terça-feira, 8 de junho de 2021

Correção do 4º teste 11A -Junho 2021

     

Christo - artista plástico A Ponte Neuf coberta, Paris 1985

 Grupo II

1. Explique porque é que as limitações da teoria da arte como expressão constituem um problema para a sua definição de arte.

As limitações que podemos apontar à teoria da arte como expressão é o facto de que não temos acesso aos estados mentais do artista. Na maior parte dos casos não temos nenhum documento ou relato que nos permita identificar quais foram os sentimentos ou emoções que estiveram na origem da criação da obra de arte, o que torna impossível saber se os sentimentos que o espectador experiência são os mesmos que o criador da obra de arte. (10pts)

Parece ser uma exigência injusta e irrealista que o artista tenha de sentir sempre aquilo que a obra de arte exprime. Um dos exemplos que podemos identificar é a produção artística em massa por parte de um compositor ou de um artista plástico. Podem produzir uma melodia ou uma pintura triste a pedido de alguém, mas não significa que estejam a experienciar esse sentimento. (10pts)

Parece existir também obras de arte que não expressam sentimentos, como um vaso ou um serviço de porcelana, no entanto conseguimos reconhecer o estatuto de obra de arte a estas peças devido ao conjunto de cores e de formas que apresentam, bem como ao conteúdo histórico e artístico que carregam. (10pts)

 

 

2. Qual a definição de arte defendida pela teoria formalista e as principais vantagens que esta teoria traz para a compreensão da experiência estética?

Uma obra é arte se, e só se, tiver uma forma significante e provocar emoções estéticas. A Forma significante é a combinação de cores, linhas e formas, capaz de provocar a emoção estética (condição necessária e suficiente para uma obra ser arte). A "Emoção estética" é um tipo particular de emoção que as pessoas (sensíveis) experimentam quando estão perante uma obra de arte. (10pts) 

A emoção estética provocada pela forma significante presente na verdadeira arte reflete a capacidade desta nos mostrar a natureza das coisas. A emoção estética é um resultado da apreciação desinteressada de uma obra com uma determinada forma, que traduz artisticamente um significado sobre o mundo. (10pts)

Esta teoria tem a vantagem de ser abrangente e conseguir explicar porque é que sentimos uma emoção estética perante uma obra de arte. Tem também a vantagem de basear o estatuto ou a qualidade das obras de arte em fatores objetivos. (10pts)

 3. Identifique a analogia feita no seguinte argumento e explique-a. Formule uma objeção ao argumento.

“De facto, vemos que algumas coisas, carecem de conhecimento, como os corpos naturais, operam por causa de um fim, o que é manifesto porque sempre ou com maior frequência operam do mesmo modo, para atingirem aquilo que é ótimo. Donde, é patente que não é por acaso, mas por intenção, que atingem o fim. As coisas, porém, que não possuem conhecimento, não tendem para um fim a não ser dirigidas por algum cognoscente e inteligente, assim como a seta pelo lançador de setas. Logo, existe algo inteligente, pelo qual todas as coisas naturais são ordenadas para um fim: e isso, dizemos que é Deus”.        

S.Tomás de Aquino

 

 Aspetos a focar na resposta:

a) Identificação da analogia: “Assim como a seta é dirigida para um fim pelo lançador de setas, 

também as coisas que não possuem inteligência nem conhecimento  como os corpos naturais são dirigidos para um fim por um ser inteligente -Deus” 10

b) Explicação: Comparação entre uma seta e o mundo/natureza. Muitas coisas apesar de não  possuírem conhecimento operam para um fim, isto é, operam de uma forma consistente para 

atingirem o seu fim que é o ótimo. Isto não acontece por mero acaso mas por intenção, como 

uma seta não atinge o alvo por mero acaso mas porque é dirigida por um ser inteligente e dotado de uma intenção (arqueiro). Esta analogia visa provar que existe um ser inteligente que intencionalmente dirige as coisas da natureza para atingirem o que é ótimo, porque essas coisas por não possuírem conhecimento não podem saber o que é ótimo. Esse ser só pode ser Deus. 10

c) Objeção – 1.Argumento inválido porque a conclusão não se segue das premissas. As premissas refere alguns precisam de ser ordenados por um ser inteligente para um fim. Não se segue que seja apenas um o ser inteligente ordenador e também não se segue que sejam todas as coisas.

c. A seleção natural como teoria que tem por base o aperfeiçoamento gradual, o que significa que à partida os seres naturais não estão igualmente preparados para atingirem o seu fim e muitos simplesmente não o atingem e desaparecem. Ainda a noção de um acaso que é determinante para a sobrevivência de uma espécie. (10)

4. A imperfeição original das criaturas põe limites à ação do Criador que tende para o bem. E como a matéria mesma é um efeito de Deus, não pode ser ela mesma a fonte do mal e de sua imperfeição. Mostramos que essa fonte se encontra nas formas ou ideais dos possíveis, e que não é algo oriundo de Deus (In: Teodiceia, 31).

Esclareça o problema do mal e, partindo do texto, apresente a resposta de Leibniz a este problema.

a) Formulação do problema:

Se Deus existe é omnipotente e benevolente

Se Deus é omnipotente impede o mal de existir

O mal existe,

Logo Deus não é omnipotente

Se Deus é omnipotente e quer o mal

Então Deus não é benevolente

Portanto, se o mal existe, Deus não existe 15

 

b) Resposta de Leibniz

- O mal existe ele é como um bem menor para atingir um bem maior

O mal é necessário para podermos atingir um bem maior. Por exemplo, sem mal não poderia existir santidade ou heroicidade. O homem não tem a noção do desígnio total de Deus em relação às criaturas pois ele não tem a visão da totalidade mas apenas de uma parte. Logo o mal é consistente com a existência de Deus. A origem do mal não é Deus mas as possibilidades criadas pelo livre-arbítrio do homem. Tal como o texto diz : "A imperfeição original das criaturas põe limites à ação do Criador" . O Mal não tem origem em Deus mas sim nas criaturas que pelo facto de serem criaturas têm uma condição imperfeita (mal metafísico). Apesar dessa imperfeição Deus criou o melhor dos mundos possíveis. O texto acrescenta que o mal se encontra "nas formas dos possíveis" isto é, nas possibilidades que a criatura tem de se aperfeiçoar ou não, e nisso consiste o seu livre arbítrio.  O livre-arbítrio permite a escolha do mal, mas sem essa possibilidade a criatura também não se poderia superar, isto é, escolher o bem.15

Grupo III

Perguntas de resposta breve sem necessidade de desenvolvimento.

1. Formule o argumento ontológico em duas premissas e uma conclusão.

Se é verdade que "Deus é o ser maior que o qual nada pode ser pensado" então Ele tem de existir

pois se não existisse ele não seria "o ser maior que o qual nada pode ser pensado", não seria Deus

logo, Deus existe 

ou

Deus existe no intelecto como "o ser maior que o qual nada pode ser pensado"

se apenas existisse no intelecto e não na realidade não seria "o ser maior que o qual nada pode ser pensado" 

logo, Deus tem que existir na realidade


2. Identifique pelo menos uma limitação à teoria histórica da arte.

 

  • Os artistas podem não ter o direito de propriedade sobre algumas obras.

  • Há obras de arte que não foram criadas com a intenção de serem vistas como obra de arte.

  • Esta teoria não explica como surgiu a primeira obra de arte.



domingo, 6 de junho de 2021

Correção do 4ºTeste -11B -Junho 2021

Baskiat


Grupo II

1. Qual a tese defendida pela teoria da arte como expressão e quais as vantagens desta teoria.

A teoria da arte como expressão defende que uma obra é uma obra de arte se e só se expressar as emoções do seu autor. (10pts).

Apontar pelo menos duas vantagens: 

- explica a razão pela qual sentimos certas emoções ao contemplar certas obras: se o autor expressa as suas emoções na obra é de esperar que a pessoa que a contempla também as experiencie. (10pts)

- É abrangente o suficiente para incluir os casos explicados pela teoria da arte como representação assim como aqueles que ela não conseguia explicar - uma obra pode não representar algo e ainda assim expressar as emoções do seu autor. (10pts)

- Oferece um critério claro para distinguir o que é ou não arte e também nos permite distinguir boa de má arte. (10pts)


2.   Qual a definição de arte avançada pela Teoria da Arte como Forma Significante e que problemas lhe podemos apontar.

 A teoria formalista define arte como aquilo que possui uma forma significante (conjunção de linhas e cores) que provoca uma emoção estética (10pts). 

Podemos apontar algumas limitações a esta teoria (aponta pelo menos 2 das 4): 

a definição é circular: a forma significante é o que provoca uma emoção estética e uma emoção estética é o que é suscitado por uma forma significante (10pts); menospreza a importância da representação - será que o que importa nas obras de arte é apenas a sua forma? (10pts); resolve os casos de disputa recorrendo à noção de que existem pessoas com mais ou menos sensibilidade, sendo que esta explicação suscita algumas dúvidas, parece ser ad hoc, ou é um critério vago (10pts); não explica as obras de arte que são indistinguíveis de objectos comuns como por exemplo algumas das obras de Andy Warhol - será que tanto os objetos comuns como as obras do artista provocam emoção estética? Nenhuma provoca? Ou só as obras do artista? Se sim, porquê, se são indistinguíveis dos objetos comuns? (10pts).


3.                  “Examinemos então este ponto dizendo: Deus é ou não é. Mas para que lado nos vamos inclinar? A razão não pode determinar nada. Existe um caos sem fim que nos separa. Um jogo está sendo jogado no final desta distância infinita, onde se sairá com cruz ou coroa. O que vamos apostar? Racionalmente não o podemos fazer. Não há razões para defender um ou outro.”                                                                                                                                                   Pascal, Pensamentos

 Recorrendo ao texto identifique a posição de partida de Pascal e esclareça o significado da denominada “Aposta de Pascal”. 

 a) Interpretação do texto: A existência de Deus não pode ser provada pela razão, “a razão não pode determinar nada” : A posição de Pascal é agnóstica pois conclui que nos separa uma distância infinita da compreensão e do conhecimento de Deus. Teremos então de apostar sem nenhuma razão que nos possa guiar na aposta, é portanto uma aposta baseada na fé, na crença sem provas.(10)

b)Explicar que a aposta de Pascal consiste em partir de uma posição agnóstica e equacionar o benefício e o prejuízo de acreditar em Deus. Isto é feito porque Deus sendo incognoscível para a razão, só pode ser verdadeiro para quem tem fé, é portanto uma aposta pessoal (10). 

c)Essa aposta tem as seguintes vantagens: Se acreditarmos em Deus e Deus existir temos um ganho infinito, se acreditarmos e não existir, perdemos alguns prazeres finitos; Se não acreditarmos e Deus não existir não perdemos nem ganhamos nada; se não acreditarmos e Deus existir temos uma perda infinita. (10)

4.«Existe, pois, sem a menor dúvida, “alguma coisa maior do que a qual nada pode ser pensado” tanto no intelecto como na realidade.»                             Santo Anselmo, Proslogion


Designação: trata-se do argumento ontológico, é um argumento a priori que parte da definição do conceito de Deus como “ a coisa maior que a qual nada pode ser pensado”. (5)

 Constituição do argumento: Se Deus é o ser maior que o qual nada pode ser pensado é,  grosso modo, o argumento de que Deus, sendo “o ser maior que o qual nada pode ser pensado” tem de existir, pois se Ele não existisse, então seria possível conceber um Deus existente, que seria maior “que o ser maior que o qual nada pode ser pensado”, o que é absurdo. (15)

Objeção: Gaunilo argumentou que deve haver algo errado com ele, porque se não houver então podemos usar a sua lógica de provar coisas que não temos razão para acreditar que sejam verdade.

Por exemplo, Gaunilo argumentou que era possível construir um argumento com exatamente a mesma forma que o argumento ontológico, que se propõe  provar a existência da ilha perfeita: a ilha perfeita deve existir, pois se não, então seria possível conceber uma ilha maior do que a ilha do que a ilha perfeita, o que é absurdo.

Se o argumento ontológico funciona, então, de acordo com Gaunilo, o argumento para a existência da ilha perfeita funciona também.(10)

 

Grupo III

1. Arte é algo sobre o qual se tem direitos de pro
priedade e em relação ao qual houve uma “intenção séria e duradoura de ser vista como uma obra de arte - isto é, vista do modo como as obras de arte preexistentes são ou foram corretamente vistas”(15pts).

 

2. VA Formulação -Todas as coisas têm uma causa, as coisas não podem ser causas de si próprias. Não pode haver regressão infinita de causas ( pois não poderíamos ordenar a cadeia causal por causa intermédia e última), logo, terá de haver uma primeira causa que é Deus. (15)

VB -Teísmo: corrente de pensamento identificada na filosofia da religião como aquela que afirma e acredita na existência de um Deus criador, omnipresente, omnisciente, omnipotente e interventivo. ( Aceita-se a definição geral que designa o termo como identificando uma crença num só Deus ou em vários). Teísta: Aquele que tem a crença num só Deus...(15)