terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Texto para resumo Inês Ou -11B e David Godinho

A natureza dos raciocínios acerca de questões de facto

Hume apresenta o problema da justificação dos juízos de facto do seguinte modo:
[Q]ual é a natureza daquela evidência que nos assegura de qualquer existência real e questão de facto, além do testemunho presente dos nossos sentidos ou dos registos da nossa memória.(Investigação sobre o Entendimento Humano, p. 42.)
A sua resposta inicial é que os nossos raciocínios acerca de questões de facto têm por base a relação de causa e efeito. Como vimos, tanto a semelhança como a contiguidade como a relação de causa e efeito são princípios de associação de ideias, mas só esta última nos permite conhecer factos de que não temos experiência a partir daquilo de que temos experiência:
Todos os raciocínios relativos a questões de facto parecem assentar na relação de causa e efeito. Somente por meio dessa relação podemos ir além da evidência da nossa memória e dos nossos sentidos. Se perguntássemos a alguém por que acredita em alguma questão de facto que esteja ausente — por exemplo, que um amigo se encontra no campo, ou em França, ele apresentar-nos-ia alguma razão, e essa razão seria algum outro facto, como uma carta recebida desse amigo, ou o conhecimento das suas decisões e promessas anteriores. Alguém que ache um relógio ou qualquer outra máquina numa ilha deserta concluirá que alguma vez estiveram homens nessa ilha. Todos os nossos raciocínios relativos a questões de facto são da mesma natureza. E aqui supõe-se sempre que há uma conexão entre o facto presente e aquele que dele é inferido. (Investigação sobre o Entendimento Humano, p. 42.)
Segundo Hume, portanto, acreditamos na verdade de certas proposições sobre factos inobservados porque estabelecemos uma relação de causa e efeito entre esses factos e aquilo de que temos experiência. Acreditamos que o nosso amigo está em França — algo de que não temos experiência direta — porque recebemos uma carta dele com essa origem. A relação causal que estabelecemos entre a carta que recebemos e a sua emissão de França é a base da nossa crença em que o nosso amigo se encontra nesse país. Acreditamos que alguém já esteve na ilha deserta em que encontrámos um relógio porque essa é a causa que julgamos necessária para que isso ocorra. O nosso conhecimento de questões de facto que vão para além da experiência é, segundo Hume, sempre deste tipo

Álvaro Nunes in Crítica narede

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