1.
Em que consiste o método indutivo em ciência? Qual a posição de Popper acerca
do método indutivo? Justifique.
Para os defensores do método indutivo, a constituição de uma lei científica
resulta de uma generalização a partir de observações repetidas e sistemáticas
de um fenómeno particular. Exemplo desta observação é a construção do fenómeno
do acasalamento entre as sementes amarelas e verdes criado por Mendel para
compreender a lei da hereditariedade. Segundo os defensores do método
indutivo, a repetição de experiências particulares e a obtenção de dados, permite
encontrar um padrão e depois generalizar esse padrão para todos os casos não
observados. A conquista de um padrão matemático que está na origem da lei
revela uma constante que une vários fenómenos e possibilita fazer
previsões para o futuro.
Popper refuta esta teoria e defende que a indução não é o método que
permite a constituição das leis científicas. Primeiro porque nenhuma observação
se faz sem antes ter um problema teórico e, segundo, porque as leis são
universais e necessárias, enquanto a conclusão de um raciocínio indutivo é
sempre provável.
Embora seja um procedimento comum a algumas ciências como a Biologia, o
método indutivo não permite a construção de leis universais e necessárias, só
permite leis probabilísticas. Se há leis universais e necessárias em
ciência, então, das duas uma, ou não são científicas pois não são resultados de
generalizações a partir de observações particulares, ou são científicas mas não
são indutivas, são antes resultado de um método diferente: Hipotético/Dedutivo
e Falsificacionista.
2.
O que propõe o critério de demarcação falsificacionista?
Quer dizer que o Falsificacionismo, teoria defendida por Karl Popper,
é um critério para distinguir os conhecimento científicos dos
conhecimentos não-científicos. Esta teoria defende que há conhecimentos que se
pretendem científicos mas são “pseudo” científicos, isto é, fazem-se passar por
aquilo que não são. É o caso, segundo Popper, da Psicanálise e da teoria
marxista da história. Estes conhecimentos teóricos pretendem-se científicos mas
não são. Eis as razões:
a. Estas teorias não
podem ser falsificadas, pois não há nenhuma experiência, real ou hipotética,
que possa demonstrar que são falsas. Deste modo, a experiência apenas serve
para corroborar, pois os factos são sempre lidos ou interpretados de modo a
poderem ser explicados pelas teorias. Factos opostos podem ser explicados pela
mesma teoria.
b. Embora estas teorias tenham conteúdo
empírico elas não se colocam à prova pela experiência, deste modo, é impossível
saber se são válidas ou não.
A Psicanálise e a Astrologia são “pseudo ciências” porque não obedecem ao
critério de falsificabilidade que constitui o critério de demarcação entre
ciência e pseudo ciência segundo a proposta epistemológica de Popper. Este
critério propõe, contrariamente ao verificacionismo, que se considere
científica a teoria que possa ser empiricamente falsificável. Ora, tanto a
Astrologia como a Psicanálise não são empiricamente falsificáveis, pois a experiência
é sempre interpretada ou distorcida de modo a comprovar a teoria e não se prevê
nenhuma experiência possível que possa refutá-la. Assim afirmar que todos os
Aquários são independentes é não dizer nada porque seja qual for o
comportamento de um aquariano ele é sempre interpretado como sinal de
independência, assim não há forma de refutar a teoria e por outro lado ela nada
nos diz sobre a realidade. Contrariamente o critério de demarcação
verificacionista poderia considerar que é empiricamente verificável as teorias
psicanalíticas visto que correspondem a comportamentos que podem ser
empiricamente observados.
3.
Identifique a característica ou características do senso comum evidenciadas no
texto. Justifique.
Segundo o texto o conhecimento científico e o senso comum divergem no
sentido em que há uma lentidão e resistência do senso comum a ideias novas que
possam entrar em contradição com aquilo que habitualmente/vulgarmente se pensa.
O senso comum é acrítico, isto é não se deixa refutar mesmo que novos factos
possam desmentir as suas crenças. Esta característica produz uma sensação de
desfasamento que pode identificar o senso comum com o preconceito uma vez que
se agarra a verdades eternas que nada têm que as justifique senão a tradição.
Contrariamente o conhecimento científico pauta-se por estar continuamente a ser
revisto, aperfeiçoado, e retificado ou refutado através de testes empíricos,
essa característica permite uma evolução mais rápida e uma abertura constante a
novas formas de explicação que possam satisfazer a constante crítica a que está
sujeito conhecimento científico. O sentido de revisibilidade e de
crítica do conhecimento científico é de um modo geral, uma característica ideal
e desejável da ciência, mas, na prática, há muitos obstáculos a que este
sentido crítico siga apenas o conhecimento ou a procura da verdade.
4. O Racionalismo e o empirismo são teorias filosóficas que pretendem dar
uma resposta ao problema de saber qual a origem do conhecimento. A teoria
racionalista defendida por Descartes, fundamenta o conhecimento na razão e na
capacidade desta retirar ideias a partir de outras ideias de forma evidente e
dedutiva sem recorrer à experiência - ideias inatas. O Modelo de conhecimento
verdadeiro para os racionalistas é o modelo matemático porque tem necessidade
lógica e validade universal. Descartes é um filósofo racionalista porque
defende a possibilidade de um conhecimento “a priori”. O critério da verdade do
conhecimento é a evidência das ideias, uma vez que uma ideia é tão clara e
distinta que se apresenta inquestionável à razão, essa ideia é verdadeira.
Segundo o modelo matemático estas ideias são como axiomas que servem como
fundamentos para outros conhecimentos deduzidos a partir delas.O Racionalismo
defende que o conhecimento verdadeiro é a priori, isto é , independente da
experiência. Poderíamos rejeitar todas as informações que derivam das sensações
do mundo, o tacto, o cheiro, a visão dos objectos, restariam as ideias que são
formadas pela razão e por ela intuídas e, que não tendo origem na experiência
porque não derivam dela, são válidas por si, e tão claras e evidentes à Razão
que esta vê, segundo a sua luz natural, que não poderiam ser de outro modo. Os
Racionalistas crêem que estas ideias podem ser os princípios (crenças básicas)
de todo o conhecimento e que a partir delas, por um raciocínio dedutivo se pode
chegar a outros conhecimentos sobre a realidade , que, se dedução for feita
correctamente, serão igualmente verdadeiros.
Quanto ao Empirismo rejeita as ideias inatas da Razão, e a noção de conhecimento "a priori" . Defende a tese de que nada existe na mente que não tenha passado antes pelos sentidos, todo o conhecimento tem origem na experi~encia é, portanto formado “a posteriori”. Fundamenta-se na noção de que qualquer conceito para ter um significado tem que se referir a uma sensação/impressão qualquer, essas sensações são simples e a mente neste primeiro momento capta apenas as sensações e depois por abstracção e generalização forma os conceitos ou ideias, estas não são tão vivas como as sensações ou impressões o que quer dizer que são posteriores a estas. Os empiristas dão o exemplo das crianças que começam por ter sensações e só depois as articulam numa linguagem. O raciocínio que o entendimento faz para chegar ao conhecimento, segundo os empiristas é a indução, por acumulação de experiências que se repetem, generaliza-se para todos os casos e assim se obtém um conhecimento
GRUPO
III
VERSÃO
A
1. Falácia de Bola de Neve, Derrapagem ou Reação
em Cadeia raciocínio inválido pois são retiradas consequências exageradas
de uma determinada crença que se quer contrariar. Cria-se assim uma conclusão
catastrófica na medida em que retiram consequências irracionais e que não são
razoavelmente admitidas mas podem causar um efeito psicológico de medo. Falácia
de dados insuficientes, as premissas não são suficientes para aceitar a
conclusão.
Versão
B.
1. Falácia de apelo à ignorância, "ad
ignoratiam" é um raciocínio inválido porque pelo facto de não haver provas
indiscutíveis de não haver Ovnis a visitar a terra não se pode concluir
que os Ovnis existem, a ausência de provas não nos permite concluir nada, nem
que existem nem que não existem. Falácia de dados insuficientes.
2. A tese empirista de D. Hume sobre a conexão
causal é a seguinte:
- Não
há nenhuma impressão de conexão causal; ora se não há impressão também não
pode haver ideia, visto que, segundo o empirismo não há ideias sem
impressões sensíveis.
- A
impressão que temos é da repetição de fenómenos em sucessão no tempo e
contiguidade no espaço: “O mesmo objecto é seguido pelo mesmo evento”.
Esta repetição de um fenómeno a seguir ao outro leva-nos a estabelecer a
crença de que estes andam sempre ligados, isto é, se sucede um, logo a
seguir tem de suceder outro.
- Esta
crença a que chamamos relação de causa efeito ou conexão causal não está
justificada nem empiricamente nem racionalmente, porque “ não há nada que
produza qualquer impressão, e consequentemente nada que possa sugerir
qualquer ideia de poder ou conexão necessária”, o que temos a impressão é
de fenómenos singulares, isolados embora sucedendo-se uns aos
outros; logo não há conhecimento mas um hábito psicológico que
é criado pela sucessiva repetição dos fenómenos que se apresentam ligados.
Se o conhecimento de causa efeito tem a sua origem na experiência e de
modo nenhum é “apriori” (argumento do ser racional que nada soubesse do
mundo, jamais poderia ter a noção de causa efeito) então é um conhecimento
de facto e é contingente, todavia julgamos e pensamos como se houvesse uma
conexão necessária e, portanto ultrapassamos a experiência.
- Logo,
para concluir não uma explicação empírica para uma conexão necessária, ela
é apenas fruto do costume, um hábito psicológico.
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