domingo, 13 de dezembro de 2009

Correcção da Prova de Avaliação de 7 de Dezembro

1. Retórica é a Arte de persuadir através do discurso. Está associada à arte de de bem falar e de bem argumentar. O seu aspecto positivo resulta da utilização da argumentação como forma de fundamentar as nossas preferências quando não se sabe a verdade sobre certo assunto e se opta por aceitar o que é preferível, ou plausível de acordo com a situação e o carácter de um determinado auditório. No sentido tradicional (antigo) estava associada à Arte de Manipular, isto é, de falar sobre algo que não se sabe de modo a iludir o auditório. A distinção entre persuadir e manipular justifica-se porque persuadir não é necessariamente manipular, aquele que persuade pode fazê-lo porque possui os melhores argumentos quando aquilo sobre o qual ele persuade não gera unanimidade em circunstãncia alguma, não poderemos então, nesse caso, falar de enganar ou distorcer a verdade, daqui poderemos inferir que existe um bom e um mau uso da Retórica.

2. Os elementos que estão presentes na Retórica são o Ethos ou carácter do orador, o Pathos, ou estado emocional do auditório e o Logos, qualidade do discurso.
O Ethos é o domínio relativo à avaliação do orador, ao seu carisma, apresentação, carácter e credibilidade , são elementos que podem tornar mais eficaz a persuasão. O domínio do Logos é o domínio do discurso, da qualidade da informação prestada, da sua fundamentação, a força dos argumentos utilizados e o Pathos relaciona-se com a capacidade que o discurso tem de gerar emoções no auditório, das características do auditório depende a eficácia do discurso retórico. As necessidades e expectativas do auditório, a sua forma de reagir ao que é dito são elementos importantes para a sua adesão à mensagem.

3. A demonstração é Constringente, se aceitamos as premissas e se o argumento for válido temos de aceitar a conclusão, porque a conclusão segue necessariamente das premissas, não depende do auditório, porque é impessoal e universal, válida para qualquer auditório ou inválida, não depende do contexto em que é usada. A verdade da conclusão é necessária e indiscutível se aceitarmos a verdade das premissas. A linguagem utilizada não é adequada a um contexto definido ou singular, é uma linguagem isenta de ambiguidade, que pode reduzir-se a uma simbologia. Pelo contrário na Retórica vale a arte de argumentar, é o domínio do preferível ao invés do verdadeiro, pois o assunto é susceptível de discussão. A Argumentação serve para fundamentar uma perspectiva mas sem que esta se apresente como única, embora as premissas sejam verdadeiras a conclusão é apenas provável, se utilizarmos argumentos informais. Diz respeito a valores, aos valores do orador e do auditório, às suas crenças e convicções e utiliza uma linguagem natural, cuja eficácia depende do contexto e do auditório.


4. Argumentos indutivos são generalizações ou previsões a partir de uma amostra, isto é a partir de determinados factos retira-se uma conclusão que se aplica a todos os factos com as mesmas características. O argumento de analogia faz uma comparação entre elementos diferentes mas com semelhanças no assunto que queremos concluir. Nos Argumentos de causas, trata-se de encadear relações de causa efeito onde se justifica o efeito pela sua causa e nos Argumentos de autoridade qualificada justifica-se a conclusão com o recurso à opinião/teoria de um especialista na área.

Exemplo: Argumento de autoridade qualificada: A Amnistia internacional revela a existência de violações de mulheres nos campos dos refugiados de Darfur no Sudão, logo há violações dos direitos humanos em alguns campos de refugiados, nomeadamente no Sudão.

5. Argumento falacioso é aquele que parece ser válido mas não é válido ou porque tem premissas falsas ou porque as premissas não são suficientes ou relevantes para retirar uma conclusão. Por ter uma falsa aparência este argumento é enganador. Pode ser eficaz pela força psicológica mas não tem validade lógica.

6. a. Argumento ad baculum, ataque ao homem, falácia de premissas irrelevantes, porque se quer atacar a Filosofia de Nietzsche atacando a pessoa, sendo a Sífilis irrelevante para a conclusão do valor da obra.

6. b. Argumento de apelo ao povo, ad populum, apela-se ao espírito do povo, à insegurança sentida pelas pessoas, para provocar a adesão a uma lista X que se apresenta como salvação. Argumento inválido pois as premissas são irrelevantes para a conclusão, não se apresentam razões que possam esclarecer a conclusão de que a lista X é a melhor.

6. c. Inválido.Falácia Tollens, num argumento hipotético, negar o antecedente não permite, logicamente, negar na conclusão o consequente.

6. d. Falsa Causa, não há relação de causa efeito entre as premissas e a conclusão. Falsa pressuposição. O facto de um factor ser positivo não se segue que todos o sejam, visto que não há qualquer relação entre ambos. Também pode ser post doc post hoc ergo propter hoc , "depois disso, logo, por causa disso". Um autor comete a falácia quando pressupõe que, por uma coisa se seguir a outra, então aquela teve de ser causada por esta.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Prova de avaliação de 7 de Dezembro 2009


Competências:

1. Identificar argumentos.

2. Avaliar argumentos.

3. Distinguir formas de argumentação.

4. Construir argumentos.

5. Analisar o discurso retórico.

Conteúdos:

1. Raciocínios formais:Hipotéticos, Modus Ponens, Tollens,

2. Disjunções e Dilemas (pag 82 e 83)

3. As respectivas formas falaciosas.

4. Lógica formal e informal.

5. Demonstração e argumentação.

6. Tipos de argumentos. (dedutivos, indutivos, por analogia, causas e autoridade)

7. Regras para avaliar os bons argumentos e a sua validade (em sentido estricto e alargado)

8. Falácias.

9. A Retórica e as partes que a compõem.

10. Persuasão e Manipulação.

11. Construção de argumentos.

BOM TRABALHO! BOM TESTE!

Lógica: Exercício de revisões da matéria

Lógica formal:

1.“ Se tivermos um governo estável, então o país prospera
O país não prosperou
Logo, não tivemos um governo estável.”

Identifique este tipo de argumento e determine a sua validade. Justifique.

Lógica informal:

2.Distinga lógica formal e informal.
3. Distinga a argumentação da demosntração.

4. Quais os argumentos utilizados na lógica informal?

4. Que tipo de argumento é este? Justifica:
40% dos professores têm problemas de surdez por causa dos elevados níveis de ruído que, todos os dias suportam. Assim como os trabalhos com máquinas provocam problemas auditivos nos profissionais que com elas têm de operar elevado e continuado ruído. Logo. há certas profissões que causam invalidez precoce.

4.1. É um argumento forte ou fraco? Porquê?

5. Identifique as seguintes falácias. Justifique.

a. Os melhores filósofos nunca conseguiram provar
que existe uma alma independente do corpo
Logo, a alma não existe.

b. Florbela Espanca era uma mulher adúltera logo a sua obra não tem qualquer valor artístico.

c. Na nossa terra tem havido muitos assaltos. Toda a gente sabe. Querem continuar nesta insegurança? Ou preferem sair à noite sem medo? Então votem X
d. João: Acho que hoje me vai correr bem o teste de Filosofia.
Ana: Porquê?
João: Porque hoje no emprego recebi um aumento
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e. Se é habitual a corrupção na política então os políticos não são dignos de confiança.
Não é habitual a corrupção na política.
Logo, os políticos são dignos de confiança.”


f. As células não têm consciência logo, o cérebro que é dotado de células também não tem consciência.

6. O que se entende por Retórica?

7. A persuasão é a finalidade da retórica. Quais os elementos que são importantes para cumprir esta finalidade?

8. Caracterize cada um deles.

Ficha sobre os argumentos informais.

1.Analise os seguintes argumentos e identifique-os. Justifique.
2. Analise a sua força e validade segundo as regras colocadas no post anterior.

a. “ Nos últimos anos com as novas tecnologias como a TV e o computador que exigem um esforço maior de concentração da visão, assiste-se a um desenvolvimento da indústria da visão. De facto, são cada vez mais as crianças que usam óculos, logo, ver muita televisão e estar muito tempo ao computador parece provocar falta de visão precoce.”

b. "Outrora as mulheres casavam-se muito novas. A Julieta da peça Romeu e Julieta, de Shakespeare, ainda não tinha 14 anos. Na Idade Média, 13 anos era a idade normal de casamento para uma rapariga judia. E durante o Império Romano muitas mulheres casavam aos 13 anos, ou mesmo mais novas".
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c.” Colhe-se o que se semeia. Se plantarmos amoras, colhemos amoras. Se plantarmos cebolas obtemos cebolas. Do mesmo modo quem semeia a guerra não pode esperar obter paz, justiça e fraternidade.”

d. Todos os homens são mortais
Os gregos são homens
Logo, os gregos são mortais

Como construir um discurso argumentativo?
a. Distinguir claramente premissas e conclusão.
b. Apresentar as ideias por ordem natural, com simplicidade.
c. Partir de premissas plausíveis e prováveis.
d. Não usar uma linguagem tendenciosa ou ambígua.

Com base nestas regras gerais, redija um ensaio argumentativo com pelo menos 25 linhas, sobre um dos seguintes temas:1. A legalização da droga.
2. Os direitos dos animais.
3. A existência de Deus

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Prova de avaliação de 2 Novembro de 2009

Matérias para o teste.

FILOSOFIA

LÓGICA;1. De que trata a Lógica.
2. Verdade e validade lógica.
3. Validade dedutiva e não dedutiva.
4. Validade formal e forma lógica.

Lógica Aristotélica;1. Os Termos:
Definição; Extensão e Compreensão.
2. As proposições:
Ø Definição
Ø Estrutura padrão ou Forma canónica
Ø Classificação
Distribuição dos termos.
Ø Negação de proposições


3 As inferências mediatas:O silogismo.
Ø Definição de silogismo.
Ø Forma lógica do silogismo.
Ø Figuras
Ø Validade e regras de validade
Ø Converter um argumento num silogismo.
4 Inferências imediatas: conversões.
5.5 Os argumentos hipotéticos

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Exercícios de Lógica. Ficha 5

FICHA 5

Exercício para avaliação e aplicação de conhecimentos: 12 de Outubro 2009

1. O que distingue a verdade da validade é______________________________________
______________________________________________________________________________________
2. Um argumento dedutivo com premissas e conclusão falsa pode ser válido? Porquê?_________________ __________________________________________________
______________________________________________________________________________________
3. O que distingue os argumentos dedutivos dos “não dedutivos”?___________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
4. Determine a forma lógica do seguinte argumento: Todos os filósofos são lógicos. Aristóteles é filósofo, logo, Aristóteles é lógico.__________________________________________________________________
5. Este argumento é válido ou inválido? Porquê?_______________________________________________
______________________________________________________________________________________
6. O que é a forma lógica?_________________________________________________________________
7. Dê exemplo de um termo:_________________________Explique porque é um termo._______________
______________________________________________________________________________________
8. Se: “Todos os portugueses são trabalhadores” for verdadeira, o que sabemos acerca do valor de verdade de Alguns portugueses?________Porquê?_____________________________________________________
9..Nenhum astronauta tem cáries é verdadeiro, qual é a sua negação?_____________________________
10. Reduza à forma padrão as seguintes proposições e determine a sua contraditória, ou seja a sua negação: “ Os cães não falam.” ; “Há dirigentes desportivos corruptos.” ; “ Não há problemas que não se resolvam.” _____________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
11. Classifique as seguintes proposições: a)“Há aspectos da realidade que é preferível ignorar”; b)“Os filósofos não são fanáticos”._______________________________________
_________________________________________________________________________________________
12. Determine a distribuição do sujeito e do predicado das proposições referidas.________________________
_________________________________________________________________________________________
13. Se a proposição: “Nenhum gato é domesticável” for Verdadeira, o que sabemos acerca do valor de verdade da sua contrária, da sua contraditória e da sua subalterna. Justifique.
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
14. Qual a proposição sub-contrária de “Alguns vampiros são heróis de ficção”
______________________________________________________________________________________
Se a primeira proposição é verdadeira o que sabemos sobre o valor de verdade da sua sub-contrária? Justifique._____________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________

Indicadores

Há palavras que ajudam a identificar as premissas (indicadores das premissas), como: porque, desde que, pois que, como, dado que, tanto mais que, pela razão de que. visto que, devido a, admitindo que, a razão é que...

Palavras como: portanto, daí, logo, assim, por isso ,consequentemente, por conseguinte, segue-se que, podemos inferir, podemos concluir, são indicadores da conclusão.

Figuras dos silogismos

LÓGICA: Inferências mediatas: Silogismos

O que é um silogismo?
Um silogismo é um raciocínio dedutivo com três proposições e três termos diferentes. Termo maior, menor e termo médio. As proposições duas são premissas e a terceira é a conclusão. O termo maior é predicado da conclusão, o termo menor é o sujeito da conclusão e o termo médio só ocorre nas premissas e não na conclusão e liga os outros dois termos.
Exemplo:

“Todos os mamíferos são animais.
A vaca é um mamífero
Logo, a vaca é um animal”

Mamíferos –Termo Médio
Vaca: Termo Menor
Animal – Termo maior.

FIGURAS: Os silogismos podem ter quatro diferentes figuras:

Podemos então substituir os conceitos por letras para mostrar a figura do silogismo:
Termo Médio – M
Termo menor – S
Termo maior: P
MP
SM
SP
Assim, este silogismo tem esta figura, de acordo com a posição que ocupa o termo médio.
Este silogismo é da Primeira Figura.

Nenhuma quadrúpede voa PM
Todas as vacas são quadrúpedes SM
Logo, nenhuma vaca voa SP

Silogismo da Segunda Figura.


“ Todos os animais são úteis MP
Alguns animais são vacas MS
Logo, algumas vacas são úteis.” MS

Silogismo da Terceira Figura

“ Todos os mamíferos são animais PM
Nenhum animal é fraco MS
Logo, nenhum fraco é mamífero. “ SP

Silogismo da Quarta Figura

terça-feira, 26 de maio de 2009

Correcção da Prova de Avaliação de 20 de Maio

I1. Segundo o texto o conhecimento científico e o senso comum partem dos dados dos sentidos e acumulam factos, mas se o primeiro limita-se a tirar as conclusões a partir da experiência, o segundo formula certas hipóteses que constituem uma directriz através da qual organiza os dados da experiência e a interroga de um determinado modo, sistemático e racional e não apenas ocasional. O esforço do conhecimento científico é o de unificar os factos sobre uma certa explicação racional conciliando razão e experiência.. A diferença apontada é a sistematização que se faz dos factos contrariamente ao senso comum que vê os factos no seu aspecto particular, sem estarem inseridos num sistema de funcionamento universal que os agrega uns aos outros.O conhecimento científico avança porque tem sempre um sentido crítico de rectificar o que se revela errado, enquanto o senso comum orienta-se pela tradição e não a coloca em causa porque é um saber orientado para a vida prática e não para o questionamento da natureza.

2. Há dois critérios de demarcação científica: o critério verificacionista que considera científico o que for empiricamente verificável e o critério falsificacionista que considera científico tudo o que é empiricamente falsificável. O primeiro considerará que uma teoria é verdadeira se a experiência e a observação a confirmarem, servindo-se de um método indutivo de confirmação, enquanto o segundo serve-se da experiência para testar ou refutar as teorias, utiliza um método hipotético ou dedutivo.

II
1. Dedutivo, tendo nas premissas uma lei e um acontecimento inicial. Dedutivo porque a partir de uma lei universal, e tendo em conta o acontecimento inicial que antecede o facto ou fenómeno que queremos explicar, retiramos necessariamente uma conclusão que resulta de uma relação de causa efeito entre o fenómeno inicial e o que queremos explicar. Essa relação é assegurada pela Lei.

2. Descartes não é um filósofo céptico. O pensamento de Descartes pretende provar que o conhecimento é possível utilizando o argumento céptico e pondo todos os conhecimentos em causa. Esta dúvida metódica permite-lhe chegar à conclusão que há conhecimentos que são verdadeiros e que não podem ser colocados em causa, contrariando assim o argumento céptico de que não há uma justificação que seja satisfatória porque ela exige necessariamente uma outra justificação.

3. O problema da causalidade é apenas um hábito psicológico resultante da repetição dos fenómenos. Não há uma razão para explicar que se há fumo há fogo, nem tão pouco uma só experiência pode estabelecer uma relação de causa efeito, é porque os fenómenos se sucedem continuamente no tempo e no espaço que formamos a expectativa de que um está necessariamente ligado ao outro.

III
1. A ciência progride por conjecturas e refutações, substituindo as teorias vagas ou erradas por outras que resistem à refutação através da experiência. As teoria são testadas de modo a serem confrontadas com as suas previsões e com os aspectos que lhe são proibidos, este projecto é racional e selectivo porque as teorias resistentes são fiáveis na medida em que estão mais aptas para explicar o mundo, progride na direcção de uma maior objectividade e verdade embora nunca possamos ter a certeza da verdade. Para Kuhn as teorias científicas funcionam como paradigmas, isto é trazem consigo uma visão do mundo e certos métodos de trabalho que se destinam a ampliar os seus resultados e a confirmar as suas previsões. A comunidade científica trabalha no âmbito dos paradigmas e não os põe em causa, mesmo que surjam anomalias. Não há verdadeiro progresso porque os paradigmas que se vão sucedendo são incomensuráveis, isto é, não podem ser comparados porque apresentam diferentes formas de trabalhar, de seleccionar fenómenos e novos princípios metafísicos. Há portanto na evolução da ciência cortes abruptos que correspondem a revoluções científicas, de mudanças de paradigma.

domingo, 17 de maio de 2009

Prova de avaliação de dia 20 e 22 de Maio 2009







BOM ESTUDO PESSOAL, QUE OS FILÓSOFOS VOS INSPIREM!!
1. Lógica: Os diferentes tipos de argumentos/raciocínios: Dedutivos, Indutivos, de Analogia e de autoridade qualificada.
2. Teoria do conhecimento: O racionalismo cartesiano e o empirismo de David Hume.
2.a. O cogito cartesiano
2.b. A crítica de Hume ao conhecimento. O problema da causalidade.
3. O conhecimento científico.
3.a .Conhecimento vulgar e conhecimento científico.
3.b. A explicação científica nas ciências exactas e nas ciências humanas.
3.c. O critério de verificabilidade e de falsificabilidade como demarcação das teorias científicas.
3.d. A crítica ao método indutivo.
3.e. A evolução do conhecimento segundo Popper.
3.f. A proposta de Kunh para o desenvolvimento e construção do conhecimento científico. (Só 11ºD)
4. Os problemas colocados pela cultura científica e tecnológica.
(Escolha de um tema para desenvolvimento em 25 linhas. Critérios: Correcta colocação dos problemas, linguagem clara, domínio dos conteúdos, selecção dos aspectos relevantes)
4.a. Inteligência artificial
4.b. Industrialização e impacto ambiental.
4.d. Clonagem
4.e. A Bioética e o Direito à vida
4.f. Tecnologias reprodutivas e família tradicional.
4.g. Natureza e Tecnologia: um confronto.
4.h. Ciência, poder e riscos.
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quinta-feira, 30 de abril de 2009

Trabalhos sobre a Cultura científica e tecnológica


1.Temas/problemas da cultura científica -tecnológica para uma dissertação/trabalho:
TEMAS:

1. A Inteligência Artificial
2. Industrialização e impacto ambiental
3. A Clonagem Humana
4. A Bioética e o Direito à vida
5. Tecnologias reprodutivas e família tradicional.
6. Natureza e Tecnologia: um confronto.
7. Ciência, poder e riscos.

2. OBJECTIVOS
Saber ler e resumir as ideias principais dos textos apresentados.
Problematizar filosoficamente os temas.
Apresentar com clareza as teses e os argumentos propostos.
Colocar objecções possíveis às teses propostas.
Investigar com recurso a vários suportes
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3. AVALIAÇÂO
Rigor, clareza e interesse filosófico do conteúdo do trabalho apresentado.
Escrita correcta.
Apresentação cuidada e reveladora do tema apresentado.
Estrutura necessária: Índice, Introdução, Desenvolvimento estruturado por temas/problemas, Conclusão, Bibliografia.
Investigação com recurso a vários suportes.
Na oralidade cada aluno será avaliado individualmente segundo a sua prestação.
Relação equilibrada do grupo.
Oral: Sem leitura, clareza das ideias e da linguagem, profundidade dos conhecimentos adquiridos e capacidade de gerar comunicação.
Estrutura: 10 PÁGINAS

ENTREGA: PRAZO ALTERADO
11 MAIO -11ºA e 13 Maio 11ºD

ORAIS: TEMA 1,2- 11 de MAIO ou 13 Maio

TEMA 3,4 - 15 de MAIO/
TEMA 5,6,7 18 DE MAIO ou 20 Maio
Este trabalho tem o mesmo valor de um teste, a sua classificação será também de 0 a 20 valores.Grupos 1: __________________________________________________________
Grupo 2 : ___________________________________________________________
Grupo 3: ____________________________________________________________
Grupo 4: ____________________________________________________________
Grupo 5 :____________________________________________________________
Grupo 6 : ___________________________________________________________
Grupo 7 : ___________________________________________________________



OS TEXTOS DE LEITURA OBRIGATÓRIA ENCONTRAM-SE NA REPROGRAFIA PARA SEREM FOTOCOPIADOS OS ALUNOS TERÃO QUE DIZER O TEMA QUE DESEJAM
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segunda-feira, 27 de abril de 2009

O Falsificacionismo. Resumo


Karl Popper e O Falsificacionismo


Propõe um novo critério de demarcação científica distinguindo ciência de pseudo-ciência.


Há certas teorias que dentro deste critério não são consideradas ciência, por exemplo certas teorias da Psicanálise, a teoria de Darwin,(embora posteriormente Popper a tenha considerado científica)
O CRITÉRIO É ESTE: TEORIAS QUE NÃO SÃO FALSIFICÁVEIS NÃO SÃO CIENTÍFICAS:As afirmações que não podem ser falsificadas pela experiência não podem constituir-se como conhecimento científico.


Exemplo: Pode nevar ou não em Praga.

Não é científico


Amanhã à tarde, entre as 15h e as 18h vai nevar em PragaCientífico


Argumentos para validar esta teoria:
Argumento 1As teorias científicas que usam a experiência como confirmação/ verificação tanto podem ser verdadeiras como falsas.


Exemplo: A teoria psicanalítica de Adler diz que todo o comportamento humano pode ser explicado pelo complexo de inferioridade.
O facto 1: O pai bate violentamente no filho – confirma a teoria – quer mostrar superioridade, impelido pela consciência da sua inferioridade.
Facto 2 : O pai é carinhoso com o filho – confirma a teoria – porque o pai revela o seu complexo de inferioridade de modo a suscitar uma reacção contrária no filho.


CONCLUSÃO: Factos contrários são interpretados como confirmando sempre a teoria. Logo estas teorias são vagas, impossíveis de falsificar.
Argumento 2
As teorias mais informativas são as que correm mais riscos de falsificação:
Exemplo: Teoria. Quando a temperatura do ar atinge valores abaixo dos 0 Graus negativos neva.. Entre as 15h e as 18h esta temperatura verificou-se em Praga e Moscovo, logo vai nevar nestes dois lugares. Esta previsão a revelar-se verdadeira não confirma a teoria como verdadeira apenas não a falsifica.

Mas um só facto como nevar em Paris à mesma hora e no mesmo dia quando a temperatura é de 2 Graus, é suficiente para a falsificar.



Cabe ao cientista arriscar previsões para poder testar a sua teoria.
As teorias científicas não podem ser confirmadas pela experiência (porque têm um carácter generalizador e a experiência é sempre finita) mas devem poder ser falsificadas por esta. Permanecem como hipóteses explicativas até ser encontrada uma experiência que as negue, isto é, que não possa ser explicada pela teoria ou que entre em contradição com ela.

Por isso as teorias científicas são conjecturas e não verdades, pois são sempre refutáveis. (com possibilidade de)


Conclusão: Quanto mais arriscada, mais informativa, e mais facilmente falsificável for uma teoria científica mais informações nos dá sobre o mundo e mais fiável é (porque resistiu aos testes de falsificação)


Crítica ao método tradicional: a indução


Fonte de toda a investigação e verificação científica, parte dos seguinte pressupostos:
1. Há uma observação neutra e pura
2. É possível registar todo o tipo de dados empíricos.


Popper refuta estes pressupostos:


Não há observação neutra e pura, porque o cientista selecciona e privilegia na realidade os fenómenos que quer observar e não dá valor a outros.


Toda a observação já tem uma finalidade, já está sujeita a um critério de escolha, a uma hipótese previamente estabelecida.


A forma como se classifica os factos está sujeita a um método prévio de classificação.
Assim o que vamos observar nas formigas não pode ser o mesmo que observamos nos leões.

CONCLUSÃO: O sujeito afecta e selecciona o objecto a observar, logo não há observação neutra, toda a observação já obedece a um problema e a uma teoria prévia.



Crítica à Indução 2As teorias científicas como são universais não podem ser empiricamente verificáveis.
Podem permanecer como conjecturas, até serem falsificadas.
Não podem constituir-se como verdades inabaláveis.
O método indutivo não é suficiente para provar a universalidade porque por mais casos que se verifiquem é impossível verificar todos e a teoria refere-se a todos.

Propõe-se um método hipotético-dedutivo:



Formulação de hipóteses explicativas para resolver os problemas.
Teste experimental às hipóteses

terça-feira, 10 de março de 2009

Prova de avaliação de 13 de Março 2009



1. Análise lógica de um texto.

TEORIA DO CONHECIMENTO

2. Definição de conhecimento.

2.a. Estrutura do acto de conhecer.

2.b. Tipos de conhecimento.

2.c. Elementos constitutivos do conhecimento.

2.d. Condições necessárias e suficientes para o conhecimento.

2.e. A definição tripartida de conhecimento.

2.f. Análise dos Contra-exemplos à definição tripartida.

2. g. A teoria causal como resposta.

2. h. As teorias da justificação: Fundacionismo, Coerentismo e Fiabilismo.

3. Fontes do conhecimento.Definição e exemplos.

4. A possibilidade do conhecimento: O cepticismo.

4.a. Argumentos contra a possibilidade do conhecimento.

5. A resposta cartesiana.

5.a. A dúvida metódica.Definição e Etapas.

5.b. A procura de fundamentos e as crenças básicas.

5.c. As ideias claras e distintas como critério de verdade.Cogito/ Deus/ Distinção Alma/Corpo

5.d. As provas da existência de Deus.

6. A Teoria do conhecimento de David Hume.

6.a. As teses contrárias a Descartes.

6.b. O empirismo: distinção entre impressões e ideias.

6.d. Conhecimento de questões de facto e conhecimento de relação de ideias. (só 11ºD)

6. e. A crítica ao princípio da Causalidade. (só 11ºD)

7. Elaboração de um texto explicativo (aproximadamente 25 linhas)sobre um dos objectivos do trabalho de grupo.

Temas:

I - A justificação do conhecimento.

II - Descartes e o fundacionismo.

III - David Hume e o Empirismo.

IV - Kant e a síntese entre empirismo e racionalismo. O criticismo.

V - Karl Popper e o Falsificacionismo.

VI - A evolução da Ciência: A teoria dos Paradigmas de Kunh e o racionalismo hipotético de Popper.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Prova de avaliação de 13 de Fevereiro 2009

1. Os problemas da definição do conhecimento:
a. A estrutura do acto cognitivo.
b. Tipos de conhecimento.
c. A definição tripartida do conhecimento.
d. Fundamento da definição tripartida.
e. Objecções a esta definição: Contra-exemplos.

2. O problema da justificação do conhecimento:
a. Teorias da natureza da justificação: Falibilismo e infalibilismo.
b. Teorias internalistas da justificação: Fundacionismo, Coerentismo
c. Teoria externalista da Justificação: Fiabilismo.

3. O problema da possibilidade do conhecimento.
a. O cepticismo radical.
b. Argumentos do cepticismo radical
c. Objecções ao cepticismo.

4. O problema das fontes (origem) do conhecimento.
a. Conhecimento "a priori" e "a posteriori".
b. Conhecimento primitivo e derivado " a priori" e "a posteriori".

5. René Descartes: A fundamentação do conhecimento e as crenças básicas.
a. A dúvida metódica: natureza e finalidade.
b. As etapas da dúvida.
c. A descoberta da primeira "verdade!: O cogito
d. O critério de verdade.
e. As crenças básicas; Cogito ,Distinção Corpo/Alma e Deus
f. Distinção entre crenças básicas e derivadas.
g As provas da existência de Deus.
h. Objecções aos argumentos cartesianos.

Conhecimento e Justificação (Acetato de aula)

A justificação do conhecimento:

Como justificamos uma crença verdadeira de modo a que essa justificação possa assegurar que temos conhecimento?

Tipos de justificação:

a) Justificamos inferindo de outras crenças, através de um argumento.

b) Justificamos por contacto directo, através dos sentidos. Por experiência directa.

Há dois modos possíveis de a crença verdadeira estar justificada.

a) A justificação implicar a verdade. A crença está justificada, se e só se, essa justificação representar uma prova infalível e implicar necessariamente a verdade da crença. INFALIBILISMO
Objecção: Há poucas crenças das quais possamos ter provas infalíveis e uma justificação inquestionável.


b)A justificação não implica necessariamente a verdade da crença.
Todas as justificações são falíveis e podem revelar-se insuficientes ou questionáveis.

O que significa então dizer que uma crença verdadeira está justificada? Como podemos então saber se a justificação serve ou não para concluir que temos conhecimento?

Três teorias sobre a natureza da justificação. A que condições deve obedecer uma justificação para poder ser considerada enquanto tal.

INTERNALISTAS ____________________FUNDACIONISMO
COERENTISMO


EXTERNALISTAS_____________________FIABILISMO



Os INTERNALISTAS: consideram que tem que haver um estado de espírito, um estado mental no sujeito que corresponda a uma evidência.

FUNDACIONISTAS: Justificamos uma crença por intermédio de outra. Justificamos que vai chover porque o céu está coberto de nuvens. Justificamos que Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia, através da crença nos historiadores. Há sempre uma crença básica que serve para justificar, por inferência outra menos básica. Há portanto CRENÇAS FUNDANTES, que elas próprias não precisam de ser fundadas por outras, auto-justificam-se.

Objecção: As chamadas crenças fundantes podem ser falíveis. Exemplo, os sentidos. Ou podem ser tão vagas que dificilmente poderemos delas inferir outras. Ou podem resultar de uma petição de princípio.

COERENTISTAS: Não existem crenças fundantes mas um sistema coerente de crenças que se justificam umas às outras. Uma crença está justificada se integrar um sistema coerente de crenças e não apresentar aspectos contraditórios (não integrantes no sistema). Para haver uma compreensão adequada do mundo o nosso conjunto de crenças deve ser tão consistente e completo quanto possível. Os indícios que suportam uma crença não podem ser anulados por outras crenças que consideramos verdadeiras.

Objecção: Haverá apenas um sistema de crenças coerentes sobre o mundo? Por vezes uma crença é verdadeira num sistema coerente de crenças e falsa em outro sistema.



TEORIA EXTERNALISTA DA JUSTIFICAÇÃO: FIABILISMO

Estas teorias exigem que a condição de justificação obedeça a um processo que estabeleça uma relação fiável com o objecto da crença.
Se a justificação resulta de um raciocínio confuso, de um desejo, de um pressuposto não fiável, um palpite. Então a crença não está justificada porque o processo pelo qual o obtemos não é seguro ou fiável.

Os processos fiáveis que podem constituir uma justificação têm de ser perceptivos (observação directa e próxima, que evite enganos), recordações, boas inferências.

Objecção: Quais os critérios pelos quais podemos ter a certeza de que um processo é fiável. Essas condições podem não ser claras.

Problemas de epistemologia.

Problemas da epistemologia
Jonathan Dancy, Universidade de Reading


A epistemologia é o estudo do nosso direito às crenças que temos. De modo mais genérico, começamos com o que poderíamos chamar «posturas cognitivas», indagando se agimos bem ao manter estas posturas. As posturas cognitivas incluem tanto a crença quanto o (que pensamos ser) conhecimento; e, noutra dimensão, incluem igualmente nossas atitudes em relação às várias estratégias e métodos que usamos para adquirir novas crenças e abandonar as antigas, e os produtos destas estratégias e métodos. A epistemologia, assim apresentada, é explicitamente normativa; trata de saber se agimos bem ou não (de forma responsável ou irresponsável) ao formar as crenças que temos.
Ao investigar nesta área, obviamente que não questionamos apenas as crenças e estratégias em que nos encontramos inicialmente. Também questionamos se não há outras que seria conveniente ter, e se não há outras ainda que devemos ter, dado que temos as que temos. A esperança é alcançar uma imagem completa do modo como um agente cognitivo responsável se deve comportar, tendo alguma garantia de não termos ficado aquém desse ideal.
Justificação
Podemos distinguir dois tipos de crenças: a mediata e a não mediata. Crenças mediatas são aquelas que adquirimos por intermédio de alguma estratégia que começa nas crenças que já possuímos. A inferência é uma estratégia (se bem que não a única); nós inferimos que vai chover a partir das crenças de que estamos a meio da manhã e que o céu está a escurecer. As crenças mediatas levantam a questão de saber se temos direito à estratégia que adoptámos — se é uma estratégia que fazemos bem em usar. As crenças não mediatas são as que adoptamos sem que, para as termos, seja necessário partirmos de outras crenças que já temos; e suscitam problemas diferentes, que dizem respeito à fonte do nosso direito em acreditar. Eu abro os olhos e, em razão do que vejo, acredito imediatamente que há um livro à minha frente. Se estou a agir bem ao adoptar esta crença, ela justifica-se (ou tenho uma justificação para a adoptar). Esta atenção dada à justificação é um modo de expressar a ideia de que a epistemologia é normativa. Então o que faz, neste caso, uma crença ser justificada?
Há várias respostas. Uma é a resposta fiabilista: a crença justifica-se porque é o resultado de um processo fiável. Outra é a resposta coerentista: a crença justifica-se porque o meu mundo é mais coerente com ela do que seria sem ela. Uma terceira é a alegação fundacionalista clássica, que entende que a crença não é de fato não-mediata, mas inferida de uma crença sobre como as coisas me aparecem neste preciso momento. Se esta última for verdadeira, somos lançados de novo em duas questões. A primeira consiste em saber se e como a crença sobre como as coisas me parecem neste preciso momento se justifica. A segunda questão reside em saber se a inferência extraída da primeira crença se justifica. Nós poderíamos perguntar, então, que princípio de inferência está a ser usado. Suponha-se que é este: se as coisas me aparecem de determinada maneira, são provavelmente dessa maneira. O que torna isto suficiente para nos levar a supor que agimos bem ao usar este princípio?
A Estrutura da Justificação
Isto nos leva a um questionamento específico sobre a justificação, que tem recebido muita atenção. Suponha-se que a justificação que atribuímos a uma crença A mediata recorre à sua relação com uma crença B. Esta crença, B, justificaria a outra, A: a crença de que hoje é Domingo justifica a crença de que o carteiro não virá hoje. Há uma intuição muito forte de que B só pode conferir justificação a A se ela própria estiver justificada. Assim, a questão de saber se A está justificada ainda não foi respondida, ao apelar a B; foi apenas arquivada. Se, para estar justificada, depende do que é B, então o que justifica B? Nós poderíamos apelar a outra crença C, mas então o problema apenas se tornaria recorrente. Temos o início de uma regressão infinita. A primeira crença na série não se justifica, a menos que a última se justifique. Mas poderá mesmo haver uma última crença na série?
Esta é a regressão infinita da justificação. O fundacionalismo leva a sério esta regressão e esforça-se para encontrar «crenças básicas» que seriam capazes de detê-la. Os caminhos promissores neste sentido incluem a ideia de que as crenças básicas são justificadas pela sua fonte originária (são o produto imediato dos sentidos, talvez), ou pelo seu objecto (dizem respeito à natureza dos estados sensoriais actuais de quem acredita). O empirismo, nesta conexão, quer de alguma forma situar crenças básicas na experiência. O próprio fundacionalismo relaciona-se com a estrutura deste programa empirista. Assim, a preocupação com a regressão da justificação é uma preocupação com a estrutura da justificação. O coerentismo procura demonstrar que um conjunto de crenças justificadas não precisa ter a forma de uma superstrutura de base; a ideia é que o programa fundacionalista está destinado a fracassar, posto que a «base» não é firme, uma vez que não se apoia em coisa alguma. Se este fosse o resultado, e se os fundacionalistas tivessem razão quanto à estrutura de um conjunto de crenças justificadas, a única conclusão possível seria a céptica — ou seja, que nenhuma das nossas crenças estão de facto justificadas.
Os coerentistas rejeitam a distinção entre superstrutura e base; não há crenças que estejam intrinsecamente fundamentadas, e nenhuma que seja intrinsecamente uma superstrutura. As crenças sobre a experiência podem apoiar-se no apelo à teoria (o que seria no sentido ascendente, em termos do modelo fundacionalista), e vice-versa (as teorias precisam do apoio da experiência). A coisa é bastante desordenada, e não pode ser claramente dividida em camadas.
Conhecimento
A epistemologia, como explicámos, concentra-se no problema da justificação. Mas há um segundo centro de interesse no conhecimento. Está bem quem possui uma crença justificada. Contudo, a justificação dá-se em graus, assim como nosso estatuto epistémico (determinado por quão bem nos estamos a sair). O estatuto principal é o conhecimento. Quem sabe que p não poderia estar a sair-se melhor (pelo menos em relação a p). Há um interesse natural neste estatuto principal. E levantam-se duas questões fundamentais: qual é o máximo que podemos almejar, e em que áreas o obtemos? As tentativas tradicionais de definir o conhecimento concentram-se no primeiro caso, e dividem-se em duas famílias principais. A primeira tenta ver o conhecimento como uma forma mais inteligente de crença; a forma mais conhecida desta perspectiva é a «definição tripartida», que entende o conhecimento como 1) crença simultaneamente 2) justificada e 3) verdadeira. A segunda família desta perspectiva entende que o conhecimento começa onde se abandona a crença. A versão de Platão desta perspectiva supunha que a crença está voltada para a mudança (especialmente o mundo material), e o conhecimento, para o imutável (por exemplo, a matemática). Outras versões poderiam sugerir que temos capacidade para obter conhecimento a partir do que nos cerca, mas somente quando algo físico se apresenta directamente à mente. Assim, o conhecimento é uma relação directa, enquanto a crença é concebida como uma relação indirecta com algo em que se acredita.
A segunda questão sobre o conhecimento, a saber, em que áreas o podemos obter, conduz à distinção entre global e local. Em algumas áreas, por assim dizer, o conhecimento é acessível, e noutras não — ou ao menos não é tão livremente acessível. É comum ouvir as pessoas dizerem que não temos nenhum conhecimento do futuro, de Deus, ou do bem e do mal, ao mesmo tempo que se permite que haja ao menos algum conhecimento científico e algum conhecimento do passado (na memória). Similarmente, discutindo a justificação da crença, podemos dizer que as nossas crenças sobre o que se encontra agora à nossa volta estão em solo firme, tão firme quanto aquele que apoia as nossas convicções teóricas centrais (ainda que razoavelmente distintas) no domínio da ciência, enquanto nossas crenças sobre Deus e sobre o futuro são intrinsecamente bem menos fundamentadas.
Cepticismo
O cepticismo, no tocante ao conhecimento, origina-se tanto de formas globais quanto locais. O céptico quanto ao conhecimento sustenta que não podemos obter conhecimento, e esta afirmação poderia ser feita de modo genérico (tipo global) ou apenas em áreas específicas, tais como as mencionadas acima (forma local). O cepticismo quanto à crença é geralmente defendido como o mais interessante. O céptico em relação à crença, na forma global, afirma que não temos direito a quaisquer das nossas crenças; nenhuma é melhor que as demais, e nenhuma é suficientemente boa para ser tida como justificada. Mais localmente, um céptico pode afirmar que, apesar de nos sairmos bem relativamente a crenças sobre coisas presentemente ocultas (por exemplo, no guarda-louças), não temos direito a quaisquer crenças sobre o bem e o mal. Quem afirma algo assim defende o cepticismo moral, e a dificuldade desta posição é que não se pode ter certeza de que as razões que jazem sob esse cepticismo moral não vão derivar para outras áreas. Se, por exemplo, a objecção a crenças no domínio das questões morais reside em algo que esteja para lá do alcance da observação, poder-se-ia fazer a mesma objecção a crenças científicas sobre matérias pequenas demais para serem observadas.
Portanto, há uma distinção entre cepticismo local e global, tanto na teoria da crença justificada quanto na do conhecimento. Estes dois tipos de cepticismo precisam de ser apoiados por argumentos, e um problema principal da epistemologia é a tentativa de avaliar e refutar estes argumentos à medida que surgem. Esta é uma via importante, pela qual podemos trabalhar para determinar o nosso direito às nossas crenças.
Na história da epistemologia há duas ramificações clássicas do argumento céptico: a pirronista e a cartesiana. O pirronismo (nome dado a partir de seu líder, Pirro de Élis (c.365-270 BC)) mantém a atenção dada à justificação da crença, ao passo que o cepticismo que herdámos de Descartes começa como conhecimento e tenta alargar-se para a crença a partir deste ponto. Descartes argumentava que não podemos conhecer algo se formos incapazes de distinguir entre o caso verdadeiro e o caso em que, apesar de falso, parece verdadeiro. Se não é possível a distinção, então, apesar de poder ser verdadeiro, tanto quanto sabemos não é. Este caso poderia ser, tanto quanto podemos dizer, aquele em que as aparências nos enganam, e dificilmente poderíamos afirmar saber que não nos enganam. Embora este argumento seja suficientemente persuasivo como argumento céptico em relação ao conhecimento, esta abordagem não pode ser alargada para apoiar a um cepticismo quanto à crença. O facto de eu não poder dizer quando as aparências me enganam pouco contribui para demonstrar que não tenho razão (ou que minhas razões sejam insuficientes) ao manter minhas crenças. Na tradição pirronista as coisas são diferentes. Neste tipo de cepticismo procura-se explicitamente mostrar que as razões de uma perspectiva nunca são melhores que as de outra. Neste sentido, seríamos então forçados a conceder que não há uma crença favorecida pelo equilíbrio das razões, e assim admitir que não podemos defender o nosso direito às crenças da única maneira possível, a saber, demonstrando que evidências as apoiam. O pirronismo concentra-se nos critérios pelos quais distinguimos entre o verdadeiro e o falso e argumenta, de várias formas, que não temos direito a estes critérios, ou seja, que eles não podem ser racionalmente defendidos. Adoptando uma estratégia clássica, pode-se perguntar qual é o critério que podemos usar para avaliar o critério; se vamos recorrer aos vários critérios que estão sob consideração, caímos numa petição de princípio e não temos mais critérios a que recorrer. O pirronismo ataca as nossas estratégias cognitivas, argumentando que nenhuma delas pode ser defendida. O ataque de Hume à racionalidade da indução é o exemplo clássico.
Naturalismo em epistemologia
Sendo normativa, a epistemologia ocupa-se da avaliação — a avaliação de estratégias e de seus produtos (as crenças). Entre as estratégias que avalia encontram-se as da ciência. Assim concebida, a epistemologia coloca-se na posição de julgar todas as outras áreas da investigação humana; é tida como Filosofia Primeira. (O questionamento céptico apresentado acima indaga como a epistemologia poderia ser bem sucedida ao avaliar-se a si mesma.) Quine esforçou-se para reverter esta posição e para compreender a epistemologia como parte integrante da ciência, primeiramente observando os resultados da ciência para então responder às questões da epistemologia. Este projecto, chamado «epistemologia naturalizada», não é impossível. A ciência foi às vezes bem sucedida a avaliar as suas próprias estratégias, da mesma forma que avalia os seus próprios instrumentos. Assim, a ciência é às vezes normativa; é capaz não somente de examinar nossos processos perceptivos, mas também de se pronunciar sobre sua fiabilidade. Mas algumas das questões da epistemologia parecem resistir à naturalização; por exemplo, as questões em que a razão interessa mais que a observação.
Áreas especiais
Há tradicionalmente quatro fontes de conhecimento (ou de crença justificada): a sensação, a memória, a introspecção e a razão. Cada um tem a sua epistemologia. O estudo do conhecimento perceptivo quer saber como a percepção consegue gerar conhecimento a partir do material à nossa volta. Para responder a esta questão é preciso obviamente conhecer em certa medida como os sentidos realmente funcionam. Mas este conhecimento parece não ser suficiente (assim, talvez a epistemologia dos sentidos também não possa ser naturalizada). Há dificuldades a ser encaradas aqui que não podem ser resolvidas com alguma informação mais específica. A primeira dificuldade é a céptica, que às vezes se chama «véu perceptivo». Se nossos sentidos somente revelam o conhecimento sobre a aparência das coisas, como podemos esperar usá-los para descobrir o que as coisas realmente são? As aparências, neste mostrar, constituem-se mais como obstáculos do que em ajuda para as nossas tentativas de discernir a natureza da realidade; a percepção lança um véu sobre o mundo, muito mais do que nos revela o mundo. A segunda dificuldade céptica deriva do argumento da ilusão.
Noutro extremo, encontramos a epistemologia da razão. As actividades da razão são duas. Primeiro, há a inferência, em que nos movemos do velho conhecimento para o novo. A sua variante mais forte é a inferência dedutiva válida, que ocorre quando não é possível que as premissas (de onde nos movemos) sejam verdadeiras se a conclusão (para a qual nos movemos) for falsa. Uma pergunta que cabe aqui é a seguinte: Como poderia tal inferência gerar novo conhecimento? Certamente que a conclusão deve estar de alguma forma já contida nas premissas, se as premissas não podem ser verdadeiras quando a conclusão é falsa. A segunda alegada actividade da razão é a descoberta directa de novas verdades. A verdade que pode ser descoberta somente com a actividade da razão chama-se «verdade a priori», e o conhecimento derivado dela é um conhecimento a priori. Uma das maiores questões da epistemologia consiste em saber como é possível o conhecimento a priori, e que tipos de verdades podem ser conhecidas desta forma. Algumas proposições são verdadeiras em virtude apenas de seu significado, por exemplo, «Todos os solteiros são pessoas». Conhecemos esta verdade, e não pelo apelo aos sentidos, à introspecção, ou à memória; conhecemo-la pela razão. Mas proposições deste tipo (frequentemente chamadas «analíticas») são triviais. Não nos dão qualquer conhecimento substancial. Poderá a razão dar-nos um conhecimento substancial de algo, ou tudo se resume ao conhecimento a priori analítico e (consequentemente) trivial? Por exemplo, se o conhecimento matemático é produto da razão, pode ser substancial? As verdades matemáticas são meramente analíticas? Parece que nos dividimos entre afirmar que as verdades matemáticas são importantes e dizer que as conhecemos unicamente através da actividade da razão. Foi a tentativa de evitar esse dilema que levou Kant a escrever a primeira Crítica.
O lugar da epistemologia
Qual é o lugar da epistemologia no mapa filosófico? Eu vejo-a como um capítulo no projecto mais geral a que se chama «filosofia da mente»; é o lado avaliativo deste projecto. Na filosofia da mente interrogamo-nos quanto à natureza dos estados mentais; em particular (para os nossos propósitos), sobre a natureza da crença. As perspectivas que temos em epistemologia são sensíveis às respostas àquela questão, da mesma forma que são sensíveis aos resultados científicos sobre a natureza dos processos da percepção. Por exemplo, a importância que dermos à relação entre o conhecimento e a crença dependerá crucialmente do modo pelo qual concebemos a crença. Trata-se de um estado fechado, em que temos consciência das representações das coisas mais que das próprias coisas (o véu da crença)? Se for assim, o conhecimento passa a ser simplesmente a melhor forma de tal estado — o véu mais fino? Ou o conhecimento deve ser concebido de outra forma?
A outra área filosófica em que a epistemologia está intimamente relacionada é a teoria do significado. A questão de saber se somos capazes de conhecer proposições de determinado tipo é sensível ao valor que damos ao significado dessas proposições. Por exemplo, se pressupomos que os enunciados sobre o mundo material são distintos dos enunciados sobre a experiência, e se pensamos que nosso conhecimento das experiências está para além do ataque céptico, é possível esperar que possamos defender nossa habilidade de conhecer a natureza do mundo material. Esta esperança é a esperança de que o fenomenismo resolva por nós alguns dos problemas epistemológicos.

Jonathan Dancy