sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A Crítica de Platão à Retórica.

Sócrates - Pois bem, vamos ver se consigo exprimir com mais clareza o meu pensamento. Digo que há duas realidades diferentes que correspondem a duas artes: à arte que se refere à alma chamo política; à que se refere ao corpo não posso atribuir uma designação só., mas, embora a cultura do corpo constitua uma unidade, distingo nela duas partes' a ginástica e a medicina. O que na política corresponde à ginástica é a legislação, o que nela corresponde à medicina é a justiça. Há, portanto, dois grupos de artes que se definem pelo seu objecto, de um lado a medicina e a ginástica, do outro a justiça e a legislação. Mas os elementos de cada grupo acusam também diferenças entre si. 

Da existência destas quatro artes, que visam o maior bem do corpo ou da alma, se apercebeu a adulação, não por meio de um conhecimento raciocinado, mas por via de conjectura, e, dividindo-se então em quatro partes e insinuando cada uma delas sob a arte correspondente, fez-se passar pela arte cujo disfarce adoptou. Não tem o mínimo interesse em procurar o que seja o melhor, mas, sempre por intermédio do prazer, persegue e ludibria os insensatos, que convence do seu altíssimo valor. assim que a cozinha toma a aparência da medicina, fingindo conhecer os alimentos que são melhores para o corpo, de tal maneira que, se coubesse a crianças, ou a homens tão pouco razoáveis como as crianças, decidir qual dos dois, médico ou cozinheiro, conhece melhor a qualidade boa ou má dos alimentos, o médico acabaria por morrer de fome.
 

A isto chamo eu adulação, que considero uma coisa vergonhosa, Polo (é a ti que neste momento me dirijo), porque visa o agradável sem a preocupação do melhor. E sustento que ela não é uma arte, mas uma actividade empírica, porque não tem na sua base um princípio racional que permita justificar as várias formas do seu procedimento no que respeita à sua natureza e às suas causas. Ora, eu não chamo arte a uma actividade que não esteja fundada na razão. Se tens algo a objectar ao que afirmo, estou pronto a fornecer explicações suplementares.
 

Portanto, repito, a cozinha é a adulação disfarçada de medicina. Da mesma maneira, à ginástica corresponde a
 toilette, prática malfazeja e enganadora, vil e indigna de um homem livre, que ilude com aparências, cores, cuidados da pele e do vestuário, a tal ponto que, interessadas em exibir uma beleza artificial, as pessoas descuram a beleza natural, proporcionada pela ginástica. 

Resumindo, dir-te-ei, em linguagem matemática (talvez assim me compreendas melhor), que a toilette está para a ginástica como a sofística para a legislação, e a cozinha para a medicina como a retórica para a justiça.
 

Sabes agora o que entendo por retórica: ela é em relação à alma aquilo que a cozinha é em relação ao corpo.
 


Platão, Górgias, 464

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

domingo, 22 de novembro de 2015

sábado, 21 de novembro de 2015

Breve História da Retórica.

Retórica e democracia

Não pode haver uma definição de retórica sem a referir à cultura grega, não só porque retórica é etimologicamente um termo grego, mas sobretudo porque a retórica constitui um dos traços fundamentais e distintivos do génio grego. O termo grego retoriké é afim aos termos retor (orador) e retoreia (discurso público, eloquência) e significa tanto a arte oratória como a disciplina que versa essa arte. Contudo, o sentido genuíno do termo ``retórica'' só se alcança quando se percebe como a civilização grega se distinguiu de todas as outras por assentar na palavra pública. Os gregos tinham consciência desse traço distintivo e enalteciam-no. Isócrates elogia Atenas por ser a cidade que descobriu a civilização assente nas palavras, e de saber retirar da capacidade da linguagem as consequências decorrentes dessa superioridade humana sobre todos os animais:
Foi a nossa cidade que revelou a cultura, que descobriu e organizou todas estas vantagens, que nos ensinou a agir e dulcificou as nossas relações, e que distinguiu entre as desgraças provocadas pela ignorância e pela necessidade, e ensinou a precavermo-nos contra aquelas e a suportar estas corajosamente. Foi ela que honrou a eloquência, que todos desejam, e cujos possuidores são invejados. Ela tem consciência de que somos, de todos os animais, os únicos que a natureza dotou deste privilégio e que, por termos esta superioridade, diferimos em tudo o mais; via que nas demais actividades a sorte é tão atrabiliária que é frequente que os inteligentes sejam mal sucedidos e os tolos prosperem, mas que os discursos belos e artísticos não são apanágio das pessoas inferiores, mas obra de uma alma que pensa bem; que os sábios e os que parecem ignorantes diferem uns dos outros sobretudo nisto, e ainda que os que foram criados desde início como homens livres não se conhecem pela coragem, riqueza ou qualidades dessa espécie, mas se distinguem sobretudo pela maneira de falar, e é este o sinal mais seguro da educação de cada um de nós, e aqueles que sabem usar bem da palavra, não só são poderosos no seu país, como honrados nos outros. (Panegírico, 47-49)2
Da faculdade específica do homem de falar e de, desse modo, tratar dos assuntos da cidade e dirimir os conflitos, extraíram os gregos a democracia, o regime político da maioria. O tirano ou os oligarcas mandavam pela força, na democracia o poder obtinha-se pela palavra convincente nas assembleias. Nada mais contrário ao espírito grego do que impor pela força o que deveria ser objecto de uma decisão maioritária, discutida previamente.3 O elogio que Péricles faz da constituição ateniense no discurso fúnebre aquando do enterro dos primeiros mortos na Guerra do Peloponeso, é ele mesmo uma lídima peça retórica sobre a organização política democrática, em que a direcção do Estado não se limita a poucos, mas se estende à maioria, onde há igualdade perante a lei, em que a diferença social, riqueza ou pobreza, não dá preferência nas honras públicas, sendo o único critério o mérito de cada um. Na cidade de homens livres as palavras são uma condição da actuação política. Veja-se este excerto do discurso de Péricles, onde marca a diferença de Atenas face a outras cidades gregas, nomeadamente Esparta:
Os mesmos indivíduos cuidam das questões familiares e das políticas, e a outros, aos que se dedicam aos seus ofícios, não falta um conhecimento suficiente dos assuntos públicos. Somos os únicos que entendemos que quem não compartilha destas preocupações não é indiferente, mas sim inútil, e por nós julgamos as questões públicas, ou pelo menos, estudamo-las convenientemente, não por pensarmos que as palavras prejudicam a acção, mas sim que é mais nocivo não ensinar primeiro pela discussão, antes de chegar o tempo de actuar. Diferentemente dos outros, temos ainda a norma de ousar o máximo mas reflectir profundamente sobre a empresa a que nos votamos. Enquanto que aos outros a ignorância traz a coragem, e o cálculo acarreta a hesitação.4
A ideia aqui exposta de que a retórica é traço do espírito democrático grego não contende, nem muito menos é posta em causa, como demonstrarei, com a lenda que remonta o início da retórica às disputas legais pela pertença de terras na Sicília nos primórdios do Século V antes de Cristo. Roland Barthes, por exemplo, descreve deste modo o surgimento da retórica:
A Retórica nasceu de processos de propriedade. Cerca de 485 a.C., dois tiranos sicilianos, Gelão e Hierão, efectuaram deportações, transferências de população e expropriações, para povoar Siracusa e lotear os mercenários; quando foram depostos por uma sublevação democrática e se quis voltar à ante qua, houve processos inumeráveis, pois os direitos de propriedade eram pouco claros. Estes processos eram de um novo tipo: mobilizavam grandes júris populares, diante dos quais, para os convencer, era necessário ``ser eloquente''. Esta eloquência, ao participar simultaneamente da democracia e da demagogia, do judicial e do político constituiu-se rapidamente em objecto de ensino. Os primeiros professores desta nova disciplina foram Empédocles de Agrigento, Corax, seu aluno de Siracusa (o primeiro que cobrava pelas suas lições), e Tísias.5
O próprio Barthes interpreta esta origem, a arte da palavra ligada a uma reivindicação de propriedade, vendo na retórica um cru instrumento de poder:
como se a linguagem, na sua qualidade de objecto de uma transformação e condição de uma prática, se tivesse determinado, não a partir de uma subtil mediação ideológica, mas a partir da socialidade mais nua, afirmada na sua brutalidade fundamental, a da possessão de terras: começámos a reflectir sobre a linguagem para defendermos os nossos bens.6
Olhando, sobretudo a partir da crítica de Platão à retórica, para esta leitura que Barthes faz da sua origem, poder-se-ia pensar que a retórica não passaria de uma técnica de domínio pela linguagem, extensível a qualquer actividade humana. Que essa foi, aliás, a compreensão e a aplicação que os sofistas fizeram da retórica, parece ainda mais reforçar a percepção da retórica como arte demagógica, aplicável tanto na democracia, como na tirania, ou em qualquer outro regime político. A retórica seria apenas um instrumento de persuasão dos outros, fosse para que fim fosse, de persuadir pela palavra os juízes no Tribunal, os senadores no Conselho, o povo na Assembleia, enfim os participantes de qualquer espécie de reunião política e, assim, com esse poder fazer seus escravos o médico e o professor de ginástica, e até o grande financeiro7
Mas a eventual origem forense da retórica não invalida de modo algum a concepção da retórica como expressão de uma mentalidade argumentativa e livre. O carácter agónico que existe entre as partes num tribunal distingue-se justamente por a decisão não decorrer da força bruta ou da violência de uma das partes, mas do poder dos argumentos aduzidos. Se algo diferencia a aplicação da justiça numa sociedade livre ou numa sociedade totalitária é justamente a possibilidade de qualquer das partes poder apresentar os seus argumentos e com eles influenciar a decisão do juiz, seja este um indivíduo ou um júri. Quem confia no uso da palavra para reclamar justiça não precisa de lançar mão de meios violentos.
O uso demagógico ou sofista da retórica não nega o carácter retórico da democracia e a íntima conexão entre liberdade política e discurso persuasivo. A má utilização que se pode fazer da retórica não significa de modo algum a negação da relação essencial entre retórica e democracia. E a razão fundamental desta relação é a liberdade do indivíduo suposta numa e noutra. Só tem sentido falar de retórica numa sociedade de homens livres e a democracia é o regime político por excelência dessa sociedade.
Num capítulo dedicado ao esplendor e miséria da retórica, Tzvetan Todorov, fixa muito bem a indissociabilidade entre democracia e retórica ao analisar a obra De Oratore de Cícero. 8
A democracia é a condição indispensável ao desenvolvimento da eloquência; reciprocamente, a eloquência é a qualidade superior do indivíduo que pertence a uma democracia: nenhum dos dois pode passar sem o outro. A eloquência é ``necessária'': eis o seu traço dominante, e, ao mesmo tempo, a explicação do seu sucesso.9
A crise da retórica surge quando se instala um poder forte, de direcção autoritária. Quando se instala o poder de um, monarca ou tirano, desaparece a eloquência. Todorov cita a seguinte passagem de Tácito:
Por que motivo se há-de defender uma opinião no Senado, se sabemos que a elite dos cidadãos concorda imediatamente com ela? Para quê reproduzir discursos diante do povo, se os interesses públicos não são deliberados por incompetentes, nem pela multidão, mas unicamente pelo mais sábio dos homens? ( Diálogo dos Oradores, XLI).10
É mediante a análise desta obra de Tácito, aliás, que Todorov traça a crise da retórica. O historiador romano criticava a eloquência, justamente por a associar a um regime democrático, de liberdade de discussão e de decisão. Considerava que um regime político que assentava na força da persuasão tinha um preço demasiado alto, a insegurança de cada cidadão. Tácito defendia um regime musculado, autoritário, onde a vida política não dependesse das capacidades persuasivas, mas sim da clarividência e da autoridade do poder instituído. A democracia, necessariamente fundada na eloquência, representava um risco para a sociedade.
Essa grande e gloriosa eloquência de outrora é filha do desregramento a que os tolos chamam liberdade (...); desconhecendo a obediência e a seriedade, obstinada, temerária e arrogante, ela não floresce nos Estados dotados de uma consituição. (...) Para a República, a eloquência dos Gracos não valia tanto como o peso das leis que faziam suportar, e a fama oratória de Cícero teve um preço demasiado alto para os fins conseguidos. ( Diálogo dos Oradores, XL) 11
Quão longe se encontra este entendimento de Tácito (55-120 p.C.), um historiador da época dos Césares, do entendimento de Isócrates (Séc. V-IV a.C.) sobre o que é uma constituição! Veja-se o que este retórico grego escreve sobre a antiga constituição de Atenas:
Os que naquele tempo administravam a cidade estabeleceram uma constituição que não era designada pelo nome mais comum e mais brando, mas que não se mostrava tal, pelos seus actos, àqueles que deparavam com ela, e que não educou os cidadãos de tal maneira que julgassem que era democracia a indisciplina, a liberdade o desprezo das leis, ou igualdade a licença de dizer tudo, ou bem-estar a permissão de proceder assim, mas essa constituição desprezava e castigava tais indivíduos, tornando todos os cidadãos melhores e mais sensatos. (Areopagítico, 20) 12
O espírito cesarista que enforma a crítica do romano Tácito à eloquência é o oposto do espírito democrático que anima o elogio do grego Péricles à constituição ateniense. Para o espírito prático de um romano, de privilegiar a acção em detrimento da palavra, o tempo consumido nas assembleias do povo no governo de Atenas não poderia deixar de ser visto como um desperdício de energias.

A retórica como discurso público

Retórica não pode ser confundida com outras formas de linguagem, nomeadamente a conversa. O que caracteriza a retórica nos gregos é ela pertencer à esfera política da vida de um cidadão, e não à sua vida privada. A distinção entre o político ou público e o privado é assim imprescindível para uma compreensão cabal da especificidade da retórica.
A vida política é a vida livre que o cidadão desenvolve enquanto membro participante e activo na condução dos negócios da polis. Distinta é a vida privada, a vida da família, dos escravos e dos animais domésticos, onde são satisfeitas as necessidades básicas como a alimentação e a reprodução, necessidades que não são distintas das dos animais. A organização familiar era uma imposição da natureza, tal como a organização em grupo de outras espécies de animais. Na esfera privada não há espaço para a liberdade, aí o chefe exerce um poder absoluto sobre mulheres e escravos. A polis demarcava-se do carácter familiar justamente por ser uma organização de iguais, onde não havia nem servos nem senhores.
Não é o viver em grupo, ou em sociedade, que caracteriza o homem dos outros animais. Hannah Arendt chama a atenção para a correcta tradução de zôon politikon não como animal social, mas como animal político. A sociabilidade é até um ponto em comum dos homens com os animais. O traço verdadeiramente distintivo é a natureza política do homem. A polis é como uma segunda vida, bios politikos, que só se realiza uma vez resolvidas as necessidades próprias da condição animal. Na vida privada o homem enfrenta as necessidades, na vida política ou pública o homem exerce a sua liberdade. Portanto, cada cidadão faz parte de dois tipos de vida, a que lhe é própria ( idion), e a que lhe é comum ( koinon). Tem a vida privada, a natural ou familiar, e a pública, a livre ou política. O ponto de união entre estas duas vidas é que a família satisfazia as condições de subsistência necessárias à vida de liberdade da polis13
A vida pública ou política era de certo modo um luxo que estava, portanto, reservado aos que podiam gozar de uma subsistência garantida. Mulheres, metecos e escravos não tinham uma vida política. E aqui coloca-se a questão sobre a abrangência da democracia ateniense. Com efeito, a partir dos números prováveis da população de Atenas em 430 a.C., 30.000 cidadãos, 120.000 familiares, 50.000 metecos e 100.000 escravos, verificamos que apenas 10% da população eram politai, cidadãos.14 A democracia ateniense era de algum modo uma aristocracia alargada.
Fustel de Coulanges dá-nos um retrato muito pormenorizado do dia a dia de um cidadão ateniense no gozo e cumprimento dos seus direitos e deveres políticos e vemos que é uma vida muito trabalhosa.
Espanta verificar todo o trabalho que esta democracia exigia dos homens. Era governo muito trabalhoso. Vejamos em que se passa a vida de qualquer ateniense. Determinado dia, o ateniense é chamado à assembleia do seu demo e tem de deliberar sobre os interesses religiosos ou financeiros dessa pequena associação. Um outro dia, este mesmo ateniense está convocado para a assembleia da sua tribo; trata-se de regular uma festa religiosa, ou de examinar as despesas, ou de fazer decretos, ou ainda de nomear chefes e juízes. Exactamente três vezes por mês torna-se preciso que assista à assembleia geral do povo, e não tem o direito de faltar. Mas a sessão é longa, porque o ateniense não vai à assembleia somente para votar. Chegado pela manhã, exige-se que o ateniense ali permaneça até hora avançada do dia a ouvir os oradores. Não pode votar senão tendo estado presente desde a abertura da assembleia, e tendo ouvido todos os discursos. (...) O dever do cidadão não se limitava a votar. Quando chegava a sua vez, também devia ser magistrado no seu demo ou na sua tribo. Em média, ano sim, ano não, era heliasta, isto é, juiz, passava todo esse ano nos tribunais, ocupado a ouvir os litigantes e a aplicar as leis. Quase não havia em Atenas cidadão que não fosse chamado duas vezes na sua vida a fazer parte do senado dos Quinhentos; então, durante um ano, todos os dias se sentava desde manha até à noite, recebendo os depoimentos dos magistrados, fazendo-os prestar as suas contas, respondendo aos embaixadores estrangeiros, redigindo as instruções dos embaixadores atenienses, examinando todos Os negócios que deviam ser submetidos ao povo, e preparando todos os decretos. Enfim, o ateniense podia ser magistrado da cidade, arconte, estratego, astínomo, quando a sorte ou o sufrágio o indicava. Vê-se quão pesado encargo era o de ser cidadão de qualquer Estado democrático, porque correspondia a ocupar em serviço da cidade quase toda a sua existência, pouco tempo lhe restando para os trabalhos pessoais e para a sua vida doméstica. Por isso, muito justamente, dizia Aristóteles não poder ser cidadão aquele homem que necessitasse de trabalhar para viver. Tantas eram as exigências da democracia. O cidadão, como o funcionário público de nossos dias, devia pertencer inteiramente ao Estado. Na guerra, dava-lhe o seu sangue; durante a paz, o sen tempo. Não era livre para descurar dos negócios públicos por se ocupar com mais cuidado dos seus próprios. Pelo contrário, devia descurar dos seus, para trabalhar em proveito da cidade. Os homens passavam a sua vida uns a governarem aos outros. A democracia não podia existir senão sob a condição de trabalho incessante para todos os seus cidadãos. Por pouco que afrouxasse, ela acabaria pouco a pouco por perecer ou por se corromper. 15
É neste dia a dia da vida política que o cidadão vive num mundo marcado pela eloquência ( léxis). As assembleias são palco de intensos debates. Todo o homem podia falar sem distinção de fortuna, nem de profissão, mas precisava de provar estar no gozo dos seus direitos políticos, não ser devedor ao Estado, ser de costumes puros, estar legitimamente casado, possuir bens de raiz na Ática, haver cumprido todos Os seus deveres para com seus pais, ter feito todas as expedições militares para as quais fora escolhido, e provar não ter deixado no campo, em nenhum combate, o seu escudo. 16
Uma vez tomadas estas precauções contra a eloquência, o povo abandonava-se-lhe em seguida inteiramente. Os atenienses como nos diz Tucídides, não acreditavam em que e palavra prejudicasse a acção. Sentiam, pelo contrário, a necessidade de se esclarecerem. A política já não era, como no regime precedente, negócio de tradição e de fé. Era preciso reflectir e ponderar sobre as razões. A discussão era indispensável, porque sendo toda a questão mais ou menos obscura, só a palavra podia iluminar a verdade, e povo ateniense queria que cada negócio lhe fosse apresentado sob todos os seus diferentes aspectos e lhe mostrassem claramente os prós e os contras. Considerava bastante os seus oradores; diz-se ter o costume de os recompensar em dinheiro por cada discurso pronunciado na tribuna. O povo fazia mais ainda: escutava-os; não podermos portanto apresentar este povo como multidão turbulenta ou barulhenta. Pelo contrário, a sua atitude era correctíssima; o poeta cómico apresenta-o escutando boquiaberto, imóvel nos seus bancos de pedra. Os historiadores e oradores descrevem-nos muito frequentemente estas reuniões populares; quase nunca os vemos a interromperem os oradores; quer esse orador seja Péricles, ou Cléon, Ésquino ou Dernóstenes, o povo continua atento; e, quer o lisonjeiem quer o repreendam, escuta. Deixa exprimir as mais opostas opiniões, com louvável paciência. Algumas vezes murmúrios, mas nunca gritos nem assuadas. O orador, diga o que disser, pode sempre chegar ao fim do seu discurso.17
Como se vê, retórica e democracia implicavam-se mutuamente e constituíam a esfera pública de Atenas.

António Fidalgo

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Argumentos e salsichas

A máquina de salsichas da razão

Aquilo que é maravilhoso num argumento sólido é o seu poder de preservar a verdade. Tomemos, por exemplo, o argumento seguinte:


   1. Francisco é um homem.
   2. Todos os homens vivem na terra.
   Conclusão: Francisco vive na terra.

Este argumento forma-se de duas afirmações, ou premissas, e de uma conclusão. Num argumento dedutivo, como este, as premissas implicam supostamente a conclusão. O argumento, se válido, fornece-nos uma garantia lógica: se as premissas são verdadeiras, a conclusão também o é. Neste caso, o argumento é válido. As premissas implicam realmente a conclusão.
É claro que se introduzirmos num argumento dedutivamente válido uma ou mais falsidades, não há qualquer garantia quanto ao que obteremos. A conclusão pode, ainda assim, ser verdadeira. Mas pode ser falsa. (Suponhamos, por exemplo, que a primeira premissa do nosso argumento é falsa: o Francisco não é um homem – é um extra-terrestre que vive no planeta Plutão; então a nossa conclusão é falsa.)
Portanto, um argumento dedutivo válido preserva a verdade. Se introduzirmos premissas verdadeiras, temos a garantia lógica de que sai uma conclusão verdadeira. Se estivermos interessados em ter convicções que sejam realmente verdadeiras, trata-se de um belo resultado.
Para aqueles que gostam de analogias, podemos dizer que as formas válidas de argumentos dedutivos funcionam um pouco como as máquinas de salsichas. A única diferença é que em vez de introduzirmos carne de salsicha e de saírem do outro lado salsichas, é-nos dada a garantia de que se introduzirmos premissas verdadeiras, sairão conclusões verdadeiras.



A máquina de salsichas indutiva

A argumentação dedutiva não é a única forma de argumentação sólida. Há também os raciocínios indutivos. Eis um exemplo de um argumento indutivo:


  1. A maçã um tem sementes.
2.          2. A maçã dois tem sementes.
      3. A maçã três tem sementes.
    [...]
  1000. A maçã mil tem sementes.
  Conclusão: Todas as maçãs têm sementes.

Este argumento tem mil premissas (embora eu não me tenha dado ao trabalho de listar mais do que quatro). Num argumento indutivo, as premissas apoiam supostamente a conclusão. Aqui, a palavra-chave é apoiam. É claro que estes argumentos não são (e não pretendem ser) dedutivamente válidos. As premissas não implicam dedutivamente a conclusão. Não há garantia lógica de que a maçã seguinte não terá sementes, apesar das muitas maçãs que examinámos até agora. Apesar disso, supomos que o facto de todas as maçãs que examinámos até agora terem sementes torna extremamente razoável que concluamos que todas têm. As premissas, supomos, tornam a verdade da conclusão bastante provável. Se isto é correcto, os argumentos indutivos sólidos também têm a qualidade de preservar a verdade à maneira da máquina das salsichas. Introduzam-se premissas verdadeiras num argumento indutivo sólido e sai provavelmente uma conclusão verdadeira do outro lado.
Uma vez mais, se é a verdade que buscamos, trata-se de um belo resultado.

Stephen Law, The War for Children’s Minds (Londres & Nova Iorque, 2006). Trad. Carlos Marques.

1. Qual o problema tratado no texto?
2. Que comparação é feita? 
3. O que se pretende mostrar com essa comparação?

domingo, 4 de outubro de 2015

De que trata a Lógica?


Ao usarmos as palavras lógico e lógica estamos a participar numa tradição de pensamento que se origina na Filosofia grega, quando a palavra logos – significando linguagem-discurso e pensamento-conhecimento – conduziu os filósofos a indagar se o logos obedecia ou não a regras, possuía ou não normas, princípios e critérios para seu uso e funcionamento. A disciplina filosófica que se ocupa com essas questões chama-se lógica.
A lógica é um dos campos da filosofia, e pode ser considerada uma disciplina introdutória para qualquer estudo filosófico. Isso acontece porque a lógica lida com raciocínios e argumentos, e raciocínios e argumentos fazem parte de qualquer reflexão filosófica, seja ela no campo da teoria do conhecimento, da ética, da filosofia política ou da estética.
Hoje em dia temos a lógica tradicional e a lógica matemática ou simbólica. A lógica tradicional é mais simples e mais acessível que a lógica matemática, mas nem por isso tem menos importância. Pelo contrário, a lógica matemática desenvolveu-se graças aos avanços da lógica tradicional. A base da lógica tradicional foi formulada pelo filósofo grego Aristóteles e foi reelaborada durante a Idade Média. Na segunda metade do século XIX a lógica teve um enorme desenvolvimento até chegar a seu estágio actual, a lógica matemática ou simbólica.
Os estudiosos definem a lógica de diversas maneiras:
"O estudo da lógica é o estudo dos métodos e princípios usados para distinguir o raciocínio correto do incorreto." Irving Coppi

"A lógica trata de argumentos e inferências. Um de seus propósitos básicos é apresentar métodos capazes de identificar os argumentos logicamente válidos, distinguindo-os dos que não são logicamente válidos." Wesley Salmon

"A tarefa da lógica sempre foi a de classificar e organizar as inferências válidas, separando-as daquelas que não o são. A importância desta organização não deve ser subestimada, pois usam-se as inferências (de preferência válidas) tanto na vida comum como nas ciências formais, sendo um exemplo a matemática." Jesus Eugênio de Paula Assis

Estas definições têm alguma coisa em comum. Todas elas se referem a inferências válidas, a raciocínios correctos, a leis do pensamento. O homem sempre foi fascinado pelo pensar e pelas regras deste pensar.

Voltemos ao nosso raciocínio inicial:
Todos os homens são mortais.
Sócrates é homem.
Logo, Sócrates é mortal.

 Este raciocínio é correto. Sócrates é mortal! Temos três proposições. As duas primeiras proposições servem de evidência para a última. Vamos dizer isto em outras palavras: Temos duas premissas que servem de evidência para a conclusão.
Estamos a estudar as relações entre as proposições. Estamos a estudar o argumento, examinando se ele é válido ou inválido. Essa é a tarefa da lógica. Não estamos a discutir as ideias de Sócrates e da sua condição de homem.
Tradicionalmente a lógica foi considerada um portal de acesso ao estudo da filosofia e das ciências.Faz sentido. Discutir e argumentar faz parte do debate sobre qualquer questão. No caso das ciências, conhecer um pouco de lógica pode ser muito valioso. As ciências foram construídas usando procedimentos lógicos e o método científico pode ser visto como lógica aplicada. 
Heidi Strecker, filósofa e educadora in O que é a lógica?


A argumentação tem determinadas exigências:

“- Que espécie de gente vive por aqui?
- Naquela direção – disse o Gato, levantando a pata direita – vive um Chapeleiro, e naquela, uma Lebre de Março. Vai visitar o que quiseres, são ambos loucos.
- Mas eu não quero estar ao pé de gente louca – respondeu a Alice.
- Oh, não podes evitá-lo – disse o Gato. – Aqui todos são loucos. Eu sou louco. Tu és louca.
- Como é que sabes que sou louca? Perguntou a Alice.
- Tens de ser, de outro modo não estarias aqui.
Alice não achava que isso provasse coisa nenhuma (…).”

Lewis Carroll, Alice no país das maravilhas, tradução de Maria Filomena Duarte, Edições D. Quixote, Lisboa, 1988, págs. 66-67.

Será que o Gato está a argumentar bem ?

sábado, 3 de outubro de 2015

Lógica. Argumentos Dedutivos e não-dedutivos.Validade e verdade.

Argumentos dedutivos e argumentos não-dedutivos


Critérios de avaliação
Embora um argumento possa ter diferentes objectivos, o seu propósito fundamental é, habitualmente, demonstrar que uma conclusão é verdadeira ou, ao menos, provavelmente verdadeira. Assim, os argumentos podem ser avaliados e considerados melhores ou piores na medida em que cumprem ou deixam de cumprir este propósito. Examinaremos, de seguida, quatro critérios para fazer essa avaliação:

1) São todas as premissas verdadeiras?
2) É a conclusão ao menos provável, dada a verdade das premissas?
3) São as premissas relevantes para a verdade da conclusão?
4) É a conclusão vulnerável a nova evidência?

Nem todos estes critérios são aplicáveis a todos os argumentos. Se, por exemplo, um argumento pretende apenas mostrar que determinada conclusão se segue de um determinado conjunto de premissas, sejam ou não essas premissas verdadeiras, então o critério 1 é inaplicável; e, conforme o caso, os critérios 3 e 4 podem também ser inaplicáveis. Neste momento, porém, preocupar-nos-emos com o caso mais comum em que é propósito de um argumento estabelecer que a sua conclusão é, de facto, verdadeira ou provavelmente verdadeira.


Verdade das premissasO critério 1 não é, por si só, adequado para a avaliação de argumentos; mas fornece um bom ponto de partida: não importa quão bom um argumento possa ser, não poderá estabelecer a verdade da sua conclusão se alguma das suas premissas for falsa.
Avaliemos o seguinte argumento quanto ao critério 1:

“Dado que hoje em dia todos os americanos são isolacionistas, a história registará que, no início do século XXI, os Estados Unidos falharam como defensores da democracia mundial.”

A premissa ‘Hoje em dia todos os americanos são isolacionistas’ é indubitavelmente falsa; logo, o argumento não estabelece que os Estados Unidos irão falhar como defensores da democracia mundial. Isto não significa, evidentemente, que a conclusão é falsa; significa, sim, que o argumento é inútil quanto a determinar a sua verdade ou falsidade.

Frequentemente, a verdade ou falsidade de uma ou mais premissas é desconhecida; e, assim, o argumento falha em estabelecer a sua conclusão tanto quanto sabemos. Em tais casos, falta-nos informação suficiente para aplicarmos com segurança o critério 1, e poderemos ter necessidade de suspender o juízo até que informação adicional esteja disponível.
Avaliemos o seguinte argumento quanto ao critério 1:

“Há muitas civilizações extraterrestres avançadas na nossa galáxia. Muitas dessas civilizações geram sinais electromagnéticos suficientemente poderosos para serem detectados na Terra. Logo, temos a possibilidade de detectar sinais gerados por civilizações extraterrestres.”

Ainda não sabemos se as premissas deste argumento são ou não verdadeiras. Não podemos, portanto, fazer melhor do que suspender o juízo até que disponhamos de meios para determinar com segurança a verdade ou a falsidade das premissas. este argumento não convenceria fosse quem fosse da verdade da sua conclusão — pelo menos, não neste momento.

O critério 1 apenas requer que as premissas sejam verdadeiras; mas, na prática, um argumento só comunica a verdade da sua conclusão se as pessoas a quem se dirige souberem que as suas premissas são verdadeiras. Se um argumentador sabe que as suas premissas são verdadeiras mas as pessoas a quem se dirige não, então, de modo a provar-lhes que a sua conclusão é verdadeira, o argumentador deve fornecer argumentos adicionais, a fim de estabelecer a verdade das premissas.
Suponhamos que o vidro de uma janela se quebrou. Uma garotinha apresenta o seguinte argumento:

“O Ricardo partiu o vidro. Eu vi-o.”Se formularmos o argumento na representação canónica, teremos:

Eu vi o Ricardo partir o vidro.
Logo, o Ricardo partiu o vidro.
Suponhamos que temos razões para acreditar que a criança não viu tal coisa. Se avaliarmos o argumento segundo o critério 1, veremos que, ainda que a criança esteja a dizer a verdade, o seu argumento falha em estabelecer a sua conclusão para nós, pelo menos enquanto não soubermos que a sua premissa é verdadeira. O melhor que teríamos a fazer, no momento, seria suspender o juízo e procurar nova evidência.

Outra limitação ao critério 1 é que a verdade das premissas — ou o facto de serem conhecidas como verdadeiras — não basta para garantir que a conclusão é verdadeira. A verdade das premissas é uma condição necessária, mas não suficiente, para estabelecer a verdade da conclusão. Num bom argumento, as premissas devem ainda sustentar a conclusão.
Avalie-se o seguinte argumento quanto ao critério 1:

“Todos os assassinos matam. Logo, os soldados que matam, na batalha, são assassinos.”
Dado que a premissa é verdadeira, o argumento satisfaz o critério 1. No entanto, falha em estabelecer a conclusão, porque a premissa deixa em aberto a possibilidade de algumas pessoas que matam não serem assassinas. Talvez seja esse o caso dos soldados, na batalha; a premissa, pelo menos, não fornece qualquer boa razão para se pensar que não é. Assim, a premissa, embora verdadeira, não sustenta adequadamente a conclusão. O argumento nada prova.

Estes exemplos demonstram a necessidade de estabelecer critérios adicionais para a avaliação de argumentos, critérios para avaliar o grau em que um conjunto de premissas fornece evidência a favor de uma conclusão. Há, a este respeito, dois parâmetros principais que se devem ter em conta. Um é probabilístico: a conclusão pode ser mais ou menos provável, dadas as premissas. O outro parâmetro é a relevância das premissas relativamente à conclusão. Estes dois parâmetros são, respectivamente, o objecto dos nossos dois critérios de avaliação seguintes.


Validade e probabilidade indutivaO critério 2 avalia os argumentos relativamente à probabilidade da conclusão, dada a verdade das premissas. A este respeito, os argumentos podem ser classificados em duas categorias: dedutivos e indutivos.
Um argumento dedutivo é uma argumento cuja validade ou invalidade pode ser explicada pela sua forma lógica, exclusivamente. Se for válido, então a sua conclusão segue-se necessariamente das suas premissas básicas. (Salvo especificação em contrário, usaremos o termo ‘dedutivo’ como sinónimo de ‘dedutivamente válido’.) Mais precisamente, um argumento é dedutivo se é impossível ter todas as premissas básicas verdadeiras e conclusão falsa. Um argumento indutivo, por contraste, é um argumento cuja conclusão não se segue necessariamente das suas premissas: há uma certa probabilidade que a conclusão seja verdadeira se as premissas o são, mas há também a probabilidade que seja falsa.
A probabilidade de uma conclusão, dado um conjunto de premissas, é chamada ‘probabilidade indutiva’. A probabilidade indutiva de um argumento dedutivo é máxima; isto é, é igual a 1 (a probabilidade é habitualmente medida numa escala de 0 a 1). A probabilidade indutiva de um argumento indutivo é tipicamente (porventura sempre) menor do que 1.
Eis dois exemplos de argumentos dedutivos:

Nenhum mortal pode deter o passar do tempo. Você é mortal. Logo, você não pode deter o passar do tempo.”

“Alguns porcos têm asas. Tudo o que tem assas canta. Logo, alguns porcos cantam.”

Os dois argumentos a seguir apresentados são indutivos:

“Não há evidência segura de terem existido seres humanos com mais de 3 metros de atura. Logo, nunca houve humanos com mais de 3 metros de altura.”

“Quimicamente, o cloreto de potássio é muito semelhante ao sal de mesa. Logo, o cloreto de potássio sabe como o sal de mesa.”

Estes exemplos ilustram o facto de que a validade dedutiva e a validade indutiva são independentes da verdade efectiva das premissas e da conclusão. Logo, o critério 2 é independente do critério 1 e não é, por si só, adequado para a avaliação de argumentos. Note-se, por exemplo, que os dois argumentos dedutivos apresentados exibem combinações diferentes de verdade e falsidade. As premissas e a conclusão do primeiro são todas verdadeiras, ao passo que todas as afirmações que figuram no segundo são falsas. Qualquer combinação de verdade e falsidade é possível, seja num argumento dedutivo seja num argumento indutivo, excepto que nenhum argumento dedutivo (válido) pode, por definição, ter todas as premissas verdadeiras e conclusão falsa.

Um argumento dedutivo (válido) cujas premissas básicas são todas verdadeiras diz-se ‘sólido’. Um argumento sólido estabelece com certeza que a sua conclusão é verdadeira.
O argumento seguinte é sólido (é dedutivamente válido e as suas premissas são verdadeiras):

Toda a gente tem um e um só pai biológico. Os irmãos verdadeiros têm o mesmo pai biológico. Ninguém é o seu próprio pai biológico. Logo, não há qualquer pessoa cujo pai biológico seja também seu irmão verdadeiro.”
Note-se que quando dizemos que num argumento dedutivo (válido) é impossível todas as premissas serem verdadeiras e a conclusão falsa, o termo ‘impossível’ deve ser entendido num sentido muito forte. Significa não apenas “impossível na pratica” mas “logicamente impossível”; isto é, impossível na sua própria concepção.
A distinção é ilustrada pelo seguinte exemplo:

“A Susana lê o Wall Street Journal. Logo, a Susana tem mais de 3 meses de idade.”

Apesar de ser impossível na prática alguém que não tem mais de 3 meses de idade ler o Wall Street Journal, isso é, ainda assim, coerentemente concebível; a ideia em si mesma não envolve qualquer contradição. É, assim, logicamente possível (embora praticamente impossível) a conclusão ser falsa e a premissa verdadeira. Por outras palavras, a conclusão, ainda que altamente provável, não se segue necessariamente da premissa. Logo, o argumento não é dedutivo (não dedutivamente válido).
Por outro lado, o argumento pode ser transformado num argumento dedutivo mediante a adição de uma premissa:

Todos os leitores do Wall Street Journal têm mais de 3 meses de idade. A Susana lê o Wall Street Journal. Logo, a Susana tem mais de 3 meses de idade.”Deste modo, não é só praticamente impossível as premissas serem verdadeiras e a conclusão falsa: é logicamente impossível. Este novo argumento é, pois, dedutivo.
Nem sempre é óbvio se um argumento determinado é ou não dedutivo

 Trad. e adapt. de Nolt, John, et al., 1988, Schaum’s Outline of Theory and Problems of Logic, New York, McGraw-Hill, 1998.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

FILOSOFIA DE VIDA

domingo, 24 de maio de 2015

Correcção do teste de 18 de maio


1. Tal como diz o texto  a constituição de leis resulta de uma generalização e antecipa o futuro através da previsão, considera que o funcionamento da ciência é, assim, indutivo, contrariamente a Popper que afirma que a indução não é o método para a constituição das leis e para a previsão de factos futuros, mas sim a dedução lógica a partir de leis que são hipóteses teóricas. O método indutivo consiste na generalização teórica  a partir de dados observacionais, retirando dos factos singulares repetições e constantes que são comuns a todos os factos observados e que permitem a elaboração de leis  válidas para todos os casos semelhantes. Assim o procedimento consiste em recolher dados, retirar uma hipótese que possa ser testada e confirmada pela experiência e depois generalizar e fazer previsões. Popper  coloca objecções à validade deste método, embora ele seja um procedimento comum a algumas ciências como a Biologia. Este problema ficou conhecido como o problema da indução. Consiste em demonstrar que a crença na indução não está justificada porque ultrapassa a experiência e a razão, isto é, não pode ser justificada nem empiricamente nem racionalmente. Acreditamos que a natureza é uniforme e, por isso acreditamos que aquilo que aconteceu de uma determinada maneira irá acontecer do mesmo modo no futuro. Esse é o pressuposto que garante as nossas generalizações futuras, mas esse pressuposto já resulta ele próprio de uma generalização e de uma previsão, isto é, aquilo que garante a validade de uma indução é conseguido através da indução, utiliza-se o mesmo processo para validar algo que devia ser validado por um outro conhecimento onde se pudesse fundar.  Há assim um raciocínio falacioso, uma petição de princípio.A crítica de Popper ao método indutivo contesta a imparcialidade da observação que já está submetida a uma teoria e a um problema e não é feita ao acaso.
A teoria epistemológica de Popper ultrapassa o indutivismo da ciência ao propor um novo método: o falsificacionismo, este método propõe que a dedução dos facto que podem ocorrer a partir de uma hipóteses científica e os factos que não podem ocorrer. Esse raciocínio é dedutivo e não dedutivo pois retiram-se as consequências práticas a partir de uma hipótese teórica e geral  O falsificacionismo é, simultaneamente, um critério de demarcação científica, isto é, um critério para separar conhecimento científico e não científico; e, por outro lado, uma nova forma de compreender a metodologia das ciências propondo como realmente científica  uma metodologia hipotética e dedutiva e não indutiva. O método hipotético-dedutivo privilegia a criatividade intelectual e a colocação dos problemas e das hipóteses assim como a dedução a partir destas,  de consequências observáveis. Ultrapassa o problema do método indutivo que não pode justificar as leis da natureza, e que é por si um problema visto que carece de fundamento racional.

2. Para Kuhn as teorias científicas funcionam como paradigmas, isto é trazem consigo uma visão do mundo e certos métodos de trabalho, assim como princípios metodológicos e metafísicos. Os cientistas ao aceitarem uma teoria como um novo paradigma científico trabalham no sentido  de ampliar os seus resultados e confirmar as suas previsões. A comunidade científica trabalha no âmbito dos paradigmas e não os põe em causa, mesmo que surjam anomalias. O processo de desenvolvimento da Ciência começa com a instituição de um Paradigma e o trabalho científico visa tornar mais consistente e abrangente esse paradigma resolvendo os enigmas que este vai colocando à medida que vai sendo alargado na explicação de outros fenómenos. Este período de resolução de enigmas caracteriza-se por ser acrítico, pois não há disposição para pôr em causa as metodologias de trabalho que foram aceites, assim como os princípios e a validade das teorias, Kuhn chama-lhe um Período de Ciência Normal. Com o desenvolvimento teórico e prático do Paradigma vão surgindo anomalias que se vão acumulando até pôr em causa a actividade que está a ser feita, entra-se numa crise em que a descrença em relação ao modelo seguido leva ao seu abandono e começam a surgir novas teorias concorrentes que explicam as anomalias anteriormente irresolúveis.. Neste período, denominado Ciência Extraordinária, a comunidade científica tem de escolher uma teoria que pela sua abrangência, simplicidade, precisão, consistência e fecundidade, assim como o prestígio do cientista que a apresenta, possa ser unificadora da comunidade e possa constituir um novo Paradigma. Quando isso acontece dá-se uma revolução científica, isto é: a substituição de um Paradigma por outro.

3. Para Kuhn não há verdadeiro progresso ou evolução porque os paradigmas que se vão sucedendo são incomensuráveis, isto é, não podem ser comparados porque apresentam diferentes formas de trabalhar, de seleccionar fenómenos e novos princípios metafísicos.
Há, portanto, na evolução da ciência, cortes abruptos que correspondem a revoluções científicas, de mudanças de paradigma. As revoluções científicas sucedem-se a períodos criativos em que há teorias diferentes e a comunidade científica não forma consenso acerca de nenhuma delas. A escolha de uma teoria pela comunidade científica equivale a um acordo sobre a forma proposta de explicar os fenómenos. Uma vez acordado, ele torna-se exemplar e guia a comunidade para um desenvolvimento desta concepção dando origem a um novo paradigma e a uma nova fase de ciência normal. Todavia não há objectividade na escolha dos Paradigmas visto que este consenso é muitas vezes impossível e a escolha é influenciada por factores externos aos critérios objectivos.

Para Popper, a ciência evolui no sentido de uma aproximação à verdade na medida em que se faz eliminando os erros das teorias e substituindo-as por outras mais abrangentes e consistentes com os factos observados. Visto que a ciência se faz num processo racional de conjecturas e refutações em que o papel da subjectividade tende a diminuir pois o cientista trabalha no sentido de fazer previsões arriscadas de modo a testar de os limites de cada teoria. Embora não haja qualquer espécie de certezas pois o progresso científico é um sistema em aberto e nenhuma teoria é verdadeira mas apenas provisoriamente corroborada. A substituição de uma teoria por outra é um processo de selecção  em que as novas teoria aperfeiçoam as antigas na medida em que não cometem os mesmos erros da anterior, explicam os fenómenos das anteriores e ainda explicam novos fenómenos. Daí haver continuidade na evolução científica.


4. Segundo o texto o conhecimento científico e o senso comum divergem no sentido em que há uma lentidão e resistência do senso comum a ideias novas que possam entrar em contradição com aquilo que habitualmente se pensa. O senso comum é acrítico, isto é não se deixa refutar mesmo que novos factos possam desmentir as suas crenças. Esta característica produz uma sensação de desfasamento que pode identificar o senso comum com o preconceito uma vez que se agarra a verdades eternas que nada têm que as justifique senão a tradição. Contrariamente o conhecimento científico pauta-se por estar continuamente a ser revisto, aperfeiçoado, e rectificado ou refutado através de testes empíricos, essa característica permite uma evolução mais rápida e uma abertura constante a novas formas de explicação que possam satisfazer a constante crítica a que está sujeito  conhecimento científico.

Grupo II
Versão A
1.B/2.C/3.D/4.B/5.B/6.C/7.B/8.B/9.B/10.A

Versão B
1.B/2.D/3.A/4.B/5.C/6.A/7.B/8.B/9.A/10.B

Grupo III
Versão A
1. Falácia de Bola de Neve, Derrapagem ou Reacção em Cadeia  raciocínio inválido pois são retiradas consequências exageradas de uma determinada crença que se quer contrariar. Cria-se assim uma conclusão catastrófica na medida em que retiram consequências irracionais e que não são razoavelmente admitidas mas podem causar um efeito psicológico de medo.Falácia de dados insuficientes, as premissas não são suficientes para aceitar a conclusão.

Versão B.
1. Falácia de apelo à ignorância, "ad ignoratiam" é um raciocínio inválido porque pelo facto de não haver provas indiscutíveis de não haver Ovnis a visitar  a terra não se pode concluir que os Ovnis existem, a ausência de provas não nos permite concluir nada, nem que existem nem que não existem. Falácia de dados insuficientes.

2. Este texto quer apontar para o facto da causalidade, a relação de causa-efeito entre dois fenómenos derivar da experiência, e não apenas de uma experiência só mas da sua repetição constante. É pela repetição constante que somos levados a pensar, pelo hábito, que existe uma relação necessária entre os dois. Hume diz que essa relação é produzida pelo hábito, é psicológica e ultrapassa por isso a experiência que só nos pode dar relações contingentes.  

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Correção do Teste de 15 de Maio 2015

Grupo I
1, Para Kuhn as teorias científicas funcionam como paradigmas, segundo o texto, as mudanças de Paradigma não aproximam os cientistas da verdade pois os paradigmas são entre si tão diferentes, com novos fenómenos a explicar e uma nova forma de ver o mundo, de modo que não há uma evolução contínua no sentido do paradigma novo estar mais próximo da verdade que o antigo. Cada Paradigma traz consigo uma visão do mundo e certos métodos de trabalho, assim como princípios metodológicos e metafísicos novos. Os cientistas ao aceitarem uma teoria como um novo paradigma científico trabalham no sentido  de ampliar os seus resultados e confirmar as suas previsões. A comunidade científica trabalha no âmbito dos paradigmas e não os põe em causa, mesmo que surjam anomalias. O processo de desenvolvimento da Ciência começa com a instituição de um Paradigma e o trabalho científico visa tornar mais consistente e abrangente esse paradigma resolvendo os enigmas que este vai colocando à medida que vai sendo alargado na explicação de outros fenómenos. Este período de resolução de enigmas caracteriza-se por ser acrítico, pois não há disposição para pôr em causa as metodologias de trabalho que foram aceites. Kuhn chama-lhe um Período de Ciência Normal. Com o desenvolvimento teórico e prático do Paradigma vão surgindo anomalias que se vão acumulando até pôr em causa a actividade que está a ser feita, entra-se numa crise em que a descrença em relação ao modelo seguido leva ao seu abandono e  surgem novas teorias concorrentes que explicam as anomalias anteriormente irresolúveis.. Neste período, denominado Ciência Extraordinária, a comunidade científica tem de escolher uma teoria que pela sua abrangência, simplicidade, precisão, consistência e fecundidade, assim como o prestígio do cientista que a apresenta, possa ser unificadora da comunidade e possa constituir um novo Paradigma. Quando isso acontece dá-se uma revolução científica, isto é: a substituição de um Paradigma por outro.

2. O método indutivo, descrito no texto como principiando pela observação, consiste na generalização teórica  a partir de dados observacionais, retirando dos factos singulares repetições e constantes que são comuns a todos os factos observados e que permitem a elaboração de leis  válidas para todos os casos semelhantes. Assim o procedimento consiste em recolher dados, retirar uma hipótese que possa ser testada e confirmada pela experiência e depois generalizar e fazer previsões. Popper coloca objeções à validade deste método, embora ele seja um procedimento comum a algumas ciências como a Biologia. Este problema ficou conhecido como o problema da indução. Consiste em demonstrar que a crença na indução não está justificada porque ultrapassa a experiência e a razão, isto é, não pode ser justificada nem empiricamente nem racionalmente. Acreditamos que a natureza é uniforme e, por isso acreditamos que aquilo que aconteceu de uma determinada maneira irá acontecer do mesmo modo no futuro. Esse é o pressuposto que garante as nossas generalizações futuras, mas esse pressuposto já resulta ele próprio de uma generalização e de uma previsão, isto é, aquilo que garante a validade de uma indução é conseguido através da indução, utiliza-se o mesmo processo para validar algo que devia ser validado por um outro conhecimento onde se pudesse fundar.  Há assim um raciocínio falacioso, uma petição de princípio.
A teoria epistemológica de Popper ultrapassa o indutivismo da ciência ao propor um novo método: o falsificacionismo.  O falsificacionismo é, simultaneamente, um critério de demarcação científica, isto é, um critério para separar conhecimento científico e não científico; e, por outro lado, uma nova forma de compreender a metodologia das ciências propondo como realmente científica  uma metodologia hipotética e dedutiva e não indutiva. O método hipotético-dedutivo privilegia a criatividade intelectual e a colocação dos problemas e das hipóteses assim como a dedução a partir destas,  de consequências observáveis. Ultrapassa o problema do método indutivo que não pode justificar as leis da natureza, e que é por si um problema visto que carece de fundamento racional.

3. 
 3. Para Kuhn não há verdadeiro progresso ou evolução porque os paradigmas que se vão sucedendo são incomensuráveis, isto é, não podem ser comparados porque apresentam diferentes formas de trabalhar, de seleccionar fenómenos e novos princípios metafísicos.
Há, portanto, na evolução da ciência, cortes abruptos que correspondem a revoluções científicas, de mudanças de paradigma. As revoluções científicas sucedem-se a períodos criativos em que há teorias diferentes e a comunidade científica não forma consenso acerca de nenhuma delas. A escolha de uma teoria pela comunidade científica equivale a um acordo sobre a forma proposta de explicar os fenómenos. Uma vez acordado, ele torna-se exemplar e guia a comunidade para um desenvolvimento desta concepção dando origem a um novo paradigma e a uma nova fase de ciência normal. Todavia não há objectividade na escolha dos Paradigmas visto que este consenso é muitas vezes impossível e a escolha é influenciada por factores externos aos critérios objectivos.

Para Popper, a ciência evolui no sentido de uma aproximação à verdade na medida em que se faz eliminando os erros das teorias e substituindo-as por outras mais abrangentes e consistentes com os factos observados. Visto que a ciência se faz num processo racional de conjecturas e refutações em que o papel da subjectividade tende a diminuir pois o cientista trabalha no sentido de fazer previsões arriscadas de modo a testar de os limites de cada teoria. Embora não haja qualquer espécie de certezas pois o progresso científico é um sistema em aberto e nenhuma teoria é verdadeira mas apenas provisoriamente corroborada. A substituição de uma teoria por outra é um processo de selecção  em que as novas teoria aperfeiçoam as antigas na medida em que não cometem os mesmos erros da anterior, explicam os fenómenos das anteriores e ainda explicam novos fenómenos. Daí haver continuidade na evolução científica.

 4. No o texto o conhecimento científico e o senso comum são separados por um “ideal de objectividade” e” por uma separação das actividades ordinárias do quotidiano”, isto significa que a experiência científica não se limita à observação ocasional, constrói um quadro racional de problemas e metodologias de análise que o senso comum não tem. Deste modo, embora a realidade pareça ser a mesma ela aparece de modo diferente porque é seleccionada por prévios problemas.Partem dos dados dos sentidos e acumulam factos, mas se o segundo tira as suas conclusões a partir da experiência, o primeiro formula certas hipóteses que constituem uma directriz através da qual organiza os dados da experiência e a interroga de um determinado modo, sistemático e racional e não apenas ocasional. São assim diferentes percepções da realidade. A outra característica apontada é a linguagem. A linguagem científica é universal e rigorosa na medida em que apresenta símbolos que obedecem a uma técnica de codificação aceite pela comunidade e que tem um significado susceptível de ser apresentado numa experiência e não pode ter vários significados. Veja-se o caso de H2O. Contrariamente o senso comum utiliza a linguagem vulgar onde as palavras podem ter diferentes sentidos.

Grupo II
1. A tese empirista de D. Hume sobre a conexão causal é a seguinte:
  1. Não há nenhuma impressão de conexão causal; ora se não há impressão também não pode haver ideia, visto que, segundo o empirismo não há ideias sem impressões sensíveis.
  2. A impressão que temos é da repetição de fenómenos em sucessão no tempo e contiguidade no espaço: “O mesmo objecto é seguido pelo mesmo evento”. Esta repetição de um fenómeno a seguir ao outro leva-nos a estabelecer a crença de que estes andam sempre ligados, isto é, se sucede um, logo a seguir tem de suceder outro.
  3. Esta crença a que chamamos relação de causa efeito ou conexão causal não está justificada nem empiricamente nem racionalmente, porque “ não há nada que produza qualquer impressão, e consequentemente nada que possa sugerir qualquer ideia de poder ou conexão necessária”, o que temos a impressão é de fenómenos singulares, isolados embora sucedendo-se uns aos outros;  logo não há conhecimento mas um hábito psicológico que é criado pela sucessiva repetição dos fenómenos que se apresentam ligados. Se o conhecimento de causa efeito tem a sua origem na experiência e de modo nenhum é “apriori” (argumento do ser racional que nada soubesse do mundo, jamais poderia ter a noção de causa efeito) então é um conhecimento de facto e é contingente, todavia julgamos e pensamos como se houvesse uma conexão necessária e, portanto ultrapassamos a experiência.
  4. Logo, para concluir não uma explicação empírica para uma conexão necessária, ela é apenas fruto do costume, um hábito psicológico.
Grupo III
Versão A
1 -D ; 2- A; 3-D; 4-B; 5-D; 6-A; 7-B; 8-B; 9-A; 10-B; 11-A; 12-B.

Versão B
1-B; 2- D; 3-A; 4-D; 5-B; 6-D; 7-A; 8-B; 9-B; 10-A; 11-B; 12-A.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

segunda-feira, 13 de abril de 2015

TRABALHOS SOBRE A CULTURA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA



TEMAS DOS TRABALHOS

CADA GRUPO – 3/4 alunos 
LEITURAS OBRIGATÓRIAS (Na fotocopiadora)
Cada grupo dispõe de meia hora para apresentar o trabalho.  11º E

1. A Inteligência Artificial. Será possível a reconstrução do cérebro humano?
Textos de referência: Manual "Arte de pensar" 11ºAno   ;pág 221 a 229


2. Pensar a ciência:  A Evolução da Ciência - Manual adoptado páginas 222 a 231


3. Ciência e Novas Tecnologias: Clonagem Manual "Arte de Pensar" 11ºAno . Páginas 243 a 257


4. Tecnologias reprodutivas e família tradicional. Como entender a família hoje? Natureza ou cultura?
Textos de referência: Manual Criticamente 11ºAno pag 266 a 285

5. Industrialização e impacto ambiental. Qual o impacto tecnológico na natureza?
Textos de referência: Manual "Arte de Pensar" 11ºAno - pag 231 a 242


6. O Sentido da existência: Duas teorias sobre o sentido da vida. Qual o sentido da Vida? Haverá um sentido para a existência humana?
Textos de referência: Manual adoptado 266 a 278

ENTREGA DO TRABALHO : 21 MAIO -  11ºE

Diapositivos - 15 a 20 Diapositivos
entregue em logosferas@gmail.com

20 a 30m de Exposição.


APRESENTAÇÕES ORAIS:
TEMA1 e 2 – 21 maio
TEMA 3  - 25 de maio
TEMA 4 e 5 – 28 Maio

TEMA 6 – 1 de Junho


11ºG

1. A Inteligência Artificial. O Jogo de imitação.Será possível a reconstrução do cérebro humano?
Textos de referência: Manual "Arte de pensar" 11ºAno   ;pág 221 a 229


2
.  Tecnologias reprodutivas e família tradicional. Como entender a família hoje? Natureza ou cultura?
Textos de referência: Manual Criticamente 11ºAno pag 266 a 285


4. Industrialização e impacto ambiental. Qual o impacto tecnológico na natureza?
Textos de referência: Manual "Arte de Pensar" 11ºAno - pag 231 a 242

5. Ciência e Novas Tecnologias: Clonagem Manual "Arte de Pensar" 11ºAno . Páginas 243 a 257

6. Será admissível a eutanásia?Manual 10ºAno "Diálogos" Páginas marcadas no manual

ENTREGA DO TRABALHO : 18 MAIO -  11ºG


Diapositivos - 15 a 20 Diapositivos
entregue em logosferas@gmail.com

20 a 30m de Exposição.

APRESENTAÇÕES ORAIS:
TEMA1 e 2 – 18 maio
TEMA 4 e 5  - 25 de maio
TEMA 6 – 29 Maio


1. OBJECTIVOS GERAIS PARA TODOS
- Saber ler e resumir as ideias principais dos textos apresentados.
- Saber colocar questões pertinentes para discussão de ideias.

- Apresentar com clareza as teses e os argumentos propostos.
- Realizar uma investigação com recurso a vários suportes.



2. AVALIAÇÂO
ESCRITA:
1. Rigor, clareza e interesse filosófico do conteúdo do trabalho apresentado.
2. Escrita correcta.
3.Estrutura necessária: Índice, Introdução, Desenvolvimento estruturado por temas/problemas,  Conclusão.
ORAL:
1. Apresentação oral cuidada e com recurso a diapositivos informativos.
2. Apresentação oral com exposição capaz de gerar diálogo.
3. Oral sem leitura, clareza das ideias e da linguagem, profundidade dos conhecimentos adquiridos e capacidade de gerar comunicação.