1ª PROVA DE AVALIAÇÃO DE FILOSOFIA -11º Ano
Professora Helena Serrão - Duração da prova: 90m –
Paço de Arcos, 30 outubro de 2025
Este elemento de
avaliação é composto de dois testes, cada um é avaliado de 0 a 20 valores.
Cada teste avalia competências
diferentes: O primeiro teste avalia a competência do domínio dos conceitos: Conceptualização que vale 40% na avaliação final. O segundo teste destina-se a avaliar
as competências de Problematização e
Argumentação que valem 30% na avaliação
final.
Primeiro Teste – Conceptualização
• Grupo I - 10 questões de
escolha múltipla (10x13 pontos=130 pontos)
• Grupo II - 2 questões de
definição de conceitos (2x35 pontos=70 pontos) Total - 200 Pontos
Segundo Teste – Problematização e Argumentação
Cinco questões de
desenvolvimento. Todas as respostas exigem fundamentação. (5x40 Pontos) = 200
Pontos
Competência
transversal: comunicação / correção escrita
Teste 1 - CONCEPTUALIZAÇÃO
Versão A
Grupo I
Escolha apenas a opção correta.
1. Considere as afirmações
seguintes:
1. Há conhecimento inato, adquirido apenas pelo pensamento.
2. É possível o conhecimento verdadeiro e indubitável.
3. Todo o conhecimento é adquirido por meio da experiência.
De acordo com Descartes, as afirmações
(A) 1 e 3 são falsas e 2 é verdadeira.
(B) 1 e 2 são verdadeiras, 3 é
falsa.
(C) 1 e 3 são verdadeiras e 2 é falsa.
(D) 1, é falsa, 2 e 3 são verdadeiras.
2. Ao aplicar o método da dúvida, Descartes
pretende
(A) concluir que as ideias claras e distintas são infalíveis.
(B) descobrir alguma crença que
seja indubitável.
(C) mostrar que não há realmente um génio maligno.
(D) provar que existe um ser perfeito e não enganador.
3. Os céticos radicais, ou pirrónicos,
defendem que
(A) as tentativas de justificar
as nossas crenças, mesmo as crenças mais firmes, acabam por fracassar.
(B) as nossas crenças, mesmo quando temos justificação para elas, acabam por se revelar falsas.
(C) algumas crenças estão adequadamente justificadas, mas não está ao nosso alcance saber quais são.
(D) muitas
das nossas crenças são falsas, contudo somos capazes de as justificar
adequadamente.
4. Em qual das opções seguintes se
apresenta um exemplo de conhecimento “a posteriori”?
(A) O todo é maior que as partes.
(B) 2+2=4
(C) Todo o casado não é solteiro.
(D) O meu nome é Joana.
5. Considere as frases seguintes.
1. O italiano é a língua oficial da Itália. 2. Todos os sólidos ocupam espaço.
É correto afirmar que:
(A) 1 exprime conhecimento a
posteriori; 2 exprime conhecimento a priori.
(B) ambas exprimem conhecimento a priori.
(C) ambas exprimem conhecimento a posteriori.
(D) 1 exprime conhecimento a priori; 2 exprime conhecimento a posteriori.
6. Acerca da possibilidade do conhecimento
podemos ser:
A. Céticos, empiristas e críticos.
B. Vagabundos de tudo.
C. Dogmáticos ou Céticos.
D. Racionalistas ou Empiristas.
7. Qual dos seguintes argumentos não é um
argumento cartesiano?
(A) O argumento do sonho
(B) Regressão infinita
(C) Génio maligno.
(D) Ilusões de ótica.
8. Para os empiristas...
(A) Todo o conhecimento é “a priori”.
(B) Nenhum conhecimento é adquirido pela experiência
(C) O conhecimento verdadeiro tem como fonte o pensamento/raciocínio.
(D) O conhecimento começa com a
experiência.
9. Acerca da relação entre crença e
conhecimento, é correto afirmar que
(A) podemos conhecer aquilo em que não acreditamos.
(B) as crenças são falsas, mas o conhecimento é verdadeiro.
(C) não podemos acreditar naquilo que não conhecemos.
(D) há crenças falsas, mas
nenhuma crença falsa é conhecimento.
10. “Sei que Lisboa é capital de Portugal”
é uma proposição que expressa um conhecimento
(A) proposicional
(B) por contacto
(C) saber fazer
(D) não expressa qualquer conhecimento
Grupo II
VERSÃO A
1. O que se entende por “Princípio da
exclusão”?
O Princípio da exclusão é um
princípio que é utilizado pelos céticos para estabelecer os limites do nosso
conhecimento. Estabelece um critério para o conhecimento que exclui todas as
crenças sobre as quais haja a possibilidade de erro ou de dúvida. Se em
qualquer afirmação houver a possibilidade de erro, então essa afirmação não
pode considerar-se verdadeiro conhecimento.
2. Distinga Empirismo e Racionalismo”.
Estes conceitos referem-se a teorias
filosóficas que explicam qual a fonte ou origem principal do nosso conhecimento
e de que modo podemos justificar as nossas crenças. O Empirismo consiste num
conjunto de teses defendendo que a fonte ou origem do conhecimento e também a
fonte principal de justificação das nossas crenças se encontra na experiência e
nos sentidos (visão, olfacto, audição, tacto e paladar). Dando primazia à experiência,
Empirismo afirma que não se pode ter conhecimento “a priori” sobre o mundo e
que todo o conhecimento é “a posteriori”.
Quanto ao Racionalismo consiste
num conjunto de teses defendendo que a fonte ou origem do conhecimento e também
a fonte principal de justificação das nossas crenças se encontra na razão e não
na experiência. Assim dando primazia à razão sobre a experiência, o racionalismo
afirma a existência de conhecimento “a priori” substancial sobre o mundo.
VERSÃO B
1. O que se entende por Coerentismo?
Teoria epistemológica sobre a forma como se pode construir uma boa
justificação para uma crença. O Coerentismo defende que não são precisas
crenças básicas para a justificação. A justificação de uma crença depende da
relação que tem com outras crenças e se está em coerência com outras crenças
consideradas verdadeiras sem entrar em contradição. Assim, a crença de que a
terra é redonda é coerente com a crença na gravidade que é coerente com a
crença de que existe um sistema planetário. Portanto, a crença de que a terra
encontra-se justificada.
2. Quais as características da “Dúvida metódica”?
A dúvida metódica é Universal,
pois abarca todas as crenças e os processos de as obter; é Provisória, pois é
uma forma de encontrar crenças indubitáveis sendo abandonada quando esse
objetivo é atingido, não é, portanto, um processo definitivo e constante; é
Metódica, pois é realizada racionalmente cumprindo um caminho previamente
traçado e é hiperbólica porque exagerada pois considera falso tudo o que se
apresente com a menor dúvida, colocando como possibilidade a existência de uma
entidade poderosa e metafísica que nos engana sistematicamente ( o génio
maligno) quando
raciocinamos sobre qualquer coisa.
Teste 2 –
Argumentação e problematização
Leia o texto com atenção e responda com objetividade e clareza às questões formuladas. Justifique as suas afirmações.
“Mas persuadi-me de que não havia nada no
mundo, nenhum céu, nenhuma terra, nenhuns espíritos, nenhuns corpos. E não me
persuadi também de que eu próprio não existia? Pelo contrário, se me persuadi
de alguma coisa, eu existia com certeza. [...] De maneira que, depois de ter-se
pesado e repesado muito bem tudo isto, deve por último concluir-se que esta
proposição “Eu sou, eu existo” é necessariamente verdadeira sempre que
proferida por mim ou concebida pelo espírito. “
René
Descartes, O Discurso do Método
- Partindo do
texto, demonstre a importância da expressão “Penso, logo existo” para o
sistema de pensamento cartesiano.
- Esclareça o conceito de
cogito.
- Relacione o conceito com o
racionalismo cartesiano.
- Fundamente a sua importância
para o sistema de pensamento cartesiano.
Critérios de correção:
Referência ao texto 10
Crença básica que se autojustifica 10
Fundamento “a priori” do conhecimento 15
Critério de verdade (ideia clara e distinta) 15
No texto, Descartes
refere que a proposição “Eu sou, eu existo” é necessariamente verdadeira sempre
que proferida por mim ou concebida pelo espírito. “Quer isto dizer que o Cogito
é uma ideia inata e “a priori”, visto que pode nada existir no mundo físico,
nem tão pouco haver corpo, mas a evidência de que tudo isso é fruto do meu
pensamento torna esta proposição uma certeza e uma crença básica visto que se
autojustifica. Por mais que pense que não existo, continuo a existir, pois
continuo a pensar é, portanto, irrefutável e por isso pode constituir-se como
fundamento de todo o conhecimento.
Descartes
compreende, com o Cogito, que a verdade é um acordo da razão consigo própria,
uma ideia “a priori” que não necessita da experiência para ser aceite
enquanto verdade. Deste modo, o cogito é critério de todas as ideias
verdadeiras. Só a razão é o juiz do
conhecimento e pode distinguir o verdadeiro do falso. Assim, a partir de
fundamentos seguros é possível deduzir com segurança outras certezas e
reconstruir o edifício das ciências unificando-as segundo o mesmo critério. A
ideia do cogito “Penso, logo existo” surge com clareza e distinção de modo a
ser de tal modo evidente que o pensamento só a poderia considerar verdadeira, pois
não poderia ser de outro modo.
- “Mas
persuadi-me de que não havia nada no mundo, nenhum céu, nenhuma terra,
nenhuns espíritos, nenhuns corpos.” Explique de que forma é possível persuadir-se de tal “absurdo”.
Critério de correção:
Princípio: considerar falso tudo o que seja duvidoso (não
evidente). (20)
Explicar os argumentos: Argumento da ilusão dos sentidos,
do sonho e do génio maligno. (30)
Cenário de resposta:
Esta hipótese tem
como ponto de partida a dúvida metódica. Como método para encontrar a verdade
certa e inabalável, será necessário examinar os fundamentos de todas as suas
crenças de modo a julgar se são fracas ou fortes. Assim, todos os fundamentos
que fossem duvidosos eram excluídos do conhecimento e eram considerados falsos.
A dúvida metódica
demonstra que nenhuma crença é suficientemente forte para ser considerada verdadeira, pois todos os fundamentos para obter conhecimento podem ser
postos em causa.
Analisa os sentidos
e considera-os enganadores, e se enganam algumas vezes vamos supor que tudo o
que conhecemos através deles é falso (O céu, a terra e o corpo).
Depois examina a
certeza de haver um mundo objetivo fora da mente e conclui que também não se pode ter essa certeza pois no sonho também temos perceções
(argumento do sonho).
Por último duvida
dos seus raciocínios,
supondo a existência de um génio maligno que o engana
sempre que pensa (dúvida hiperbólica).
- O ceticismo filosófico argumenta que não é possível
um conhecimento verdadeiro, o sujeito nunca o poderá saber. Em que argumentos se sustenta esta
posição? Considera uma posição sustentada?
- Elabore um texto onde
explicite os argumentos céticos.
- Problematize esta teoria
evocando possíveis objeções.
- Apresente a sua posição
fundamentada.
Critérios de correção:
a)
Definir ceticismo
(10)
b)
Explicar bem cada um
dos três argumentos (30)
Cenário de resposta:
O ceticismo é uma posição filosófica que considera (na
sua forma mais radical) que nenhum conhecimento é possível e que devemos, por
isso, suspender o juízo sobre todas as coisas.
Consideram que há
razões para duvidar da verdade do conhecimento objetivo sobre o mundo e
apresentam três razões: a ilusão dos sentidos, a diversidade de opiniões e o
argumento “a priori” da regressão infinita da justificação.
O argumento da
ilusão dos sentidos advoga a pouca fiabilidade dos sentidos como fonte do
conhecimento visto que, pode criar ilusões: o argumento da diversidade de
opiniões conclui que sobre o mesmo assunto não há consenso, não tendo nós ferramentas para considerar entre as opiniões
qual é verdadeira e qual é falsa. O argumento da regressão infinita, põe em
causa a justificação do conhecimento pois afirma que nenhum conhecimento está
justificado, logo, não pode haver conhecimento, visto que a justificação é uma
condição necessária para que este aconteça. O argumento parte do princípio de
que para justificar qualquer crença é preciso fazê-lo apelando a outra crença,
ora haverá sempre uma crença que é um ponto de partida e que não está
justificada, sendo assim não podemos confiar em nenhum conhecimento pois não
existe qualquer justificação última que suporte a cadeia de justificações.
- Segundo a definição tradicional, só há conhecimento se existir uma crença, verdadeira e justificada. Porquê?
Critérios de correção:
a)
Explicar as razões
para a necessidade de haver três condições necessárias para a definição de
conhecimento (uma razão para a necessidade de cada uma) (40)
b)
Explicar apenas 1 (13)
Cenário de resposta:
A definição
tradicional de conhecimento coloca três condições necessárias para a definição; a necessidade de haver uma crença,
que essa crença seja verdadeira e que esteja bem justificada com razões. Essas
três condições são necessárias e nenhuma delas por si é suficiente. Porque é
necessário ter uma crença? Porque o conhecimento
corresponde a um estado mental em que se S sabe que P, então acredita nisso
que sabe. Seria contraditório afirmar que S sabe que P, e ao mesmo tempo não
acredita no que sabe. Exemplo: Sei que o mar tem ondas, mas não acredito nisso.
Portanto, saber P implica uma crença, S acredita em P.
Também é necessário que essa crença seja
verdadeira, porque o conhecimento não depende da convicção com que o
sujeito acredita em P conhecimento, há apenas um palpite, uma suposição ao
acaso. O conhecimento não é fruto do acaso, tem de estar apoiado por boas
razões.
Por outro lado, não
é suficiente ter apenas uma crença para ter conhecimento porque nem todas as
crenças são conhecimento, como por exemplo “Acredito em Extraterrestres”,
acreditar não é o mesmo que saber que existem. Também não é suficiente ter uma
crença verdadeira para ter conhecimento porque uma crença pode ser verdadeira
por acaso, e o conhecimento não pode ser por acaso, e por outro lado não é
suficiente ter uma boa justificação, podemos ter boas justificações para
acreditar em falsidades, depende dos nossos estados cognitivos. Aristóteles
tinha razões para acreditar que a Terra era plana, e a Terra não é plana.
(sendo P uma qualquer proposição) P tem que ser do mesmo modo como S acredita, o conhecimento é factivo.
Se, por outro lado,
esta crença em P não tem qualquer justificação, não há boas razões para
acreditar que P é verdadeira,
então, também não há conhecimento, há apenas um
palpite, uma suposição ao acaso. O
conhecimento não é fruto do acaso, tem de estar apoiado por boas razões.

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