepção dando origem a um novo paradigma e a uma nova fase de ciência normal.

Grupo II
Versão A
1c
2b
3c
4c
5c
6b
7c
8a

Versão B
1d
2c
3a
4d
5b
6d
7a
8b