terça-feira, 6 de novembro de 2018

CORREÇÃO DO TESTE 11D


CORREÇÃO DO TESTE 11D

1. No texto são referidos dois tipos de ideias sobre o Sol. A primeira que resulta da perceção sensível, apresenta-nos um Sol muito pequeno; a outra “retirada dos raciocínios da astronomia” mostra-nos um Sol maior que a Terra. Estas duas ideias não podem ser ambas verdadeiras pois se assim fosse o Sol seria pequeno e grande o que seria impossível visto que ele é um corpo e, como tal, tem uma configuração só, não dependendo do modo como o vemos, mas do modo como a razão nos pode demonstrar como tem que ser para ter os efeitos que tem, tal como vem demonstrado nos cálculos sobre o Sol da investigação astronómica. Descartes conclui assim, contra os empiristas, que a visão, e os sentidos em geral, não nos dão um verdadeiro conhecimento do que existe e levam-nos a enganos. Se considerarmos que a fonte do conhecimento para os empiristas são as impressões sensíveis, o argumento de Descartes contraria a fiabilidade deste tipo de conhecimento opondo-o ao rigor dos cálculos matemáticos.

2. A dúvida metódica foi a forma encontrada por Descartes para superar as dúvidas e as incertezas dos céticos que punham em causa a possibilidade de um conhecimento verdadeiro. Com a dúvida metódica, Descartes conseguiu demonstrar que há verdades indubitáveis e que se autojustificam,  isto é, não necessitam  de outras crenças para se justificarem . Contraria assim o argumento da regressão infinita utilizado pelos céticos para criticar o conhecimento, alegando que nenhuma crença está justificada porque necessita sempre de outra que a justifique.
A dúvida metódica  consiste em examinar sistematicamente os fundamentos de todas as crenças e considerar falso tudo o que fosse apenas duvidoso. Assim, as etapas da dúvida metódica são: 1ª Duvidar dos sentidos; 2ª Duvidar da existência do mundo; 3º Duvidar das verdades da razão.
Argumento 1: Uma vez que os sentidos nos enganam algumas vezes, podemos duvidar do que vemos ou sentimos, logo, não podem ser os fundamentos inabaláveis do conhecimento.

Argumento 2 : A realidade que vemos depende do estado de vigília que julgamos ter, mas não poderemos pensar que se trata de um sonho? No sonho estamos perante factos e, no entanto eles não são reais, o mesmo pode acontecer com toda a realidade exterior, que poderemos estar a sonhar e, por isso não ser real.

Argumento 3: As verdades matemáticas são inabaláveis mas poderíamos supor a existência de um génio maligno que nos enganasse sempre que pensamos numa verdade matemática levando-nos a dar o consentimento a algo que é falso. Assim a certeza das verdades matemáticas também é colocada em questão.



3. Através do método da dúvida sobre as fontes do conhecimento, Descartes encontra a sua primeira verdade indubitável: “Penso, logo existo”. O Cogito é uma ideia evidente, clara, distinta e inata, a primeira crença básica a priori da filosofia cartesiana. Permite-nos inferir que é possível um conhecimento a priori que não necessita da justificação da experiência e que se fundamenta apenas na razão. Permite-nos também concluir que é verdadeiro tudo o que se apresente com clareza e distinção à razão, isto é todas as ideias evidentes que a razão vê claramente que não poderiam ser de outro modo e não se confundem ou derivam de outras ideias. A partir desta crença básica é possível construir os alicerces seguros do conhecimento de modo a escapar ao ceticismo. As primeiras crenças básicas inferidas do Cogito são: A existência de Deus. Porque se duvido sou imperfeito, Qual a causa da ideia de perfeição? Não posso ser eu nem o mundo só pode ser Deus, logo Deus existe. A terceira crença básica é a distinção entre a alma e o corpo. Vejo claramente que a existência da alma é mais certa que a do corpo, pois poderia existir mesmo sem corpo algum, mas não poderia existir se não pensasse.


4. No texto Descartes refere-se ao o argumento ontológico. é uma tentativa de mostrar que a existência de Deus se segue necessariamente da definição de Deus como o ser supremo. Porque esta conclusão pode ser retirada sem recorrer à experiência, diz-se que é um argumento a priori.
De acordo com o argumento ontológico, Deus define-se como o ser mais perfeito que é possível imaginar; ou, na mais famosa formulação do argumento, Deus define-se como “aquele ser maior do que o qual nada pode ser concebido”. A existência seria um dos aspetos desta perfeição ou grandiosidade. Um ser perfeito não seria perfeito se não existisse. Consequentemente, da definição de Deus seguir-se-ia que Deus existe necessariamente, tal como se segue da definição de um triângulo que a soma dos seus ângulos internos será de 180 graus, mas se podemos conceber a existência do triângulo como mental, não se passa o mesmo com a definição de Deus, visto que o conceito de perfeição implica que nada lhe pode faltar. Logo, não lhe pode faltar uma existência autónoma do meu pensamento.
Quanto ao outro argumento utilizado na filosofia cartesiana, apelida-se de argumento da causa e articula-se do seguinte modo: Vejo claramente que sou imperfeito porque erro muito e há mais perfeição em quem não erra do que em quem erra. Qual então a causa da minha ideia de perfeição? Não posso ser eu, que sou imperfeito, não pode ser a natureza que não sei se existe, a causa deve ser mais perfeita que a ideia, a causa só pode existir, visto que nenhuma ideia existe sem uma causa. Logo, a causa da minha ideia de perfeito só pode ser um ser com todas as perfeições, esse ser só pode ser Deus.


Grupo III

1. Não, a calculadora não sabe quanto dá 356 euros a dividir por 4 pessoas.
Justificação da resposta:
‒ de acordo com a análise tradicional do conhecimento (proposicional), crença, verdade e justificação são condições necessárias do conhecimento (proposicional);o resultado apresentado pela calculadora (embora seja correto e esteja adequadamente justificado, pois a
calculadora aplica um programa concebido por matemáticos competentes) não é conhecimento, porque a calculadora não tem crenças (nomeadamente, não tem a crença de que 356 euros a dividir por 4 pessoas dá 89 euros a cada uma, pois a calculadora não tem estados mentais)


2. A fenomenologia do conhecimento reduz o fenómeno do conhecimento a uma relação entre o sujeito (o que conhece) e um objeto (o que é conhecido). Descreve esta relação como uma correlação visto que não pode haver sujeito sem objeto nem objeto sem sujeito, existem apenas na relação embora sejam opostos um ao outro pois têm funções diferentes que não se podem permutar. A função do sujeito é ativa, produz uma imagem ou representação do objeto e a função do objeto é passiva, porque se deixa apreender. Todavia nesse ato de apreensão o objeto permanece como transcendente ao sujeito nunca podendo reduzir-se à esfera da sua representação mental.
O acto cognitivo dá-se em três momentos: o sujeito está em si, sai de si, penetra na esfera do objecto e volta a si com uma imagem ou representação do objecto.


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