segunda-feira, 3 de março de 2014

Correcção do teste de Fevereiro 11ºAno




1.Depois de concluir que de todas as verdades que julgara possuir só uma, a de que existia, parecia ser certa e inabalável, Descartes, fica sozinho com esta única certeza, não podendo provar que as coisas em redor dele existiam e sem poder confiar  em qualquer conhecimento obtido pela experiência. Visto considerar-se imperfeito, pois via claramente que duvidar e errar eram imperfeições e que há mais perfeição em quem não erra do que em quem erra (conhecer é perfeição maior que duvidar), interroga-se então qual a origem desta sua  ideia de perfeição? Não podia ser ele próprio, nem podia surgir do nada, visto que
 (não há menos repugnância em que o mais perfeito seja uma consequência e uma dependência do menos perfeito do que em admitir que do nada procede alguma coisa).

 Também não podia surgir da natureza porque nada na natureza lhe parecia superior a ele. Mas esta ideia não poderia ser retirada de algo que possuísse algumas imperfeições, só podia ter como causa um ser sumamente perfeito. (restava apenas que tivesse sido posta em mim por uma natureza que fosse verdadeiramente mais perfeita que a minha). A causa da minha ideia de perfeito só pode ser um ser com todas as perfeições, esse ser só pode ser Deus. Logo, Deus existe.

2. A dúvida metódica foi a forma encontrada por Descartes para superar as dúvidas e as incertezas dos cépticos que punham em causa a possibilidade de um conhecimento verdadeiro. Com a dúvida metódica, Descartes conseguiu demonstrar que há verdades indubitáveis e que se auto-justificam,  isto é, não necessitam  de outras crenças para se justificarem . Contraria assim o argumento da regressão infinita utilizado pelos cépticos para criticar o conhecimento, alegando que nenhuma crença está justificada porque necessita sempre de outra que a justifique.
A dúvida metódica  consiste em examinar sistematicamente os fundamentos de todas as crenças e considerar falso tudo o que fosse apenas duvidoso. Assim, as etapas da dúvida metódica são: 1ª Duvidar dos sentidos; 2ª Duvidar da existência do mundo; 3º Duvidar das verdades da razão.
Argumento 1: Uma vez que os sentidos nos enganam algumas vezes, podemos duvidar do que vemos ou sentimos, logo, não podem ser os fundamentos inabaláveis do conhecimento.

Argumento 2 : A realidade que vemos depende do estado de vigília que julgamos ter, mas não poderemos pensar que se trata de um sonho? No sonho estamos perante factos e, no entanto eles não são reais, o mesmo pode acontecer com toda a realidade exterior, que poderemos estar a sonhar e, por isso não ser real.

Argumento 3: As verdades matemáticas são inabaláveis mas poderíamos supor a existência de um génio maligno que nos enganasse sempre que pensamos numa verdade matemática levando-nos a dar o consentimento a algo que é falso. Assim a certeza das verdades matemáticas também é colocada em questão.

3. Um bom orador é capaz de persuadir qualquer pessoa sobre qualquer assunto, mesmo que nada saiba sobre ele, (não tem necessidade de conhecer o que é justo) apenas tem que parecer que conhece face à multidão (que aparente sê-lo à multidão que deve julgar). Deste modo a Retórica é uma falsa Arte porque manipula e ilude parecendo aquilo que não é. Concentra-se na forma de tornar o discurso agradável e não com o seu conteúdo de verdade.
Para Platão a questão principal do discurso e do conhecimento não é a persuasão, um orador não deve ter o propósito de persuadir, isto é, de conseguir a concordância de todos, o seu único propósito deve ser a verdade. Ora para os sofistas,  a verdade não existe ou se existe nada se pode saber sobre ela, logo,  o homem é a medida de todas as coisas, só ele pode decidir em cada situação o que é verdade, mas essa verdade varia de homem para homem de acordo com os seus interesses e perspectivas. Para os sofistas só podemos ter opiniões e todas as opiniões valem o mesmo, a sua aceitação por parte do auditório depende apenas do modo como a defendemos, daí que a arte de argumentar e a eloquência sejam importantes e decisivas. A educação dos jovens deve ter como principal disciplina a Retórica porque com ela se alcança o sucesso.
Para Platão, a verdade não pode ser uma mera opinião aprendida com outros, implica um conhecimento, uma investigação racional que afasta todas as opiniões.  A opinião é uma aparência de verdade, mesmo quando verdadeira a opinião ainda não é conhecimento. Para ser conhecimento tem de estar justificada com razões, não razões que a tornem mais agradável e verosímil, mas razões que a demonstrem, isto é que mostrem que é assim e não pode ser de outro modo

Grupo III
1. Não, a afirmação é falsa, a crença verdadeira não é conhecimento porque podemos ter uma crença verdadeira por mera sorte, ou por acaso. Visto o Pai Natal não existir, o João não tem nenhuma justificação para a sua crença, e se teve prendas foi porque os pais lhe dera, logo a sua crença é verdadeira por puro acaso.

2. A fenomenologia do conhecimento reduz o fenómeno do conhecimento a uma relação entre o sujeito (o que conhece) e um objecto (o que é conhecido). Descreve esta relação como uma correlação visto que não pode haver sujeito sem objecto nem objecto sem sujeito, existem apenas na relação embora sejam opostos um ao outro pois têm funções diferentes que não se podem permutar. A função do sujeito é activa, produz uma imagem ou representação do objecto e a função do objecto é passiva, porque se deixa apreender. Todavia nesse acto de apreensão o objecto permanece como transcendente ao sujeito nunca podendo reduzir-se à esfera da sua representação mental.

3. É uma falácia de Bola de Neve. Retira-se uma conclusão catastrófica a partir das premissas. As premissas não justificam a conclusão porque são exageradas e encadeadas de forma a retiraram conclusões precipitadas e irrealistas.

Grupo IV
Hume é um filósofo empirista porque rejeita um conhecimento do mundo fundado em ideias a priori. Defende a tese de que nada existe na mente que não tenha passado antes pelos sentidos, que nos possibilitam as impressões sem as quais as ideias não são possíveis. Fundamenta-se na noção de que qualquer conceito para ter um significado tem que se referir a uma sensação/impressão, essas sensações são simples e a mente neste primeiro momento capta apenas as sensações e depois por memória, e através das operações da mente forma os conceitos ou ideias, estas não são tão vivas como as sensações ou impressões o que quer dizer que são posteriores a estas. O empirismo admite ser o conhecimento adquirido por impressões e fundamentado na experiência sem a qual não é possível nenhum tipo de organização racional, a experiência é o ponto de partida e critério de verdade, sendo verdadeiro tudo o que se adequa aos factos; se o processo privilegiado é a indução então não pode haver garantia de um conhecimento com validade universal porque a experiência dá-nos um número limitado de factos e não todos, é limitada no tempo, é válida até ao presente.

Racionalismo cartesiano como perspectiva filosófica, fundamenta o conhecimento na razão e na capacidade desta retirar ideias a partir de outras ideias de forma evidente e dedutiva sem recorrer à experiência - ideias inatas. O Modelo de conhecimento verdadeiro para os racionalistas é o modelo matemático porque tem necessidade lógica e validade universal. Descartes é um filósofo racionalista porque defende a possibilidade de um conhecimento “a priori”. O critério da verdade do conhecimento é a evidência das ideias, uma vez que uma ideia é tão clara e distinta que se apresenta inquestionável à razão, essa ideia é verdadeira. Segundo o modelo matemático estas ideias são como axiomas que servem como fundamentos para outros conhecimentos deduzidos a partir delas.

O racionalismo considera válido apenas o conhecimento universal e necessário e defende que este é possível, enquanto o empirismo não pode fundamentar este tipo de conhecimento a partir dos factos, dos factos só podemos ter um conhecimento com um certo grau de probabilidade.


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