quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Lógica: PARA ORGANIZAR OS CONCEITOS. (1/4 Aula de Lógica)




Street Art, David Walker


A. Ponto teórico prévio:



Compreender os instrumentos do pensamento e do discurso permite-nos compreender a sua estrutura.


São esses instrumentos que permitem o conhecimento.


É a análise desses instrumentos, isto é da estrutura do pensamento, que é o trabalho da Lógica. A verdade não é objecto de estudo da Lógica mas sim das outras ciências.


Esse trabalho pretende determinar e explicar a validade dos nossos raciocínios, que se traduzem em argumentos quando são expressos numa linguagem.


A lógica estuda, portanto, a estrutura do pensamento, a forma e as condições da validade dos raciocínios ou argumentos.


B. Os instrumentos que estruturam o pensamento:



1. Os Conceitos ou Termos


O primeiro elemento que compõe a estrutura do pensamento é o conceito.


O conceito é uma abstracção, ou ideia. É produto do pensamento e pretende pensar e referir classes de objectos com as mesmas características.


Cada conceito tem assim, uma compreensão e uma extensão.


A compreensão do conceito implica o seu significado, a ideia que lhe subjaz.


Por exemplo “estrela”: “astro com luz própria” esta é a ideia ou significado do conceito.


A sua extensão corresponde a todos os elementos que têm estas características.


A extensão de um conceito é inversamente proporcional à sua compreensão.


Porque para compreender estrela tenho de compreender o que é um astro e tenho de compreender o que significa ter luz própria, mas para compreender astro eu não preciso de compreender estrela, logo o conceito de astro tem mais extensão mas menos compreensão.


Aos conceitos, quando expressos numa linguagem , chamamos Termos Gerais. Distinguem-se dos termos singulares que expressam nomes, classes com apenas um elemento.Na lógica formal ou dedutiva podemos formalizar os conceitos substituindo-os por letras porque o seu conteúdo é irrelevante.(chamam-se variáveis).


2. Os Juízos ou Proposições


A relação entre conceitos/termos permite o conhecimento do mundo. Exemplo:


“O Sol é uma estrela. “ ou “ O Sol não é um planeta” Ao relacionar conceitos fazemos juízos, isto é declarações sobre os conceitos. Nestas declarações pode-se afirmar ou negar um conceito de outro.


Os juízos são frases declarativas que têm valor de verdade, Isto é, podem ser verdadeiras ou falsas. Serão verdadeiras quando o conteúdo do que é pensado e dito corresponde à realidade e falsas se isso não ocorrer.


Há frases que não são juízos porque não são verdadeiras nem falsas. Por exemplo:


“Aconselho-te a pagar impostos” ou “ Importas-te de fechar a porta!”


As frases que contêm juízos quando expressos numa linguagem chamam-se proposições. Na linguagem da lógica formal porque podemos substituir a linguagem natural por uma linguagem simbólica, uma vez que em lógica formal o conteúdo do que se diz é irrelevante e apenas interessa a forma lógica ou estrutura do raciocínio.


São muitos os juízos/proposições que fazemos sobre a realidade. Vamos estudar apenas três tipos de proposições, as mais elementares:


Categóricas: Forma lógica: A é B Exemplo: “Estrela é um astro com luz própria.” Estudadas por Aristóteles.


Condicionais ou hipotéticas: Forma lógica: Se A então B Exemplo: “Se as estrelas são astros então são corpos do universo”


Disjuntivas: Ou A ou B “ Ou as estrelas são acessíveis ao homem ou só podemos fazer conjecturas sobre elas.”


3. Os Raciocínios ou Argumentos.


Com os juízos/proposições podemos construir raciocínios. Os raciocínios quando expressos numa linguagem chamam-se argumentos. Os raciocínios/argumentos são inferências em que de uma ou mais proposições retiramos uma outra que é a conclusão. Os elementos que constituem o argumento são as premissas (as proposições que sustentam racionalmente a conclusão) e a conclusão ( proposição sustentada e justificada pelas premissas). Os argumentos são o objecto de estudo da lógica. A propriedade de um argumento é a validade. Serão válidos os argumentos em que as premissas sustentam a conclusão e inválidos se isso não acontecer, isto é, se as premissas não sustentarem a conclusão. Sendo essa definição apropriada para a lógica formal e informal, isto é para todo o tipo de argumentos. Quando inválidos cometem falácias, erros de raciocínio.


4. Argumentos dedutivos e indutivos


A. Os argumentos dedutivos são estudados na lógica formal porque podem ser reduzidos a uma forma lógica.


Os argumentos dedutivos utilizam nas premissas e conclusão proposições do tipo que vimos acima. Sendo chamados de Silogismos (se utilizam proposições categóricas) Hipotéticos (se utilizam proposições hipotéticas) e Disjuntivos (Se utilizam proposições disjuntivas).


A validade na lógica formal é independente do conteúdo daquilo que se diz e depende apenas da forma lógica. Há formas lógicas válidas e formas inválidas ou falaciosas. Como este tipo de argumentos preserva na conclusão a verdade das premissas, podemos enunciar a validade dedutiva do seguinte modo: se admitirmos a verdade das premissas a conclusão tem de ser verdadeira (não pode ser falsa). Pois num argumento dedutivo a verdade das premissas sustenta a verdade da conclusão. Mas se as premissas forem falsas o argumento pode ser válido (porque tem uma forma válida) mas aí já não está assegurada a verdade da conclusão, que tanto pode ser verdadeira como falsa. Estes argumentos embora válidos não são sólidos. Um argumento dedutivo válido não pode, portanto, ter premissas verdadeiras e conclusão falsa.


B. Para além dos raciocínios/argumentos dedutivos há outros tipos de raciocínios/argumentos não dedutivos ou indutivos que são estudados pela lógica informal. Estes não podem ser reduzidos a uma forma lógica, a sua validade depende do conteúdo das premissas e da conclusão. Nos argumentos não dedutivos válidos se as premissas forem verdadeiras a conclusão é provavelmente verdadeira mas pode ser falsa. Ao contrário dos argumentos dedutivos, a conclusão não é necessariamente verdadeira se as premissas forem verdadeiras, mas apenas, provavelmente verdadeira.


Nestes argumentos a conclusão acrescenta conhecimento às premissas, enquanto na dedução isso não acontece. Por outro lado estes argumentos são menos rigorosos uma vez que a conclusão pode não manter a verdade das premissas.


Serão válidos se as premissas sustentarem racionalmente a conclusão, se isso não acontecer, é porque o argumento comete uma falácia, assim sendo as premissas não sustentam a conclusão e o argumento não é válido.

Responda, numa folha, às seguintes questões:


1. O que estuda a Lógica?


2. Quais os instrumentos da lógica?


3. O que é um Conceito/Termo?


4. Qual o conceito com maior extensão “Frase” ou “Juízo”?


5. O que é um juízo/proposição?


6. O que é um argumento?


7. Distinga verdade e validade lógicas.


8. O que determina a validade de um argumento dedutivo?


9. Distinga argumentos dedutivos de argumentos indutivos (não dedutivos).

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