quinta-feira, 29 de abril de 2021

Texto para resumo Manuel Casimiro 11B e Julia 11A

 

FAZ SENTIDO ARGUMENTAR ACERCA DO PROBLEMA DA EXISTÊNCIA DE DEUS?


O texto abaixo foi retirado e traduzido do site http://www.askphilosophers.org/ (vale a pena visitar!) no qual os cibernautas podem colocar perguntas a um vasto painel de filósofos e obter resposta. O livro de Alexander George, Que Diria Sócrates?
Filósofos Respondem Às Suas Perguntas Sobre O Amor, O Nada E Tudo O Resto, recentemente publicado pela editora Gradiva, baseia-se em perguntas que foram seleccionadas de entre as muitas enviadas para este popular site.


PERGUNTA
Têm sido propostos muitos argumentos que visam dar suporte à proposição que afirma que Deus existe. Até agora, parece que nenhum deles foi convincente. Pensa que é possível que um argumento que conclua com ‘Deus existe’ venha a ser alguma vez convincente? Se um tal argumento não puder ser convincente, não podemos inferir que não é convincente nenhum argumento que procure estabelecer a existência de Deus? Ou pensa que podemos vir a encontrar um argumento que seja convincente?

RESPOSTA (de Allen Stairs)
Se por “convincente” quer dizer algo como “acima de qualquer dúvida”, a resposta é quase de certeza não. No entanto, isto não é algo exclusivo dos argumentos acerca da existência de Deus. A tese que afirma que Deus existe tem pelo menos em comum com as teses filosóficas em geral o facto de haver bastante margem de manobra para se argumentar a favor ou contra.
Por outro lado, se a questão é saber se existem argumentos para acreditar em Deus que alguém possa achar convincentes sem cair na irracionalidade, a resposta é quase de certeza sim. Mas, uma vez mais, isto não é algo exclusivo dos argumentos acerca da existência de Deus. Pense no que quer que seja em que os filósofos estejam em desacordo e verificará que alguns filósofos no seu perfeito juízo se deixam convencer por argumentos que outros não consideram persuasivos. 
Pode alguém, razoavelmente, considerar um argumento persuasivo, mesmo tendo consciência de que este dá azo a objecções que ainda não obtiveram resposta? Se um padrão de razoabilidade é alcançável pelos seres humanos, a resposta também é sim. Em parte, isto deve-se ao facto de haver duas maneiras de encarar objecções. Uma, é pensar nelas como refutações; outra, como problemas a resolver: ‘se calhar esta questão que me atormenta vai ser fatal para as minhas convicções’; ou ‘se calhar, com algum jeito, eu ou outra pessoa, acabaremos por descobrir uma resposta convincente’. Pessoas razoáveis podem diferir, e diferem, sobre como encarar cada caso. Na verdade, o facto de os filósofos e outro género de teorizadores diferirem quanto a isto é uma das coisas que os vai mantendo ocupados!
Tradução Carlos Marquesques.

terça-feira, 20 de abril de 2021

Texto pra resumo Gonçalo 11A 11A e Leonor Silva 11B


 A expressão teodiceia foi criada, como vimos, por Leibniz num ensaio em que o filósofo debatia a bondade de Deus, tentando estabelecer assim um tratado racional sobre Deus, sobre a liberdade do homem e a origem do mal. Perante o problema do mal, o filósofo assumiu uma posição otimista, concluindo que o mundo criado por Deus ainda é o melhor dos mundos possíveis.  A teodiceia surgiu a partir dos rudimentos de uma “tradição” vigente, eminentemente religiosa, onde a natureza era um sistema onde o acaso é fruto de um determinismo que os homens desconhecem, e o mal é um elemento necessário para que ocorra o equilíbrio (a estética, já vista), uma perfeição da qual o ser humano conhece somente uma parte do todo. Ou seja: dessa doutrina, se pode inferir que todo o mal particular concorre para um bem universal. Assim, se a sabedoria de Deus escolheu este mundo para ser o lar de sua Criação, não é lícito duvidar que este seja o “melhor dos mundos”. Dentro desse ponto de vista, pode-se ler que, nos seus ensaios sobre a teodiceia, Leibniz afirmou:


       
A imperfeição original das criaturas põe limites à ação do Criador que tende para o bem. E como a matéria mesma é um efeito de Deus, não pode ser ela mesma a fonte do mal e de sua imperfeição. Mostramos que essa fonte se encontra nas formas ou ideais dos possíveis, e que não é algo oriundo de Deus (In: Teodiceia, 31).

Pois, assim como um mal menor é uma espécie de bem, do mesmo modo um bem menor é uma espécie de mal, se criar obstáculos a um bem maior; e haveria algo a ser corrigido nas ações de Deus, se houvesse um meio de fazer melhor. Deus quer fazer um bem maior, mas esse desejo – segundo Leibniz – às vezes esbarra na limitação humana. Isto não significa cair na armadilha do otimismo leibniziano, onde tudo é para o melhor, e até o mal contribui para isto. O homem é um ser de antecipação, legítimo zôon proleptikon (um animal político) e não somente alguém amparado no presente e saudoso do passado. O que causa o mal não é a matéria, mas a limitação da natureza criada. Essa referência ao chamado “mal metafísico” (oriundo da limitação humana) é a perspetiva principal do mal na conceção de Leibniz. Ela é, sem dúvidas, a porta de entrada para abordar (e entender) tanto o mal físico (a dor) quanto o mal moral (pecado).

A teodiceia – trocada em miúdos – se formos buscar o animus de Leibniz, seu criador, é muito claramente uma teoria criada – como o livre-arbítrio de Santo Agostinho – para “defender Deus”, muitas vezes questionado (e até acusado) pela objeção do mal. Na teologia protestante contemporânea, vamos encontrar o suíço K. Barth († 1968) que afirmou que a teodiceia de Leibniz é uma “lógica quebrada”, onde Deus traz o prêmio (o bem) com a mão direita, e o castigo (o mal), com a esquerda (in: Gott und das Nietzsche [Deus e o nada]. Frankfurt, 1963).

António Mesquita Galvão

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Matriz para o teste sumativo dos dias 27 e 28 de Abril de 2021


De Nittis, 1846/1884


Competências específicas de Filosofia da Ciência:
  • Distinguir entre senso comum e conhecimento científico;

  • Criticar o método indutivo de acordo com Popper;

  • Confrontar o critério de verificabilidade e o critério falsificacionista como dois critérios de demarcação da ciência;

  • Explicar o método de Conjeturas e Refutações;

  • Caracterizar etapas do desenvolvimento da ciência de acordo com Kuhn;

  • Comparar as perspetivas de Kuhn e Popper acerca do problema da evolução e objetividade da ciência;


  1. Competências específicas de Filosofia da Religião:


  • Compreender as posições teístas, agnósticas e ateístas sobre a existência de Deus e da religião.

  • Enunciar os argumentos e objeções das provas ontológica, cosmológica e do desígnio (teleológica) sobre a existência de Deus.

  • Fundamentar uma posição pessoal  sobre a existência de Deus.

  • Explicar o fideísmo enquanto posição filosófica.

    Expôr a aposta de Pascal e objeções possíveis 

  • Avaliar as possíveis consequências práticas da teoria fideísta.

    Explicar em que consiste o problema do mal

    Formular a resposta de Leibniz ao problema do mal

    Colocar objeções à resposta de Leibniz 

     


Conteúdos:


  1. Estatuto do Conhecimento Científico


1.1. Conhecimento Vulgar e Conhecimento Científico;


1.2. Ciência e Construção - validade e verificabilidade das hipóteses;


1.2.1. A crítica de Popper ao método indutivo;

1.2.2. O problema da demarcação - a crítica de Popper ao critério de verificabilidade. O critério de falsificabilidade.

1.2.3. O método das Conjeturas e Refutações;


1.3. A Racionalidade científica e a Questão da Objetividade.


1.3.1. A perspetiva de Popper - eliminação do erro e seleção das teorias mais aptas; progresso do conhecimento e aproximação à verdade;

1.3.2. A perspetiva de Kuhn - ciência normal e ciência extraordinária; revolução científica; a tese da incomensurabilidade dos paradigmas; a escolha de teorias;

1.3.3. Relação entre as perspetivas de Kuhn e Popper acerca da evolução e objetividade do conhecimento científico - continuidade e descontinuidade.

 

Conteúdos de Filosofia da religião

1.Os conceitos principais da Filosofia da religião

2. As provas da existência de Deus e respetivas objeções

3. O Fideísmo moderado e radical.

A aposta de Pascal -objeções 

4. O problema do mal e a resposta de Leibniz -objeções



Estrutura:


10 perguntas de escolha múltipla (10x5 = 50 pontos);

3 perguntas de interpretação de texto (30+30+30 = 90 pontos);

1 pergunta de desenvolvimento (60 pontos).


Critérios de avaliação:


  • Analisar corretamente o texto. 

  • Saber utilizar o texto de acordo com a pergunta.

  • Mobilizar conhecimentos adequados.

  • Elaborar um comentário oportuno sobre uma frase.

  • Saber fundamentar uma posição com bons argumentos.

  • Utilizar conceitos filosóficos.

  • Avaliar com rigor as teorias filosóficas.

sexta-feira, 16 de abril de 2021

Texto para resumo Inês Borges 11A e Gabriel Fortunato 11B

Paul Klee

Como conciliar Deus com o mal do mundo?


Existem versões conhecidas do argumento do mal anteriores ao desenvolvimento das tradições teístas: judaísmo, cristianismo e islamismo. Uma dessas formulações deve-se a Epicuro, um filósofo grego cujo pensamento foi bastante influente. Na versão de Epicuro, o argumento mostra que a hipótese de um Deus bom conduz validamente a consequências absurdas; daí não poder ser verdadeira.
          O argumento é o seguinte:


(1)  Deus deseja abolir o mal e não pode fazê-lo, ou Deus pode abolir o mal mas não quer fazê-lo.
(2)  Se deseja abolir o mal mas não pode fazê-lo, então não tem esse poder.
(3)  Se pode abolir o mal mas não quer fazê-lo, então não é bom.

      \ Deus não é bom ou não tem todos os poderes.


          Epicuro pretende mostrar que a ideia de um Deus omnipotente e bom é incompatível com a existência do mal. Fica, portanto, a pergunta: se Deus deseja acabar com o mal e pode fazê-lo, por que razão não o faz?  
          As respostas tradicionais a esta pergunta – i. e., ao problema do mal – designam-se por teodiceias. Uma das mais famosas teodiceias da tradição filosófica ocidental deve-se a Leibniz. Segundo Leibniz, vivemos no melhor dos mundos possíveis; Deus não deseja o mal e poderia ter criado um mundo diferente. Mas qualquer alternativa que Deus pudesse ter considerado teria ainda piores resultados do que o mundo tal como é. Esta resposta tende a parecer hoje tão pouco convincente (depois do extermínio dos judeus pelos nazis, as guerras e os cataclismos que atravessaram todo o século XX, etc.) como pareceu aos seus contemporâneos. Voltaire, em especial, satirizou Leibniz impiedosamente numa obra de ficção – Candide – onde o terramoto de Lisboa de 1775 é utilizado para cobrir de ridículo a tese de Leibniz.
          O problema do mal foi desde muito cedo reconhecido pelas grandes tradições teístas e podemos encontrá-lo formulado já no Antigo Testamento. É natural que tal aconteça em virtude do desafio inescapável que coloca; os filósofos cristãos, naturalmente, não podiam evitá-lo.
          Numa versão simples, o argumento pode ser proposto com o objectivo de provar que Deus não existe:
(1)  Se Deus existe, o mal não existe.
(2)  O mal existe.

        \ Deus não existe.
Luis M Duarte Texto retirado daqui

quarta-feira, 14 de abril de 2021

terça-feira, 13 de abril de 2021

Texto para resumo Pedro Castro 11B



Caravaggio (1590/1610), Sacrifício de Isaac


"E é assim de facto. Acaso o espírito da mesquinha burguesia que observo na vida e que não julgo pelas minhas palavras, mas pelos meus atos, não será realmente o que parece? E será ela o verdadeiro prodígio? Podemos admiti-lo, porque o nosso herói da fé oferecia uma flagrante semelhança com esse espírito; não se tratava de um humorista nem de um ironista, mas de alguma coisa de muito diferente. Em nossos dias fala-se demasiado de ironia e de humor, sobretudo aquelas pessoas que não conseguiram nunca fazer nada, mas que, apesar disso sabem explicar tudo. Pessoalmente não desconheço essas duas paixões, sei um pouco mais acerca delas do que se diz nas coleções alemãs e germano-dinamarquesas. Sei, por consequência, que são essencialmente diferentes da paixão da fé. A ironia e o humor refletem-se sobre si próprios e pertencem, por isso, à esfera da resignação infinita; encontram seus motivos no fato de o indivíduo ser incomensurável com a realidade.
Apesar do mais vivo desejo, não posso efetuar o último, o paradoxal movimento da fé, quer ele seja dever ou outra coisa. Tem alguém o direito de afirmar que pode fazê-lo? Cabe-lhe a ele decidir; é um assunto entre ele e o ser eterno, objeto da fé, saber se pode, a esse respeito, acomodar-se. O que está ao alcance de qualquer homem é o movimento da resignação infinita e, pela minha parte, não hesitaria em acusar de covardia quem quer que se julgasse incapaz de o realizar. Porém, em relação à fé, já é outra questão. Não é permitido a ninguém fazer acreditar aos outros que a fé tem pouca importância ou é coisa fácil, quando é, pelo contrário, a maior e a mais penosa de todas as coisas.
A história de Abraão é interpretada de outra maneira. Celebra-se a graça de Deus que outorgou Isaac pela segunda vez; em toda a história não se vê senão uma prova. Uma prova: é dizer muito e pouco: e, no entanto, passou-se em menos tempo do que leva a contá-lo. Cavalga-se no Pégaso e, num abrir e fechar de olhos, está-se em Morija, avista-se o cordeiro; esquece-se de que Abraão fez a caminhada ao passo lento do seu burro, que levou três dias de viagem e que lhe foi necessário um pouco de tempo para acender o fogo, ligar Isaac e afiar a faca.
No entanto, faz-se o elogio de Abraão. O pregador pode dormir sossegado até o último quarto de hora que antecede o seu discurso, e o auditório pode adormecer escutando-o, porque, de um lado e de outro, tudo se passa sem dificuldades nem inconvenientes. Mas, se há na assembleia um homem atingido de insónia, talvez regresse a casa e, sentando-se no seu canto, pense: Tudo isso se resume num momento; espera apenas um minuto, verás o cordeiro e a prova terá terminado. Se o orador o surpreende nesta disposição, imagino que vai avançar para ele, muito digno, para invetivá-lo: Miserável! Como podes abandonar a tua alma a tal loucura! Não há milagre algum e toda a vida é uma prova!, e à medida que vai falando, inflama-se, sente-se cada vez mais contente consigo mesmo; e de tal maneira que, se durante o sermão sobre Abraão não se congestionara, sente agora incharem-lhe as veias da testa. E talvez acabe mesmo por perder o fôlego e a palavra, se o pecador lhe responder com tranquila dignidade: Olha que eu queria pôr em prática o teu sermão de domingo passado.
Ou nos é necessário eliminar de uma vez a história de Abraão, ou então temos que compreender o espantoso e inaudito paradoxo que dá sentido à sua vida, para que possamos entender que o nosso tempo pode ser feliz como qualquer outro, se possuir a fé. Se Abraão não é um zero, um fantasma, um personagem de opereta, o pecador nunca será culpado de tentar imitá-lo; mas convém reconhecer a grandeza da sua conduta para ajuizar se tem a vocação e a coragem de afrontar uma prova semelhante. A única contradição do pregador consiste em que faz de Abraão um personagem insignificante, ao mesmo tempo em que exorta a tomá-lo como exemplo.
Urge então abster-nos de pregar acerca de Abraão. Creio, no entanto, que não. Se porventura tivesse que falar sobre ele, pintaria antes de mais a dor da prova. Para terminar, sorveria como sanguessuga toda a angústia, toda a miséria e todo o martírio do sofrimento paternal para apresentar o de Abraão, fazendo notar que, no meio das suas aflições, ele continuava a crer. Recordaria que a viagem durou três dias e ainda uma boa parte do seguinte; e mesmo esses três dias e meio duraram infinitamente mais tempo que os milhares de anos que me separam do patriarca. Chegado a esse ponto, lembraria que, segundo a minha opinião, todos podem dar meia volta antes de subir a Morija, que todos podem a cada momento arrepender-se da decisão e voltar para trás. Agindo desta maneira, não corro nenhum perigo nem receio, sequer, de despertar em alguns o desejo de sofrerem a prova tal como Abraão. Mas, se alguém quer introduzir uma edição popular de Abraão convidando todos a imitá-lo, cai no ridículo.



Tradução de Maria José Marinho

Soren Kierkegaard, Temor e tremor,, Guimarães Editores, Lx, 1959, p.91 a 95.




terça-feira, 6 de abril de 2021

Texto para resumo Constança Correia 11B e Catarina Lopes 11A


Gaunilo: a ilha perfeita

Uma das principais críticas ao argumento de Santo Anselmo veio de um monge seu contemporâneo, chamado Gaunilo de Marmoutier. Gaunilo defendeu que o argumento não pode ser bom, uma vez que tem consequências absurdas. Para o mostrar, ele socorreu-se da ideia de ilha perfeita. A sua estratégia consistiu em substituir o conceito de Deus no argumento de Santo Anselmo pelo de ilha perfeita e retirar daí a conclusão — obviamente absurda — de que a ilha perfeita existe. Eis como ele raciocina:

Ora, se uma pessoa me dissesse que uma tal ilha existe, eu perceberia facilmente as suas palavras, nas quais não há nenhuma dificuldade. Mas suponhamos que ela ia ao ponto de me dizer, como se isso resultasse de uma inferência lógica, “Não podes continuar a duvidar de que esta ilha, que é melhor do que todas as terras, existe algures, uma vez que não tens dúvidas de que ela está no teu entendimento. E visto que é melhor não existir apenas no entendimento, mas existir tanto no entendimento como na realidade, por esta razão ela tem de existir. Porque se não existisse, qualquer terra que existisse de facto seria melhor que ela; e assim a ilha que já compreendeste ser a melhor não seria a melhor.

Se um homem tentasse provar-me por um raciocínio destes que esta ilha existe de facto, e que não se devia continuar a duvidar da sua existência, eu, ou acreditava que ele estava a gracejar, ou não saberia quem deveria considerar como o maior tolo: eu, se tivesse aceite esta prova; ou ele, se ele supusesse que tinha estabelecido com alguma certeza a existência desta ilha. Pois ele deve mostrar primeiro que a hipotética excelência desta ilha existe enquanto um facto real e indubitável, e de forma alguma como um objecto irreal, ou um objecto cuja existência é incerta, no meu entendimento. (Gaunilo, “A Favor do Insipiente”)

Para Gaunilo, portanto, o facto de podermos definir um ser como o maior que se pode pensar não significa que esse ser exista. Se isso fosse verdade, o argumento ontológico provaria não apenas que a ilha perfeita existe, mas tudo o que quiséssemos provar que existe, bastando para tal que definíssemos essa coisa como perfeita. Poderíamos, assim, provar que a namorada perfeita existe, que o namorado perfeito existe, que a sogra perfeita existe e, até, que o Diabo perfeito existe!

Álvaro Nunes

 Consultar texto AQUI