terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Matriz para o 3º teste - Ano letivo 2023/24

 


Estrutura do teste


Teste 1: CONCEPTUALIZAÇÃO 

Grupo I: 10 Perguntas de escolha múltipla (10 x 15 = 150 Pontos).

Grupo II: 2 Perguntas de definições de conceitos (25 + 25 = 50 Pontos). 

TOTAL 200 Pontos.


Teste 2: ARGUMENTAÇÃO/PROBLEMATIZAÇÃO: 

Um grupo com cinco perguntas. 

Destas cinco perguntas, duas incluem textos. 

Todas as perguntas implicam justificação e desenvolvimento, isto é, para além de dominar os conteúdos o aluno deve interpretar, comentar, explicar e criticar. 

5x40 Pontos – TOTAL 200 pontos

 

A prova visa avaliar duas competências: Conceptualização e Argumentação/Problematização. A competência transversal é a comunicação/correção escrita. A prova é constituída por dois testes, em função de cada competência. Cada grupo tem uma pontuação de 0 a 20 valores.



A. Competências relativas à Filosofia da Ciência:

  1. Formular os problemas da Filosofia da Ciência.

  2. Distinguir senso comum de conhecimento científico.

  3. Identificar etapas do método indutivo.

  4. Explicar o problema da Indução para David Hume e Popper.

  5. Identificar etapas do método hipotético-dedutivo.

  6. Formular o problema da demarcação científica.

  7. Explicitar o verificacionismo e o falsificacionismo enquanto critério de demarcação.

  8. Comparar os critérios de demarcação verificacionista e falsificacionista.

  9. Enunciar objeções aos critérios verificacionista e falsificacionista.


  1. Explicar o método das Conjeturas e Refutações de Popper.

  2. Esclarecer o conceito de Conjetura.

  3. Relacionar a noção de “verosimilhança” e “verdade”.

  4. Explicitar a noção de teoria corroborada.

  5. Distinguir corroboração de confirmação.

  6. Justificar a Ciência enquanto processo cumulativo de conhecimentos.


  1. Identificar etapas do desenvolvimento da ciência da ciência para Kuhn.

  2. Caracterizar as diferentes etapas do desenvolvimento.

  3. Definir paradigma.

  4. Explicitar a tese da incomensurabilidade de paradigmas.

  5. Justificar a Ciência enquanto processo não cumulativo de conhecimentos.

  6. Distinguir o processo cumulativo de não cumulativo de conhecimentos.



B. Competências gerais:

 

- Compreender, em linhas gerais, a história da ciência e os métodos científicos.

- Definir os conceitos nucleares da unidade sobre o estatuto do conhecimento científico. 

- Aplicar os conhecimentos adquiridos a novas situações.

- Elaborar respostas bem articuladas.

- Justificar as respostas dadas.

- Analisar um texto filosófico.

- Comentar uma frase aplicando os conhecimentos obtidos.


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Sobre a falsificabilidade

 

Encontrar boas teorias

A teoria de Popper não diz que são igualmente boas todas as teorias que ainda não foram falsificadas. Algumas teorias são melhores do que outras. O que faz uma teoria não falsificada ser preferível a outra é o facto de poder ser mais facilmente falsificada. Mas o que faz uma teoria ser mais facilmente falsificada do que outra? Uma forma de uma teoria ser mais facilmente falsificada deve-se à sua maior abrangência. Consideremos estas duas teorias acerca da gravidade:

Todos os objectos caem em direcção ao centro da Terra.
Em Londres todos os objectos caem em direcção ao centro da Terra.

A primeira teoria é mais abrangente. Prevê tudo o que a segunda prevê e prevê ainda muito mais. Sendo que prevê mais, é mais fácil de falsificar do que a segunda teoria.

Uma teoria é também mais facilmente falsificada se fizer previsões mais precisas. Consideremos a afirmação:

Todas as pessoas felizes usam cores brilhantes.

Trata-se de uma asserção bastante vaga. O que é exactamente a felicidade e como podemos medi-la? Onde está precisamente a fronteira entre ser feliz e não o ser? O que se deve considerar brilhante? Estas e outras questões levantam-se assim que resolvemos testar a afirmação. E é claro, dada a sua vagueza, alguém que esteja interessado em defendê-la pode sempre fugir ao que parece uma falsificação, dizendo “Bem, não era propriamente isso que queria dizer com “brilhante"”, ou “Esta pessoa não é propriamente alguém que eu consideraria “feliz"”. A vagueza faz uma afirmação ser muito mais difícil de falsificar.

Uma teoria que faz previsões precisas e sem ambiguidades acerca de fenómenos quantificáveis e mensuráveis é muito mais fácil de falsificar. Por exemplo, a teoria de que todas as pedras pesam precisamente 500g pode ser facilmente falsificável com a ajuda de uma simples balança. Os instrumentos de medida, como os manómetros ou os termómetros, fornecem aos cientistas ferramentas eficazes para testar as suas teorias.

Stephen 

Law in

https://criticanarede.com/fildaciencia.html

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Texto para resumo Luca 11A e Maria Clara 11I

 


Rudolf Carnap (1966) argumentou contra as teorias das forças vitais na biologia devido ao fato de não fazerem previsões definidas e precisas, e muitas pessoas afirmam que a relatividade geral e/ou a eletrodinâmica quântica são as teorias científicas mais bem-sucedidas de todos os tempos, não apenas porque fazem previsões muito precisas, mas também porque foram confirmadas experimentalmente. O sucesso previsível original e preciso é uma diferença crucial entre a ciência e a pseudociência, mas isso é muitas vezes negligenciado devido à ênfase dada à falsificabilidade. A pseudociência pode ser caracterizada negativamente na medida em que não faz previsões precisas e cuidadosas, enquanto a ciência no geral o faz. O ponto é que este critério levanta problemas a algumas áreas das ciências sociais e da física teórica.

É importante distinguir frases que fazem afirmações factuais sobre o mundo das que não o fazem. Tanto quem fala treta como quem faz pseudociência produz frases com a intenção de convencer a sua audiência de que alguma afirmação factual está sendo feita, quando na realidade não está. Por exemplo, um político, ao lhe ser perguntado como alcançará um certo objetivo à luz de uma dada crítica, pode responder: “o importante é assegurar que, seguindo adiante, criemos processos robustos que entregarão os serviços que o povo corretamente espera serem da melhor qualidade, e é por isso que dei passos no sentido de garantir que as nossas políticas responderão às necessidades existentes”. Ele é bem-sucedido em usar o tempo disponível, utiliza o seu tom de voz e a sua expressão facial para passar uma impressão possivelmente falsa dos seus estados afetivos e valores, e acaba não dizendo nada (ou ao menos nada além das banalidades esperadas). A função deste tipo de treta, como diz Frankfurt, não é originar crenças na audiência, pelo menos crenças sobre o assunto em questão, mas antes provocar crenças sobre o próprio político e os seus bons serviços.

James Ladyman, Filosofia da pseudociência


 


Terá a ciência atingido os seus limites?

Desde os filósofos pré-socráticos até ao presente, a civilização ocidental tem sido virtualmente motivada pela confiança axiomática depositada no progresso científico. Podem ter existido erros (a cosmografia de Ptolomeu), momentos de regressão e de frustração, mas o movimento impulsionador da descoberta e do conhecimento científicos parece ter definido o da própria razão. A relação do pensamento humano com os avanços científicos foi fundamental para a antropologia, para os modelos da história humana implícitos em Galileu e Descartes. Foi fundamental para o estabelecimento da modernidade, do positivismo e do conceito de verdade nos trabalhos de Newton, de Darwin e dos seus sucessores. Por sua vez, as teorias científicas subscreveram a evolução constante da tecnologia na qual as sociedades ocidentais alicerçaram o seu poder. Tal como Bacon e Leibniz pregaram, as portas do progresso científico teórico e aplicado estiveram sempre abertas, definindo o horizonte do amanhã.
Será que continua a ser assim? Estarão agora à vista certos limites, certas barreiras às nossas expectativas? A possibilidade de a Teoria das Cordas não poder ser verificada nem falseada implica uma crise ontológica no seio do próprio conceito de ciência. Há motivos intrínsecos que nos levam a acreditar que a cosmologia e a correspondente exploração do microcosmos são as suas fronteiras. Não há nenhum instrumento de observação por mais sofisticado que seja que nos permita prosseguir para lá das «paredes douradas» externas ou internas do nosso possível universo local. O conhecimento da consciência tem-se mostrado radicalmente evasivo. Pode muito bem acontecer que as analogias computacionais constituam um beco sem saída. A incompletude e a indeterminação, exemplificadas pelas obras de Gödel e de Heisenberg, são «muros» contra as quais a razão embate em vão. A acentuada diminuição do número de estudantes inscritos em cursos de ciências «duras» no Ocidente é sintomática. Tal como o são as novas ondas de racionalismo, irracionalidade, fundamentalismo e superstição que atualmente se abatem sobre nós.
As conjeturas estarão certamente sempre erradas. A biologia sintética e a biogenética, a biocomputação, o aproveitamento de bactérias em processos industriais prometem avanços espectaculares. A matemática progride, por assim dizer, autonomamente. No entanto, talvez as grandes ciências clássicas e a sua autoconfiança se estejam a desvanecer, o que constituiria uma grande revolução em todos os domínios da consciência e da sociedade.
Esta Conferência pretende explorar algumas das possíveis consequências. O Concorde foi uma maravilha aerodinâmica, tecnológica. Não há qualquer intenção de o voltar a fazer voar.


George Steiner


(Texto introdutório da conferência apresentada no dia 25 de Outubro na Fundação Calouste Gulbenkian)

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Texto para Resumo Gustavo 11ºI e Gustavo 11A

 

"O Problema da Indução

Um tipo diferente de objecção à perspectiva simples do método científico levanta-se pelo facto de esta se apoiar na indução e não na dedução. (...) Um argumento indutivo envolve uma generalização baseada num certo número de observações específicas. Se eu observar um grande número de animais com pêlo, concluindo a partir das minhas observações que todos os animais com pêlo são vivíparos (isto é, dão à luz crias em vez de porem ovos), estaria a usar um argumento indutivo. (...) 

Estamos sempre a usar argumentos indutivos. É a indução que nos leva a esperar que o futuro seja semelhante ao passado. (...) As nossas vidas são todas baseadas no facto de a indução nos proporcionar previsões razoavelmente fidedignas acerca do nosso meio e acerca do resultado provável das nossas acções. Sem o princípio da indução, a nossa interacção com o meio seria completamente caótica: não teríamos bases para presumir que o futuro seria como o passado. (...) Toda a regularidade prevista no nosso meio estaria aberta a dúvida. (...)

Apesar deste papel central desempenhado pela indução nas nossas vidas, é um facto indesmentível que o princípio da indução não é inteiramente fidedigno. (...) Para ilustrar este aspecto, Bertrand Russel usou o exemplo de uma galinha que acorda todas as manhãs pensando que, uma vez que foi alimentada no dia anterior, sê-lo-á mais uma vez naquele dia. Um dia acorda e o camponês torce-lhe o pescoço. A galinha estava a usar um argumento indutivo baseado num grande número de observações. Estaremos a ser tão tolos quanto esta galinha, ao apoiarmo-nos tão fortemente na indução?"

Nigel Warburton (2007), Elementos Básicos da Filosofia. Lisboa: Gradiva, pp. 185-187.

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Texto para resumo Beatriz 11I e Gonçalo Alegre 11A


 «Quando liga o computador de manhã confia que ele não vai explodir. Porquê? Porque habitualmente o liga de manhã e até agora nenhuma explosão aconteceu. Mas inferir de “Até agora o meu computador não explodiu quando o liguei de manhã” que “O meu computador não explodirá quando o ligar da próxima vez” é efetuar uma inferência indutiva, não dedutiva. A premissa da sua inferência não implica a conclusão. É logicamente possível que o seu computador expluda da próxima vez que o ligar, embora até agora tal não tenha acontecido. E apesar de tudo, ao longo da nossa vida confiamos nas nossas inferências indutivas, quase sem nisso pensarmos. Em muitos casos, é aconselhável confiar na indução, caso contrário poderemos pensar que se não conseguimos voar até agora tal pode acontecer da próxima vez e saltar de um 7.º andar do edifício em que moramos. Mas argumentar que a indução é digna de confiança porque até agora tem funcionado bem é argumentar de forma indutiva.

E os cientistas usam também o raciocínio indutivo? A resposta é sim. Consideremos uma doença genética conhecia pelo nome de síndroma de Down (S. D.) Os geneticistas dizem-nos que os pacientes de S. D. têm um cromossoma a mais: 47 em vez de 46. Como o sabem? Porque examinaram um vasto número de pacientes com síndroma de Down e verificaram que tinham um cromossoma a mais. Então, raciocinando indutivamente, concluíram que os pacientes com S. D. são todos os pacientes com um cromossoma a mais. O facto de os doentes com S. D. examinados terem um cromossoma a mais não prova, rigorosamente falando, que isso acontece com todos os pacientes de S. D. É possível, embora altamente improvável, que a amostra estudada não seja representativa.

Este exemplo não é caso único. De facto, os cientistas usam o raciocínio indutivo sempre que a partir de um número limitado de casos e de dados formulam conclusões gerais que pretendem valer para todos os casos e dados (é o que fazem constantemente). Consideremos o princípio de que um corpo exerce uma atracão gravitacional sobre outro. Como é óbvio, Newton não examinou todo e qualquer corpo existente no universo para chegar a este princípio – não poderia. Viu que tal princípio era verdadeiro para o Sol e os planetas e para alguns objetos movendo-se perto da superfície da Terra. A partir desses dados inferiu que o princípio da gravitação universal era verdadeiro para todos os objetos. Mais uma vez trata-se de uma inferência indutiva: o facto de o princípio valer para alguns objetos não garante que valha para todos.

Muitos filósofos e cientistas pensam ser óbvio que a ciência se baseia em raciocínios indutivos, pelo menos em grande parte. Mas…» 

SAMIR OKASHA, Philosophy of Science – A Very Short Introduction, Oxford, Oxford University Press, pp. 20-23 (adaptado).