quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Proposta de correção do 1º Teste

 


PROPOSTA DE CORREÇÃO DO TESTE DE 4 DE NOVEMBRO 2021

 

Grupo II

ARGUMENTAR

 

1. Os céticos apresentam razões para duvidar da verdade do conhecimento, uma das razões, aquela que está implícita no texto, é apelidada de argumento da regressão infinita. Este argumento põe em causa a justificação do conhecimento pois afirma que nenhum conhecimento está justificado, logo, não pode haver conhecimento, visto que a justificação é uma condição necessária para que este aconteça. O argumento parte do princípio de que para justificar qualquer crença é preciso fazê-lo apelando a outra crença, ora haverá sempre uma crença que é um ponto de partida e que não está justificada, sendo assim não podemos confiar em nenhum conhecimento pois não existe qualquer justificação última que suporte a cadeia de justificações. Descartes supera este argumento cético com a demonstração do cogito como uma crença fundante/básica que se autojustifica pois para duvidar é preciso pensar e não há necessidade, por isso, de procurar mais nenhuma justificação para o ato puro do pensamento visto ele se apresentar de uma forma evidente e inquestionável.  

 

2 .A ideia do cogito “ Penso, logo existo” surge com clareza e distinção de modo a ser de tal modo evidente que o pensamento só a poderia considerar verdadeira, pois não poderia ser de outro modo. A ideia do cogito não surge de uma dedução mas de uma intuição, como uma certeza que nada poderia mudar nem nenhuma dúvida afetar. A certeza de ser um ser pensante é mais evidente do que a certeza de ter um corpo, pois essa certeza de ter um corpo não resiste à dúvida. Descartes compreende com o Cogito que a verdade é um acordo da razão consigo própria, e só a razão é juiz do conhecimento e pode distinguir o verdadeiro do falso. Compreende ainda através do cogito que o conhecimento humano é possível pois a verdade encontra-se claramente demonstrada a partir dessas verdades primárias (metafísicas), ou crenças básicas. A partir dessas crenças básicas, certezas que não precisam de outras crenças para se justificarem porque pelo pensamento concebe-se claramente que se autojustificam. Assim, a partir de fundamentos seguros é possível deduzir com segurança outras certezas metafísicas, como a existência de Deus e a distinção corpo/alma. Poder-se-ia conhecer outras verdades sobre as ciências por simples raciocínio dedutivo  e, deste modo reconstruir todo o edifício do conhecimento que se encontrava destruído pelas dúvidas céticas.

 

Através do método da dúvida sobre as fontes do conhecimento, Descartes encontra a sua primeira verdade indubitável: “Penso, logo existo”. O Cogito é uma ideia evidente, clara, distinta e inata, a primeira crença básica a priori da filosofia cartesiana. Permite-nos inferir que é possível um conhecimento a priori que não necessita da justificação da experiência e que se fundamenta apenas na razão. Permite-nos também concluir que é verdadeiro tudo o que se apresente com clareza e distinção à razão, isto é todas as ideias evidentes que a razão vê claramente que não poderiam ser de outro modo e não se confundem ou derivam de outras ideias. A partir desta crença básica é possível construir os alicerces seguros do conhecimento de modo a escapar ao ceticismo.

Objeções: Não podemos conhecer nada do mundo a partir do cogito, logo ele não é um bom fundamento para todo o conhecimento em geral.

 

 

3.

A definição tradicional de conhecimento coloca três condições necessárias para a definição; Ter uma crença, que essa crença seja verdadeira e que esteja bem justificada com razões. Essas três condições são necessárias e nenhuma delas por si é suficiente. Porque é necessário ter uma crença? Porque o conhecimento corresponde a um estado mental em que se S sabe que P, então acredita nisso que sabe. Seria contraditório afirmar que S sabe que P, e ao mesmo tempo não acredita no que sabe. Exemplo: Sei que o mar tem ondas, mas não acredito nisso. Portanto, saber P implica uma crença, S acredita em P. Também é necessário que essa crença seja verdadeira, porque o conhecimento não depende da convicção com que o sujeito acredita em P (sendo P uma qualquer proposição) P tem que ser do mesmo modo como S acredita, o conhecimento é factivo. Se, por outro lado, esta crença em P não tem qualquer justificação, não há boas  razões para acreditar que P é verdadeira então, também não há conhecimento, há apenas um palpite, uma suposição ao acaso.
Por outro lado não é suficiente ter apenas uma crença para ter conhecimento porque nem todas as crenças são conhecimento, como por exemplo “Acredito em Extraterrestres”, acreditar não é o mesmo que saber que existem. Também não é suficiente ter uma crença verdadeira para ter conhecimento porque uma crença pode ser verdadeira por acaso, e o conhecimento não pode ser por acaso, e por outro lado não é suficiente ter uma boa justificação, podemos ter boas justificações para acreditar em falsidades, depende dos nossos estados cognitivos. Aristóteles tinha razões para acreditar que a Terra era plana, e a Terra não é plana.

 

Grupo III

PROBLEMATIZAR

1-O problema aflorado no texto diz respeito à dúvida na perceção sensorial das coisas corpóreas; Descartes afirma que essas perceções são obscuras e confusas e que, por isso, podem não corresponder ao modo como as coisas corpóreas são. Os sentidos captam certas propriedades que são transitórias e particulares, como o tamanho de uma vela, que pode ser grande ou pequeno, de uma matéria que se altera com o calor e que não permanece sempre igual não havendo forma de ter um conhecimento claro e distinto dos particulares. Podemos compreender, no entanto, como diz no texto, que as coisas corpóreas têm todas certas propriedades gerais que são universais e que podem ser conhecidas matematicamente como a sua extensão, posição e forma. O texto chama a atenção para o problema da racionalização do mundo corpóreo que pode ser conhecido com rigor pela sua extensão e que essa é a substância que todas as coisas corpóreas têm, por oposição ao pensamento que não tem extensão.

 

2-O Argumento utilizado para provar a existência de Deus é o seguinte:  Vejo claramente que sou imperfeito porque erro muito e há mais perfeição em quem não erra do que em quem erra. Qual então a causa da minha ideia de perfeição? Não posso ser eu, que sou imperfeito, não pode ser a natureza que não sei se existe, e não me parece mais perfeita que eu. A causa deve ser mais perfeita que a ideia  (por princípio a causa é mais perfeita que a cópia, sendo que Deus é a origem da ideia, neste aspeto a ideia tem menos ser que a sua origem ou causa) a causa só pode existir, visto que nenhuma ideia existe sem uma causa. Logo, a causa da minha ideia de perfeito só pode ser um ser com todas as perfeições, esse ser só pode ser Deus.

 

O argumento é circular. Como posso ter a certeza que não me engano quando penso que sou imperfeito? Só posso ter a certeza de que existo, ora, não posso ter a certeza dos meus raciocínios pois a possibilidade de existência de um "génio maligno" ainda não foi afastada, sendo assim nenhum raciocínio terá validade e a prova da existência de Deus é uma dedução, não uma intuição, é portanto um raciocínio com premissas e conclusão.   Se sei que existe Deus a partir de um raciocínio, é porque pressuponho que existe um Deus antes mesmo de o provar, pois só a existência de Deus me pode dar a garantia da validade dos meus raciocínios na medida em que afasta a possibilidade de um "génio maligno" enganador. Existe, então, um raciocínio  circular, uma petição de princípio no argumento que prova a existência de Deus. Muitos filósofos consideram o argumento da prova da existência de Deus falacioso, uma petição de princípio, um desses filósofos é David Hume. Portanto, para concluir trata-se de, por um lado, preciso de Deus para confiar nas minhas ideias e raciocínios e, por outro lado,  é através delas que  provo a existência de Deus.

 

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