quinta-feira, 15 de maio de 2014

Texto para resumo Kleber Sibingo 11I



Texto sobre a natureza dos Paradigmas científicos.

Os cientistas gostam de pensar que contribuem para a marcha constante do progresso. Cada nova descoberta corrige deficiências, traz aperfeiçoamentos ao conhecimento e torna a verdade cada vez mais clara. Voltam os olhos para a história da ciência e observam um contínuo desenvolvimento, convenientemente assinalado pelas grandes descobertas.

Essa visão, entretanto, é ilusória, segundo o historiador de ciência Thomas Kuhn, no livro The Structure of Scientific Revolutions (1962). A ciência não é uma transição suave do erro à verdade, mas sim uma série de crises ou revoluções, expressas como "mudanças de paradigmas".

Kuhn define "paradigma" como uma série de suposições, métodos e problemas típicos, que determinam para uma comunidade científica quais são as questões importantes, e qual a melhor maneira de lhes responder. (A óptica newtoniana e a psicanálise freudiana são bons exemplos.) Os estudos de Kuhn revelaram duas coisas: que os paradigmas são persistentes e que um derruba o outro de uma só tacada e não com pequenos golpes. O progresso científico é mais para uma série de transformações do que um crescimento orgânico -- Eureka

 
A vantagem de um paradigma é que ele concentra a pesquisa. Sem um paradigma, investigadores diferentes acumulam pilhas diferentes de dados quase ao acaso e ficam ocupados em dar um sentido ao caos e derrotar as teorias concorrentes para progredir de forma consistente. O problema com os paradigmas é que eles tendem tornar-se fechados e rígidos. Novos avanços tornam-se cada vez mais esotéricos e acessíveis apenas a quem os professa. Os cientistas que têm alguma coisa a oferecer mas rejeitam o paradigma, são frequentemente descartados como "excêntricos". Caminhos de pesquisa potencialmente frutíferos são bloqueados porque não partem de premissas aceites. Embora possibilite descobertas, todo paradigma, é também um tipo de cegueira: ele dispõe-nos a ver algumas coisas e a ignorar inteiramente outras.

Os paradigmas, entretanto, têm de sofrer mudanças quando os modelos antigos são convincentemente desafiados por novas evidências. Foi o que aconteceu, por exemplo, quando Galileu descobriu que Júpiter tinha luas e com isso ajudou a derrubar a astronomia Ptolomaica. (Nessas ocasiões, é claro que muitos, inclusive a Igreja, agarram-se desesperadamente aos velhos paradigmas.) O ponto central de Kuhn é que as mudanças de paradigmas, por serem bruscas e dilacerantes, desafiam a imagem idealizada da ciência como um progresso gradual e constante em direcção à Verdade. Enquanto um paradigma se mostrar eficiente -- enquanto uma comunidade científica o aceitar e ele explicar razoavelmente bem a natureza -- as pesquisas e as descobertas serão graduais e cumulativas. Porém, as inovações (observações inesperadas e anomalias) não são facilmente assimiladas pelos paradigmas. Pelo menos, não por muito tempo. Revoluções científicas -- mudanças de paradigmas -- são inevitáveis e necessárias, na medida que as teorias reinantes são incompletas ou cegas.

O que torna isso interessante para todos, não só para os cientistas, é que a mudança de um paradigma científico frequentemente acarreta uma nova, e às vezes atemorizante, visão do mundo. A revolução de Copérnico tirou o homem do centro do mundo e forçou-o a ver sob novas luzes a criação e o lugar que nela ocupa. Kepler, Newton e seus pares imaginaram um universo mecânico funcionando como um relógio -- um relógio no qual Deus nunca precisou dar corda novamente – o determinismo-. A relatividade de Einstein e a incerteza de Heisenberg, embora altamente técnicas nos detalhe, infiltraram-se na consciência popular, e o mundo aparece mais relativo e incerto do que nunca. A parte mais assustadora de todas é que o próximo paradigma não pode ser previsto, já que vemos o futuro através do paradigma que temos no presente.

 Retirado daqui

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