quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Relatório Eduardo Pereira 11D e Diogo Oliveira -11E


RESUMIR ESTE TEXTO ELABORANDO, NO FINAL, UMA CONCLUSÃO:

“Da filosofia nada direi, senão que, vendo que foi cultivada pelos mais excelsos espíritos que viveram desde muitos séculos e que, no entanto, nela não se encontra ainda uma só coisa sobre a qual não se dispute, e por conseguinte que não seja duvidosa, eu não alimentava qualquer presunção de acertar melhor do que outros; e que, considerando quantas opiniões diversas, sustentadas por homens sábios, pode haver sobre uma e mesma matéria, sem que jamais possa existir mais de uma que seja verdadeira, rejeitava como falso tudo quanto era somente verossímil.
Depois, quanto às outras ciências, na medida em que tomam seus princípios da Filosofia, julgava que nada de sólido se podia construir sobre fundamentos tão pouco firmes. E nem a honra, nem o ganho que elas prometem, eram suficientes para me incitar a aprendê-las; pois não me sentia, de modo algum, graças a Deus, numa condição que me obrigasse a converter a ciência numa profissão, para o alívio da minha fortuna; e conquanto não fizesse profissão de desprezar a glória como um cínico, fazia, entretanto, muito pouca questão daquela que eu só podia esperar adquirir com falsos títulos. E enfim, quanto às más doutrinas, pensava já conhecer bastante o que valiam, para não mais estar exposto a ser enganado, nem pelas pro-
|messas de um alquimista, nem pelas predições de um astrólogo, nem pelas imposturas de um mágico, nem pelos artifícios ou jactâncias de qualquer dos que fazem profissão de saber mais do que sabem.
 Eis por que, tão logo a idade me permitiu sair da sujeição de meus precetores, deixei inteiramente o estudo das letras. E, resolvendo-me a não mais procurar outra ciência além daquela que poderia achar em mim próprio, ou então no grande livro do mundo, empreguei o resto de minha mocidade em viajar, em ver cortes e exércitos, em frequentar gente de diversos humores e condições, em recolher diversas experiências, em provar a mim mesmo nos reencontros que a fortuna me propunha e, por toda parte, em fazer tal reflexão sobre as coisas que se me apresentavam, que eu pudesse delas tirar algum proveito. Pois afigurava-se-me poder encontrar muito mais verdade nos raciocínios quecada qual efetua no  respeitante aos negócios que lhe importam, e cujo desfecho, se julgou mal, deve puni-lo logo em seguida, do que naqueles que um homem de letras faz no seu gabinete, sobre especulações que não produzem efeito algum e que não lhe trazem outra consequência senão talvez a de lhe proporcionarem tanto mais vaidade quanto mais distanciadas do senso comum.
E eu sempre tive um imenso desejo de aprender a distinguir o verdadeiro do falso, para ver claro nas minhas ações e caminhar com segurança nesta vida.
É certo que, enquanto me limitava a considerar os costumes dos outros homens, pouco encontrava que me satisfizesse, pois advertia neles quase tanta diversidade como a que notara anteriormente entre as opiniões dos filósofos. De modo que o maior proveito que daí tirei foi que, vendo uma porção de coisas que, embora nos pareçam muito extravagantes e ridículas, não deixam de ser comumente acolhidas e aprovadas por outros grandes povos, aprendi a não crer demasiado firmemente em nada do que me fora inculcado só pelo exemplo e pelo costume; e, assim, pouco a pouco, livrei-me de muitos erros que podem ofuscar a nossa luz natural e nos tornar menos capazes de ouvir a razão.”

Descartes, Discurso do Método, 1637
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quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Racionalismo e empirismo


O que é racionalismo?
Para a abordagem racionalista, o conhecimento tem sua fonte na razão, sendo que tal conhecimento é inato e independente das experiências sensoriais. Um exemplo clássico do racionalismo é o estudo da matemática, no qual 1+1 = 2. Ou seja, não são necessárias experiências sensoriais para chegar a esse raciocínio.
Para o racionalismo, o conhecimento inato consiste num conhecimento de ordem superior que dá acesso a uma verdade profunda que vai além do que conhecemos no quotidiano. Na abordagem racionalista, há basicamente 3 caminhos pelos quais os seres humanos chegam ao conhecimento. São eles:


  • Dedução: consiste na aplicação de princípios concretos para se chegar a conclusões.
  • Ideias inatas: de acordo com esse conceito, os seres humanos nascem com verdades essenciais/fundamentais e até mesmo experiências que trazemos de vidas anteriores.
  • Razão: trata-se do uso da lógica na determinação de uma conclusão.
O que é empirismo?
Já de acordo com o empirismo, os conhecimentos dos seres humanos são provenientes da experiência sensorial (relacionada com os sentidos). Desse modo, os únicos tipos de conhecimentos validados pela abordagem empirista são aqueles que podem ser medidos e verificados.
Essa abordagem possui dois princípios básicos, que são:
  • Experiências sensoriais: elas podem ser simples ou complexas, tendo como meio a utilização dos 5 sentidos, que são: visão, audição, olfato, paladar e tato.
  • Indução: a base desse princípio é a de que poucas coisas podem ser conclusivas, sobretudo quando elas não passam pela experiência.
Afinal, qual a diferença entre racionalismo e empirismo?
Para chegarmos a uma conclusão sobre qual a diferença entre racionalismo e empirismo, basta pensarmos que o racionalismo valoriza a razão enquanto que o empirismo valoriza a experiência dos sentidos

CORREÇÃO TPC - TEXTO DE GETTIER


CORREÇÃO FICHA 2
1. O autor (Edmund Gettier) pretende mostrar que podemos ter uma crença verdadeira e esta estar justificada  por um facto e, isso não é suficiente para termos conhecimento.

2. O argumento de Gettier dá-nos um contraexemplo que põe em causa a teoria tradicional sobre o conhecimento, teoria apresentada por Platão no Teeteto. Através de uma situação hipotética de dois homens Smith e Jones. Smith tem boas razões a favor da crença que Jones seu companheiro , vai obter o emprego que ambos desejam. Smith sabe que Jones tem dez moedas no bolso e a partir da crença que Jones vai ficar co o emprego forma outra crença “ O homem que vai ficar com o emprego tem dez moedas no bolso”. Na verdade não é Jones mas Smith quem vai ficar com o emprego. E Smith também tem dez moedas no bolso. Assim a segunda crença de Smith é verdadeira e está justificada, visto que é inferida dedutivamente de uma crença justificada (Jones vai ficar com o emprego). Mas Smith não tem conhecimento porque o homem que fica com o emprego e tem dez moedas no bolso é Smith e não Jones.

3. Poderemos dizer que temos de ter boas razões para apoiar determinada crença, mas que nem sempre ter boas razões é suficiente para assegurar a verdade da nossa crença, pois podemos estar num estado cognitivo que não nos permite ter acesso a certos factos que podem desmentir a nossa crença.

CORREÇÃO DO TPC TEXTO DE KANT



“Não resta dúvida de que todo o nosso conhecimento começa pela experiência; efetivamente, que outra coisa poderia despertar e por em ação a nossa capacidade de conhecer senão os objetos que afetam os nossos sentidos e que, por um lado, originam por si mesmos as representações e, por outro lado, põem em movimento a nossa faculdade intelectual e levam-na a compará-las, ligá-las ou separá-las, transformando assim a matéria bruta das impressões sensíveis num conhecimento que se denomina experiência? Assim, na ordem do tempo, nenhum conhecimento precede em nós a experiência e é com esta que todo o conhecimento tem o seu início.
TESE: Se, porém, todo o conhecimento se inicia com a experiência, isso não prova que todo ele derive da experiência. Pois bem poderia o nosso próprio conhecimento por experiência ser um composto do que recebemos através das impressões sensíveis e daquilo que a nossa própria capacidade de conhecer (apenas posta em ação por impressões sensíveis) produz por si mesma, acréscimo esse que não distinguimos dessa matéria-prima, enquanto a nossa atenção não despertar por um longo exercício que nos torne aptos a separá-los.
Há pois, pelo menos, uma questão que carece de um estudo mais atento e que não se resolve à primeira vista; vem a ser esta: PROBLEMA: se haverá um conhecimento assim, independente da experiencia e de todas as impressões dos sentidos. Denomina-se a priori esse conhecimento e distingue-se do empírico, cuja origem é a posteriori, ou seja, na experiência”.
CONCEITOS: Experiência; Conhecimento a priori; Conhecimento a posteriori;
KANT, IMMANUEL, Crítica da Razão Pura

1. Indique a tese principal do texto bem como o problema  e os conceitos.
2. Formule a sua opinião acerca do problema colocado por Kant.
3. Exemplifique 2 proposições que revelem conhecimento a priori e duas proposições que revelem conhecimento a posteriori.
EXEMPLOS:
“O triângulo tem três lados.”   Conhecimento a priori

“O Sol nasce todos os dias.” Conhecimento a posteriori.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Relatório Fábio 11D - Para terça -9 de Outubro

Henry está a ver televisão numa tarde de Junho. Assiste à final masculina de Wimbledon e, na televisão, McEnroe vence Connors; o resultado é de dois a zero e «match point» para McEnroe no terceiro «set». McEnroe ganha o ponto. Henry crê justificadamente que
1 acabei de ver McEnroe ganhar a final de Wimbledon deste ano, e infere sensatamente que
2 McEnroe é o campeão de Wimbledon deste ano.
No entanto, as câmaras que estavam em Wimbledon deixaram na realidade de funcionar, e a televisão está a passar uma gravação da competição do ano passado. Mas enquanto isto acontece, McEnroe está prestes de repetir a retumbante vitória do ano passado. Portanto a crença 2 de Henry é verdadeira, ele tem decerto justificação para nela crer. Contudo, dificilmente aceitaríamos que Henry conhece 2.
Este tipo de exemplo contrário à descrição tripartida do conhecimento é conhecido como exemplo contrário de Gettier, segundo E. L. Gettier (1963). (Devo este exemplo específico a Brian Garrett.) Gettier argumentava que eles mostram que a descrição tripartida é insuficiente; é possível que alguém não conheça, mesmo que as três condições sejam realizadas.Gettier não põe aqui em causa nenhuma das três condições. Aceita que elas são individualmente necessárias, e apenas argumenta que precisam de ser complementadas. (...)
O exemplo contrário de Gettier é por conseguinte um exemplo em que "a" tem uma crença justificada mas falsa por inferência a partir da qual ele justificavelmente crê que algo que acontece é verdadeiro, e chega deste modo a uma crença verdadeira justificada que não é conhecimento.Que resposta poderá ser dada a estes infames mas ligeiramente irritantes exemplos contrários? Parece haver três vias possíveis:
1 encontrar algum meio de demonstrar que os exemplos contrários não funcionam;
2 aceitar os exemplos contrários e tentar encontrar um complemento à análise tripartida que os exclui;
3 aceitar os exemplos contrários e alterar a análise tripartida para os incluir em vez de lhe acrescentar o que quer que seja.
O restante prende-se com a primeira via.
Em que princípios de inferência se baseiam estes exemplos contrários? O próprio Gettier apresenta dois. Para que os exemplos funcionem, deve ser possível que uma crença falsa continue a ser justificada; e uma crença justificada deve justificar qualquer crença que ela implique (ou que se creia justificadamente que implique). Este último é precisamente o princípio da oclusão POj acima mencionado na discussão do cepticismo (1.2). Portanto, se pudéssemos mostrar que POj é falso, isto teria o duplo efeito de destruir os exemplos contrários de Gettier bem como (pelo menos em parte) o primeiro argumento céptico. Poderia ser, contudo, possível construir novas variantes do tema Gettier que não se baseiam na inferência ou numa inferência deste tipo, como veremos a seguir, e sendo assim não há queixas acerca do PO% ou de outros princípios que venham a ser muito eficientes.
Uma coisa que não podemos fazer é rejeitar os exemplos contrários de Gettier como forjados e artificiais. São perfeitamente eficientes nos seus próprios termos. Mas poderíamos sensatamente perguntar de que serve cansar o cérebro a descobrir uma definição aceitável de «a sabe que p». Será isto mais do que um mero exercício técnico? O que nos desconcertaria no facto de não conseguirmos elaborar uma definição à prova de problemas? Muitas das inúmeras dissertações escritas em resposta a Gettier dão a impressão de que responder a Gettier é uma espécie de jogo filosófico privado, que não tem qualquer interesse a não ser para os jogadores. E não nos demonstrou afinal Wittgenstein que um conceito pode ser perfeitamente legítimo sem ser definível, argumentando que não é indispensável que exista qualquer elemento comum a todos os casos de uma propriedade (p. ex. casos de conhecimento) para além do facto de serem casos (p. ex. de que são conhecimento)? (Cf. Wittgenstein, 1969b, pp. 17-18, e 1953, §§ 66-7.) Então o que é que poderia afinal depender do nosso êxito ou malogro para descobrir condições necessárias e suficientes para o conhecimento?
Ver mais aqui

Jonathan Dancy (1990), Epistemologia Contemporânea, Ed.70, Lx

TPC 11º E - Para quarta-feira dia 10 de Outubro



                   


 “Não resta dúvida de que todo o nosso conhecimento começa pela experiência; efetivamente, que outra coisa poderia despertar e por em ação a nossa capacidade de conhecer senão os objetos que afetam os nossos sentidos e que, por um lado, originam por si mesmos as representações e, por outro lado, põem em movimento a nossa faculdade intelectual e levam-na a compará-las, ligá-las ou separá-las, transformando assim a matéria bruta das impressões sensíveis num conhecimento que se denomina experiência? Assim, na ordem do tempo, nenhum conhecimento precede em nós a experiência e é com esta que todo o conhecimento tem o seu início.
Se, porém, todo o conhecimento se inicia com a experiência, isso não prova que todo ele derive da experiência. Pois bem poderia o nosso próprio conhecimento por experiência ser um composto do que recebemos através das impressões sensíveis e daquilo que a nossa própria capacidade de conhecer (apenas posta em ação por impressões sensíveis) produz por si mesma, acréscimo esse que não distinguimos dessa matéria-prima, enquanto a nossa atenção não despertar por um longo exercício que nos torne aptos a separá-los.
Há pois, pelo menos, uma questão que carece de um estudo mais atento e que não se resolve à primeira vista; vem a ser esta: se haverá um conhecimento assim, independente da experiencia e de todas as impressões dos sentidos. Denomina-se a priori esse conhecimento e distingue-se do empírico, cuja origem é a posteriori, ou seja, na experiência”.

KANT, IMMANUEL, Crítica da Razão Pura

1. Indique a tese principal do texto bem como o problema  e os conceitos.
2. Formule a sua opinião acerca do problema  colocado por Kant.
3. Exemplifique 2 proposições que revelem conhecimento a priori e duas proposições que revelem conhecimento a posteriori.
                                             Dan O'Brien, Introdução à Teoria do Conhecimento