terça-feira, 28 de maio de 2019

Texto para relatório: Patrícia Frade e Dominick Martins

Kierkegaard: Exemplo de fideísmo. As questões religiosas são questões de fé e não podemos ter fé pela razão.
Gilson Soares dos Santos
Sören Aabye Kierkegaard, filósofo dinamarquês (1813/1855), é considerado por muitos historiadores como o primeiro representante da filosofia existencialista. As suas principais obras são “Diário de um Sedutor”, que retrata aquilo que Kierkegaard entende por modo de vida estético, “Temor e Tremor”, que é a reflexão do filósofo sobre a natureza da fé; e “Desespero Humano – Doença até à Morte”, uma dialética do desespero.
Segundo Sören Kierkegaard, o pai do existencialismo moderno, a mente humana é totalmente incapaz de descobrir qualquer verdade divina. Há várias razões para a incapacidade da razão humana.
O estado caído do homem.
O homem está alienado, pelo pecado, de um Deus santo. Realmente, Deus é uma “ofensa” a homens que estão num estado perpétuo de rebelião contra Ele. O homem padece o que Kierkegaard chamava de “uma doença mortal” (o título de uma das suas obras). A própria natureza do pecado do homem torna impossível para ele conhecer a verdade acerca de um Deus pessoal.
A transcendência de Deus.
O homem não pode conhecer qualquer verdade acerca de Deus porque Deus é “Totalmente Outro”. Deus não somente é uma ofensa à vontade do homem, como também Ele é um “paradoxo” à razão do homem. Embora Kierkegaard não alegue que o próprio Deus é absurdo ou irracional, mesmo assim, Deus é suprarracional, a verdade de Deus é paradoxal ou parece contraditória para nós. Porque Deus transcende totalmente a razão, ou está “além” dela, não há forma da razão ir além de si mesma e conhecer Deus.
Nenhum papel positivo da razão
O melhor que a razão pode fazer é rejeitar o absurdo ou o irracional, mas isso não pode ser de qualquer ajuda positiva para atingir a verdade divina. A verdade cristã pode ser conhecida somente por aquilo que Kierkegaard chamava um “salto na fé”. Com isso quer dizer um puro ato da vontade contra probabilidades racionais cegantes. Logo, um crente pode ir além da razão para uma entrega pessoal a Deus pela fé somente. A ilustração que Kierkegaard dá desta consideração é a resposta de Abraão ao mandamento de Deus no sentido de sacrificar seu filho amado, Isaac. Pela fé somente, e sem qualquer justificação ética ou racional, Abraão subiu ao monte Moriá para sacrificar seu filho Isaac em obediência a Deus.
As provas são uma ofensa a Deus
Conforme Kierkegaard, qualquer tentativa racional no sentido de comprovar a existência de Deus é uma ofensa contra Deus. É como um amante que insiste em comprovar a existência de sua amada a outras pessoas enquanto a pessoa amada está presente. Realmente, ninguém sequer começa a comprovar Deus a não ser que já tenha rejeitado a presença de Deus na sua vida, diz Kierkegaard. As provas são desnecessárias para os que acreditam em Deus, e não convencem os que não acreditam. A única “prova” do cristianismo é o sofrimento, conforme Kierkegaard, pois Jesus disse: “Vem, toma a tua cruz, e segue-me” (Mc 10.21b.)
As evidências históricas não ajudam
Kierkegaard perguntou: A felicidade eterna pode ser baseada em eventos históricos? Sua resposta era “não!” enfático e ressoante. O eterno nunca pode ser baseado no temporal. O melhor que o histórico pode fornecer é a probabilidade – mas o crente precisa da certeza antes de poder fazer o que Paul Tillich chamava “uma entrega definitiva”. Somente pela fé no Transcendente é que a pessoa pode transcender a probabilidade humana e histórica e encontrar Deus.
Como cristão,o Kierkegaard acreditava que Deus entrou no tempo em Cristo. Acreditava, também, que os eventos da vida de Cristo eram históricos. Inclusive o Seu nascimento virginal, a Sua crucificação, e a Sua ressurreição corpórea. Mesmo assim, Kierkegaard acreditava que não havia meio algum de ter absoluta certeza que estes eventos realmente ocorreram. Além disto, Kierkegaard acreditava que a historicidade destes eventos não era nem sequer importante. O fato significante não é a historicidade de Cristo (em tempos passados), mas, sim, a contemporaneidade de Cristo (no presente) dentro do crente, pela fé.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
GEISLER, Norman L. FEINBERG, Paul D. Introdução à Filosofia – uma perspectiva cristã. São Paulo: Vida Nova, 1989. p. 202-203.

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