GRUPO 2
1. Conhecimento de questões de facto e conhecimento de
relação de ideias. O primeiro dá-nos a informação sobre o modo como o mundo é,
mas o o conhecimento que daí resulta é contingente e não necessário. As
verdades de facto como: "O SOL nasce todos os dias" podem ser negadas
sem que esta negação implique contradição, pois poderia ser de outro
modo, o Sol poderia não nascer todos os dias, ou poderia deixar de o fazer no
futuro. Essa proposição faz sentido e poderia ainda ser pensada, tal como diz o
texto são ambas inteligíveis. Assim, todos os conhecimentos de facto que são
justificados pela experiência, não são verdades necessárias, mas sim
contigentes, isto é, acontecem deste modo por acaso mas poderiam ser de outro
modo. No segundo conhecimento, isto não se passa, porque as proposições são
necessariamente verdadeira, , por exemplo; " O quadrado tem quatro
lados", porque se é um quadrado tem de ter quatro lados, isto é, o
predicado faz parte da definição do conceito. Por outro lado este conhecimento
é necessário, é sempre verdadeiro e o seu contrário implica uma contradição, é
impossível pensar o seu contrário, isto é, não tem sentido um quadrado ter mais
ou menos que quatro lados. Explicação: Conhecimento de factos é
contingente e a sua negação não implica contradição, enquanto que o
conhecimento de relação de ideias é necessário e a sua negação implica uma
contradição. Explicação: relacionar ideias só necessita de um acordo lógico da
razão consigo mesma, é independente dos factos do mundo, logo pode ser um
conhecimento necessário visto que está fundado em leis universais e necessárias
que são as leis racionais. Quanto ao conhecimento dos factos, necessita da experiência,
das impressões e perceções, essa experiência é limitada, visto que o sujeito
não pode conhecer todos os factos. A experiência mostra-nos uma realidade em
mudança, e a necessidade de alterar crenças, logo ,o conhecimento resultante da
experiência, é também contingente, pois poderia ser de outro modo, não podemos
ter acesso a verdades necessárias, não é necessário que aconteça assim, há a
sempre a possibilidade de mudança, de ser de outro modo.
Cenário de resposta A resposta integra os aspetos seguintes,
ou outros igualmente relevantes. Distinção entre as questões de facto e as relações
de ideias: – as verdades acerca das relações de ideias são verdades intuitiva
ou demonstrativamente certas (OU que podem ser descobertas pela razão); (em
contrapartida,) as questões de facto apenas podem ser decididas recorrendo à
experiência; – o contrário de uma verdade acerca de relações de ideias implica
uma contradição e, portanto, é logicamente impossível; (ao invés,) o contrário
de uma verdade acerca de questões de facto não implica uma contradição e,
portanto, é logicamente possível.
1.2.O que é o problema da conexão causal ou dito de outro modo: Em que consiste
o problema da relação de Causa/Efeito, segundo David Hume?
Cenário de resposta A resposta integra os
aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes. Apresentação da explicação
de Hume: – a propensão da mente para acreditar que o Sol nascerá amanhã é um
efeito do «hábito» ou do «costume»; – essa propensão é formada a partir da
experiência da conjunção constante de dois objetos (ou acontecimentos)
distintos: o fim do período noturno e o nascimento do Sol; – o «hábito»
inevitavelmente leva a que, na presença de um objeto (ou acontecimento),
esperemos que o outro ocorra.
A crítica de David Hume sobre a pretensa
crença de que há relações que são necessárias entre dois fenómenos. Tal relação
não existe, diz Hume, é apenas uma ilusão fruto do hábito psicológico. Conhecer
o mundo é relacionar os fenómenos uns com os outros, explicando que um fenómeno
acontece por causa de outro. Assim explicamos que há chuva por causa da
condensação de água (nuvens) etc. Hume refere-se à importância do costume ou
hábito na construção do conhecimento dos factos. É devido à perceção da
repetição de certos fenómenos que se sucedem em contiguidade no espaço e
sucessivos no tempo, que estabelecemos uma relação entre eles e pensamos poder
prever que sempre que um acontece o outro também acontecerá. Esta forte crença
de uma conexão necessária entre dois fenómenos permite-nos estabelecer uma
relação de causa e efeito entre os dois. O problema que Hume coloca é sobre o
fundamento de tal crença. Para Hume tal crença não tem um fundamento, logo, tal
conhecimento de causa efeito sobre os fenómenos não deixa de ser duvidoso. Na
origem desta crença está meramente o costume e o hábito psicológico, mas não há
uma razão para o fenómeno X (chama) ser causa de Y (fumo), nem tão pouco
qualquer impressão empírica que nos permita estabelecer uma relação causal
–necessária entre os dois.
O costume fundamenta-se no passado, se não
houver uma razão que nos permita ligar os fenómenos então, pelo costume só
podemos saber o que aconteceu até este momento e assim, não podemos estabelecer
relações de causa efeito para fenómenos que ainda não aconteceram. Ora, nós
fazemos previsões, nós estabelecemos conhecimento através da suposição de que é
necessário para haver fumo haver fogo, logo, nós ultrapassamos os limites da
experiência. O que acontece repetidas vezes não é, por si só, garantia que vai
acontecer sempre. A relação entre dois fenómenos não é lógica mas psicológica,
embora venham repetidas vezes juntos, os fenómenos são separados e podem não
acontecer juntos, portanto, a nossa previsão que sempre que há fumo há fogo não
é certa, pois não existe uma conexão necessária entre os dois. O argumento de
Hume é baseado no princípio de que nada podemos saber sem ser através de
impressões sensíveis. Ora a relação de causalidade corresponde á impressão de
vermos dois fenómenos sucederem-se no tempo e em espaços contíguos. Essa
impressão acontece repetidamente, logo criamos uma expectativa e fazemos uma
previsão que irá acontecer também no futuro. Mas essa previsão é apenas baseada
num hábito psicológico. Nada há racionalmente que possa ligar de forma
indissolúvel dois fenómenos. Como a experiência é contingente e a relação
causal necessária, então esta é uma ilusão construída pelo hábito psicológico
sem fundamento racional ou empírico.
2.Segundo Popper a prática científica não é
afetada pelo problema da indução levantado por Hume. Porquê? Na sua resposta
comece por apresentar o problema da indução levantado por Hume.
O problema da indução, tal como é exposto por David
Hume, consiste em demonstrar que a crença na indução não está justificada
porque ultrapassa a experiência e a razão, isto é, não pode ser justificada nem
empiricamente nem racionalmente. Acreditamos que a natureza é uniforme e, por
isso acreditamos que aquilo que aconteceu de uma determinada maneira irá
acontecer do mesmo modo no futuro. Esse é o pressuposto que garante as nossas
generalizações futuras, mas esse pressuposto já resulta ele próprio de uma
generalização e de uma previsão, isto é, aquilo que garante a validade de uma
indução é conseguido através da indução, utiliza-se o mesmo processo para
validar algo que devia ser validado por um outro conhecimento onde se pudesse
fundar. Há assim um raciocínio falacioso, uma petição de princípio.
A crítica de Popper à indução coloca-se em 3 passos:
a) Não há observação neutra pois esta já é direcionada
por um problema teórico.
b) As leis científicas não resultam de uma generalização
a partir de casos particulares porque elas são universais e a generalização só
é válida para os casos observados.
c) A conclusão de um raciocínio indutivo é sempre
provável, assim as leis científicas teriam de ser probabilísticas e não são, logo
não podem resultar de um raciocínio indutivo.
A teoria epistemológica de Popper ultrapassa o
indutivismo da ciência ao propor um novo método: o falsificacionismo. O
falsificacionismo é, simultaneamente, um critério de demarcação científica,
isto é, um critério para separar conhecimento científico e não científico; e,
por outro lado, uma nova forma de compreender a metodologia das ciências
propondo como realmente científica uma metodologia hipotética e dedutiva e não
indutiva.
A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros
igualmente relevantes. Apresentação do problema da indução: – a indução não
está justificada, uma vez que a tentativa de a justificar por meio da
experiência é circular (OU a tentativa de a justificar por meio do raciocínio
indutivo se baseia, ela própria, no raciocínio indutivo, que, precisamente,
necessita de justificação). Justificação, dada por Popper, da irrelevância da
indução na prática científica: – a ciência não recorre ao raciocínio indutivo
para testar hipóteses e, por isso, não é afetada pelo problema da indução; –
segundo a perspetiva falsificacionista defendida por Popper, os cientistas
submetem as teorias a testes que visam falsificá-las, e não confirmá-las; – o
raciocínio usado na falsificação das teorias é dedutivo, apenas permitindo
mostrar conclusivamente que as teorias são falsas.
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