Ficha sobre T. Kuhn (1922/1996)- 11º C - Para entregar até quarta-feira /21 de Maio/ Logosfera
[...A] «ciência normal» refere-se à
investigação firmemente baseada numa ou mais realizações científicas passadas,
realizações essas que uma certa comunidade científica reconhece por um tempo
como base do trabalho que realiza. Essas realizações aparecem hoje em dia descritas
nos manuais científicos, sejam eles elementares ou avançados, embora raramente
na sua forma original. Estes manuais expõem o corpo teórico aceite,
exemplificam muitas ou todas as suas aplicações bem-sucedidas e comparam estas
aplicações com observações e experiências científicas exemplares. Antes de
estes livros se tornarem populares no início do século XIX (e mais recentemente
nas ciências que atingiram a maturidade mais tarde), muitos dos clássicos
famosos da ciência desempenhavam uma função semelhante. A Física de
Aristótles, o Almagesto de Ptolomeu, os Principia e a Óptica
de Newton, a Electricidade de Franklin, a Química de Lavoisier e
a Geologia de Lyell – estas e muitas outras obras serviram durante um
tempo para definir implicitamente os problemas e métodos legítimos dentro de um
campo de pesquisa para as gerações subsequentes de investigadores. Estas obras
desempenharam este papel porque tinham em comum duas características
essenciais. A realização científica que representavam era suficientemente
inovadora para atrair um grupo de aderentes estável, afastando-os de formas
rivais de actividade científica. Simultaneamente, eram de tal modo indefinidas
que uma grande variedade de problemas eram deixados em aberto, ficando o grupo
de investigadores que entretanto se reorganizara com a tarefa de procurar
resolvê-los.
Referir-me-ei daqui em diante às
realizações científicas que partilham estas duas características como
«paradigmas», um termo muito próximo de «ciência normal». Ao escolhê-lo, quis
sugerir que alguns exemplos aceites de prática científica concreta – exemplos
que reúnem leis, teorias, aplicações e instrumentos – fornecem modelos que dão
lugar a uma determinada tradição de investigação científica coerente. Falo das
tradições que os historiadores descrevem sob rubricas como «astronomia
ptolomaica» (ou «coperniciana»), «dinâmica aristotélica» (ou «newtoniana»),
«óptica corpuscular» (ou «óptica ondulatória»), e assim por diante. O estudo
dos paradigmas, incluindo muitos que são bastante menos especializados do que
aqueles a que me referi acima, é aquilo que prepara fundamentalmente o
estudante para se tornar membro da comunidade científica no seio da qual
exercerá a sua prática. Pelo facto de se associar a homens que aprenderam as
bases do seu campo de trabalho com os mesmos modelos, a sua prática subsequente
dificilmente suscitará discordância aberta sobre questões fundamentais. Os
homens cuja investigação se baseia em paradigmas partilhados empenham-se em
seguir as mesmas regras e critérios de prática científica. Esse comprometimento
e o consenso aparente que ele produz são requisitos da ciência normal, isto é,
do nascimento e continuação de uma determinada tradição de estudo científico.
Thomas
S. Khun, A estrutura das revoluções científicas (1963)(Lisboa, Guerra e Paz,
2009), pp. 31-32.
1. O que é e como funcionam os cientistas no período de "Ciência normal"?
2. Quais os critérios pelos quais determinadas obras teóricas constituem paradigmas de investigação?
3. O que é um Paradigma? Dê exemplos.
4. Qual a função destes Paradigmas?
5. A ciência evolui, então, de forma descontínua. Explique.
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