quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Proposta de correção do 1º teste.

 


1ª PROVA DE AVALIAÇÃO DE FILOSOFIA -11º Ano

Professora Helena Serrão - Duração da prova: 90m –

Paço de Arcos, 30 outubro de 2025

Este elemento de avaliação é composto de dois testes, cada um é avaliado de 0 a 20 valores.

Cada teste avalia competências diferentes: O primeiro teste avalia a competência do domínio dos conceitos: Conceptualização que vale 40% na avaliação final. O segundo teste destina-se a avaliar as competências de Problematização e Argumentação que valem 30% na avaliação final.

Primeiro Teste – Conceptualização

• Grupo I - 10 questões de escolha múltipla (10x13 pontos=130 pontos)

• Grupo II - 2 questões de definição de conceitos (2x35 pontos=70 pontos) Total - 200 Pontos

 Segundo Teste – Problematização e Argumentação

Cinco questões de desenvolvimento. Todas as respostas exigem fundamentação. (5x40 Pontos) = 200 Pontos

Competência transversal: comunicação / correção escrita

 

Teste 1 - CONCEPTUALIZAÇÃO

Versão A

Grupo I

 Escolha apenas a opção correta.

1. Considere as afirmações seguintes:

1. Há conhecimento inato, adquirido apenas pelo pensamento.

2. É possível o conhecimento verdadeiro e indubitável.

3. Todo o conhecimento é adquirido por meio da experiência.

De acordo com Descartes, as afirmações

(A) 1 e 3 são falsas e 2 é verdadeira.

(B) 1 e 2 são verdadeiras, 3 é falsa.

(C) 1 e 3 são verdadeiras e 2 é falsa.

(D) 1, é falsa, 2 e 3 são verdadeiras.

 

2. Ao aplicar o método da dúvida, Descartes pretende

(A) concluir que as ideias claras e distintas são infalíveis.

(B) descobrir alguma crença que seja indubitável.

(C) mostrar que não há realmente um génio maligno.

(D) provar que existe um ser perfeito e não enganador.

 

3. Os céticos radicais, ou pirrónicos, defendem que

(A) as tentativas de justificar as nossas crenças, mesmo as crenças mais firmes, acabam por fracassar.

(B) as nossas crenças, mesmo quando temos justificação para elas, acabam por se revelar falsas.

(C) algumas crenças estão adequadamente justificadas, mas não está ao nosso alcance saber quais são.

(D) muitas das nossas crenças são falsas, contudo somos capazes de as justificar adequadamente.

 

4. Em qual das opções seguintes se apresenta um exemplo de conhecimento “a posteriori”?

(A) O todo é maior que as partes.

(B) 2+2=4

(C) Todo o casado não é solteiro.

(D) O meu nome é Joana.

 

5. Considere as frases seguintes.

1. O italiano é a língua oficial da Itália. 2. Todos os sólidos ocupam espaço.

É correto afirmar que:

(A) 1 exprime conhecimento a posteriori; 2 exprime conhecimento a priori.

(B) ambas exprimem conhecimento a priori.

(C) ambas exprimem conhecimento a posteriori.

(D) 1 exprime conhecimento a priori; 2 exprime conhecimento a posteriori.

 

6. Acerca da possibilidade do conhecimento podemos ser:

A. Céticos, empiristas e críticos.

B. Vagabundos de tudo.

C. Dogmáticos ou Céticos.

D. Racionalistas ou Empiristas.

 

7. Qual dos seguintes argumentos não é um argumento cartesiano?

(A) O argumento do sonho

(B) Regressão infinita

(C) Génio maligno.

(D) Ilusões de ótica.

 

8. Para os empiristas...

(A) Todo o conhecimento é “a priori”.

(B) Nenhum conhecimento é adquirido pela experiência

(C) O conhecimento verdadeiro tem como fonte o pensamento/raciocínio.

(D) O conhecimento começa com a experiência.

 

9. Acerca da relação entre crença e conhecimento, é correto afirmar que

(A) podemos conhecer aquilo em que não acreditamos.

(B) as crenças são falsas, mas o conhecimento é verdadeiro.

(C) não podemos acreditar naquilo que não conhecemos.

(D) há crenças falsas, mas nenhuma crença falsa é conhecimento.

 

10. “Sei que Lisboa é capital de Portugal” é uma proposição que expressa um conhecimento

(A) proposicional

(B) por contacto

(C) saber fazer

(D) não expressa qualquer conhecimento

 

 

Grupo II

VERSÃO A

1.       O que se entende por “Princípio da exclusão”?

O Princípio da exclusão é um princípio que é utilizado pelos céticos para estabelecer os limites do nosso conhecimento. Estabelece um critério para o conhecimento que exclui todas as crenças sobre as quais haja a possibilidade de erro ou de dúvida. Se em qualquer afirmação houver a possibilidade de erro, então essa afirmação não pode considerar-se verdadeiro conhecimento.

 

2.       Distinga Empirismo e Racionalismo”.

Estes conceitos referem-se a teorias filosóficas que explicam qual a fonte ou origem principal do nosso conhecimento e de que modo podemos justificar as nossas crenças. O Empirismo consiste num conjunto de teses defendendo que a fonte ou origem do conhecimento e também a fonte principal de justificação das nossas crenças se encontra na experiência e nos sentidos (visão, olfacto, audição, tacto e paladar). Dando primazia à experiência, Empirismo afirma que não se pode ter conhecimento “a priori” sobre o mundo e que todo o conhecimento é “a posteriori”.

Quanto ao Racionalismo consiste num conjunto de teses defendendo que a fonte ou origem do conhecimento e também a fonte principal de justificação das nossas crenças se encontra na razão e não na experiência. Assim dando primazia à razão sobre a experiência, o racionalismo afirma a existência de conhecimento “a priori” substancial sobre o mundo.

 

VERSÃO B

 

1. O que se entende por Coerentismo?

Teoria epistemológica sobre a forma como se pode construir uma boa justificação para uma crença. O Coerentismo defende que não são precisas crenças básicas para a justificação. A justificação de uma crença depende da relação que tem com outras crenças e se está em coerência com outras crenças consideradas verdadeiras sem entrar em contradição. Assim, a crença de que a terra é redonda é coerente com a crença na gravidade que é coerente com a crença de que existe um sistema planetário. Portanto, a crença de que a terra encontra-se justificada.

 

2. Quais as características da  “Dúvida metódica”?

A dúvida metódica é Universal, pois abarca todas as crenças e os processos de as obter; é Provisória, pois é uma forma de encontrar crenças indubitáveis sendo abandonada quando esse objetivo é atingido, não é, portanto, um processo definitivo e constante; é Metódica, pois é realizada racionalmente cumprindo um caminho previamente traçado e é hiperbólica porque exagerada pois considera falso tudo o que se apresente com a menor dúvida, colocando como possibilidade a existência de uma entidade poderosa e metafísica que nos engana sistematicamente ( o génio maligno) quando raciocinamos sobre qualquer coisa.

  

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Teste 2 – Argumentação e problematização

 

Leia o texto com atenção e responda com objetividade e clareza às questões formuladas. Justifique as suas afirmações.

 

“Mas persuadi-me de que não havia nada no mundo, nenhum céu, nenhuma terra, nenhuns espíritos, nenhuns corpos. E não me persuadi também de que eu próprio não existia? Pelo contrário, se me persuadi de alguma coisa, eu existia com certeza. [...] De maneira que, depois de ter-se pesado e repesado muito bem tudo isto, deve por último concluir-se que esta proposição “Eu sou, eu existo” é necessariamente verdadeira sempre que proferida por mim ou concebida pelo espírito. “

 

René Descartes, O Discurso do Método

 

  1. Partindo do texto, demonstre a importância da expressão “Penso, logo existo” para o sistema de pensamento cartesiano.

- Esclareça o conceito de cogito.

- Relacione o conceito com o racionalismo cartesiano.

- Fundamente a sua importância para o sistema de pensamento cartesiano.

 

Critérios de correção:

Referência ao texto 10

Crença básica que se autojustifica 10

Fundamento “a priori” do conhecimento 15

Critério de verdade (ideia clara e distinta) 15

 

 

Cenário de resposta:

No texto, Descartes refere que a proposição “Eu sou, eu existo” é necessariamente verdadeira sempre que proferida por mim ou concebida pelo espírito. “Quer isto dizer que o Cogito é uma ideia inata e “a priori”, visto que pode nada existir no mundo físico, nem tão pouco haver corpo, mas a evidência de que tudo isso é fruto do meu pensamento torna esta proposição uma certeza e uma crença básica visto que se autojustifica. Por mais que pense que não existo, continuo a existir, pois continuo a pensar é, portanto, irrefutável e por isso pode constituir-se como fundamento de todo o conhecimento.

Descartes compreende, com o Cogito, que a verdade é um acordo da razão consigo própria, uma ideia “a priori” que não necessita da experiência para ser aceite enquanto verdade. Deste modo, o cogito é critério de todas as ideias verdadeiras. Só a razão é o juiz do conhecimento e pode distinguir o verdadeiro do falso. Assim, a partir de fundamentos seguros é possível deduzir com segurança outras certezas e reconstruir o edifício das ciências unificando-as segundo o mesmo critério. A ideia do cogito “Penso, logo existo” surge com clareza e distinção de modo a ser de tal modo evidente que o pensamento só a poderia considerar verdadeira, pois não poderia ser de outro modo.

 

  1. “Mas persuadi-me de que não havia nada no mundo, nenhum céu, nenhuma terra, nenhuns espíritos, nenhuns corpos.” Explique de que forma é possível persuadir-se de tal “absurdo”.

 

Critério de correção:

Princípio: considerar falso tudo o que seja duvidoso (não evidente). (20) 

Explicar os argumentos: Argumento da ilusão dos sentidos, do sonho e do génio maligno. (30)

 

 

Cenário de resposta:

Esta hipótese tem como ponto de partida a dúvida metódica. Como método para encontrar a verdade certa e inabalável, será necessário examinar os fundamentos de todas as suas crenças de modo a julgar se são fracas ou fortes. Assim, todos os fundamentos que fossem duvidosos eram excluídos do conhecimento e eram considerados falsos.

A dúvida metódica demonstra que nenhuma crença é suficientemente forte para ser considerada verdadeira, pois todos os fundamentos para obter conhecimento podem ser postos em causa.

Analisa os sentidos e considera-os enganadores, e se enganam algumas vezes vamos supor que tudo o que conhecemos através deles é falso (O céu, a terra e o corpo).

Depois examina a certeza de haver um mundo objetivo fora da mente e conclui que também não se pode ter essa certeza pois no sonho também temos perceções (argumento do sonho).

Por último duvida dos seus raciocínios, supondo a existência de um génio maligno que o engana sempre que pensa (dúvida hiperbólica).

 

  1. O ceticismo filosófico argumenta que não é possível um conhecimento verdadeiro, o sujeito nunca o poderá saber. Em que argumentos se sustenta esta posição? Considera uma posição sustentada?

 

- Elabore um texto onde explicite os argumentos céticos.

- Problematize esta teoria evocando possíveis objeções.

- Apresente a sua posição fundamentada.

 

Critérios de correção:

a)                  Definir ceticismo (10)

b)                 Explicar bem cada um dos três argumentos (30)

 



Cenário de resposta:

O ceticismo é uma posição filosófica que considera (na sua forma mais radical) que nenhum conhecimento é possível e que devemos, por isso, suspender o juízo sobre todas as coisas.

Consideram que há razões para duvidar da verdade do conhecimento objetivo sobre o mundo e apresentam três razões: a ilusão dos sentidos, a diversidade de opiniões e o argumento “a priori” da regressão infinita da justificação.

O argumento da ilusão dos sentidos advoga a pouca fiabilidade dos sentidos como fonte do conhecimento visto que, pode criar ilusões: o argumento da diversidade de opiniões conclui que sobre o mesmo assunto não há consenso, não tendo nós ferramentas para considerar entre as opiniões qual é verdadeira e qual é falsa. O argumento da regressão infinita, põe em causa a justificação do conhecimento pois afirma que nenhum conhecimento está justificado, logo, não pode haver conhecimento, visto que a justificação é uma condição necessária para que este aconteça. O argumento parte do princípio de que para justificar qualquer crença é preciso fazê-lo apelando a outra crença, ora haverá sempre uma crença que é um ponto de partida e que não está justificada, sendo assim não podemos confiar em nenhum conhecimento pois não existe qualquer justificação última que suporte a cadeia de justificações.

 

 

  1. Segundo a definição tradicional, só há conhecimento se existir uma crença, verdadeira e justificada. Porquê?

Critérios de correção:

a)                  Explicar as razões para a necessidade de haver três condições necessárias para a definição de conhecimento (uma razão para a necessidade de cada uma) (40)

b)                  Explicar apenas 1 (13)

 

Cenário de resposta:

A definição tradicional de conhecimento coloca três condições necessárias para a definição; a necessidade de haver uma crença, que essa crença seja verdadeira e que esteja bem justificada com razões. Essas três condições são necessárias e nenhuma delas por si é suficiente. Porque é necessário ter uma crença? Porque o conhecimento corresponde a um estado mental em que se S sabe que P, então acredita nisso que sabe. Seria contraditório afirmar que S sabe que P, e ao mesmo tempo não acredita no que sabe. Exemplo: Sei que o mar tem ondas, mas não acredito nisso. Portanto, saber P implica uma crença, S acredita em P.

Também é necessário que essa crença seja verdadeira, porque o conhecimento não depende da convicção com que o sujeito acredita em P conhecimento, há apenas um palpite, uma suposição ao acaso. O conhecimento não é fruto do acaso, tem de estar apoiado por boas razões.

Por outro lado, não é suficiente ter apenas uma crença para ter conhecimento porque nem todas as crenças são conhecimento, como por exemplo “Acredito em Extraterrestres”, acreditar não é o mesmo que saber que existem. Também não é suficiente ter uma crença verdadeira para ter conhecimento porque uma crença pode ser verdadeira por acaso, e o conhecimento não pode ser por acaso, e por outro lado não é suficiente ter uma boa justificação, podemos ter boas justificações para acreditar em falsidades, depende dos nossos estados cognitivos. Aristóteles tinha razões para acreditar que a Terra era plana, e a Terra não é plana. (sendo P uma qualquer proposição) P tem que ser do mesmo modo como S acredita, o conhecimento é factivo.

Se, por outro lado, esta crença em P não tem qualquer justificação, não há boas razões para acreditar que P é verdadeira, então, também não há conhecimento, há apenas um palpite, uma suposição ao acaso. O conhecimento não é fruto do acaso, tem de estar apoiado por boas razões.

 

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