segunda-feira, 9 de março de 2020

Texto para resumo. Joana 11B e Pedro 11I



Marc Chagall

Agora examinemos brevemente algumas das mais famosas teorias estéticas existentes, de modo a ver se elas de fato incorporam afirmações corretas e adequadas acerca da natureza da arte.
Segundo Weitz (1956), para começar, considere uma versão famosa da teoria formalista, a qual foi proposta por Bell e Fry. É verdade que eles falam, sobretudo, da pintura nos seus escritos, mas ambos afirmam que aquilo que eles encontram nessa forma de arte pode ser generalizado para aquilo que é "arte" nas outras formas de arte. A essência da pintura, defendem eles, é a relação entre os elementos plásticos. A sua propriedade definidora é a forma significante, isto é, certas combinações entre as linhas, as cores, as formas e os volumes -- tudo aquilo que se encontra na tela exceto os elementos representacionais -- que evocam uma reação peculiar a tais combinações. A pintura é definível como organização plástica. A natureza da arte, aquilo que ela realmente é, afirma esta teoria, é uma combinação única de certos elementos (os elementos plásticos especificados) e das suas relações. Tudo aquilo que é arte é uma instância de forma significante; e tudo aquilo que não é arte não possui tal forma.
Mas as suas dificuldades também são enormes: o problema é conseguir explicar de maneira convincente em que consiste a tal propriedade comum a todas as obras de arte, a tal “forma significante”, responsável pelas emoções estéticas que experimentamos. Clive Bell refere, pensando também no caso da pintura, que a forma significante reside numa certa combinação de linhas e cores. Mas que combinação é essa e que cores são essas exatamente? E em que consiste a forma significante na música, na literatura, no teatro etc.? A ideia que fica é que a forma significante não serve para identificar nada.
Já os emocionalistas dizem que a verdadeira propriedade essencial da arte foi deixada de lado. Tolstoy, Ducasse ou qualquer outro dos defensores desta teoria, acham que a propriedade definidora requerida não é a forma significante, dita pelos formalista, mas antes a expressão das emoções num qualquer meio público sensual. Sem a projeção das emoções num qualquer pedaço de pedra ou num qualquer pedaço de madeira ou em certos sons, etc., não pode haver arte.
Mas, podemos mostrar que algumas pessoas não sentem qualquer tipo de emoção perante certas obras que são consideradas arte. Quer dizer que essas obras podem ser arte para uns e não o ser para outros? Nesse caso o critério para diferenciar as obras de arte das outras de que serviria? Teríamos, então, obras de arte que não são obras de arte, o que não faz sentido. Também não é grande ideia responder que quem não sente emoções estéticas em relação a determinadas obras não é uma pessoa sensível, como sugere Bell, o que parece uma inaceitável fuga às dificuldades.
Todas as teorias apresentadas aqui e mais outras que não deram para ser citadas são inadequadas em diferentes aspectos. Todas elas pretendem fornecer uma descrição completa das características definidoras das obras de arte e, contudo, cada uma delas deixa de lado algo que as outras tomavam como central.
Segundo Weitz, existe, além disso, um tipo diferente de dificuldade. Como definições reais este tipo de teorias deviam fornecer informações factuais sobre a arte. E se isto for verdade, podemos perguntar se serão elas teorias empíricas e abertas à verificação ou falsificação. Por exemplo, o que é que confirmaria ou infirmaria a teoria de que a arte é forma significante ou a personificação das emoções ou a síntese criativa de imagens? Parece nem sequer haver a mais pequena sugestão sobre que tipo de dados poderia testar estas teorias; e de fato, perguntamo-nos se elas não serão talvez definições honrosa de "arte", isto é, propostas de redefinição do conceito de arte de modo a aplicá-lo em função de certas condições escolhidas, e não informações verdadeiras ou falsas acerca das propriedades essenciais da arte.
Weitz (1956, p.6) defende também que um conceito de arte é aberto:
Assim, aquilo que estou a defender é que o próprio caráter expansivo e empreendedor da arte, as suas sempre presentes mudanças e novas criações, torna logicamente impossível garantir um qualquer conjunto de propriedades definidoras.

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