sexta-feira, 16 de abril de 2021

Texto para resumo Inês Borges 11A e Gabriel Fortunato 11B

Paul Klee

Como conciliar Deus com o mal do mundo?


Existem versões conhecidas do argumento do mal anteriores ao desenvolvimento das tradições teístas: judaísmo, cristianismo e islamismo. Uma dessas formulações deve-se a Epicuro, um filósofo grego cujo pensamento foi bastante influente. Na versão de Epicuro, o argumento mostra que a hipótese de um Deus bom conduz validamente a consequências absurdas; daí não poder ser verdadeira.
          O argumento é o seguinte:


(1)  Deus deseja abolir o mal e não pode fazê-lo, ou Deus pode abolir o mal mas não quer fazê-lo.
(2)  Se deseja abolir o mal mas não pode fazê-lo, então não tem esse poder.
(3)  Se pode abolir o mal mas não quer fazê-lo, então não é bom.

      \ Deus não é bom ou não tem todos os poderes.


          Epicuro pretende mostrar que a ideia de um Deus omnipotente e bom é incompatível com a existência do mal. Fica, portanto, a pergunta: se Deus deseja acabar com o mal e pode fazê-lo, por que razão não o faz?  
          As respostas tradicionais a esta pergunta – i. e., ao problema do mal – designam-se por teodiceias. Uma das mais famosas teodiceias da tradição filosófica ocidental deve-se a Leibniz. Segundo Leibniz, vivemos no melhor dos mundos possíveis; Deus não deseja o mal e poderia ter criado um mundo diferente. Mas qualquer alternativa que Deus pudesse ter considerado teria ainda piores resultados do que o mundo tal como é. Esta resposta tende a parecer hoje tão pouco convincente (depois do extermínio dos judeus pelos nazis, as guerras e os cataclismos que atravessaram todo o século XX, etc.) como pareceu aos seus contemporâneos. Voltaire, em especial, satirizou Leibniz impiedosamente numa obra de ficção – Candide – onde o terramoto de Lisboa de 1775 é utilizado para cobrir de ridículo a tese de Leibniz.
          O problema do mal foi desde muito cedo reconhecido pelas grandes tradições teístas e podemos encontrá-lo formulado já no Antigo Testamento. É natural que tal aconteça em virtude do desafio inescapável que coloca; os filósofos cristãos, naturalmente, não podiam evitá-lo.
          Numa versão simples, o argumento pode ser proposto com o objectivo de provar que Deus não existe:
(1)  Se Deus existe, o mal não existe.
(2)  O mal existe.

        \ Deus não existe.
Luis M Duarte Texto retirado daqui

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