VERSÃO A
Leia o teste com atenção e
responda com objectividade e clareza às seguintes questões:
I
4x40 Pontos
Os homens pedem à ciência que lhes forneça um meio, não só de conhecer,
mas também de prever fenómenos – quanto maior a possibilidade de previsão,
maior será o domínio deles sobre a natureza; quem sabe prever sabe melhor
defender-se e, além disso, pode provocar a repetição, para seu uso, dos
fenómenos naturais. A ciência deve ser considerada, acima de tudo, como um
instrumento forjado pelos homens, instrumento activo de penetração no desconhecido.
É evidente que, se as previsões fornecidas pelo quadro explicativo não
forem confirmadas pela realidade, esse quadro pode satisfazer altamente a
primeira exigência, mas nunca poderá ser o instrumento de que os homens
necessitam. Entendamo-nos bem. A Ciência não tem, nem pode ter, como objecto
descrever a realidade tal como ela é. Aquilo que ela aspira é construir quadros
racionais de interpretação e previsão; a legitimidade de tais quadros dura
enquanto durar o seu acordo com os resultados da observação e da
experimentação.
Bento de Jesus
Caraça, Conceitos fundamentais de Matemática
1. Partindo do texto, seleccione e esclareça a tese
principal do autor.
2. Distinga, em dois aspectos relevantes, o senso
comum do conhecimento científico. Justifique.
3. Explique quais são os problemas que a teoria
falsificacionista de Karl Popper pretende resolver. Justifique.
4. Caracterize a evolução do conhecimento científico
segundo Thomas Kuhn.
II
8x5 Pontos
Escolha a opção
correcta.
1. A afirmação: “Nenhum gato voa”
a. É
verificável e falsificável.
b. Só é
verificável.
c. Só é
falsificável.
d.
Nenhuma das duas.
2. A afirmação: “O Francisco sofre
de complexo de Édipo”
a. É
verificável e falsificável.
b. Só é
verificável.
c. Só é
falsificável.
d.
Nenhuma das duas.
3. Qual das seguintes afirmações é
mais falsificável?”
a. Alguns
estudantes do ensino secundário são altos.
b. Todos
os estudantes do ensino secundário em Portugal têm Filosofia.
c. Nenhum estudante do ensino secundário tem
idade inferior a 13 anos
d. Há estudantes do ensino secundário que falam
francês
4. Segundo Kuhn os Paradigmas são
incomensuráveis porque:
a.
Existem critérios objectivos para os comparar.
b.
Existem critérios subjectivos para os comparar.
c. Não
existem critérios objectivos para os comparar.
d. Ainda
que existam critérios objectivos não sabemos quais são.
5. Segundo Kuhn um dos critérios
para a escolha de uma teoria científica é:
a. O
facto desta ser mais razoável.
b. A
lógica e a complexidade.
c. A sua
simplicidade e abrangência.
d. A
falsificabilidade da teoria.
6.
O conceito de objectividade do conhecimento científico significa:
a. a
possibilidade das teorias serem submetidas a testes empíricos.
b. Uma
metodologia acessível a todos os cientistas e que lhes permite obter os mesmos
resultados.
c. A
descrição fiel dos fenómenos da natureza.
d. A
impossibilidade de demonstrar a verdade
7.
As principais etapas do método hipotético-dedutivo são:
a.
Observação, hipótese, experimentação. Generalização.
b.
hipótese, experimentação, previsão.
c.
Problema, hipótese, previsão, experimentação
d.
Experimentação, previsão, generalização.
8.
O problema da indução enuncia-se do seguinte modo:
a. Não
podemos justificar a priori nem a posteriori a indução
b.
Podemos justificar a indução mas não podemos ter a certeza das conclusões.
c. O
método indutivo é o procedimento normal nas ciências.
d. Não há
nenhum problema com a indução.
Grupo I
Esses
quadros duram enquanto durar o seu acordo com os resultados da
observação e da experimentação.
Porque não tem nem pode ter como objecto descrever a
realidade tal qual ela é mas sim enquadrá-la num quadro racional previamente estabelecido que isola as regularidades de certos fenómenos e legisla sobre eles de modo a poder ter domínio sobre o passado e o futuro dos fenómenos da natureza. A ciência pretende ser um instrumento ao serviço do homem no domínio
da natureza de modo a alargar o campo das suas possibilidades de acção e ultrapassar os limites que a natureza vai impondo sobre a sua liberdade.
Com estes
quadros racionais poderemos prever e repetir fenómenos , porque compreendemos o seu mecanismo, podemos antecipar os resultados.
Mas a
ciência é forjada pelos homens e, como tal está limitada à sua capacidade
de conhecimento e de penetração no desconhecido.
O esforço do conhecimento científico é o de unificar os factos sobre uma certa explicação racional conciliando razão e experiência.. A diferença apontada é a sistematização que se faz dos factos contrariamente ao senso comum que vê os factos no seu aspecto particular, sem estarem inseridos num sistema de funcionamento universal que os agrega uns aos outros. O conhecimento científico é organizado em disciplinas e unifica os dados da experiência, diferentes fenómenos obedecem às mesmas leis.
Por outro lado, o conecimento científico evolui porque tem sentido crítico, isto é, submete as teorias à discussão e a testes empíricos de modo a rectificá-las e a melhorá-las, enquanto o senso comum se orienta preferencialmente pela tradição porque é um saber orientado para a vida prática imediata e não para o questionamento e explicação da natureza.
3. A teoria epistemológica de Popper ultrapassa o indutivismo da ciência ao propor um novo método: o falsificacionismo. O falsificacionismo é, simultaneamente, um critério de demarcação científica, isto é, um critério para separar conhecimento científico e não científico; e, por outro lado, uma nova forma de compreender a metodologia das ciências propondo como realmente científica uma metodologia hipotética e dedutiva e não indutiva. O método hipotético-dedutivo privilegia a criatividade intelectual e a colocação dos problemas e das hipóteses assim como a dedução a partir destas de consequências observáveis.
Como critério de demarcação, o
falsificacionismo ultrapassa o problema do critério verificacionista que não
podia adaptar-se às leis da natureza. Destes dois critérios de demarcação
científica: o critério verificacionista que considera científico o que for
empiricamente verificável e o critério falsificacionista que considera
científico tudo o que é empiricamente falsificável, só o segundo pode servir para explicar a cientificidade das leis naturais. O primeiro considerará que
uma teoria é verdadeira se a experiência e a observação a confirmarem,
servindo-se de um método indutivo de confirmação, enquanto o segundo serve-se
da experiência para testar ou refutar as teorias, utiliza um método hipotético
ou dedutivo.
4. Para Kuhn as teorias científicas
funcionam como paradigmas, isto é trazem consigo uma visão do mundo e certos
métodos de trabalho que se destinam a ampliar os seus resultados e a confirmar
as suas previsões. A comunidade científica trabalha no âmbito dos paradigmas e
não os põe em causa, mesmo que surjam anomalias. Não há verdadeiro progresso
porque os paradigmas que se vão sucedendo são incomensuráveis, isto é, não
podem ser comparados porque apresentam diferentes formas de trabalhar, de
seleccionar fenómenos e novos princípios metafísicos.
Há, portanto, na evolução
da ciência, cortes abruptos que correspondem a revoluções científicas, de
mudanças de paradigma.As revoluções científicas sucedem-se a períodos criativos em que há teorias diferentes e a comunidade científica não forma consenso acerca de nenuma delas. A escolha de uma teoria pela comunidade científica equivale a um acordo sobre a forma proposta de explicar os fenómenos. Uma vez acordado, ele torna-se exemplar e guia a comunidade para um desenvolvimento desta concepção dando origem a um novo paradigma e a uma nova fase de ciência normal.
Grupo II
Versão A1c
2b
3c
4c
5c
6b
7c
8a
Versão B
1d
2c
3a
4d
5b
6d
7a
8b
Um comentário:
Não entendi porque na questão 1 do grupo 2 "A afirmação nenhum gato voa" é apenas falsificável. Poderia explicar por favor?!
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