sábado, 22 de novembro de 2014

Argumentação e Retórica

Pensamento (razão) = LOGOS = Discurso (palavra)

Lógica = Ciência do Pensamento Válido
Demonstração=  Domínio do Constrigente /Estudo dos argumentos dedutivos Formais 
Retórica = Arte do Discurso Persuasivo 
Argumentação = Domínio do Verosímil ou Preferível /Estudo dos argumentos informais


A COMUNICAÇÃO ARGUMENTATIVA

Objectivo: Ganhar a adesão do auditório = persuadir.
Como? Com base na argumentação racional ou com base na manipulação? Os dois lados da Retórica.
Envolve 3 polos (intervenientes): O orador, a mensagem e o auditório
ETHOS (orador ou ponto de vista do orador)
Apresentação, locução, carisma, forma de expressão, carácter.
LOGOS (a mensagem)Argumentos do orador organizados em discurso. Argumentos fortes ou fracos, válidos ou inválidos.
PATHOS ( auditório)Objectivo: ponderar a aceitação da mensagem. Provocar a emoção e a simpatia no auditório. Adaptar o discurso ao tipo de auditório de modo a poder ser mais facilmente aceite.

PROVA LÓGICA/DEMONSTRAÇÃO/ Lógica Formal
DOMÍNIO DO CONSTRIGENTE
- A Verdade da conclusão decorre necessariamente da verdade das premissas
- Utiliza raciocínios dedutivos.
- estrutura é a lógica formal: abstracta, impessoal, independente do contexto.
- utiliza uma linguagem isenta de ambiguidade (unívoca).
- visa uma “verdade” universal e necessária
- imposição de uma certeza (constrigente)
- não apela à decisão do auditório.

RETÓRICA/ARGUMENTAÇÃO/
DOMÍNIO DA PERSUASÃO
- justificação: utiliza raciocínios dedutivos, indutivos (por exemplos), por analogia, de causas.
- Discute-se a verdade das premissas.
- diálogo/discussão: concreta, pessoal, situada/contextualizada.
- plausível/verosímil/falível.
- utiliza uma linguagem natural, não isenta de ambiguidade.
- reporta-se a convicções.
- apela à decisão do auditório.-
- visa ganhar a adesão de um auditório para o preferível, o “melhor”.

PROVA LÓGICA - PROVA RETÓRICA
► demonstração ► justificação
► imposição de uma certeza (constringente) ► obtenção de adesão
► impessoalidade ► pessoalidade
► an-histórica ► situada
► abstrata ► concreta
► rigorosa ► plausível
► diz respeito a estruturas formais ► reporta-se a convicções
► infalível ► falível
► não apela à decisão ► apela à decisão

Nova Retórica – o que está em causa é o modelo da racionalidade.
MODELO DE RACIONALIDADE DOS DEFENSORES DA NOVA RETÓRICA

Concepção “alargada” de Razão – a actividade racional não se reduz ao rigor lógico da demonstração. A actividade racional tem uma dimensão prática que permite fundamentar com “razoabilidade” as nossas preferências.

Para mostrar (ganhar a adesão do auditório) a razoabilidade das nossas escolhas, é preciso ARGUMENTAR  3ª via = a via do razoável.

Tradicionalmente, a Lógica reduziu-se à Lógica Formal  à demonstração.

Perelman vai criticar esta redução. A Lógica não se reduz à Lógica Formal, os argumentos racionais não se restringem ao domínio da demonstração.

Necessidade de criar uma nova lógica a que Perelman chama Teoria da Argumentação (Nova Retórica).
Esta Teoria da Argumentação é uma Lógica do Preferível.

Traço fundamental que distingue a Teoria da Argumentação da Lógica Formal – a questão da adesão do auditório.
“Todo o discurso que não aspira a uma realidade impessoal depende da Retórica” Sempre que um discurso visa uma adesão pessoal, está em campo uma actividade retórica.

O DISCURSO ARGUMENTATIVO

- REGRAS GERAIS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM ARGUMENTO

- Faça distinção entre premissas e conclusão.
- Apresente as suas ideias pela ordem que revele mais naturalmente o seu raciocínio ao leitor.
- Parta de premissas fidedignas.
- Use uma linguagem precisa, específica e concreta.
- Evite a linguagem tendenciosa.
- Use termos consistentes.
- Limite-se a um sentido para cada termo.

ESTRUTURA DE UM ENSAIO ARGUMENTATIVO

-Introdução
- Explicação da questão.
- Delimitação e unidade do tema.
- Subdivisão do tema (se for possível e útil).
- Apresentação de uma proposta precisa de trabalho.

- Desenvolvimento
- Apresentação dos argumentos um por um.
- Desenvolvimento completo dos argumentos.
- Consideração de objecções possíveis.
- Refutação ou confronto das objecções com argumentos.
- Consideração de alternativas.

- Conclusão
- Síntese dos resultados a que se chegou (não afirme mais do que mostrou

- PRINCIPAIS TIPOS DE ARGUMENTO

- Argumentos com base em exemplos:(indutivos)
Regras de validade:
- Use mais do que um argumento.
- Escolha exemplos representativos.
- Forneça informação de fundo relevante para a avaliação dos exemplos.
- Verifique se existem contra-exemplos
.

- Argumentos por analogia:
Regras de validade:

- Um só caso pode ser suficiente.
- O exemplo tem que ser semelhante num aspecto relevante
.

- Argumentos de autoridade:Regras de validade:
- As fontes devem ser citadas.
- As fontes devem ser qualificadas.
- As fontes devem ser imparciais.
- As fontes devem ser comparadas.
- (Ataques pessoais não desqualificam uma fonte).

- Argumentos sobre causas:
Regras de validade:- Mostrar que a conclusão sugere a causa mais provável.
- Mostrar que a correlação dos factos não é uma mera coincidência.
- Mostrar a complexidade das causas.

- Argumentos dedutivos:- Silogismos Categóricos, Hipotéticos (Modus Ponens e Modus Tollens) e Disjuntivos
-Redução ao absurdo.
- Sequência de argumentos dedutivos (ou argumentos dedutivos em vários passos)
-



O discurso argumentativo como “lugar” da liberdade.

A Ética do discurso argumentativo , o recurso à racionalidade

Bom uso da retórica implica a subordinação a princípios éticos:
- Princípio ético, por excelência, o reconhecimento da autonomia, da capacidade de escolha do auditório.
- Esclarecimento da situação, das várias alternativas e dos seus pressupostos e consequências.
- Exige liberdade de expressão do pensamento.

Mau uso da retórica – a argumentação degenera numa forma de ludibriar o auditório, em função dos interesses do orador. Manipulação.

Manipulação – uso indevido da argumentação com o intuito de levar os interlocutores a aderir acrítica e involuntariamente às propostas do orador.


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