A teoria institucionalista / institucional da arte (George Dickie)
Dickie começa por aderir à ideia de que o
projeto tradicional de encontrar uma definição essencialista deve ser
abandonado. No entanto, defende que é perfeitamente viável dar uma definição
explícita de arte. O objetivo de Dickie é, pois, o de apresentar uma definição
verdadeira capaz de resolver o problema: como distinguir arte de não-arte? O
que ele procura é uma definição nominal, ou, nas suas palavras, uma definição
em “sentido classificativo” de arte, que indique condições necessárias e
conjuntamente suficientes (Dickie 1974). Dickie apresentou a seguinte definição
institucionalista:
Algo é uma
obra de arte no sentido classificativo se, e só se, 1) é um artefacto e 2)
alguém age sobre ele em nome de uma dada instituição (o mundo da arte),
propondo-o como candidato a apreciação.
Uma das
características mais salientes desta definição é que qualquer coisa pode ser
uma obra de arte, desde que alguém a proponha como candidata para apreciação de
acordo com o procedimento descrito. Por isso Davies diz tratar-se de uma definição procedimentalista. Assim, objetos
completamente diferentes, sem qualquer semelhança percetível a não ser a sua a
sua artefactualidade, podem adquirir o estatuto de obras de arte. A noção de
artefacto de Dickie é alargada de modo a incluir objetos que não são físicos,
como, por exemplo, poemas. A ideia é que um artefacto é tudo o que é feito por
seres humanos, aí se incluindo o conjunto de movimentos coordenados que
constituem uma dança ou o que resulta do ato de apanhar um pedaço de madeira à
deriva nas águas de um rio para ser exibido numa galeria de arte. Quanto à
condição 2, Dickie esclarece que as pessoas aptas a propor um dado artefacto
para candidato a apreciação são geralmente os artistas, os galeristas, os
críticos de arte ou os curadores de arte e outros agentes ligados a museus,
revistas de arte, faculdades de artes, casas de espetáculos, etc. Essa é a
instituição, genericamente designada ‘mundo da arte’, em nome da qual se
confere a esse artefacto o estatuto de candidato para apreciação. Estamos,
portanto, perante condições necessárias e conjuntamente suficientes da arte,
que não excluem inovação artística alguma.
Críticas
1.
O que é ser
“candidato a apreciação”? E quem exatamente tem autoridade para “agir em nome
de uma determinada instituição”? E em que sentido se diz que o chamado ‘mundo
da arte’ é uma instituição, dado que não exibe a formalidade – hierarquias,
regulamentos escritos, cerimónias oficiais – característica das outras
instituições como as instituições religiosas, militares, académicas, etc?
2.
Os entendidos em arte decidem o que deve ser
considerado uma obra de arte com base em
razões ou fazem-no arbitrariamente.
Se eles o fazem com base em razões, essas
razões constituem uma teoria da arte que não é a teoria institucional.
Assim, alguém poderá dizer que os quadros de determinada pessoa apresentam
excelentes combinações de cores aliadas à simplicidade formal. Mas essa é uma
maneira de dizer, por exemplo, que eles possuem forma significante. Nesse caso
a teoria institucional esbarra em outras conceções da arte. Suponhamos agora
que os entendidos em arte decidam arbitrariamente o que deve ser considerado
obra de arte. Ora, nesse caso não fica claro porque devemos dar qualquer
importância à arte.
3.
O problema
mais notório da definição de Dickie é a sua manifesta circularidade: as obras de
arte são definidas como objetos que são aceites como tais pelas pessoas que
entendem de arte; e as pessoas que entendem de arte são definidas como as que
aceitam certos objetos como sendo obras de arte.retirado de
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