GRUPO I
1. O texto analisa a forma como Descartes fundamenta a sua
primeira verdade indubitável . A partir da dúvida metódica que era um método
cético, ultrapassa a argumentação cética e a descrença na possibilidade de
alcançar a verdade demonstrando o carácter indubitável da verdade de que “Penso
logo existo”. A ideia do cogito “ Penso, logo existo” surge com clareza e
distinção de modo a ser de tal modo evidente que o pensamento só a poderia
considerar verdadeira, pois não poderia ser de outro modo. A ideia do cogito
não surge de uma dedução mas de uma intuição, como uma certeza que nada poderia
mudar nem nenhuma dúvida afetar. A certeza de ser um ser pensante é mais
evidente do que a certeza de ter um corpo, pois essa certeza de ter um corpo
não resiste à dúvida. Descartes compreende com o Cogito que a verdade é um
acordo da razão consigo própria, e só a razão é juiz do conhecimento e pode
distinguir o verdadeiro do falso. Compreende ainda através do cogito que o
conhecimento humano é possível pois a verdade encontra-se claramente
demonstrada a partir dessas verdades primárias (metafísicas), ou crenças
básicas. A partir dessas crenças básicas, certezas que não precisam de outras
crenças para se justificarem porque pelo pensamento concebe-se claramente que se
autojustificam. Assim, a partir de fundamentos seguros é possível deduzir com
segurança outras certezas metafísicas, como a existência de Deus e a distinção
corpo/alma. Poder-se-ia conhecer outras verdades sobre as ciências por simples
raciocínio dedutivo e, deste modo reconstruir todo o edifício do
conhecimento que se encontrava destruído pelas dúvidas céticas.
2. 1º Argumento:
Depois de concluir que de todas as verdades que julgara possuir só uma, a de
que existia, parecia ser certa e inabalável, Descartes, fica sozinho com esta
única certeza, não podendo provar que as coisas em redor dele existiam e sem
poder confiar em qualquer conhecimento obtido pela experiência
(sentidos). Visto considerar-se imperfeito, pois via claramente que duvidar e
errar eram imperfeições e que há mais perfeição em quem não erra do que em quem
erra (conhecer é perfeição maior que duvidar), interroga-se então qual a origem
desta sua ideia de perfeição? Não podia ser ele próprio, nem podia surgir
do nada, visto que (não há menos repugnância em que o mais perfeito seja
uma consequência e uma dependência do menos perfeito do que em admitir que do
nada procede alguma coisa).
Também não podia surgir da natureza porque nada na
natureza lhe parecia superior. Mas esta ideia não poderia ser retirada de algo
que possuísse algumas imperfeições, só podia ter como causa um ser sumamente
perfeito. Restava apenas que tivesse sido posta em mim por uma natureza que
fosse verdadeiramente mais perfeita que a minha. A causa da minha ideia de
perfeito só pode ser um ser com todas as perfeições, esse ser só pode ser Deus.
Logo, Deus existe.
2º Argumento – Argumento ontológico.
Se a ideia de Deus é a de um ser perfeito, desta ideia ou conceito fazem parte
todas as perfeições que possam ser pensadas como; omnipotência, omnisciência e
omnipresença. Nenhuma imperfeição pode caber na ideia de um ser perfeito, ora,
a não existência, é uma imperfeição que não pode ser atribuída ao ser perfeito.
Logo, a não existência é incompatível com a perfeição, sendo assim a perfeição
é existente, e Deus sendo a ideia de perfeição, existe.
3. Conhecimento de questões de facto e conhecimento de
relação de ideias. O primeiro dá-nos a informação sobre o modo como o mundo é,
mas o o conhecimento que daí resulta é contingente e não necessário. As
verdades de facto como: "A ponte 25 de Abril situa-se em Lisboa"
podem ser negadas sem que esta negação implique contradição, pois poderia
ser de outro modo, não repugna racionalmente que a Ponte não estivesse em
Lisboa, essa proposição faz sentido e poderia ainda ser pensada. Assim, todos
os conhecimentos de facto que são justificados pela experiência, não são
verdades necessárias, ora todas as verdades contingentes são apenas
provavelmente verdadeiras. O segundo conhecimento não nos acrescenta nova
informação àquela que já está contida nos conceitos ou ideias, por exemplo;
" O quadrado tem quatro lados", porque se é um quadrado tem de ter
quatro lados, isto é, o predicado faz parte da definição do conceito. Por outro
lado este conhecimento é necessário, é sempre verdadeiro e o seu contrário
implica uma contradição, é impossível pensar o seu contrário, isto é não tem
sentido um quadrado ter mais ou menos que quatro lados. Explicação: Conhecimento
de factos é contingente e a sua negação não implica contradição, enquanto que o
conhecimento de relação de ideias é necessário e a sua negação implica uma
contradição. Explicação: relacionar ideias só necessita de um acordo lógico da
razão consigo mesma, é independente dos factos do mundo, logo pode ser um
conhecimento necessário visto que está fundado em leis universais e necessárias
que são as leis racionais. Quanto ao conhecimento dos factos, necessita da
experiência, das impressões e percepções, essa experiência é limitada, visto
que o sujeito não pode conhecer todos os factos. A experiência mostra-nos uma
realidade em mudança, e a necessidade de alterar crenças, logo ,o conhecimento
resultante da experiência, é também contingente, pois poderia ser de outro
modo, não podemos ter acesso a verdades necessárias, não é necessário que
aconteça assim, há a sempre a possibilidade de mudança, de ser de outro modo.
4. Impressões e ideias são perceções
mentais, isto é, constituem todo o conteúdo da mente que podemos conhecer. As
primeiras são originais e antecedem as segundas que são cópias feitas mediante
a memória das impressões vividas. Podemos ter ideias de objetos nunca antes
vividos, se associarmos ideias simples, formando assim ideias complexas como a
ideia de vampiro. Podemos também antecipar o prazer ou a dor vividas pela
expectativa de as voltarmos a viver. Seja pela memória ou pela imaginação as
perceções pensadas, ideias, não são nunca tão fortes e intensas como as
vividas, impressões, e sendo que o original é sempre mais forte e perfeito que
a cópia, Hume conclui que as impressões são atos originais e que não existem
ideias sem na origem estar a impressão interna ou externa equivalente. As
impressões podem ser simples ou complexas e podem ser interiores ou exteriores,
sendo que as primeiras são vividas pela sensibilidade e as segundas resultam de
um sentimento, paixão ou dor vividos interiormente pelo sujeito. As ideias
podem ser ainda gerais quando resultam da associação de ideias simples, de
acordo com a sua semelhança para a formação dos conceitos, ou as ideias
complexas são o fruto da associação de ideias simples através da imaginação.
Grupo II
1- D
2- A
3 – D
4- A
5- A
Grupo III
1. Não o João não sabe que vai ter muitas prendas. O João
tem uma crença verdadeira mas não está justificada, pois o João justifica a sua
crença na existência do Pai Natal, ora o Pai Natal não existe a crença do João
embora verdadeira não tem fundamento.
2. Não podemos saber que a Lua é feita de queijo porque é
falso. A Lua não é feita de queijo mas sim de matéria rochosa, sendo assim esta
crença é falsa. O conhecimento é factivo, podemos acreditar em crenças falsas
mas não podemos conhecer falsidades.
Grupo IV
1. Descartes é um filósofo racionalista. O Racionalismo
cartesiano como perspetiva filosófica, fundamenta o conhecimento na razão e na
capacidade desta retirar ideias a partir de outras ideias de forma evidente e
dedutiva sem recorrer à experiência - ideias inatas. O Modelo de conhecimento
verdadeiro para os racionalistas é o modelo matemático porque tem necessidade
lógica e validade universal. Descartes é um filósofo racionalista porque
defende a possibilidade de um conhecimento “a priori”. O critério da verdade do
conhecimento é a evidência das ideias, uma vez que uma ideia é tão clara e
distinta que se apresenta inquestionável à razão, essa ideia é verdadeira.
Segundo o modelo matemático estas ideias são como axiomas que servem como
fundamentos para outros conhecimentos deduzidos a partir delas. O Racionalismo
defende que o conhecimento verdadeiro é a priori, isto é , independente da
experiência. Poderíamos rejeitar todas as informações que derivam das sensações
do mundo, o tato, o cheiro, a visão dos objetos, restariam as ideias que são
formadas pela razão e por ela intuídas e, que não tendo origem na experiência
porque não derivam dela, são válidas por si, e tão claras e evidentes à Razão
que esta vê, segundo a sua luz natural, que não poderiam ser de outro modo. Os
Racionalistas creem que estas ideias podem ser os princípios (crenças básicas)
de todo o conhecimento e que a partir delas, por um raciocínio dedutivo se pode
chegar a outros conhecimentos sobre a realidade , que, se dedução for feita
corretamente, serão igualmente verdadeiros.
Quanto ao Empirismo rejeita as ideias inatas da Razão, e a
noção de conhecimento "a priori" . Defende a tese de que nada existe
na mente que não tenha passado antes pelos sentidos, fundamenta-se na noção de
que qualquer conceito para ter um significado tem que se referir a uma sensação/impressão
qualquer, essas sensações são simples e a mente neste primeiro momento capta
apenas as sensações e depois por abstração e generalização forma os conceitos
ou ideias, estas não são tão vivas como as sensações ou impressões o que quer
dizer que são posteriores a estas. Os empiristas dão o exemplo das crianças que
começam por ter sensações e só depois as articulam numa linguagem. O raciocínio
que o entendimento faz para chegar ao conhecimento, segundo os empiristas é a
indução, por acumulação de experiências que se repetem, generaliza-se para
todos os casos e assim se obtém um conhecimento