quarta-feira, 29 de maio de 2019

Texto para relatório Julio Pinguicha

Teodiceia
  A origem do mal .
Leibniz concebe um mundo rigorosamente racional e como o melhor dos mundos possíveis. Então, como explicar a presença do mal? O mal manifesta-se de três modos: metafísico, físico e moral.
O Mal Metafísico é a imperfeição inerente à própria essência da criatura. Só Deus é perfeito. Falta alguma coisa ao homem para a perfeição, e o mal é a ausência do bem, na concepção neoplatónica e agostiniana. O mundo, como finito, é imperfeito para distinguir-se de Deus. O mal metafísico, sendo a imperfeição, ele é inevitável na criatura. Ao produzir o mundo tal como ele é, Deus escolheu o menor dos males, de tal forma que o mundo comporta o máximo de bem e o mínimo de mal. A matemática divina responsável pela determinação do máximo de existência, tão rigorosa quanto as dos máximos e mínimos matemáticos ou as leis do equilíbrio, exerce-se na própria origem das coisas.
Um mal é, para Leibniz, a raiz do outro. O mal metafísico é a raiz do Mal Moral. É por ser imperfeito que o homem se deixa envolver pelo confuso. O Mal Físico é entendido por Leibniz como consequência do mal moral, seja porque está vinculado à limitação original, seja porque é punição do pecado (moral). Deus não olhou apenas a felicidade das criaturas inteligentes mas a perfeição do conjunto.
Na moral, o bem significa o triunfo sobre o mal e para que haja bem é necessário que haja mal. O mal que existe no mundo é o mínimo necessário para que haja um máximo de bem. Deus não implica contradição, portanto, Deus é possível como um ser perfeitíssimo, mas para um ser perfeitíssimo sua tendência à existência se traduz imediatamente em ato. A prova de que existe é a harmonia preestabelecida. Porque há acordo entre as mônadas é necessário Deus como autor delas. Outra prova são as coisas contingentes: tudo que existe deve ter uma razão suficiente da sua existência; nenhuma coisa existente tem em si mesma tal razão; portanto existe Deus como razão suficiente de todo o universo. Deus é a mônada perfeita, puro acto. A Teodiceia de Leibniz leva como subtítulo Ensaios Sobre a Bondade de Deus, a Liberdade do Homem e a Origem do Mal.
 Maria Isabel Rosete, Texto retirado daqui

terça-feira, 28 de maio de 2019

Correção do teste


1.O padrão que emerge da história da ciência é constituído por teorias científicas que funcionam como paradigmas, isto é trazem consigo uma visão do mundo e certos métodos de trabalho, assim como princípios metodológicos e metafísicos. Os cientistas ao aceitarem uma teoria como um novo paradigma científico trabalham no sentido de ampliar os seus resultados e confirmar as suas previsões. A comunidade científica trabalha no âmbito dos paradigmas e não os põe em causa, mesmo que surjam anomalias. O processo de desenvolvimento da Ciência começa com a instituição de um Paradigma e o trabalho científico visa tornar mais consistente e abrangente esse paradigma resolvendo os enigmas que este vai colocando à medida que vai sendo alargado na explicação de outros fenómenos. Este período de resolução de enigmas caracteriza-se por ser acrítico, pois não há disposição para pôr em causa as metodologias de trabalho que foram aceites, assim como os princípios e a validade das teorias, Kuhn chama-lhe um Período de Ciência Normal. Este padrão repete-se na história, e os paradigmas só são substituídos por outros diferentes após um período de crise e ciência extraordinária. Contrariamente a Popper que considera que os cientistas tentam refutar as suas teorias com teste empíricos, Kuhn afirma que normalmente o que os cientistas fazem é aceitar as teorias e alargá-las resolvendo os seus enigmas, o seu trabalho não é a refutação e a crítica mas a consolidação das teorias que aceitam como paradigmas da investigação; há, portanto, um processo pouco crítico e, mais acomodado.

2. os juízos sobre a arte não são universais porque não há um conceito claro sobre o que é a arte. Há, pelo contrário vários conceitos de arte: arte como imitação ou representação, a arte como expressão e como forma significante. Se avaliarmos este quadro de acordo com estes conceitos de arte podemos dizer que ele parece satisfazer os critérios de cada conceito. Isto é, é uma obra feita pelo homem, um artefacto, não é natural nem espontânea, representa uma série de homens numa jangada no mar, náufragos e podemos ver que os corpos estão bem representados, correspondem a algo que podemos identificar. Por outro lado, este quadro demonstra os sentimentos do artista, o desespero pela condição da morte e a esperança de uma ajuda que os salve do sofrimento, poderíamos dizer que há sentimento no quadro, corresponderia então a uma obra de arte visto que nos transmite os sentimentos do artista. Por último vemos que é tecnicamente bem feito, que tem equilíbrio e beleza capaz de nos provocar uma emoção estética e sendo assim, poderemos concluir que é uma obra de arte porque satisfaz todas as exigências que o conceito de arte, tendo em conta as várias teorias, coloca.

3. O argumento ontológico é, a grosso modo, o argumento de que Deus, sendo que do qual nada maior pode ser concebido, deve existir, pois se Ele não existisse, então seria possível conceber um Deus existente, que seria maior do que o de que não mais pode ser concebido, o que é absurdo. O mais antigo crítico do argumento ontológico foi o contemporâneo de Anselmo, o monge Gaunilo . Gaunilo não identificou qualquer falha específica com o argumento, mas argumentou que deve haver algo errado com ele, porque se não houver então podemos usar a sua lógica de provar coisas que não temos razão para acreditar que seja verdade.
Por exemplo, Gaunilo argumentou que era possível construir um argumento com exatamente a mesma forma que o argumento ontológico, que se propõe a provar a existência da ilha perfeita: a ilha perfeita deve existir, pois se não, então seria possível conceber uma ilha maior do que a ilha do qual nada maior pode ser concebido, o que é absurdo.
Se o argumento ontológico funciona, então, de acordo com Gaunilo, o argumento para a existência da ilha perfeita funciona também.

4. O argumento da causa (ou da causa primeira, como às vezes também é designado) pode ser enunciado da seguinte forma:
Tudo o que acontece tem uma causa ou agente activo e esta causa ou agente também tem uma causa. Contudo, não pode haver uma regressão infinita nas cadeias de causas. Porque se não houvesse uma causa primeira, não existiriam causas subsequentes e, portanto, também não existiriam nenhuns dos efeitos actualmente existentes. Assim, as cadeias de causas e efeitos causados implicam uma causa primeira ou uma causa que não seja causada por nada, isto é, Deus. Há várias objeções a este argumento. Primeira; Porque tem de haver uma causa fora do mundo porque não existe uma cadeia infinita de causas sendo o mundo sempre existente?
Nada no argumento prova que a primeira causa é um Deus sumamente bom, dado o estado do mundo poderia ser um Deus malévolo.
Por último o argumento auto refuta-se porque diz que tudo tem uma causa e que nada se causa a si próprio e ao mesmo tempo afirma que Deus não tem uma causa, que é causa de si próprio.


Texto para relatório Sílvia Paradela e Guilherme Brigolas

Pascal, Pensamentos

Examinemos, pois, esse ponto, e digamos: Deus é, ou não é. Mas, para que lado penderemos? A razão nada pode determinar ai. Há um caos infinito que nos separa. Na extremidade dessa distância infinita, joga-se cara ou coroa. Que apostareis? Pela razão, não podeis fazer nem uma nem outra coisa; pela razão, não podeis defender nem uma nem outra coisa.
Não acuseis, pois, de falsidade os que fizeram uma escolha, pois nada sabeis disso. "Não: mas, eu os acusarei de terem feito, não essa escolha, mas uma escolha; porque, embora o que prefere coroa e o outro estejam igualmente em falta, ambos estão em falta: o justo é não apostar".
Sim, mas é preciso apostar: isso não é voluntário; sois obrigados a isso; (e apostar que Deus é, é apostar que ele não é). Que tomareis, pois? Vejamos, já que é preciso escolher, vejamos o que menos vos interessa: tendes duas coisas que perder, o verdadeiro e o bem, e duas coisas que empenhar, vossa razão e vossa vontade, vosso conhecimento e vossa beatitude; e vossa natureza tem duas coisas que evitar, o erro e a miséria. Vossa razão não é mais atingida, desde que é preciso necessariamente escolher, escolhendo um dentre os dois. Eis um ponto liquidado; mas, vossa beatitude?
Pesemos o ganho e a perda, preferindo coroa, que é Deus. Estimemos as duas hipóteses: se ganhardes, ganhareis tudo; se perderdes, nada perdereis. Apostai, pois, que ele é, sem hesitar. Isso é admirável: sim, é preciso apostar, mas, talvez eu aposte demais.
Vejamos. Uma vez que é tal a incerteza do ganho e da perda, se só tivésseis que apostar duas vidas por uma, ainda poderíeis apostar. Mas, se devessem ser ganhas três, seria preciso jogar (desde que tendes necessidade de jogar) e seríeis imprudente quando, forçado a jogar, não arriscásseis vossa vida para ganhar três num jogo em que é tamanha a incerteza da perda e do ganho. Há, porém, uma eternidade de vida e de felicidade; e, assim sendo, quando houvesse uma infinidade de probabilidades, das quais somente uma fosse por vós, ainda teríeis razão em apostar um para ter dois, e agiríeis mal, quando obrigado a jogar, se recusásseis jogar uma vida contra três num jogo em que, numa infinidade de probabilidades, há uma por vós, havendo uma infinidade de vida infinitamente feliz que ganhar. Mas, há aqui uma infinidade de vida infinitamente feliz que ganhar, uma probabilidade de ganho contra uma porção finita de probabilidades de perda, e o que jogais é finito. Jogo é jogo: sempre onde há o infinito e onde não há infinidade de probabilidades de perda contra a de ganho, não há que hesitar, é preciso dar tudo; e, assim, quando se é forçado a jogar, é preciso renunciar à razão, para conservar a vida e não arriscá-la pelo ganho infinito tão prestes a chegar quanto a perda do nada.

Texto para relatório: Sabrina Oliveira Guilherme Nascimento

Victor Hugo Silva
“A fé e a razão são como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade (…)” (João Paulo II).
O homem frequentemente foi visto de uma forma paradoxal, dual. Ora é visto somente pelo viés da alma, ora pelo viés corporal. Dentro desta imagem – a dual – encontra-se, também, o homem no paradigma epistemológico, ou seja, ora ele se apura pelo empirismo, no qual a primazia encontra-se no objeto, ou constitui-se pelo racionalismo, tendo por vez a soberania do sujeito. Sinteticamente, podemos afirmar que o homem é unidade substancial ou constitui-se separadamente?
Tais questões, elencadas acima, precederam o pensamento pascaliano e o ajudaram na formulação de seu pensamento antropológico. O quesito dualidade assume dentro de seu pensamento o principal caminho para se chegar à compreensão do que seja o homem e o que lhe compete após descobrir sua situação ontológica.
Numa relação estrita com o pensamento cristão, Pascal verá o homem, também, de uma forma dual. Ele – o homem – está entre a grandeza e a miséria de seu ser, que Pascal chamará de contradição. Devido ao pecado original, o homem decaído não possui a plenitude ontológica, pois, esta se dá na comunhão com Deus. Devido à desobediência – causa do pecado original – o homem afasta-se de Deus. A auto-suficiência toma lugar do Ser que lhe constitui. No entanto, “o homem sente-se só e perdido, pois não mais percebe os vestígios do Criador” (ZILLES, 1991, p.36). O homem já não pode compreender-se, pois afasta-se do criador, obtendo como resultado a perda do paradigma absoluto do seu auto-conhecer. Perdendo esta comunhão com Deus, o homem se torna incapaz, por si mesmo de deliberar bem, ou seja, de agir justamente. “O homem de Pascal encontra-se numa situação que alguns intérpretes caracterizam a luz da categoria do Trágico” (VAZ, 1991, p.30).
Nisto consistir-se-á que “o homem não é apenas injusto, pelos seus pensamentos e ações; a injustiça, tornada constitutiva, aparece como aquilo que condiciona a sua própria natureza, enquanto corrompida” (LEOPOLDO, 2001, p.29). Portanto, aqui chegamos ao ponto central de nossa reflexão: com o distanciamento do homem de Deus, ele reconhecerá somente sua condição de ‘grandeza’ (aparente), deixando de lado o reconhecimento de sua miséria. Pois, quando absolutizamos a razão, nos tornamos inábeis a perceber nossa situação miserável e isto nos impossibilita de pensar algo além que nos constitui. É neste movimento que a razão decai, pois ela terá como auto-refletor, somente a si mesmo. Justamente, é isto que Pascal está tentando resgatar em sua obra Pensées ou Apologia da Religião Cristã, ou seja, mostrar o caminho de uma reta razão baseada nos parâmetros da fé e da religião cristã. Para isso, Pascal definiu o papel da razão:
A última tentativa da razão [é descobrir] que há uma infinidade de coisas que a ultrapassam. Revelar-se-á fraca se não reconhecer isto. É preciso saber duvidar aonde é preciso, afirmar aonde é preciso. Quem não faz assim não entende a força da razão (PASCAL, 1999, p. 55).

Texto para relatório: Patrícia Frade e Dominick Martins

Kierkegaard: Exemplo de fideísmo. As questões religiosas são questões de fé e não podemos ter fé pela razão.
Gilson Soares dos Santos
Sören Aabye Kierkegaard, filósofo dinamarquês (1813/1855), é considerado por muitos historiadores como o primeiro representante da filosofia existencialista. As suas principais obras são “Diário de um Sedutor”, que retrata aquilo que Kierkegaard entende por modo de vida estético, “Temor e Tremor”, que é a reflexão do filósofo sobre a natureza da fé; e “Desespero Humano – Doença até à Morte”, uma dialética do desespero.
Segundo Sören Kierkegaard, o pai do existencialismo moderno, a mente humana é totalmente incapaz de descobrir qualquer verdade divina. Há várias razões para a incapacidade da razão humana.
O estado caído do homem.
O homem está alienado, pelo pecado, de um Deus santo. Realmente, Deus é uma “ofensa” a homens que estão num estado perpétuo de rebelião contra Ele. O homem padece o que Kierkegaard chamava de “uma doença mortal” (o título de uma das suas obras). A própria natureza do pecado do homem torna impossível para ele conhecer a verdade acerca de um Deus pessoal.
A transcendência de Deus.
O homem não pode conhecer qualquer verdade acerca de Deus porque Deus é “Totalmente Outro”. Deus não somente é uma ofensa à vontade do homem, como também Ele é um “paradoxo” à razão do homem. Embora Kierkegaard não alegue que o próprio Deus é absurdo ou irracional, mesmo assim, Deus é suprarracional, a verdade de Deus é paradoxal ou parece contraditória para nós. Porque Deus transcende totalmente a razão, ou está “além” dela, não há forma da razão ir além de si mesma e conhecer Deus.
Nenhum papel positivo da razão
O melhor que a razão pode fazer é rejeitar o absurdo ou o irracional, mas isso não pode ser de qualquer ajuda positiva para atingir a verdade divina. A verdade cristã pode ser conhecida somente por aquilo que Kierkegaard chamava um “salto na fé”. Com isso quer dizer um puro ato da vontade contra probabilidades racionais cegantes. Logo, um crente pode ir além da razão para uma entrega pessoal a Deus pela fé somente. A ilustração que Kierkegaard dá desta consideração é a resposta de Abraão ao mandamento de Deus no sentido de sacrificar seu filho amado, Isaac. Pela fé somente, e sem qualquer justificação ética ou racional, Abraão subiu ao monte Moriá para sacrificar seu filho Isaac em obediência a Deus.
As provas são uma ofensa a Deus
Conforme Kierkegaard, qualquer tentativa racional no sentido de comprovar a existência de Deus é uma ofensa contra Deus. É como um amante que insiste em comprovar a existência de sua amada a outras pessoas enquanto a pessoa amada está presente. Realmente, ninguém sequer começa a comprovar Deus a não ser que já tenha rejeitado a presença de Deus na sua vida, diz Kierkegaard. As provas são desnecessárias para os que acreditam em Deus, e não convencem os que não acreditam. A única “prova” do cristianismo é o sofrimento, conforme Kierkegaard, pois Jesus disse: “Vem, toma a tua cruz, e segue-me” (Mc 10.21b.)
As evidências históricas não ajudam
Kierkegaard perguntou: A felicidade eterna pode ser baseada em eventos históricos? Sua resposta era “não!” enfático e ressoante. O eterno nunca pode ser baseado no temporal. O melhor que o histórico pode fornecer é a probabilidade – mas o crente precisa da certeza antes de poder fazer o que Paul Tillich chamava “uma entrega definitiva”. Somente pela fé no Transcendente é que a pessoa pode transcender a probabilidade humana e histórica e encontrar Deus.
Como cristão,o Kierkegaard acreditava que Deus entrou no tempo em Cristo. Acreditava, também, que os eventos da vida de Cristo eram históricos. Inclusive o Seu nascimento virginal, a Sua crucificação, e a Sua ressurreição corpórea. Mesmo assim, Kierkegaard acreditava que não havia meio algum de ter absoluta certeza que estes eventos realmente ocorreram. Além disto, Kierkegaard acreditava que a historicidade destes eventos não era nem sequer importante. O fato significante não é a historicidade de Cristo (em tempos passados), mas, sim, a contemporaneidade de Cristo (no presente) dentro do crente, pela fé.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
GEISLER, Norman L. FEINBERG, Paul D. Introdução à Filosofia – uma perspectiva cristã. São Paulo: Vida Nova, 1989. p. 202-203.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Relatório Cátia Roseiro - O problema do mal - Leibniz



                                                                    Luc Bresson


Relatório – 28 de Maio – O problema do Mal

A expressão teodiceia foi criada, como vimos, por Leibniz num ensaio em que o filósofo debatia a bondade de Deus, tentando estabelecer assim um tratado racional sobre Deus, sobre a liberdade do homem e a origem do mal. Perante o problema do mal, o filósofo assumiu uma posição optimista, concluindo que o mundo criado por Deus ainda é o melhor dos mundos possíveis.  A teodiceia surgiu a partir dos rudimentos de uma “tradição” vigente, eminentemente religiosa, onde a natureza era um sistema onde o acaso é fruto de um determinismo que os homens desconhecem, e o mal é um elemento necessário para que ocorra o equilíbrio (a estética, já vista), uma perfeição da qual o ser humano conhece somente uma parte do todo. Ou seja: dessa doutrina, se pode inferir que todo o mal particular concorre para um bem universal. Assim, se a sabedoria de Deus escolheu este mundo para ser o lar de sua Criação, não é lícito duvidar que este seja o “melhor dos mundos”. Dentro desse ponto de vista, pode-se ler que, nos seus ensaios sobre a teodiceia, Leibniz afirmou:

       A imperfeição original das criaturas põe limites à ação do Criador que tende para o bem. E como a matéria mesma é um efeito de Deus, não pode ser ela mesma a fonte do mal e de sua imperfeição. Mostramos que essa fonte se encontra nas formas ou ideais dos possíveis, e que não é algo oriundo de Deus (In: Teodiceia, 31).

        Pois, assim como um mal menor é uma espécie de bem, do mesmo modo um bem menor é uma espécie de mal, se criar obstáculos a um bem maior; e haveria algo a ser corrigido nas ações de Deus, se houvesse um meio de fazer melhor. Deus quer fazer um bem maior, mas esse desejo – segundo Leibniz – às vezes esbarra na limitação humana. Isto não significa cair na armadilha do otimismo leibniziano, onde tudo é para o melhor, e até o mal contribui para isto. O homem é um ser de antecipação, legítimo zôon proleptikon (um animal político) e não somente alguém amparado no presente e saudoso do passado. O que causa o mal não é a matéria, mas a limitação da natureza criada. Essa referência ao chamado “mal metafísico” (oriundo da limitação humana) é a perspectiva principal do mal na concepção de Leibniz. Ela é, sem dúvidas, a porta de entrada para abordar (e entender) tanto o mal físico (a dor) quanto o mal moral (pecado).

       A teodiceia – trocada em miúdos – se formos buscar o animus de Leibniz, seu criador, é muito claramente uma teoria criada – como o livre-arbítrio de Santo Agostinho – para “defender Deus”, muitas vezes questionado (e até acusado) pela objeção do mal. Na teologia protestante contemporânea, vamos encontrar o suíço K. Barth († 1968) que afirmou que a teodiceia de Leibniz é uma “lógica quebrada”, onde Deus traz o prêmio (o bem) com a mão direita, e o castigo (o mal), com a esquerda (in: Gott und das Nietzsche [Deus e o nada]. Frankfurt, 1963).

António Mesquita Galvão
Tarefas:
1. Breve biografia do autor Leibniz.
2. Definir os conceitos principais.
3. Responder às seguintes questões:
a. Segundo o texto em que consiste o problema do mal?
b. Que resposta dá o texto a este problema?
c. Concorda?

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Matriz para o teste de 22 de Maio de 2019




Estrutura
Prova para 90m
Texto. Referência ao texto. Interpretação de texto.
Quatro perguntas de construção. 4x30 =120 Pontos 
10 perguntas de seleção: Escolha múltipla. 10x5=50 Pontos
1 Ensaio crítico para desenvolvimento de um tema à escolha entre 3 temas/problemas -30 Pontos

Conteúdos/Competências específicas: 

1. Relacionar e distinguir a ciência e senso comum. Aspetos em comum e aspetos distintos.

2. A proposta da filosofia das ciências de Popper: O falsificacionismo.
a. Expor as objeções de Karl Popper ao método indutivo.
b. Esclarecer o significado da proposição: "a ciência progride por conjeturas e refutações"
c. Explicar os dois critérios para demarcar ciência e pseudociência: verificacionismo e falsificacionismo.
d. Identificar os enunciados científicos e não científicos segundo estes dois critérios.

3. A racionalidade científica. A questão da objetividade.
a. Contrastar duas posições (de Popper e Kuhn) sobre a objetividade da ciência.
b. Problematizar a evolução contínua ou descontínua da ciência utilizando as teorias de Popper e Kuhn.
c. Tomar uma posição crítica em relação ao problema e argumentar a favor de uma das posições.

4. A proposta da filosofia das ciências de  Thomas Kuhn.
a. Apresentar os critérios de escolha de uma teoria científica.
b. Demonstrar o procedimento habitual da ciência: Paradigma 1; Ciência normal; Enigma; Anomalia; Crise; Ciência Extraordinária; Revolução científica; Paradigma 2
c. Justificar a noção de incomensurabilidade dos paradigmas.

5. Teorias sobre a Arte.
a.  Compreender as teses e vantagens de cada uma das teorias sobre a Arte: Teoria da Imitação/Representação; Teoria da Expressão; Teoria Formalista ou da Forma significante., teoria histórica e teoria institucional.
b. Contrapor objeções a cada uma das teorias.
c. Interpretar uma obra segundo um destes critérios.
d. Avaliar, com argumentos, a melhor teoria.

6. Filosofia da religião.
a. Compreender as posições teístas, agnósticas e ateístas sobre a existência de Deus e da religião.
b. Enunciar os argumentos e objeções das provas ontológica, cosmológica e do desígnio (teleológica) sobre a existência de Deus.
c. Fundamentar uma posição pessoal  sobre a existência de Deus.


Matéria de Revisões:
Descartes: As etapas do método, a dúvida metódica e as primeiras verdades evidentes. 
David Hume: A noção de causalidade e o ceticismo. As questões de facto e as relações de ideias.
Relacionar o racionalismo e o empirismo como formas de compreender a origem do conhecimento.


Competências Gerais:
Dominar os conhecimentos exigidos.
Compreender as várias regras e aplica-las. de forma correta.
Expor de forma clara e objetiva o pensamento.
Aplicar os conhecimentos adquiridos a novas situações.
Avaliar e identificar os argumentos e teses (conclusão) dos textos.
Justificar com razões fortes as afirmações proferidas.
Escrever corretamente.

 Critérios de correção:
Apresentar os conteúdos considerados relevantes de forma completa
Apresentar esses conteúdos de forma clara, articulada e coerente;
Evidenciar uma utilização adequada da terminologia filosófica;
Evidenciar a interpretação adequada dos documentos apresentados
Evidenciar capacidade de argumentação e de crítica.

Relatório Catarina Caeiro 11E e Fábio Cardoso 11ºD

1. Apresentação do site de onde é retirado o texto
2. Breve resumo do assunto e da problemática que o texto trata.
3. Salientar o problema ou problemas levantados.
4. Esclarecer a resposta a esses problemas e os argumentos que a defendem
5. Análise crítica. 
6. Definição dos conceitos como dogma.
7. Conclusão

"Os argumentos das cinco vias que demonstram a existência de Deus, na qual foi elaborada por Santo Tomás de Aquino, não tinha a intenção de provar que Deus existe, pois, segundo ele, isto é impossível, por se tratar de um artigo de fé, porém, é possível demonstrar de modo a posteriori que Deus existe, ou seja, através das coisas empíricas e sensíveis, fazendo uma retomada à metafísica de Aristóteles, contudo, aplicando novos conceitos num sentido cristão. Vale ressaltar aqui, que Tomás não concordava com o argumento de Santo Anselmo, que ao contrário do Doutor Angélico, afirmava que podia-se provar a existência de Deus de modo a priori. Sendo assim, Tomás nos mostra que empiricamente é possível demonstrar que Deus existe.
 A primeira via que leva à demonstração da existência de Deus, baseia-se no movimento ou motor primário, ou seja, no mundo todas as coisas estão em constante movimento, transformação, isto é perceptivo a todos, sendo assim, há algo que move todas as coisas, não tem como alguma coisa mover-se por sim mesma. Portanto, para Tomás há um ser movente que não é movido, mas que através dele se iniciou todo o movimento, e este ser movente, só pode ser Ato em relação a todos os potenciais existentes, assim sendo, este movimento em Ato primo é Deus.
A segunda via é conhecida como a causa eficiente, isto é, no mundo todas as coisas são causadas por algo, por exemplo, um livro que está com uma página rasgada foi causado por um agente, não tem como o livro ser causa de si própria, se auto destruir. Sendo assim, se retrocedermos todas as causas ao infinito chegaremos há um ser que não é causado, de onde tudo se iniciou, que é causa eficiente de todas as coisas, e, esta causa primária é Deus.
A terceira via é sustentada pelo argumento do necessário e do contingente. No mundo existem coisas contingentes, que podem ou não existir, ou seja, não é necessário que aconteça ou exista. Mas para que tais coisas contingentes existam, é necessário a existência de um Ser necessário, na qual tudo emana, que no caso não é contingente. Sendo assim, todas as coisas são contingentes, por exemplo: somos contingentes em relação aos nossos pais, poderíamos existir ou não, assim também, nossos pais são contingentes em relação aos nossos avós, e assim por diante, até chegar num ser que não é contingente, que não necessitou de ninguém para existir, e este único ser necessário é Deus.
A quarta via é caracterizada pelo grau de perfeição nas coisas existentes, esta via é de índole platônica, pois, Tomás, argumenta que há uma hierarquia de perfeição nas coisas do mundo, sendo assim, nós, seres inferiores temos um referencial de perfeição em um ser que possui todos os atributos, virtudes e perfeições, na qual é Deus.
Por fim, a quinta via é sustenta pelo argumento do fim último, ou seja, no mundo todas as coisas têm uma finalidade própria, sendo assim, há um ser que ordena todas as coisas, que governa, caso contrário, o mundo seria um caos, e este ser é Deus.
Portanto, as cinco vias que levam à demonstração da existência de Deus não tem a finalidade de provar a existência de Deus, nem mesmo “dogmatizar” tal argumento, pois, Tomás como um grande teólogo e filósofo, elabora as cinco vias no campo filosófico com o objetivo de demonstrar racionalmente que Deus existe, sendo assim, não é um dogma da religião, porém, os argumentos das cinco vias podem ser convincentes até mesmo para um não crente, embora seja questionado por muitos filósofos atualmente."

Autor: Bruno Rafael Ferreira Prestes, estudante do 2º ano do Curso de Filosofia.

Retirado DAQUI

Relatório Eduardo Pereira 11ºD e Bruna Pires 11ºE

1. Apresentação do site de onde é retirado o texto
2. Breve resumo do assunto e da problemática que o texto trata.
3. Salientar o problema ou problemas levantados.
4. Esclarecer a resposta a esses problemas e os argumentos que a defendem
5. Análise crítica.
6. Conclusão

FAZ SENTIDO ARGUMENTAR ACERCA DO PROBLEMA DA EXISTÊNCIA DE DEUS?


O texto abaixo foi retirado e traduzido do site http://www.askphilosophers.org/ (vale a pena visitar!) no qual os cibernautas podem colocar perguntas a um vasto painel de filósofos e obter resposta. O livro de Alexander George, Que Diria Sócrates?
Filósofos Respondem Às Suas Perguntas Sobre O Amor, O Nada E Tudo O Resto, recentemente publicado pela editora Gradiva, baseia-se em perguntas que foram seleccionadas de entre as muitas enviadas para este popular site.


PERGUNTA
Têm sido propostos muitos argumentos que visam dar suporte à proposição que afirma que Deus existe. Até agora, parece que nenhum deles foi convincente. Pensa que é possível que um argumento que conclua com ‘Deus existe’ venha a ser alguma vez convincente? Se um tal argumento não puder ser convincente, não podemos inferir que não é convincente nenhum argumento que procure estabelecer a existência de Deus? Ou pensa que podemos vir a encontrar um argumento que seja convincente?

RESPOSTA (de Allen Stairs)
Se por “convincente” quer dizer algo como “acima de qualquer dúvida”, a resposta é quase de certeza não. No entanto, isto não é algo exclusivo dos argumentos acerca da existência de Deus. A tese que afirma que Deus existe tem pelo menos em comum com as teses filosóficas em geral o facto de haver bastante margem de manobra para se argumentar a favor ou contra.
Por outro lado, se a questão é saber se existem argumentos para acreditar em Deus que alguém possa achar convincentes sem cair na irracionalidade, a resposta é quase de certeza sim. Mas, uma vez mais, isto não é algo exclusivo dos argumentos acerca da existência de Deus. Pense no que quer que seja em que os filósofos estejam em desacordo e verificará que alguns filósofos no seu perfeito juízo se deixam convencer por argumentos que outros não consideram persuasivos. 
Pode alguém, razoavelmente, considerar um argumento persuasivo, mesmo tendo consciência de que este dá azo a objecções que ainda não obtiveram resposta? Se um padrão de razoabilidade é alcançável pelos seres humanos, a resposta também é sim. Em parte, isto deve-se ao facto de haver duas maneiras de encarar objecções. Uma, é pensar nelas como refutações; outra, como problemas a resolver: ‘se calhar esta questão que me atormenta vai ser fatal para as minhas convicções’; ou ‘se calhar, com algum jeito, eu ou outra pessoa, acabaremos por descobrir uma resposta convincente’. Pessoas razoáveis podem diferir, e diferem, sobre como encarar cada caso. Na verdade, o facto de os filósofos e outro género de teorizadores diferirem quanto a isto é uma das coisas que os vai mantendo ocupados!
Tradução Carlos Marques.