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domingo, 28 de fevereiro de 2016
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016
O empirismo de David Hume.
Hume começa, tal como Locke, por considerar os conteúdos da
mente, os objectos do entendimento humano ou – nas suas palavras – as
percepções da mente ou materiais do pensamento. Hume divide estes conteúdos em
impressões e ideias. Há uma clara distinção, já notada por Locke, entre sentir
realmente dor, calor, raiva, ver uma paisagem, ouvir uma sirene ou desejar uma
bebida fresca e recordar mais tarde ou imaginar estas experiências. Hume usa o
termo «impressões» para indicar «as nossas percepções mais vívidas, quando
ouvimos, ou vemos, ou sentimos, ou amamos, ou odiamos».
Qual, para Hume, é a relação entre ideias e
impressões? Hume afirma que «todas as nossas ideias ou percepções mais
débeis são cópias das nossas impressões ou percepções mais “vívidas”». Por
outras palavras, as ideias derivam apenas da experiência. É claro que Hume sabe
que algumas ideias – por exemplo, a minha ideia de unicórnio – não correspondem
exactamente a uma impressão particular. Mas as partes que compõem a minha ideia
de um unicórnio – ideias de cavalos e de chifres – são cópias de coisas que já
vi no mundo. Limitei-me a combinar ideias derivadas da experiência de uma maneira
nova. A ideia de Hume é que apesar de a mente parecer porventura quase
ilimitada na sua capacidade de imaginar e pensar abstractamente, a matéria
bruta sobre a qual ela opera é sempre extraída de impressões.
É este o cerne do empirismo, e Hume oferece alguns
argumentos em sua defesa. Sugere que pensemos nas nossas próprias ideias e que
tentemos apontar uma que não dependa de uma impressão original. Ataca também
directamente a ideia favorita dos racionalistas – a ideia de Deus –, e mostra
que podemos adquiri-la pensando nas qualidades das nossas mentes exagerando
depois tanto quanto quisermos o que há nelas de bom e de sábio. Finalmente,
considera os indivíduos que têm falta de uma aptidão sensorial – os cegos, por
exemplo – e nota que estes não têm nenhuma ideia de cor. A explicação,
argumenta, é que as ideias são cópias das impressões, e que quem nunca teve
impressões relevantes não pode ter as ideias correspondentes.
Há certos factos sobre impressões e ideias que nas
mãos de Hume têm consequências filosóficas de longo alcance. Comparadas com as
impressões, as ideias são naturalmente fracas e obscuras e é fácil cometer dois
tipos de erros quando pensamos sobre elas. Em primeiro lugar, podemos confundir
uma ideia com outra, podemos pensar que se justifica tirar uma certa conclusão
acerca de uma ideia quando o que realmente acontece é que estamos a pensar numa
ideia semelhante, mas diferente. Em segundo lugar, e pior, usamos palavras para
representar ideias, e o nosso discurso pode desenrolar-se alegremente mesmo que
as partes relevantes da nossa linguagem não tenham correspondência com alguma
ideia fixa ou determinada. Numa disputa filosófica, quando não estamos a falar
em cavalos e de chifres, mas em ideias muito complexas e abstractas, é fácil
termos uma conversa em que são usadas as mesmas palavras para mencionar coisas
diferentes. Podemos até discutir sobre nada. A nossa disputa poderá ser sobre
ideias ilusórias, meros fantasmas sem base na experiência – o equivalente
filosófico dos unicórnios.
Estas reflexões fornecem um procedimento que nos
permite remover as ideias fictícias e encontrar saídas para as disputas
filosóficas, e mesmo para acabar com elas. Hume escreve:
Quando por conseguinte temos alguma suspeita de que um termo
filosófico é empregue sem nenhum significado ou ideia (como é muito
frequente), basta-nos perguntar sobre a impressão de que a ideia
supostamente deriva. E se for impossível encontrar alguma, isto servirá
para confirmar a nossa suspeita. Ao clarificar assim as ideias, podemos razoavelmente
esperar que possam ser removidos todos os conflitos que possam surgir sobre a
sua natureza e realidade.
As consequências destas linhas são estonteantes.
Consideremos a ideia de um eu durável, algo de
substancial que persiste por detrás das muitas mudanças que experimentamos ao
vivermos a vida. Suponho, por exemplo, que esta manhã sou essencialmente o
mesmo eu que era quando me fui deitar a noite passada. Não só isso, acho
também que sou o mesmo eu que era na juventude que desaproveitei. Acho que
serei o mesmo eu enquanto viver. Sem dúvida, algumas coisas mudaram: cresci,
ganhei algumas cicatrizes, o meu cabelo está a tornar-se um pouco
grisalho. Contudo, parece haver algo de essencial, o meu verdadeiro eu,
que persiste em todas estas alterações acidentais.
Se concordarmos com o princípio de Hume sobre a
relação entre ideias e impressões, e se estivermos convencidos de que o seu
método de remover ideias fictícias é o caminho certo, temos apenas que
perguntar: «De que impressão é a minha ideia derivada?» Ao olhar para
dentro de mim, afirma Hume, não encontro nada, excepto uma série de impressões
fugazes – ódio, amor, calor, dor, imagens, sons, cheiros e coisas do género –,
mas nada permanente, nada que persista em todas as alterações. Em suma, nenhuma
impressão corresponde à nossa ideia de eu. A ideia presente na
palavra «eu» pode juntar-se a «unicórnio»: «eu» é uma
palavra que expressa uma ideia ilusória, uma ficção da imaginação.
Mas as coisas tornam-se muito piores. A abordagem que
Hume faz da natureza do entendimento humano começa com uma distinção entre dois
tipos de «objectos da razão humana»: relações de ideias e matérias de
facto. As relações de ideias podem ser descobertas apenas pela razão. Podemos
saber que os solteiros são homens não casados ou que duas vezes cinco é metade
de vinte pensando apenas sobre as relações entre as ideias em causa. As
matérias de facto, porém, podem apenas ser descobertas pela experiência.
Podemos meditar o tempo que quisermos sobre a proposição de que o sol está a
brilhar, mas só saberemos se ela é verdadeira olhando pela janela. Há outra
diferença entre estes dois tipos de proposição. O contrário de uma matéria de
facto é possível, mas se negarmos uma relação entre ideias verdadeira,
incorremos numa contradição. O sol pode não ser brilhante, mas não se pode
estar mais longe da verdade do que quando alegamos que os solteiros são
casados.
James Garvey, The Twenty Greatest Philosophy
Books (London, 2006, págs. 66-68). Trad. Maria Miguel Pires (rev.
científica Logosferas).
Correcção dos testes de Filosofia.FEV.2016
Versão A
Grupo 1
1. A dúvida
metódica consiste em examinar sistematicamente os fundamentos de todas as
crenças e considerar falso, tudo o que fosse apenas duvidoso. Assim, as etapas
da dúvida metódica são: 1ª Duvidar dos sentidos; 2ª Duvidar da existência do
mundo; 3º Duvidar das verdades da razão.
Argumento 1: Uma vez que os sentidos nos enganam algumas vezes, podemos duvidar
do que vemos ou sentimos, logo, não podem ser os fundamentos inabaláveis do
conhecimento.
Argumento 2 : A realidade que vemos depende do estado de vigília que julgamos ter, mas não poderemos pensar que se trata de um sonho? No sonho estamos perante factos e, no entanto eles não são reais, o mesmo pode acontecer com toda a realidade exterior, que poderemos estar a sonhar e, por isso não ser real.
Argumento 3: As verdades matemáticas são inabaláveis mas poderíamos supor a existência de um génio maligno que nos enganasse sempre que pensamos numa verdade matemática levando-nos a dar o consentimento a algo que é falso. Assim a certeza das verdades matemáticas também é colocada em questão.
Argumento 2 : A realidade que vemos depende do estado de vigília que julgamos ter, mas não poderemos pensar que se trata de um sonho? No sonho estamos perante factos e, no entanto eles não são reais, o mesmo pode acontecer com toda a realidade exterior, que poderemos estar a sonhar e, por isso não ser real.
Argumento 3: As verdades matemáticas são inabaláveis mas poderíamos supor a existência de um génio maligno que nos enganasse sempre que pensamos numa verdade matemática levando-nos a dar o consentimento a algo que é falso. Assim a certeza das verdades matemáticas também é colocada em questão.
2.A ideia do cogito “ Penso, logo existo” surge
com clareza e distinção de modo a ser de tal modo evidente que o pensamento só
a poderia considerar verdadeira, pois não poderia ser de outro modo. Descartes
compreende com o Cogito que a verdade é um acordo da razão consigo própria, e
só a razão é juiz do conhecimento e pode distinguir o verdadeiro do falso.
Compreende ainda através do cogito que o conhecimento humano é possível pois a
verdade encontra-se claramente demonstrada e a partir dessas verdades primárias
(metafísicas), ou crenças básicas poder-se-ia conhecer outras verdades
sobre as ciências por simples raciocínio dedutivo.
Versão B
Grupo 1
1. A dúvida metódica foi a forma encontrada por Descartes para superar as dúvidas e as incertezas dos céticos que punham em causa a possibilidade de um conhecimento verdadeiro. Com a dúvida metódica, Descartes conseguiu demonstrar que há verdades indubitáveis e que se auto-justificam, isto é, não necessitam de outras crenças para se justificarem . Contraria assim o argumento da regressão infinita utilizado pelos céticos para criticar o conhecimento, alegando que nenhuma crença está justificada porque necessita sempre de outra que a justifique.
A dúvida metódica consiste em examinar sistematicamente os fundamentos de todas as crenças e considerar falso, tudo o que fosse apenas duvidoso. Assim, as etapas da dúvida metódica são: 1ª Duvidar dos sentidos; 2ª Duvidar da existência do mundo; 3º Duvidar das verdades da razão.
Argumento 1: Uma vez que os sentidos nos enganam algumas vezes, podemos duvidar do que vemos ou sentimos, logo, não podem ser os fundamentos inabaláveis do conhecimento.
Argumento 2 : A realidade que vemos depende do estado de vigília que julgamos ter, mas não poderemos pensar que se trata de um sonho? No sonho estamos perante factos e, no entanto eles não são reais, o mesmo pode acontecer com toda a realidade exterior, que poderemos estar a sonhar e, por isso não ser real.
Argumento 3: As verdades matemáticas são inabaláveis mas poderíamos supor a existência de um génio maligno que nos enganasse sempre que pensamos numa verdade matemática levando-nos a dar o consentimento a algo que é falso. Assim a certeza das verdades matemáticas também é colocada em questão.
Argumento 1: Uma vez que os sentidos nos enganam algumas vezes, podemos duvidar do que vemos ou sentimos, logo, não podem ser os fundamentos inabaláveis do conhecimento.
Argumento 2 : A realidade que vemos depende do estado de vigília que julgamos ter, mas não poderemos pensar que se trata de um sonho? No sonho estamos perante factos e, no entanto eles não são reais, o mesmo pode acontecer com toda a realidade exterior, que poderemos estar a sonhar e, por isso não ser real.
Argumento 3: As verdades matemáticas são inabaláveis mas poderíamos supor a existência de um génio maligno que nos enganasse sempre que pensamos numa verdade matemática levando-nos a dar o consentimento a algo que é falso. Assim a certeza das verdades matemáticas também é colocada em questão.
2..Depois de
concluir que de todas as verdades que julgara possuir só uma, a de que existia,
parecia ser certa e inabalável, Descartes, fica sozinho com esta única certeza,
não podendo provar que as coisas em redor dele existiam e sem poder
confiar em qualquer conhecimento obtido pela experiência. Visto
considerar-se imperfeito, pois via claramente que duvidar e errar eram
imperfeições e que há mais perfeição em quem não erra do que em quem erra (conhecer
é perfeição maior que duvidar), interroga-se então qual a origem desta sua
ideia de perfeição? Não podia ser ele próprio, nem podia surgir do nada,
visto que
(não há
menos repugnância em que o mais perfeito seja uma consequência e uma
dependência do menos perfeito do que em admitir que do nada procede alguma
coisa).
Também
não podia surgir da natureza porque nada na natureza lhe parecia superior a
ele. Mas esta ideia não poderia ser retirada de algo que possuísse algumas
imperfeições, só podia ter como causa um ser sumamente perfeito. (restava
apenas que tivesse sido posta em mim por uma natureza que fosse verdadeiramente
mais perfeita que a minha). A causa da minha ideia de perfeito só pode ser um
ser com todas as perfeições, esse ser só pode ser Deus. Logo, Deus existe.
3. Um bom orador é capaz de persuadir qualquer pessoa sobre qualquer assunto, mesmo que nada saiba sobre ele, (não tem necessidade de conhecer o que é justo) apenas tem que parecer que conhece face à multidão (que aparente sê-lo à multidão que deve julgar). Deste modo a Retórica é uma falsa Arte porque manipula e ilude parecendo aquilo que não é. Concentra-se na forma de tornar o discurso agradável e não com o seu conteúdo de verdade.
Para Platão a questão principal do discurso e do conhecimento não é a persuasão, um orador não deve ter o propósito de persuadir, isto é, de conseguir a concordância de todos, o seu único propósito deve ser a verdade. Ora para os sofistas, a verdade não existe ou se existe nada se pode saber sobre ela, logo, o homem é a medida de todas as coisas, só ele pode decidir em cada situação o que é verdade, mas essa verdade varia de homem para homem de acordo com os seus interesses e perspetivas. Para os sofistas só podemos ter opiniões e todas as opiniões valem o mesmo, a sua aceitação por parte do auditório depende apenas do modo como a defendemos, daí que a arte de argumentar e a eloquência sejam importantes e decisivas. A educação dos jovens deve ter como principal disciplina a Retórica porque com ela se alcança o sucesso.
Para Platão, a verdade não pode ser uma mera opinião aprendida com outros, implica um conhecimento, uma investigação racional que afasta todas as opiniões. A opinião é uma aparência de verdade, mesmo quando verdadeira a opinião ainda não é conhecimento. Para ser conhecimento tem de estar justificada com razões, não razões que a tornem mais agradável e verosímil, mas razões que a demonstrem, isto é que mostrem que é assim e não pode ser de outro modo
Para Platão, a verdade não pode ser uma mera opinião aprendida com outros, implica um conhecimento, uma investigação racional que afasta todas as opiniões. A opinião é uma aparência de verdade, mesmo quando verdadeira a opinião ainda não é conhecimento. Para ser conhecimento tem de estar justificada com razões, não razões que a tornem mais agradável e verosímil, mas razões que a demonstrem, isto é que mostrem que é assim e não pode ser de outro modo
domingo, 21 de fevereiro de 2016
sábado, 20 de fevereiro de 2016
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