quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Ficha 5. A Retórica. Exemplo



FICHA 5- LÓGICA INFORMAL - A Arte da Retórica – História
Exemplo do discurso retórico.
«Desejo falar–vos, hoje, sobre a tragédia da Europa. Este nobre continente, englobando no seu todo as mais agradáveis e civilizadas regiões da Terra, gozando de um clima temperado e equilibrado, é a terra natal de todas as raças originais do mundo ocidental. É a fonte da fé cristã e da ética cristã. É a origem da maior parte da cultura, das artes, da filosofia e da ciência tanto dos antigos como dos modernos tempos. Se a Europa tivesse alguma vez ficado unida na partilha do seu património comum, não haveria limite à felicidade, à prosperidade e à glória dos seus trezentos ou quatrocentos milhões de habitantes. Mas foi da Europa que jorrou essa série de assustadoras quezílias nacionalistas, originadas pelas nações teutónicas, a que nós assistimos ainda neste século XX e no nosso tempo, arruinando a paz e frustrando as expectativas de toda a humanidade. E a que situação foi a Europa reduzida? Alguns dos mais pequenos Estados fizeram, na realidade, uma boa recuperação, mas, sobre largas áreas, uma vasta e agitada massa de atormentados, famintos, ansiosos e desnorteados seres humanos olham pasmados, das ruínas de suas cidades e de seus lares, esquadrinhando os negros horizontes por algum novo perigo, tirania ou terror. Por entre os vencedores há uma babel de vozes dissonantes; por entre os vencidos o mal humorado silêncio do desespero. É tudo o que Europeus, agrupados em tantos antigos Estados e nações, é tudo o que os Poderes Germânicos obtiveram rasgando–se uns aos outros, espalhando destruição em todo o redor.”
Discurso de Winston Churchill  em Zurique, 1946

1.     Isole e identifique os argumentos que Churchill utiliza nesta elocução. Justifique a sua resposta com os exemplos do texto.
Resposta; Argumento condicional, na sua forma padrão ficaria: Se a Europa tivesse ficado unida na partilha do seu território comum então não haveria limite à felicidade, à prosperidade e à glória dos seus trezentos ou quatrocentos milhões de habitantes.
Mas a Europa não ficou unida 
Logo, não houve felicidade, paz e prosperidade para os seus habitantes.
Argumento dedutivo, falácia da negação do antecedente.
2.     Indique a/as falácia/s cometidas. Justifique.
Falácia de apelo à misericórdia: E a que situação foi a Europa reduzida? Alguns dos mais pequenos Estados fizeram, na realidade, uma boa recuperação, mas, sobre largas áreas, uma vasta e agitada massa de atormentados, famintos, ansiosos e desnorteados seres humanos olham pasmados, das ruínas de suas cidades e de seus lares, esquadrinhando os negros horizontes por algum novo perigo, tirania ou terror.
Falácia de dados não relevantes, apelo à misericórdia (ad misericordiam)  dado que recorre a um mecanismo que apela à emoção e à piedade exagerando a enumeração de adjectivos sentimentais. Mecanismo irracional que visa provocar o"pathos" da audiência. Argumento inválido, pois pretende convencer o auditório a atribuir a culpa do estado da Europa aos povos germânicos que despoletaram a guerra que dividiu os povos europeus.

3.     Formule a conclusão que poderemos retirar deste discurso.

 "O resultado que os poderes germânicos conseguiram rasgando-se uns aos outros, foi a miséria e a destruição da Europa”





  1. Aponte a razão pela qual a Retórica não é considerada uma arte.
  2. Qual a designação que é dada à Retórica?
  3. Qual a analogia que é feita? Com que fim?
A COMUNICAÇÃO ARGUMENTATIVA

Objectivo: Ganhar a adesão do auditório = persuadir.
Como? Com base na argumentação racional ou com base na manipulação? Os dois lados da Retórica.
Envolve 3 polos (intervenientes): O orador, a mensagem e o auditório
ETHOS (orador ou ponto de vista do orador)
Apresentação, locução, carisma, forma de expressão, carácter.
LOGOS (a mensagem) Argumentos do orador organizados em discurso. Argumentos fortes ou fracos, válidos ou inválidos.
PATHOS ( auditório)Objectivo: ponderar a aceitação da mensagem. Provocar a emoção e a simpatia no auditório. Adaptar o discurso ao tipo de auditório de modo a poder ser mais facilmente aceite.

         Bom uso da retórica implica a subordinação a princípios éticos:
          Princípio ético, por excelência, o reconhecimento da autonomia, da capacidade de escolha do auditório.
         Esclarecimento da situação, das várias alternativas e dos seus pressupostos e consequências.
         Exige liberdade de expressão do pensamento.
         Na persuasão o auditório e o orador são colocados em pé de igualdade.
         São dadas razões para aceitar algo, com argumentos válidos.
         Não são omitidos os objectivos, há transparência.
         Mau uso da retórica  a argumentação degenera numa forma de ludibriar o auditório, em função dos interesses do orador. Manipulação
         Manipulação – uso indevido da argumentação com o intuito de levar os interlocutores a aderir acrítica e involuntariamente às propostas do orador.
         O orador assume uma atitude superior, de instrumentalização do auditório.
         São cometidas falácias lógicas com  poder psicológico.
           Apela-se à emoção.
         São omitidos dados relevantes.


Argumentação discursiva.



Em 20 de Outubro de 1931, com 62 anos, Mahatma Gandhi decide gravar a sua voz para que desta forma este discurso ecoasse para sempre no tempo.
"Há um poder misterioso indefinível que permeia tudo, sinto-o apesar de não o ver."
 


Há um poder misterioso indefinível que permeia tudo, sinto-o apesar de não o ver.
É esse poder invisível que se faz sentir e ainda desafia toda a prova, porque é tão diferente de tudo o que vejo através dos meus sentidos. Ele transcende os sentidos.

Mas é possível questionar a existência de Deus até um certo ponto.
Mesmo em assuntos comuns, sabemos que as pessoas não sabem quem as governa ou por quem e como são governadas e ainda assim sabem que há um poder que, certamente, vai regendo.

Na minha viagem do ano passado em Mysore eu conheci muitos aldeões pobres e percebi que eles não sabiam quem governava Mysore. Eles simplesmente disseram que algum Deus governava.
Se o conhecimento dessas pobres pessoas era tão limitado sobre os seus governantes, eu que sou infinitamente menor em relação a Deus, não me surpreendo se não perceber a presença de Deus - o Rei dos Reis.

No entanto, eu sinto-me, como os aldeões pobres se sentiam sobre Mysore. Que não há ordem no universo, existe uma lei inalterável que rege tudo e todos os seres que existe ou vidas.
Não é uma lei cega. Nenhuma lei cega pode governar a conduta do ser vivo. E graças às pesquisas maravilhosas de Sir JC Bose pode agora ser provado que até mesmo a matéria é a vida.

Essa lei, que rege toda a vida é Deus. E a lei e o legislador são um. Eu não posso negar a lei ou o legislador, porque eu sei tão pouco sobre ela ou ele. Assim como minha negação ou a ignorância da existência de um poder terrestre de nada me vai valer, tal como a  minha negação de Deus e Sua lei não vai me libertar de sua operação.

Mas a sua aceitação humilde faz com que a jornada da vida seja mais fácil, tal como a aceitação da lei terrena torna a vida mais fácil.

Eu percebo vagamente, que enquanto tudo ao meu redor está sempre mudando, sempre morrendo, lá está - subjacente a toda a mudança - um poder vivo que é imutável, que mantém todos juntos, que cria, recria e se dissolve.

Esse poder que dá vida em forma de espírito é Deus, e já que nada do que eu vejo apenas através dos sentidos pode ou vai persistir, só Ele é.

E é esse poder benevolente ou malevolente? Eu vejo isso como puramente benevolente, pois posso ver que no meio da morte a vida persiste, no meio da mentira a verdade persiste, no meio das trevas a luz persiste.

Assim entendo que Deus é vida, luz, verdade. Ele é amor. Ele é o Bem supremo.

M
as Ele não é um Deus, que apenas satisfaz o intelecto, se é que ele o faz.
Deus para ser Deus governa o coração e transforma-o. Ele deve expressar-se em cada pequeno acto do Seu devoto.


Isso só pode ser feito através de uma compreensão definitiva, mais real do que os cinco sentidos - que podem sempre produzir percepções.
As percepções dos sentidos, podem ser - e muitas vezes são -  falsas e enganosas, por mais reais que possam parecer para nós. Quando há compreensão para além dos sentidos esta é infalível.

Está provado, pela conduta e pelo carácter transformados daqueles que se sentiram a presença real de Deus dentro si. Tal testemunho encontra-se nas experiências de uma linha ininterrupta de profetas e sábios em todos os países. Rejeitar esta evidência é negar-se a si mesmo.

Esta compreensão é precedida por uma fé inamovível. Aquele que é, em sua própria pessoa a prova viva da presença de Deus pode fazê-lo por uma fé viva.

Uma vez que a própria fé não pode ser provada por indícios exteriores o caminho mais seguro é acreditar no governo moral do mundo e, portanto, na supremacia da lei moral , a lei da verdade e do amor. O exercício da fé vai ser o mais seguro, onde há uma clara determinação sumariamente a rejeitar tudo o que é contrário à verdade e amor.

Confesso que não tenho nenhum argumento para convencer através da razão. A fé transcende a razão. Tudo o que eu posso aconselhar é a não tentar o impossível.
Como isolar os argumentos deste discurso?
1. Tenha em atenção as frases a vermelho. Poderemos com elas isolar o principal da argumentação:
Argumento 1.
 Deus governa o coração daqueles que crêem nele e transforma a sua conduta.
Negar as evidências é negar-se a si próprio
A transformação da conduta dos profetas é uma evidência.
Logo, Negar a tansformação da conduta dos profetas é negar-se a si próprio.
Ficaria o seguinte silogismo.
Todos os que negam as evidências são pessoas que se negam a si próprias.
Todos os que negam a transformação da conduta dos profetas são pessoas que negam evidências
Todos os que negam a transformação da conduta dos profetas negam-se a si próprios.









sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Análise do filme “12 Homens em fúria” de Sidney Lumet EUA – 1957

O FILME: "12 Homens em fúria" "Twelve angry men"

FICHA 1 - 2º PERÍODO - Depois de ver o filme responda às seguintes questões:



Será curioso verificar que a duração real deste filme - 1h e 30m (aprox) é a mesma duração da ficção, como se o tempo das personagens fosse o nosso tempo e nós também jurados. Há uma  evidente aproximação entre as personagens e nós, espectadores. Este efeito produz uma tensão realista e uma interrogação pessoal; e se fosse eu? Como reagiria eu nesta situação? Em cada uma das personagens há uma característica humana diversa mas familiar, a sala é deste modo um pequeno palco da humanidade. Poderemos observar a dificuldade do discurso racional em impor-se às emoções, hábitos e preconceitos. A argumentação racional é, no entanto, a única que pode aproximar-nos da verdade, num caminho de análise e decisão pelo melhor juízo. Mas esse caminho de difícil e moroso acaba muitas vezes atropelado.
Depois de ver o filme, tente analisar os seguintes aspectos:

1. O que está em causa no filme?
2. Que poder demonstra ter a personagem principal?
3. Saliente alguns dos argumentos decisivos para mudar a opinião dos jurados.
4. O que pretende demonstrar a argumentação da personagem principal?
5. Faça um retrato de duas das personagens. O que as leva a decidir imediatamente pela culpabilidade do réu?
6. Elabore um juízo pessoal e fundamentado sobre o filme.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Correção do teste de 20 Outubro

Versão A

GRUPO I

1. "Todos os problemas são solucionáveis." Proposição Universal afirmativa. 
"Alguns elementos poluentes do ar não são detectáveis através de análises" Proposição Particular Negativa. "
"Nenhum homossexual pode dar sangue" Todos os homossexuais não são possibilitados de dar sangue." Proposição Universal Negativa

2. Sujeito Distribuído, predicado não distribuído

Sujeito não distribuído, predicado distribuído
Ambos distribuídos.

3. Subcontrária - Indeterminada

Contraditória - Falsa
Subalterna Indeterminada.
Explicação/justificação. Duas proposições subcontrárias podem ser ambas verdadeiras mas não podem ser ambas falsas. dada a proposição verdadeira a sua subcontrária pode ser V ou F, logo, é indeterminado o seu valor de verdade.
Duas proposições contraditórias negam-se mutuamente. Se uma é verdadeira a outra é necessariamente falsa.
Duas proposições Subalternas têm a seguinte regra de inferência válida: Se a Universal é verdadeira a sua particular é também verdadeira, mas se a particular é verdadeira a universal pode ser verdadeira ou falsa. A proposição dada é particular, logo, nada podemos saber acerca do valor de verdade da sua universal subalterna.

4. O Conceito refere uma classe de objectos bem como as características que é comum a todos os elementos dessa classe. O termo é a palavra ou palavras que exprime o o conceito. Exemplo "Árvore"

O Juízo é uma relação entre conceitos que refere um certo conhecimento sobre o mundo, daí que tenha valor de verdade, sendo verdadeiro se aquilo que se pensa ou diz estiver em adequação com a realidade e falso se tal não acontecer. A proposição é a frase declarativa que expressa um juízo. Exemplo: " As árvores morrem de pé."

5. A Lógica é uma ciência que estuda as condições de validade dos raciocínios ou argumentos. Pretende enunciar as regras através das quais podemos inferir uma proposição de outra de modo a que a inferência seja válida.


6. "Nenhum dos veículos motor que há por todo o lado, é rápido e enfadonho." UNIVERSAL NEGATIVA.  A proposição contraditória de outra é a sua negação. Dada a proposição ser particular afirmativa, a sua contraditória terá de negar a qualidade e quantidade da proposição dada.


GRUPO II

Escolha Múltipla:

1. C
2. A
3. B
4. A
5. A
6. B
7. A
8. C
9. B
10.C

GRUPO III


1. Termo Maior: Vaidosas

Termo Menor: Estrelas de cinema
Termo Médio: Pessoas excêntricas.

2. Falácia da ilícita do Termo Menor. O termo Menor "Bonito" está distribuído na conclusão e não está na premissa onde ocorre (ocorre na premissa como predicado de uma proposição universal afirmativa), logo a inferência é inválida pois um termo não pode ter mais extenção na conclusão do que na premissa onde ocorre.


3. Todas as pessoas inspiradoras são pessoas com ideias claras.

Nenhuma pessoa com ideias claras é palavrosa.
Logo, nenhuma pessoa palavrosa é inspiradora.
4ª Figura, modo AEE

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VERSÃO B

GRUPO I

1. "Algumas religiões não oficiais são religiões com muitos professores"
Proposição Particular Afirmativa; Todos os telemóveis são menos preciosos que uma maçã" Proposição Universal Afirmativa; Todos os que trabalham a recibos verdes não são pessoas com garantia de trabalho" Universal Negativa. 
2. Nenhum termo distribuído; Sujeito distribuído, predicado não; Nenhum termo distribuído.
3.Contrária falsa, Contraditória falsa, Subalterna verdadeira. Justificação:
Duas proposições contraditórias negam-se mutuamente. Se uma é verdadeira a outra é necessariamente falsa.
Duas proposições Subalternas têm a seguinte regra de inferência válida: Se a Universal é verdadeira a sua particular é também verdadeira, mas se a particular é verdadeira a universal pode ser verdadeira ou falsa. A proposição dada é particular, logo, nada podemos saber acerca do valor de verdade da sua universal subalterna. A regra da inferência entre duas proposições contrárias permite que ambas possam ser falsas mas não possam ser ambas verdadeiras, logo se uma é verdadeira a outra é necessariamente falsa.

4. O Conceito refere uma classe de objectos bem como as características que é comum a todos os elementos dessa classe. O termo é a palavra ou palavras que exprime o o conceito. Exemplo "Árvore"

O Juízo é uma relação entre conceitos que refere um certo conhecimento sobre o mundo, daí que tenha valor de verdade, sendo verdadeiro se aquilo que se pensa ou diz estiver em adequação com a realidade e falso se tal não acontecer. A proposição é a frase declarativa que expressa um juízo. Exemplo: " As árvores morrem de pé."

5. A verdade é uma qualidade/característica das proposições. É o conteúdo expresso numa proposição que pode ser verdadeiro ou falso. será verdadeiro se , entre o que é dito na proposição e a realidade houver uma adequação e falso se essa adequação não ocorrer. A validade é uma qualidade/característica dos raciocínios/argumentos, caracteriza o argumento cuja conclusão se segue necessariamente das premissas. A validade é uma consequência da forma como as premissas e a conclusão estão  ordenadas e é independente do conteúdo das proposições que compõem o argumento, isto é, pode haver argumentos válidos com proposições falsas. Mas a regra de validade dos argumentos (dedutivos) é que não podem ter premissas verdadeiras e conclusão falsa.

6. "Alguns refugiados não são vítimas de injustiça"  A proposição dada tem uma dupla negação, logo é uma afirmação visto que duas negações negam-se mutuamente , sendo assim a proposição dada é universal afirmativa. A proposição contraditória de outra é a sua negação. Dada a proposição ser particular afirmativa, a sua contraditória terá de negar a qualidade e quantidade da proposição dada, logo, tem necessariamente que ser Particular negativa.

Escolha múltipla: 

GRUPO II

1.A

2. B
3. A
4. A
5. B
6. A
7. C
8. B
9. C
10. C

GRUPO III

1. Nenhum artista é convencional
Todos os burocratas são convencionais
Logo, nenhum burocrata é artista.

2. Falácia da Ilícita do termo maior ou falácia do termo maior não distribuído. O Termo maior "Astrónomos" está distribuído na conclusão, visto que está a falar de todos e não está distribuído na premissa. Infringe a regra de validade que exige que um termo não possa ter mais extensão na conclusão do que na premissa onde ocorre.

3. Todas as pessoas inspiradoras são pessoas com ideias claras.
Nenhuma pessoa com ideias claras é palavrosa.
Logo, nenhuma pessoa palavrosa é inspiradora.
4ª Figura, modo AEE

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Exercícios de revisões do silogismo


Analisa os seguintes silogismos quanto à validade, modo e figura.
1.
Todos os portugueses são europeus
Todos os portugueses são humanos
Logo, todos os humanos são europeus
 2.
Todos os elefantes são ruminantes
Todos os elefantes são herbívoros
Logo, todos os herbívoros são ruminantes
 3.
Os algarvios são portugueses
Os minhotos são portugueses
Logo, os minhotos são algarvios
4.
Os gatos são mamíferos
Os porcos são mamíferos
Logo, os porcos são gatos
 5.
Todos os hindus são orientais
Alguns homens são hindus
Logo, todos os homens são orientais  
 6.
Nenhum burro é aviador
Nenhum vigarista é burro
Logo, nenhum vigarista é aviador 
7.
Todos os lagartos são répteis
Alguns animais são lagartos
Logo, todos os animais são répteis
 8.
Todos os bancos são confortáveis.
Alguns bancos oferecem juros altos
Logo, todos os juros altos são confortáveis

9. Coloque na forma padrão do silogismo categórico, os seguintes argumentos:

A- Estive a ler alguns livros escritos por Heidegger.

- E então?

- Ao fim de poucas páginas adormeci.

- Acontece, andas com um ar cansado.

- Nada disso. O que eu acho é que os livros de Heidegger não são grandes livros. Se fossem, não provocavam sono e a verdade é que provocam.

B - Agora chama-se famosa à pessoa que é estrela de televisão. Mas eu acho que é errado e simplista, revelador de um baixo nível de exigência
- Para mim, famosos  só são alguns grandes cientistas, pensadores e artistas. As estrelas de televisão, não.

10. Construa um silogismo válido da 2ª Figura cujo termo médio seja “Vertebrado”

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Ficha 2 . Revisões para o teste de Outubro de 2016 -11E e A


Caros alunos, aqui vão uns exercícios para resolver, poderão preparar-se magistralmente para o teste. As respostas serão dadas amanhã, dia 19 às 11h.

1. 1. Nas proposições categóricas afirmativas universais (A), que termo está distribuído?
a. Unicamente o sujeito.
b. Somente o Predicado.
c. O sujeito e o predicado.
d. Nem o sujeito nem o predicado.


2. Num silogismo categórico, o termo médio é:
a. O sujeito da conclusão.
b. O predicado da conclusão.
c. O termo presente nas premissas mas não na conclusão.

3. Nos seguintes silogismos o termo maior está distribuído?
a) Os Angolanos falam português
Os Brasileiros falam português
Logo, os Brasileiros são Angolanos.
O Termo Maior é "Angolanos" e não está distribuído na conclusão, mas está distribuído na premissa visto que se refere a todos.

b) Algumas acções espontâneas são acções benéficas.
Todas as acções benéficas são altruístas
Logo, Algumas acções espontâneas são altruístas.
O termo maior é "altruístas" e não está distribuído nem na conclusão nem na premissa onde ocorre.

4. Qual dos seguintes silogismos é válido? Porquê? (Só para 11A)
a) Todos  os factos são respeitáveis
Tudo o que é respeitável  é bom
Logo, alguns factos são bons.
Válido

c) Nenhum político é amigo da verdade
Todos os amigos da verdade são filósofos
Logo, nenhum filósofo é político.
Inválido, falácia da ilícita do termo menor. O termo menor "Filósofos" ocorre distribuído na conclusão e não distribuído na segunda premissa, o que significa que na conclusão estamos a falar do conjunto de todos e na premissa de alguns. Inferência inválida.

5. Nos seguintes silogismos há algum termo distribuído na conclusão que não esteja nas premissas?
a) Alguns homens ricos não trabalham muito
Alguns emigrantes trabalham muito.
Logo, alguns emigrantes não são homens ricos.

O Termo maior "homens ricos" está distribuído na conclusão e não está na premissa onde ocorre.

b) Todos os lagartos são répteis
Alguns animais são lagartos
Logo, Alguns animais são répteis
Não


6. Verifique a figura e o modo dos seguintes silogismos:
a) O sonho não é um sucessão lógica de imagens.
Todos os sonhos são miragens.
Logo, nenhuma miragem é uma sucessão lógica de imagens.
Figura: 3ª  Modo: EAE

b) Os Árabes não têm a mesma origem dos indo-europeus
Os Turcos não têm a mesma origem dos indo-europeus.
Logo, os Turcos não são árabes
Figura: 2ª  Modo: EEE

7. Coloque na forma padrão do silogismo categórico o seguinte argumento:


Fico aterrado só de pensar que pessoas que defendem o uso de armas nucleares podem tornar-se líderes das grandes potências. E isto porque lhes falta sensibilidade moral. O melhor para todos nós é impedir que se tornem líderes de grandes potências. 

Todos os que defendem o uso de armas nucleares não têm sensibilidade moral
Alguns líderes das grandes potências defendem o uso de armas nucleares
Logo, alguns líderes das grandes potências não têm sensibilidade moral.


8. Coloque na forma padrão e classifique as seguintes proposições:

a. Há verdades inconvenientes. "Algumas verdades são inconvenientes" Particular afirmativa
b. Nem todos os animais aquáticos são peixes. " Alguns animais aquáticos não são peixes." Particular Negativa
c. Os vampiros encontram prazer no sangue. " Todos os vampiros são personagens que encontram prazer no sangue." Universal afirmativa
d. Não há ateus crentes em dogmas. "Nenhum ateu é um crente em dogmas" Universal negativa

9. Determine a distribuição de cada um dos termos das proposições.
a) Sujeito não distribuído, predicado não distribuído.
b) Sujeito não distribuído, predicado distribuído.
c) Sujeito distribuído,predicado não distribuído
d) Sujeito e predicado distribuídos.


10. Se a seguinte proposição “Nenhum animal de sangue frio é domesticável” for verdadeira, infira o valor de verdade das proposições opostas – contraditória, contrária e subalterna.
Contraditória: Falsa
Contrária: Falsa.
Subalterna: Verdadeira

11. Negue a seguinte proposição “Alguns desportistas são atletas de alta competição”. Justifique.
"Nenhum desportista é atleta de alta competição." Negar uma proposição é negar a qualidade e a quantidade da proposição dada.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Lógica: PARA ORGANIZAR OS CONCEITOS. (1/4 Aula de Lógica)




Street Art, David Walker


A. Ponto teórico prévio:



Compreender os instrumentos do pensamento e do discurso permite-nos compreender a sua estrutura.


São esses instrumentos que permitem o conhecimento.


É a análise desses instrumentos, isto é da estrutura do pensamento, que é o trabalho da Lógica. A verdade não é objecto de estudo da Lógica mas sim das outras ciências.


Esse trabalho pretende determinar e explicar a validade dos nossos raciocínios, que se traduzem em argumentos quando são expressos numa linguagem.


A lógica estuda, portanto, a estrutura do pensamento, a forma e as condições da validade dos raciocínios ou argumentos.


B. Os instrumentos que estruturam o pensamento:



1. Os Conceitos ou Termos


O primeiro elemento que compõe a estrutura do pensamento é o conceito.


O conceito é uma abstracção, ou ideia. É produto do pensamento e pretende pensar e referir classes de objectos com as mesmas características.


Cada conceito tem assim, uma compreensão e uma extensão.


A compreensão do conceito implica o seu significado, a ideia que lhe subjaz.


Por exemplo “estrela”: “astro com luz própria” esta é a ideia ou significado do conceito.


A sua extensão corresponde a todos os elementos que têm estas características.


A extensão de um conceito é inversamente proporcional à sua compreensão.


Porque para compreender estrela tenho de compreender o que é um astro e tenho de compreender o que significa ter luz própria, mas para compreender astro eu não preciso de compreender estrela, logo o conceito de astro tem mais extensão mas menos compreensão.


Aos conceitos, quando expressos numa linguagem , chamamos Termos Gerais. Distinguem-se dos termos singulares que expressam nomes, classes com apenas um elemento.Na lógica formal ou dedutiva podemos formalizar os conceitos substituindo-os por letras porque o seu conteúdo é irrelevante.(chamam-se variáveis).


2. Os Juízos ou Proposições


A relação entre conceitos/termos permite o conhecimento do mundo. Exemplo:


“O Sol é uma estrela. “ ou “ O Sol não é um planeta” Ao relacionar conceitos fazemos juízos, isto é declarações sobre os conceitos. Nestas declarações pode-se afirmar ou negar um conceito de outro.


Os juízos são frases declarativas que têm valor de verdade, Isto é, podem ser verdadeiras ou falsas. Serão verdadeiras quando o conteúdo do que é pensado e dito corresponde à realidade e falsas se isso não ocorrer.


Há frases que não são juízos porque não são verdadeiras nem falsas. Por exemplo:


“Aconselho-te a pagar impostos” ou “ Importas-te de fechar a porta!”


As frases que contêm juízos quando expressos numa linguagem chamam-se proposições. Na linguagem da lógica formal porque podemos substituir a linguagem natural por uma linguagem simbólica, uma vez que em lógica formal o conteúdo do que se diz é irrelevante e apenas interessa a forma lógica ou estrutura do raciocínio.


São muitos os juízos/proposições que fazemos sobre a realidade. Vamos estudar apenas três tipos de proposições, as mais elementares:


Categóricas: Forma lógica: A é B Exemplo: “Estrela é um astro com luz própria.” Estudadas por Aristóteles.


Condicionais ou hipotéticas: Forma lógica: Se A então B Exemplo: “Se as estrelas são astros então são corpos do universo”


Disjuntivas: Ou A ou B “ Ou as estrelas são acessíveis ao homem ou só podemos fazer conjecturas sobre elas.”


3. Os Raciocínios ou Argumentos.


Com os juízos/proposições podemos construir raciocínios. Os raciocínios quando expressos numa linguagem chamam-se argumentos. Os raciocínios/argumentos são inferências em que de uma ou mais proposições retiramos uma outra que é a conclusão. Os elementos que constituem o argumento são as premissas (as proposições que sustentam racionalmente a conclusão) e a conclusão ( proposição sustentada e justificada pelas premissas). Os argumentos são o objecto de estudo da lógica. A propriedade de um argumento é a validade. Serão válidos os argumentos em que as premissas sustentam a conclusão e inválidos se isso não acontecer, isto é, se as premissas não sustentarem a conclusão. Sendo essa definição apropriada para a lógica formal e informal, isto é para todo o tipo de argumentos. Quando inválidos cometem falácias, erros de raciocínio.


4. Argumentos dedutivos e indutivos


A. Os argumentos dedutivos são estudados na lógica formal porque podem ser reduzidos a uma forma lógica.


Os argumentos dedutivos utilizam nas premissas e conclusão proposições do tipo que vimos acima. Sendo chamados de Silogismos (se utilizam proposições categóricas) Hipotéticos (se utilizam proposições hipotéticas) e Disjuntivos (Se utilizam proposições disjuntivas).


A validade na lógica formal é independente do conteúdo daquilo que se diz e depende apenas da forma lógica. Há formas lógicas válidas e formas inválidas ou falaciosas. Como este tipo de argumentos preserva na conclusão a verdade das premissas, podemos enunciar a validade dedutiva do seguinte modo: se admitirmos a verdade das premissas a conclusão tem de ser verdadeira (não pode ser falsa). Pois num argumento dedutivo a verdade das premissas sustenta a verdade da conclusão. Mas se as premissas forem falsas o argumento pode ser válido (porque tem uma forma válida) mas aí já não está assegurada a verdade da conclusão, que tanto pode ser verdadeira como falsa. Estes argumentos embora válidos não são sólidos. Um argumento dedutivo válido não pode, portanto, ter premissas verdadeiras e conclusão falsa.


B. Para além dos raciocínios/argumentos dedutivos há outros tipos de raciocínios/argumentos não dedutivos ou indutivos que são estudados pela lógica informal. Estes não podem ser reduzidos a uma forma lógica, a sua validade depende do conteúdo das premissas e da conclusão. Nos argumentos não dedutivos válidos se as premissas forem verdadeiras a conclusão é provavelmente verdadeira mas pode ser falsa. Ao contrário dos argumentos dedutivos, a conclusão não é necessariamente verdadeira se as premissas forem verdadeiras, mas apenas, provavelmente verdadeira.


Nestes argumentos a conclusão acrescenta conhecimento às premissas, enquanto na dedução isso não acontece. Por outro lado estes argumentos são menos rigorosos uma vez que a conclusão pode não manter a verdade das premissas.


Serão válidos se as premissas sustentarem racionalmente a conclusão, se isso não acontecer, é porque o argumento comete uma falácia, assim sendo as premissas não sustentam a conclusão e o argumento não é válido.

Responda, numa folha, às seguintes questões:


1. O que estuda a Lógica?


2. Quais os instrumentos da lógica?


3. O que é um Conceito/Termo?


4. Qual o conceito com maior extensão “Frase” ou “Juízo”?


5. O que é um juízo/proposição?


6. O que é um argumento?


7. Distinga verdade e validade lógicas.


8. O que determina a validade de um argumento dedutivo?


9. Distinga argumentos dedutivos de argumentos indutivos (não dedutivos).

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Correcção do teste 11G

De acordo com o texto, explique o que se entende por método de conjecturas e refutações.

1.     Conjectura é uma suposição validada por experiências, não é uma certeza ou verdade. As teorias científicas são hipóteses explicativas que foram provisoriamente corroboradas pela experiência, isto é, que ainda não foram falsificadas ou refutadas. Assim a ciência funciona com um conjunto de conjecturas, que podem ser futuramente refutadas. Para Popper, a ciência evolui no sentido de uma aproximação à verdade na medida em que vai eliminando os erros das teorias, substituindo-as por outras mais abrangentes e consistentes com os factos observados. Visto que a ciência se faz num processo racional de conjecturas e refutações, o cientista trabalha no sentido de fazer previsões arriscadas de modo a testar de os limites de cada teoria. O progresso científico é um sistema em aberto em que as teorias são sujeitas continuamente a testes e criticadas pela comunidade científica. A substituição de uma teoria por outra é um processo de selecção  em que as novas teorias aperfeiçoam as antigas na medida em que não cometem os mesmos erros da anterior, explicam os fenómenos das anteriores e ainda explicam novos fenómenos.

2.Segundo Popper a prática científica não é afectada pelo problema da indução levantado por Hume. Porquê? Na sua resposta comece por apresentar o problema da indução levantado por Hume.

O problema da indução, tal como é exposto por David Hume, consiste em demonstrar que a crença na indução não está justificada porque ultrapassa a experiência e a razão, isto é, não pode ser justificada nem empiricamente nem racionalmente. Acreditamos que a natureza é uniforme e, por isso acreditamos que aquilo que aconteceu de uma determinada maneira irá acontecer do mesmo modo no futuro. Esse é o pressuposto que garante as nossas generalizações futuras, mas esse pressuposto já resulta ele próprio de uma generalização e de uma previsão, isto é, aquilo que garante a validade de uma indução é conseguido através da indução, utiliza-se o mesmo processo para validar algo que devia ser validado por um outro conhecimento onde se pudesse fundar.  Há assim um raciocínio falacioso, uma petição de princípio.
A crítica de Popper à indução coloca-se em 3 passos:
  1. Não há observação neutra pois esta já é direccionada por um problema teórico.
  2. As leis científicas não resultam de uma generalização a partir de casos particulares porque elas são universais e a generalização só é válida para os casos observados.
  3. A conclusão de um raciocínio indutivo é sempre provável, assim as leis científicas teriam de ser probabilísticas e não são, logo não podem resultar de um raciocínio indutivo.
A teoria epistemológica de Popper ultrapassa o indutivismo da ciência ao propor um novo método: o falsificacionismo.  O falsificacionismo é, simultaneamente, um critério de demarcação científica, isto é, um critério para separar conhecimento científico e não científico; e, por outro lado, uma nova forma de compreender a metodologia das ciências propondo como realmente científica  uma metodologia hipotética e dedutiva e não indutiva.


3.Relacione estes dis tipos de conhecimento: senso comum e conhecimento científico.

O conhecimento científico e o senso comum divergem no sentido em que há uma lentidão e resistência do senso comum a ideias novas que possam entrar em contradição com aquilo que habitualmente se pensa. O senso comum é acrítico, isto é, não se deixa refutar mesmo que novos factos possam desmentir as suas crenças. Esta característica produz uma sensação de desfasamento que pode identificar o senso comum com o preconceito uma vez que se agarra a verdades eternas que nada têm que as justifique senão a tradição. Contrariamente o conhecimento científico pauta-se por estar continuamente a ser revisto, aperfeiçoado, e rectificado ou refutado através de testes empíricos, essa característica permite uma evolução mais rápida e uma abertura constante a novas formas de explicação que possam satisfazer a constante crítica a que está sujeito  conhecimento científico. O senso comum é útil para servir de limite aos excessos da ciência mas também pode constituir um obstáculo ao seu avanço porque tem dificuldade em aceitar e compreender tudo o que não se adapta ou está na margem das suas certezas. Partem dos dados dos sentidos e acumulam factos, mas se o segundo tira as suas conclusões a partir da experiência, o primeiro formula certas hipóteses que constituem uma directriz através da qual organiza os dados da experiência e a interroga de um determinado modo, sistemático e racional e não apenas ocasional. São assim diferentes percepções da realidade. A outra característica apontada é a linguagem. A linguagem científica é universal e rigorosa na medida em que apresenta símbolos que obedecem a uma técnica de codificação aceite pela comunidade e que tem um significado susceptível de ser apresentado numa experiência e não pode ter vários significados. Veja-se o caso de H2O. Contrariamente o senso comum utiliza a linguagem vulgar onde as palavras podem ter diferentes sentidos.


4 .Distinga o método indutivo do método hipotético/dedutivo

O método indutivo, principia pela observação e consiste na generalização teórica  a partir de dados observacionais, retirando dos factos singulares repetições e constantes que são comuns a todos os factos observados e que permitem a elaboração de leis  válidas para todos os casos semelhantes. Assim o procedimento consiste em recolher dados, de forma sistemática, organizando-os cronologicamente; descobrir um padrão ou constante e  retirar uma hipótese que possa ser testada e confirmada pela experiência. Se a hipótese for confirmada, quer dizer que se verifica o que supúnhamos e então podemos generalizar para casos que ainda não tenham sido observados. A lei científica resultaria de uma generalização válida para todos os casos, e que possibilitaria previsões sobre os fenómenos no futuro. Este procedimento é comum em algumas ciências como a Biologia. O método hipotético-dedutivo privilegia a criatividade intelectual e tem na colocação de problemas o seu princípio, seguidamente procura hipóteses que sejam tentativas de resposta ao problema e retira dessas hipóteses consequências práticas, são as chamadas consequências preditivas. Seguidamente experimenta-se essas consequências de modo a poder corroborá-las ou refutá-las de acordo com os resultados das experiências.  colocação dos problemas e das hipóteses assim como a dedução a partir destas,  de consequências observáveis. Ultrapassa o problema do método indutivo que não pode justificar as leis da natureza, e que é por si um problema visto que carece de fundamento racional.



domingo, 8 de maio de 2016

Correção do teste de 3 de Maio de 2016 11ºB

1. Em que consiste o método indutivo em ciência? Qual a posição de Popper acerca do método indutivo? Justifique.

Para os defensores do método indutivo, a constituição de uma lei científica resulta de uma generalização a partir de observações repetidas e sistemáticas de um fenómeno particular. Exemplo desta observação é a construção do fenómeno do acasalamento entre as sementes amarelas e verdes criado por Mendel para compreender a lei da hereditariedade.  Segundo os defensores do método indutivo, a repetição de experiências particulares e a obtenção de dados, permite encontrar um padrão e depois generalizar esse padrão para todos os casos não observados. A conquista de um padrão matemático que está na origem da lei revela uma constante que une vários fenómenos e possibilita fazer  previsões para o futuro.
Popper refuta esta teoria e defende que a indução não é o método que permite a constituição das leis científicas. Primeiro porque nenhuma observação se faz sem antes ter um problema teórico e, segundo, porque as leis são universais e necessárias, enquanto a conclusão de um raciocínio indutivo é sempre provável.
Embora seja um procedimento comum a algumas ciências como a Biologia, o método indutivo não permite a construção de leis universais e necessárias, só permite leis probabilísticas.  Se há leis universais e necessárias em ciência, então, das duas uma, ou não são científicas pois não são resultados de generalizações a partir de observações particulares, ou são científicas mas não são indutivas, são antes resultado de um método diferente: Hipotético/Dedutivo e Falsificacionista.

2. O que propõe o critério de demarcação falsificacionista?

Quer dizer que o Falsificacionismo, teoria defendida por Karl Popper,  é um critério para distinguir os conhecimento científicos dos conhecimentos não-científicos. Esta teoria defende que há conhecimentos que se pretendem científicos mas são “pseudo” científicos, isto é, fazem-se passar por aquilo que não são. É o caso, segundo Popper, da Psicanálise e da teoria marxista da história. Estes conhecimentos teóricos pretendem-se científicos mas não são. Eis as razões:
a.      Estas teorias não podem ser falsificadas, pois não há nenhuma experiência, real ou hipotética, que possa demonstrar que são falsas. Deste modo, a experiência apenas serve para corroborar, pois os factos são sempre lidos ou interpretados de modo a poderem ser explicados pelas teorias. Factos opostos podem ser explicados pela mesma teoria.
b.     Embora estas teorias tenham conteúdo empírico elas não se colocam à prova pela experiência, deste modo, é impossível saber se são válidas ou não.
A Psicanálise e a Astrologia são “pseudo ciências” porque não obedecem ao critério de falsificabilidade que constitui o critério de demarcação entre ciência e pseudo ciência segundo a proposta epistemológica de Popper. Este critério propõe, contrariamente ao verificacionismo, que se considere científica a teoria que possa ser empiricamente falsificável. Ora, tanto a Astrologia como a Psicanálise não são empiricamente falsificáveis, pois a experiência é sempre interpretada ou distorcida de modo a comprovar a teoria e não se prevê nenhuma experiência possível que possa refutá-la. Assim afirmar que todos os Aquários são independentes é não dizer nada porque seja qual for o comportamento de um aquariano ele é sempre interpretado como sinal de independência, assim não há forma de refutar a teoria e por outro lado ela nada nos diz sobre a realidade. Contrariamente o critério de demarcação verificacionista poderia considerar que é empiricamente verificável as teorias psicanalíticas visto que correspondem a comportamentos que podem ser empiricamente observados.

3. Identifique a característica ou características do senso comum evidenciadas no texto. Justifique.
Segundo o texto o conhecimento científico e o senso comum divergem no sentido em que há uma lentidão e resistência do senso comum a ideias novas que possam entrar em contradição com aquilo que habitualmente/vulgarmente se pensa. O senso comum é acrítico, isto é não se deixa refutar mesmo que novos factos possam desmentir as suas crenças. Esta característica produz uma sensação de desfasamento que pode identificar o senso comum com o preconceito uma vez que se agarra a verdades eternas que nada têm que as justifique senão a tradição. Contrariamente o conhecimento científico pauta-se por estar continuamente a ser revisto, aperfeiçoado, e retificado ou refutado através de testes empíricos, essa característica permite uma evolução mais rápida e uma abertura constante a novas formas de explicação que possam satisfazer a constante crítica a que está sujeito  conhecimento científico. O sentido de revisibilidade e de crítica do conhecimento científico é de um modo geral, uma característica ideal e desejável da ciência, mas, na prática, há muitos obstáculos a que este sentido crítico siga apenas o conhecimento ou a procura da verdade.

4. O Racionalismo e o empirismo são teorias filosóficas que pretendem dar uma resposta ao problema de saber qual a origem do conhecimento. A teoria racionalista defendida por Descartes, fundamenta o conhecimento na razão e na capacidade desta retirar ideias a partir de outras ideias de forma evidente e dedutiva sem recorrer à experiência - ideias inatas. O Modelo de conhecimento verdadeiro para os racionalistas é o modelo matemático porque tem necessidade lógica e validade universal. Descartes é um filósofo racionalista porque defende a possibilidade de um conhecimento “a priori”. O critério da verdade do conhecimento é a evidência das ideias, uma vez que uma ideia é tão clara e distinta que se apresenta inquestionável à razão, essa ideia é verdadeira. Segundo o modelo matemático estas ideias são como axiomas que servem como fundamentos para outros conhecimentos deduzidos a partir delas.O Racionalismo defende que o conhecimento verdadeiro é a priori, isto é , independente da experiência. Poderíamos rejeitar todas as informações que derivam das sensações do mundo, o tacto, o cheiro, a visão dos objectos, restariam as ideias que são formadas pela razão e por ela intuídas e, que não tendo origem na experiência porque não derivam dela, são válidas por si, e tão claras e evidentes à Razão que esta vê, segundo a sua luz natural, que não poderiam ser de outro modo. Os Racionalistas crêem que estas ideias podem ser os princípios (crenças básicas) de todo o conhecimento e que a partir delas, por um raciocínio dedutivo se pode chegar a outros conhecimentos sobre a realidade , que, se dedução for feita correctamente, serão igualmente verdadeiros.


Quanto ao Empirismo rejeita as ideias inatas da Razão, e a noção de conhecimento "a priori" . Defende a tese de que nada existe na mente que não tenha passado antes pelos sentidos, todo o conhecimento tem origem na experi~encia é, portanto formado “a posteriori”.  Fundamenta-se na noção de que qualquer conceito para ter um significado tem que se referir a uma sensação/impressão qualquer, essas sensações são simples e a mente neste primeiro momento capta apenas as sensações e depois por abstracção e generalização forma os conceitos ou ideias, estas não são tão vivas como as sensações ou impressões o que quer dizer que são posteriores a estas. Os empiristas dão o exemplo das crianças que começam por ter sensações e só depois as articulam numa linguagem. O raciocínio que o entendimento faz para chegar ao conhecimento, segundo os empiristas é a indução, por acumulação de experiências que se repetem, generaliza-se para todos os casos e assim se obtém um conhecimento 

GRUPO III
VERSÃO A

1. Falácia de Bola de Neve, Derrapagem ou Reação em Cadeia  raciocínio inválido pois são retiradas consequências exageradas de uma determinada crença que se quer contrariar. Cria-se assim uma conclusão catastrófica na medida em que retiram consequências irracionais e que não são razoavelmente admitidas mas podem causar um efeito psicológico de medo. Falácia de dados insuficientes, as premissas não são suficientes para aceitar a conclusão.

Versão B.
1. Falácia de apelo à ignorância, "ad ignoratiam" é um raciocínio inválido porque pelo facto de não haver provas indiscutíveis de não haver Ovnis a visitar  a terra não se pode concluir que os Ovnis existem, a ausência de provas não nos permite concluir nada, nem que existem nem que não existem. Falácia de dados insuficientes.


2. A tese empirista de D. Hume sobre a conexão causal é a seguinte:
  1. Não há nenhuma impressão de conexão causal; ora se não há impressão também não pode haver ideia, visto que, segundo o empirismo não há ideias sem impressões sensíveis.
  2. A impressão que temos é da repetição de fenómenos em sucessão no tempo e contiguidade no espaço: “O mesmo objecto é seguido pelo mesmo evento”. Esta repetição de um fenómeno a seguir ao outro leva-nos a estabelecer a crença de que estes andam sempre ligados, isto é, se sucede um, logo a seguir tem de suceder outro.
  3. Esta crença a que chamamos relação de causa efeito ou conexão causal não está justificada nem empiricamente nem racionalmente, porque “ não há nada que produza qualquer impressão, e consequentemente nada que possa sugerir qualquer ideia de poder ou conexão necessária”, o que temos a impressão é de fenómenos singulares, isolados embora sucedendo-se uns aos outros;  logo não há conhecimento mas um hábito psicológico que é criado pela sucessiva repetição dos fenómenos que se apresentam ligados. Se o conhecimento de causa efeito tem a sua origem na experiência e de modo nenhum é “apriori” (argumento do ser racional que nada soubesse do mundo, jamais poderia ter a noção de causa efeito) então é um conhecimento de facto e é contingente, todavia julgamos e pensamos como se houvesse uma conexão necessária e, portanto ultrapassamos a experiência.
  4. Logo, para concluir não uma explicação empírica para uma conexão necessária, ela é apenas fruto do costume, um hábito psicológico.