domingo, 3 de abril de 2011

Correcção do teste 28/29 de Março 2011

I
Na avaliação da prova ter-se-á em conta:

a adequação dos conteúdos,
o domínio dos conceitos/conteúdos
a estruturação do pensamento,
o nível de reflexão,
a correcção da expressão escrita,
a organização das respostas

1. O problema em causa, tal como é enunciado no texto: “Só pelo exame de uma coisa, não poderemos saber quais os efeitos que ela vai produzir.” Examinando um objecto racionalmente, mesmo que sejamos dotados de avançadas capacidades intelectuais, se não tivermos visto como o objecto actua, nada poderemos inferir da sua análise. A criança não pode saber do efeito da bola a saltar, porque não tinha a experiência desse fenómeno, a sua expectativa era a continuidade do que tinha anteriormente adquirido pela repetição, que a bola iria também cair com um baque surdo. Resumindo: a relação causa-efeito não pode ser explicada racionalmente mas através da experiência.



2. O tio já tinha visto o mesmo fenómeno repetidas vezes, esta repetição de dois fenómenos que se sucedem um ao outro em contiguidade, conduz a uma expectativa de que se um suceder o outro irá necessariamente seguir-se, e não pode deixar de suceder. Produz-se uma convicção de que os fenómenos têm uma conexão necessária, ou seja a convicção de que um causa o outro. Mas, segundo Hume essa convicção é apenas o resultado de um hábito psicológico de assistir repetidas vezes à contiguidade de fenómenos. Nem pela experiência poderemos ter a impressão de causa, temos apenas sucessão de fenómenos, nem pela razão há qualquer inferência do efeito que o objecto vai ter apenas pelo exame das suas propriedades. Assim, é este velho hábito que o tio tem e a criança não tem que lhe dá a sabedoria do efeito que a bola vai ter no chão.
EXPLICAÇÃO: O problema da causalidade é apenas um hábito psicológico resultante da repetição dos fenómenos. Não há uma razão para explicar que se há fumo há fogo, nem tão pouco uma só experiência pode estabelecer uma relação de causa efeito. A crença na relação de causa/efeito e do conhecimento que dela deriva, resulta de uma experiência repetida. Os fenómenos sucedem-se continuamente no tempo e no espaço e, por isso, formamos a expectativa de que um está necessariamente ligado ao outro. Se todo o conhecimento começa por impressões, não há nenhuma impressão que corresponda à relação de causa efeito, enquanto relação de necessidade entre fenómenos, assim a única impressão que temos é a sucessão dos fenómenos e a sua contiguidade espacial, por força do hábito somos levados acreditar que um dos fenómenos não acontece sem o outro, mas esse é apenas um hábito psicológico e não uma demonstração de que há uma relação necessária e verdadeira entre os dois fenómenos.

O argumento de Hume é baseado no princípio de que nada podemos saber sem ser através de impressões sensíveis. Ora a relação de causalidade corresponde á impressão de vermos dois fenómenos sucederem-se no tempo e em espaços contíguos. Essa impressão acontece repetidamente, logo criamos uma expectativa e fazemos uma previsão que irá acontecer também no futuro. Mas essa previsão é apenas baseada num hábito psicológico. Nada há racionalmente que possa ligar de forma indissolúvel dois fenómenos. Como a experiência é contingente e a relação causal necessária, então esta é uma ilusão construída pelo hábito psicológico sem fundamento racional ou empírico.
3. Conhecimento de questões de facto e conhecimento de relação de ideias. A primeira proposição dá-nos uma informação sobre o modo como o mundo é, mas o o conhecimento que daí resulta é contingente e não necessário, isto é a ponte 25 de Abril existe naquele lugar e a proposição é verdadeira, mas não de forma necessária, porque não só poderia existir noutro lugar, fazendo a proposição sentido, como poderá ser falsa no futuro, se a ponte deixar de existir ou mudar de nome. Assim, todos os conhecimentos de facto que são justificados pela experiência, não são verdades necessárias.

O segundo conhecimento não nos acrescenta nova informação aquela que já está contida no conceito de quadrado, porque se é um quadrado tem de ter quatro lados, isto é o predicado faz parte da definição do conceito. Por outro lado este conhecimento é necessário, é sempre verdadeiro e o seu contrário implica uma contradição, é impossível pensar o seu contrário, isto é não tem sentido um quadrado ter mais ou menos que quatro lados.
Explicação: Conhecimento de factos é contingente e a sua negação não implica contradição, enquanto que o conhecimento de relação de ideias é necessário e a sua negação implica uma contradição. Explicação: relacionar ideias só necessita de um acordo lógico da razão consigo mesma, é independente dos factos do mundo, logo pode ser um conhecimento necessário visto que está fundado em leis universais e necessárias que são as leis racionais. Quanto ao conhecimento dos factos, necessita da experiência, das impressões e percepções, essa experiência é limitada, visto que o sujeito não pode conhecer todos os factos. A experiência mostra-nos uma realidade em mudança, e a necessidade de alterar crenças, logo ,o conhecimento resultante da experiência, é também contingente, pois poderia ser de outro modo, não podemos ter acesso a verdades necessárias, não é necessário que aconteça assim, há a sempre a possibilidade de mudança, de ser de outro modo.



4. Impressões e ideias são percepções mentais, isto é, constituem todo o conteúdo da mente que podemos conhecer. As primeiras são originais e antecedem as segundas que são cópias feitas mediante a memória das impressões vividas. Podemos ter ideias de objectos nunca antes vividos, se associarmos ideias simples, formando assim ideias complexas como a ideia de vampiro. Podemos também antecipar o prazer ou a dor vividas pela expectativa de as voltarmos a viver. Seja pela memória ou pela imaginação as percepções pensadas, ideias, não são nunca tão fortes e intensas como as vividas, impressões, e sendo que o original é sempre mais forte e perfeito que a cópia, Hume conclui que as impressões são actos originais e que não existem ideias sem na origem estar a impressão interna ou externa equivalente..

II

TESTE 1



1.Se os empiristas tiverem razão, não podemos justificar o conhecimento universal e necessário do mundo.
2. As teorias racionalistas respondem preferencialmente ao problema: Qual a fonte do conhecimento?

3. O principal problema dos cépticos é o de justificar de forma infalível o conhecimento.
4. O cogito é uma ideia verdadeira e inata à razão

5. As faculdades do conhecimento são para Kant: a sensibilidade e o entendimento



TESTE 2

1. A percepção é para os empiristas: todo o conteúdo da mente: impressões e ideias.

2. As teorias racionalistas respondem preferencialmente ao problema: Qual a fonte do conhecimento?

3. O principal problema dos cépticos é o de justificar de forma infalível o conhecimento

4. O argumento da abdução aplica-se quando Hume nega a relação de causa efeito entre os fenómenos.

5. As faculdades do conhecimento são para Kant: a sensibilidade e o entendimento



III



1. Se o espaço e o tempo são construções mentais então elas são necessárias e universais, a priori, logo sendo essenciais para compreender a experiência, isto significa, contrariamente a Hume que não são características dadas pela experiência mas formas humanas de a entender, a mente não é portanto uma folha em branco, ela é activa na construção do conhecimento.
2.Sim, a Física de Newton é exemplo de um conhecimento sobre os fenómenos do mundo, que não sendo analítico visto que nos dá informação que não está contida no conceito, e acrescentando informação sobre o mundo, é um juízo sintético “a priori”. São juízos independentes da experiência, e que são justificados “a priori” por isso são verdadeiros universalmente, visto que são a aplicação das categorias “A priori” do nosso entendimento às formas do tempo e do espaço que também são “a priori” . Justifica-se a gravidade recorrendo a cálculos matemáticos. Este conhecimento sendo sobre os fenómenos do mundo tem um conteúdo empírico, captado pela sensibilidade, mas a sua justificação não é empírica. Porque é o entendimento com as suas categorias que unifica os fenómenos de uma experiência possível e lhes confere as leis que os regulam.



Explicação: São duas as faculdades do conhecimento para Kant: Sensibilidade e Entendimento. A função da primeira é captar sensações e através das suas formas “a priori” do espaço e do tempo , espacializar e temporalizar as sensações obtidas, assim o sujeito do conhecimento terá acesso aos fenómenos(tudo o que se manifesta no espaço e no tempo) essa primeira forma de conhecimento é a intuição sensível, e só há intuições de fenómenos que são dados ao sujeito na experiência. Todavia intuições sensíveis sem conceitos são cegas, o Entendimento dá unidade às intuições sensíveis através das suas categorias “a priori” Organiza e faz uma síntese das intuições formando conceitos e leis sobre os fenómenos. O Entendimento tem uma função explicativa porque aplica a categoria “a priori” de causa, isto é procura nos fenómenos o que satisfaz a sua exigência de encontrar uma conexão necessária entre eles, só assim é possível um conhecimento científico.




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