segunda-feira, 22 de maio de 2017

Correção do teste de Filosofia de 15 de Maio.






1. Em que consiste o método indutivo em ciência? Qual a posição de Popper acerca do método indutivo? Justifique.

Para os defensores do método indutivo, a constituição de uma lei científica resulta de uma generalização a partir de observações repetidas e sistemáticas de um fenómeno particular.  Segundo os defensores do método indutivo, a repetição de experiências particulares e a obtenção de dados, permite encontrar um padrão e depois generalizar esse padrão para todos os casos não observados. A conquista de um padrão matemático que está na origem da lei revela uma constante que une vários fenómenos e possibilita fazer  previsões para o futuro.
Popper refuta esta teoria e defende que a indução não é o método que permite a constituição das leis científicas. Primeiro porque nenhuma observação se faz sem antes ter um problema teórico e, segundo, porque as leis são universais e necessárias, enquanto a conclusão de um raciocínio indutivo é sempre provável.
Embora seja um procedimento comum a algumas ciências como a Biologia, o método indutivo não permite a construção de leis universais e necessárias, só permite leis probabilísticas.  Se há leis universais e necessárias em ciência, então, das duas uma, ou não são científicas pois não são resultados de generalizações a partir de observações particulares, ou são científicas mas não são indutivas, são antes resultado de um método diferente: Hipotético/Dedutivo e Falsificacionista.
2.Relacione estes dois tipos de conhecimento: senso comum e conhecimento científico.

O conhecimento científico e o senso comum divergem no sentido em que há uma lentidão e resistência do senso comum a ideias novas que possam entrar em contradição com aquilo que habitualmente se pensa. O senso comum é acrítico, isto é, não se deixa refutar mesmo que novos factos possam desmentir as suas crenças. Esta característica produz uma sensação de desfasamento que pode identificar o senso comum com o preconceito uma vez que se agarra a verdades eternas que nada têm que as justifique senão a tradição. Contrariamente o conhecimento científico pauta-se por estar continuamente a ser revisto, aperfeiçoado, e rectificado ou refutado através de testes empíricos, essa característica permite uma evolução mais rápida e uma abertura constante a novas formas de explicação que possam satisfazer a constante crítica a que está sujeito  conhecimento científico. O senso comum é útil para servir de limite aos excessos da ciência mas também pode constituir um obstáculo ao seu avanço porque tem dificuldade em aceitar e compreender tudo o que não se adapta ou está na margem das suas certezas. Partem dos dados dos sentidos e acumulam factos, mas se o segundo tira as suas conclusões a partir da experiência, o primeiro formula certas hipóteses que constituem uma directriz através da qual organiza os dados da experiência e a interroga de um determinado modo, sistemático e racional e não apenas ocasional. São assim diferentes percepções da realidade.

3. O Racionalismo e o empirismo são teorias filosóficas que pretendem dar uma resposta ao problema de saber qual a origem do conhecimento. A teoria racionalista defendida por Descartes, fundamenta o conhecimento na razão e na capacidade desta retirar ideias a partir de outras ideias de forma evidente e dedutiva sem recorrer à experiência - ideias inatas. O Modelo de conhecimento verdadeiro para os racionalistas é o modelo matemático porque tem necessidade lógica e validade universal. Descartes é um filósofo racionalista porque defende a possibilidade de um conhecimento “a priori”. O critério da verdade do conhecimento é a evidência das ideias, uma vez que uma ideia é tão clara e distinta que se apresenta inquestionável à razão, essa ideia é verdadeira. Segundo o modelo matemático estas ideias são como axiomas que servem como fundamentos para outros conhecimentos deduzidos a partir delas. O Racionalismo defende que o conhecimento verdadeiro é a priori, isto é , independente da experiência. Poderíamos rejeitar todas as informações que derivam das sensações do mundo, o tacto, o cheiro, a visão dos objectos, restariam as ideias que são formadas pela razão e por ela intuídas e, que não tendo origem na experiência porque não derivam dela, são válidas por si, e tão claras e evidentes à Razão que esta vê, segundo a sua luz natural, que não poderiam ser de outro modo. Os Racionalistas crêem que estas ideias podem ser os princípios (crenças básicas) de todo o conhecimento e que a partir delas, por um raciocínio dedutivo se pode chegar a outros conhecimentos sobre a realidade , que, se dedução for feita correctamente, serão igualmente verdadeiros.


Quanto ao Empirismo rejeita as ideias inatas da Razão, e a noção de conhecimento "a priori" . Defende a tese de que nada existe na mente que não tenha passado antes pelos sentidos, todo o conhecimento tem origem na experiência é, portanto formado “a posteriori”.  Fundamenta-se na noção de que qualquer conceito para ter um significado tem que se referir a uma sensação/impressão qualquer, essas sensações são simples e a mente neste primeiro momento capta apenas as sensações e depois por abstracção e generalização forma os conceitos ou ideias, estas não são tão vivas como as sensações ou impressões o que quer dizer que são posteriores a estas. Os empiristas dão o exemplo das crianças que começam por ter sensações e só depois as articulam numa linguagem. O raciocínio que o entendimento faz para chegar ao conhecimento, segundo os empiristas é a indução, por acumulação de experiências que se repetem, generaliza-se para todos os casos e assim se obtém um conhecimento 
4. Um bom orador é capaz de persuadir qualquer pessoa sobre qualquer assunto, mesmo que nada saiba sobre ele, (não tem necessidade de conhecer o que é justo) apenas tem que parecer que conhece face à multidão (que aparente sê-lo à multidão que deve julgar). Deste modo a Retórica é uma falsa Arte porque manipula e ilude parecendo aquilo que não é. Concentra-se na forma de tornar o discurso agradável e não com o seu conteúdo de verdade.
Para Platão a questão principal do discurso e do conhecimento não é a persuasão, um orador não deve ter o propósito de persuadir, isto é, de conseguir a concordância de todos, o seu único propósito deve ser a verdade. Ora para os sofistas,  a verdade não existe ou se existe nada se pode saber sobre ela, logo,  o homem é a medida de todas as coisas, só ele pode decidir em cada situação o que é verdade, mas essa verdade varia de homem para homem de acordo com os seus interesses e perspectivas. Para os sofistas só podemos ter opiniões e todas as opiniões valem o mesmo, a sua aceitação por parte do auditório depende apenas do modo como a defendemos, daí que a arte de argumentar e a eloquência sejam importantes e decisivas. A educação dos jovens deve ter como principal disciplina a Retórica porque com ela se alcança o sucesso.
Para Platão, a verdade não pode ser uma mera opinião aprendida com outros, implica um conhecimento, uma investigação racional que afasta todas as opiniões.  A opinião é uma aparência de verdade, mesmo quando verdadeira a opinião ainda não é conhecimento. Para ser conhecimento tem de estar justificada com razões, não razões que a tornem mais agradável e verosímil, mas razões que a demonstrem, isto é que mostrem que é assim e não pode ser de outro modo


Grupo III
2. A tese empirista de D. Hume sobre a conexão causal é a seguinte:
Esta crença a que chamamos relação de causa efeito ou conexão causal não está justificada nem empiricamente nem racionalmente, porque “ não há nada que produza qualquer impressão, e consequentemente nada que possa sugerir qualquer ideia de poder ou conexão necessária”, o que temos a impressão é de fenómenos singulares, isolados embora sucedendo-se uns aos outros;  logo não há conhecimento mas um hábito psicológico que é criado pela sucessiva repetição dos fenómenos que se apresentam ligados. Se o conhecimento de causa efeito tem a sua origem na experiência e de modo nenhum é “apriori” (argumento do ser racional que nada soubesse do mundo, jamais poderia ter a noção de causa efeito) então é um conhecimento de facto e é contingente, todavia julgamos e pensamos como se houvesse uma conexão necessária e, portanto ultrapassamos a experiência.
Logo, para concluir não uma explicação empírica para uma conexão necessária, ela é apenas fruto do costume, um hábito psicológico.

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