GRUPO I
(3x30 Pontos)
Texto 1
“Depois, examinando com atenção o que eu era, e vendo que podia
supor que não tinha corpo algum e que não havia qualquer mundo, ou qualquer
lugar onde eu existisse, mas que nem por isso podia supor que não existia;
e que, ao contrário, pelo fato mesmo de eu pensar em duvidar da verdade das
outras coisas, seguia-se mui evidente e mui certamente
que eu existia; ao passo que, se apenas houvesse cessado de pensar, embora tudo
o mais que alguma vez imaginara fosse verdadeiro, já não teria razão alguma de
crer que eu tivesse existido; compreendi por aí que eu era uma substância
cuja essência ou natureza consiste apenas no pensar, e que, para ser, não
necessita de nenhum lugar, nem depende de qualquer coisa material. De sorte que
esse eu, isto é, a alma pela qual sou o que sou, é inteiramente distinta do
corpo e, mesmo, que é mais fácil de conhecer do que ele, e, ainda que este nada
fosse, ela não deixaria de ser tudo o que é.”
Descartes, Discurso do Método, 4ºCapítulo
1. Explique
o problema colocado por Descartes.
1. O sentido deste texto centra-se na descoberta, por
parte de Descartes, de uma certeza absoluta do seu pensamento e a
confiança de que a razão pode, só por si, alcançar o conhecimento
verdadeiro. Essa certeza resulta da dúvida sistemática sobre todas as suas
crenças, e resume-se na ideia de que se duvido é necessário que pense, há algo
que dúvida, esse algo existe. A ideia do cogito “ Penso, logo existo” surge com
clareza e distinção de modo a ser de tal modo evidente que o pensamento só a
poderia considerar verdadeira, pois não poderia ser de outro modo. Descartes
compreende com o Cogito que a verdade é um acordo da razão consigo própria, e
só a razão é juiz do conhecimento e pode distinguir o verdadeiro do falso.
Compreende ainda através do cogito que o conhecimento humano é possível pois a
verdade encontra-se claramente demonstrada e a partir dessas verdades primárias
(metafísicas), ou crenças básicas poder-se-ia conhecer outras verdades
sobre as ciências por simples raciocínio dedutivo
2. Diga
quais as etapas da dúvida metódica cartesiana.
2. A dúvida
metódica foi a forma encontrada por Descartes para superar as dúvidas e as
incertezas dos céticos que punham em causa a possibilidade de um conhecimento
verdadeiro. Com a dúvida metódica, Descartes conseguiu demonstrar que há verdades
indubitáveis e que se auto-justificam, isto é, não necessitam de
outras crenças para se justificarem . Contraria assim o argumento da regressão
infinita utilizado pelos céticos para criticar o conhecimento, alegando que
nenhuma crença está justificada porque necessita sempre de outra que a
justifique.
A dúvida metódica
consiste em examinar sistematicamente os fundamentos de todas as crenças e considerar
falso, tudo o que fosse apenas duvidoso. Assim, as etapas da dúvida metódica
são: 1ª Duvidar dos sentidos; 2ª Duvidar da existência do mundo; 3º Duvidar das
verdades da razão.Argumento 1: Uma vez que os sentidos nos enganam algumas vezes, podemos duvidar do que vemos ou sentimos, logo, não podem ser os fundamentos inabaláveis do conhecimento.Argumento 2 : A realidade que vemos depende do estado de vigília que julgamos ter, mas não poderemos pensar que se trata de um sonho? No sonho estamos perante factos e, no entanto eles não são reais, o mesmo pode acontecer com toda a realidade exterior, que poderemos estar a sonhar e, por isso não ser real.
Argumento 3: As verdades matemáticas são inabaláveis mas poderíamos supor a existência de um génio maligno que nos enganasse sempre que pensamos numa verdade matemática levando-nos a dar o consentimento a algo que é falso. Assim a certeza das verdades matemáticas também é colocada em questão.
3. Demonstre
a prova da existência de Deus.
3.Depois de
concluir que de todas as verdades que julgara possuir só uma, a de que existia,
parecia ser certa e inabalável, Descartes, fica sozinho com esta única certeza,
não podendo provar que as coisas em redor dele existiam e sem poder
confiar em qualquer conhecimento obtido pela experiência. Visto
considerar-se imperfeito, pois via claramente que duvidar e errar eram
imperfeições e que há mais perfeição em quem não erra do que em quem erra
(conhecer é perfeição maior que duvidar), interroga-se então qual a origem
desta sua ideia de perfeição? Não podia ser ele próprio, nem podia surgir
do nada, visto que
(não há
menos repugnância em que o mais perfeito seja uma consequência e uma
dependência do menos perfeito do que em admitir que do nada procede alguma
coisa).
Também
não podia surgir da natureza porque nada na natureza lhe parecia superior a
ele. Mas esta ideia não poderia ser retirada de algo que possuísse algumas
imperfeições, só podia ter como causa um ser sumamente perfeito. (restava
apenas que tivesse sido posta em mim por uma natureza que fosse verdadeiramente
mais perfeita que a minha). A causa da minha ideia de perfeito só pode ser um
ser com todas as perfeições, esse ser só pode ser Deus. Logo, Deus existe.
Grupo II
(4x15 Pontos)
1. Segundo a definição tradicional de conhecimento este consiste numa
crença verdadeira e justificada. Porquê?
1. Tem de ser uma crença porque seria contraditório saber alguma coisa e não acreditar nisso, tem pois de o conhecimento ser uma crença. Tem de ser verdadeira porque o conhecimento é factivo não pode haver conhecimento de falsidades. Não basta ser uma crença verdadeira tem que estar justificada por boas razões porque o conhecimento não surge por acaso.
1. Tem de ser uma crença porque seria contraditório saber alguma coisa e não acreditar nisso, tem pois de o conhecimento ser uma crença. Tem de ser verdadeira porque o conhecimento é factivo não pode haver conhecimento de falsidades. Não basta ser uma crença verdadeira tem que estar justificada por boas razões porque o conhecimento não surge por acaso.
2.“O relógio da igreja da tua terra é bastante fiável e costumas confiar
nele para saber as horas. Esta manhã, quando vinhas para a escola, olhaste para
o relógio e viste que ele marcava exactamente 8h e 20m. Por isso, formaste a
crença de que eram 8h e 20m. O facto do relógio ter sido fiável no passado
justifica a tua crença. Contudo, sem que o soubesses, o relógio tinha avariado
no dia anterior exactamente quando marcava 8h e 20m.
O que prova este exemplo?
Prova que podemos ter uma crença verdadeira, que está justificada pela experiência anterior e não corresponde a um conhecimento. Prova portanto que a definição tradicional de conhecimento está incompleta.
O que prova este exemplo?
3. Diga quais os tipos de conhecimento e exemplifique.
Proposicional: "Sei que Paris é a capital da França" é o conhecimento que se elabora em proposições com valor de verdade, pode ser transmitido.
Por contacto " Conheço Paris" implica contacto directo com o objecto do meu conhecimento.
Saber fazer: " Sei tocar piano" conhecimento que se adquire pela prática e pela experiência e não por proposições.
Proposicional: "Sei que Paris é a capital da França" é o conhecimento que se elabora em proposições com valor de verdade, pode ser transmitido.
Por contacto " Conheço Paris" implica contacto directo com o objecto do meu conhecimento.
Saber fazer: " Sei tocar piano" conhecimento que se adquire pela prática e pela experiência e não por proposições.
4. Descreva o acto cognitivo como relação sujeito-objecto.
O acto cognitivo pode descrever-se como um fenómeno que coloca frente a frente um sujeito e um objecto. O objecto é o que é conhecido e o sujeito aquele que conhece. Este fenómeno dá-se em 3 momentos: O sujeito sai de si, permanece na esfera do objecto e volta a si com uma representação (imagem) do objecto. O Objecto é transcendente ao sujeito porque não se deixa possuir na representação que o sujeito tem, permanece como algo exterior ao sujeito do qual ele apenas tem uma imagem na sua consciência mas não o objecto em si que não pode ser reduzido a uma imagem, é algo para além dela.
Grupo
IV
( 2x25
Pontos)
1. SALVIATI – […] Espanta-me […] que não vos apercebais que Aristóteles
supõe o que precisamente está em questão. Ora notai… SIMPLÍCIO – Suplico-vos,
Senhor Salviati, falai com mais respeito de Aristóteles. A quem convenceríeis,
aliás, de que aquele que foi o primeiro, o único, o admirável explicador da
forma silogística, da demonstração, das refutações, […] de toda a lógica, em
suma, tenha podido cair num erro tão grave como o de supor conhecido o que está
em questão?
Galileu Galilei, Diálogo dos Grandes Sistemas (Primeira Jornada), Lisboa,
1.1. Nomeie a falácia cometida por Aristóteles, segundo Salviati.
Argumento falacioso é aquele que parece ser válido mas não é válido ou porque tem premissas falsas ou porque as premissas não são suficientes ou relevantes para retirar uma conclusão. Por ter uma falsa aparência este argumento é enganador. Pode ser eficaz pela força psicológica mas não tem validade lógica.A falácia cometida é uma Petição de princípio. Porque Aristóteles supõe como conhecido o que está em questão.
Galileu Galilei, Diálogo dos Grandes Sistemas (Primeira Jornada), Lisboa,
1.1. Nomeie a falácia cometida por Aristóteles, segundo Salviati.
Argumento falacioso é aquele que parece ser válido mas não é válido ou porque tem premissas falsas ou porque as premissas não são suficientes ou relevantes para retirar uma conclusão. Por ter uma falsa aparência este argumento é enganador. Pode ser eficaz pela força psicológica mas não tem validade lógica.A falácia cometida é uma Petição de princípio. Porque Aristóteles supõe como conhecido o que está em questão.
1.2. Distinga manipulação e persuasão. Exemplifique.
O Bom uso da retórica implica a subordinação a princípios éticos:
Princípio ético, por excelência, o reconhecimento da autonomia, da capacidade de escolha do auditório.
Esclarecimento da situação, das várias alternativas e dos seus pressupostos e consequências. Exige liberdade de expressão do pensamento.
O Mau uso da retórica – a argumentação degenera numa forma de ludibriar o auditório, em função dos interesses do orador. Manipulação – uso indevido da argumentação com o intuito de levar os interlocutores a aderir acrítica e involuntariamente às propostas do orador.
O Bom uso da retórica implica a subordinação a princípios éticos:
Princípio ético, por excelência, o reconhecimento da autonomia, da capacidade de escolha do auditório.
Esclarecimento da situação, das várias alternativas e dos seus pressupostos e consequências. Exige liberdade de expressão do pensamento.
O Mau uso da retórica – a argumentação degenera numa forma de ludibriar o auditório, em função dos interesses do orador. Manipulação – uso indevido da argumentação com o intuito de levar os interlocutores a aderir acrítica e involuntariamente às propostas do orador.
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