terça-feira, 25 de novembro de 2014


FALÁCIAS DE NÃO RELEVÂNCIA

(
 Quando as razões são logicamente irrelevantes embora possam psicologicamente ser relevantes)
Argumentum ad baculum (apelo à força) quando ameaça o ouvinte.
Argumentum ad misericordiam (apelo à misericórdia) quando se procura comover o ouvinte.
Argumentum ad populun (apelo ao povo) quando se apela ao que a maioria das pessoas faz, ao “espírito das massas”.
Argumentum ad hominem (argumento contra a pessoa) quando para destruir o argumento de alguém tenta-se destruir a pessoa.


FALÁCIAS DAS PREMISSAS INSUFICIENTES:
(Quando a indução é fraca e as premissas embora relevantes não são suficientes para justificar a conclusão)
Argumentum ad verecundiam (apelo ao uma autoridade não qualificada). Quando para se justificar algo se recorre a uma autoridade que não é digna de confiança ou que não é uma autoridade no assunto.
Argumentum ad ignorantiam (apelo à ignorância). Quando as premissas de um argumento estabelecem que nada se sabe acerca de um assunto e se procura concluir a partir dessas premissas algo acerca do assunto.
Exemplos:Os fantasmas existem! Já provaste que não existem?
Como os cientistas não podem provar que se vai dar uma guerra global, ela provavelmente não ocorrerá.
Fred disse que era mais esperto do que Jill, mas não o provou. Portanto, isso deve ser falso..
Generalização apressada . Quando se extrai uma conclusão de uma amostra atípica e não significativa.
Exemplos: Fred, o australiano, roubou a minha carteira. Portanto, os Australianos são ladrões. (Claro que não devemos julgar os Australianos na base de um exemplo).
Perguntei a seis dos meus amigos o que eles pensavam das novas restrições ao consumo e eles concordaram em que se trata de uma boa ideia. Portanto as novas restrições são populares.
Falsa Causa. Quando a ligação entre premissas e conclusão depende de uma causa não existente.Os argumentos causais são os argumentos onde se conclui que uma coisa ou acontecimento causa outra. São muito comuns mas, como a relação entre causa e efeito é complexa, é fácil cometer erros. Em regra, diz-se que C é a causa do efeito E se e só se:Geralmente, quando C ocorre, também E ocorre.
Exemplo de uma Falsa Causa: Ganho sempre ao poker quando levo uma camisa preta. Amanhã, se levar a camisa preta também ganharei.
Também a podemos designar como falácia: post hoc ergo propter hoc , nome em latim significa: "depois disso, logo, por causa disso". Um autor comete a falácia quando pressupõe que, por uma coisa se seguir a outra, então aquela teve de ser causada por esta.
Mais Exemplos:A imigração do Alentejo para Lisboa aumentou mal a prosperidade aumentou. Portanto, o incremento da imigração foi causado pelo incremento da properidade.
Tomei o EZ-Mata-Gripe e dois dias depois a minha constipação desapareceu...Prova: Mostre que a correlação é coincidência, mostrando: 1) que o "efeito" teria ocorrido mesmo sem a alegada causa ocorrer, ou que 2) o efeito teve uma causa diferente da que foi indicada.
Reacção em cadeia. Quando as premissas apresentam uma reacção em cadeia com uma probabilidade mínima de acontecer.
Exemplos: Se aprovamos leis contra as armas automáticas, não demorará muito até aprovarmos leis contra todas as armas, e então começaremos a restringir todos os nossos direitos. Acabaremos por viver num estado totalitário. Portanto não devemos banir as armas automáticas.
Nunca deves jogar. Uma vez que comeces a jogar verás que é difícil deixar o jogo. Em breve estarás a deixar todo o teu dinheiro no jogo e, inclusivamente, pode acontecer que te vires para o crime para suportar as tuas despesas e pagar as dívidas.
Se eu abrir uma excepção para ti, terei de abrir excepções para todos.

FALÁCIAS DE PRESSUPOSIÇÃO
Petitio principii (Petição de princípio). Quando o que devia ser aprovado pelo argumento é já suposto pelas premissas.
Exemplos:Dado que não estou a mentir, segue-se que estou a dizer a verdade.
Sabemos que Deus existe, porque a Bíblia o diz. E o que a Bíblia diz deve ser verdadeiro, dado que foi escrita por Deus e Deus não mente. (Neste caso teríamos de concordar primeiro que Deus existe para aceitarmos que ele escreveu a Bíblia.)

FALÁCIAS DE AMBIGUIDADE
( Quando se tira partido da ambiguidade de sentido de certas expressões para promover determinada conclusão)
Equívoco. Quando a conclusão de um argumento depende de uma ou mais palavras serem usadas com dois sentidos diferentes.
Anfibologia. Quando o duplo sentido é de uma frase.

FALÁCIAS POR ANALOGIA GRAMATICAL
(Quando as premissas têm uma forma gramatical semelhante às premissas de um argumento válido e daí se extrair uma conclusão)
Composição. Quando o predicado é transportado das partes para o todo.
Exemplo:Um exército de homens fortes é um exército forte.
Divisão. Quando o predicado é erradamente transportado do todo para as partes.
Exemplo:Um exército forte é um exército onde todos os homens são fortes.

Adaptado das classificações em Stephen Downes (in Crítica na Rede) e Enciclopédia de Termos lógico Filosóficos (Gradiva, Lisboa 2001).


sábado, 22 de novembro de 2014

Argumentação e Retórica

Pensamento (razão) = LOGOS = Discurso (palavra)

Lógica = Ciência do Pensamento Válido
Demonstração=  Domínio do Constrigente /Estudo dos argumentos dedutivos Formais 
Retórica = Arte do Discurso Persuasivo 
Argumentação = Domínio do Verosímil ou Preferível /Estudo dos argumentos informais


A COMUNICAÇÃO ARGUMENTATIVA

Objectivo: Ganhar a adesão do auditório = persuadir.
Como? Com base na argumentação racional ou com base na manipulação? Os dois lados da Retórica.
Envolve 3 polos (intervenientes): O orador, a mensagem e o auditório
ETHOS (orador ou ponto de vista do orador)
Apresentação, locução, carisma, forma de expressão, carácter.
LOGOS (a mensagem)Argumentos do orador organizados em discurso. Argumentos fortes ou fracos, válidos ou inválidos.
PATHOS ( auditório)Objectivo: ponderar a aceitação da mensagem. Provocar a emoção e a simpatia no auditório. Adaptar o discurso ao tipo de auditório de modo a poder ser mais facilmente aceite.

PROVA LÓGICA/DEMONSTRAÇÃO/ Lógica Formal
DOMÍNIO DO CONSTRIGENTE
- A Verdade da conclusão decorre necessariamente da verdade das premissas
- Utiliza raciocínios dedutivos.
- estrutura é a lógica formal: abstracta, impessoal, independente do contexto.
- utiliza uma linguagem isenta de ambiguidade (unívoca).
- visa uma “verdade” universal e necessária
- imposição de uma certeza (constrigente)
- não apela à decisão do auditório.

RETÓRICA/ARGUMENTAÇÃO/
DOMÍNIO DA PERSUASÃO
- justificação: utiliza raciocínios dedutivos, indutivos (por exemplos), por analogia, de causas.
- Discute-se a verdade das premissas.
- diálogo/discussão: concreta, pessoal, situada/contextualizada.
- plausível/verosímil/falível.
- utiliza uma linguagem natural, não isenta de ambiguidade.
- reporta-se a convicções.
- apela à decisão do auditório.-
- visa ganhar a adesão de um auditório para o preferível, o “melhor”.

PROVA LÓGICA - PROVA RETÓRICA
► demonstração ► justificação
► imposição de uma certeza (constringente) ► obtenção de adesão
► impessoalidade ► pessoalidade
► an-histórica ► situada
► abstrata ► concreta
► rigorosa ► plausível
► diz respeito a estruturas formais ► reporta-se a convicções
► infalível ► falível
► não apela à decisão ► apela à decisão

Nova Retórica – o que está em causa é o modelo da racionalidade.
MODELO DE RACIONALIDADE DOS DEFENSORES DA NOVA RETÓRICA

Concepção “alargada” de Razão – a actividade racional não se reduz ao rigor lógico da demonstração. A actividade racional tem uma dimensão prática que permite fundamentar com “razoabilidade” as nossas preferências.

Para mostrar (ganhar a adesão do auditório) a razoabilidade das nossas escolhas, é preciso ARGUMENTAR  3ª via = a via do razoável.

Tradicionalmente, a Lógica reduziu-se à Lógica Formal  à demonstração.

Perelman vai criticar esta redução. A Lógica não se reduz à Lógica Formal, os argumentos racionais não se restringem ao domínio da demonstração.

Necessidade de criar uma nova lógica a que Perelman chama Teoria da Argumentação (Nova Retórica).
Esta Teoria da Argumentação é uma Lógica do Preferível.

Traço fundamental que distingue a Teoria da Argumentação da Lógica Formal – a questão da adesão do auditório.
“Todo o discurso que não aspira a uma realidade impessoal depende da Retórica” Sempre que um discurso visa uma adesão pessoal, está em campo uma actividade retórica.

O DISCURSO ARGUMENTATIVO

- REGRAS GERAIS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM ARGUMENTO

- Faça distinção entre premissas e conclusão.
- Apresente as suas ideias pela ordem que revele mais naturalmente o seu raciocínio ao leitor.
- Parta de premissas fidedignas.
- Use uma linguagem precisa, específica e concreta.
- Evite a linguagem tendenciosa.
- Use termos consistentes.
- Limite-se a um sentido para cada termo.

ESTRUTURA DE UM ENSAIO ARGUMENTATIVO

-Introdução
- Explicação da questão.
- Delimitação e unidade do tema.
- Subdivisão do tema (se for possível e útil).
- Apresentação de uma proposta precisa de trabalho.

- Desenvolvimento
- Apresentação dos argumentos um por um.
- Desenvolvimento completo dos argumentos.
- Consideração de objecções possíveis.
- Refutação ou confronto das objecções com argumentos.
- Consideração de alternativas.

- Conclusão
- Síntese dos resultados a que se chegou (não afirme mais do que mostrou

- PRINCIPAIS TIPOS DE ARGUMENTO

- Argumentos com base em exemplos:(indutivos)
Regras de validade:
- Use mais do que um argumento.
- Escolha exemplos representativos.
- Forneça informação de fundo relevante para a avaliação dos exemplos.
- Verifique se existem contra-exemplos
.

- Argumentos por analogia:
Regras de validade:

- Um só caso pode ser suficiente.
- O exemplo tem que ser semelhante num aspecto relevante
.

- Argumentos de autoridade:Regras de validade:
- As fontes devem ser citadas.
- As fontes devem ser qualificadas.
- As fontes devem ser imparciais.
- As fontes devem ser comparadas.
- (Ataques pessoais não desqualificam uma fonte).

- Argumentos sobre causas:
Regras de validade:- Mostrar que a conclusão sugere a causa mais provável.
- Mostrar que a correlação dos factos não é uma mera coincidência.
- Mostrar a complexidade das causas.

- Argumentos dedutivos:- Silogismos Categóricos, Hipotéticos (Modus Ponens e Modus Tollens) e Disjuntivos
-Redução ao absurdo.
- Sequência de argumentos dedutivos (ou argumentos dedutivos em vários passos)
-



O discurso argumentativo como “lugar” da liberdade.

A Ética do discurso argumentativo , o recurso à racionalidade

Bom uso da retórica implica a subordinação a princípios éticos:
- Princípio ético, por excelência, o reconhecimento da autonomia, da capacidade de escolha do auditório.
- Esclarecimento da situação, das várias alternativas e dos seus pressupostos e consequências.
- Exige liberdade de expressão do pensamento.

Mau uso da retórica – a argumentação degenera numa forma de ludibriar o auditório, em função dos interesses do orador. Manipulação.

Manipulação – uso indevido da argumentação com o intuito de levar os interlocutores a aderir acrítica e involuntariamente às propostas do orador.


sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Os Sofistas e Sócrates, argumentos a favor e contra a retórica.


POSIÇÃO DE GÓRGIAS (SOFISTA) EM DEFESA DA RETÓRICA

1. Um bom orador é capaz de persuadir qualquer pessoa sobre qualquer assunto.

2. A oratória e a retórica são artes maiores. São superiores à medicina e à ginástica, pois tanto o médico como o professor de ginástica acabam por ficar humilhados perante um bom orador.
3. A verdade não existe ou se existe nada se pode saber sobre ela, logo, todos os valores absolutos são ilusões, o homem é a medida de todas as coisas, só ele pode decidir em cada situação o que é verdade, mas essa verdade varia de homem para homem de acordo com os seus interesses e perspectivas.

(Relativismo e cepticismo sofista)
4. Só podemos ter opiniões e todas as opiniões valem o mesmo, a sua aceitação por parte do auditório, depende apenas do modo como a defendemos, daí que a arte de argumentar e a eloquência sejam importantes e decisivas.

5. A educação dos jovens deve ter como principal disciplina a Retórica porque com ela se alcança o sucesso.

POSIÇÃO DE SÓCRATES CONTRA A RETÓRICA (Argumentos da obra de Platão, Górgias) 

1. A questão principal do discurso e do conhecimento não é a persuasão, um orador não deve ter o propósito de persuadir, isto é, de conseguir a concordância de todos, o seu único propósito deve ser a verdade.

2. A retórica não é uma arte mas sim uma actividade empírica, aprende-se fazendo, praticando com os outros, imitando. A Retórica por si não tem ciência, isto é, não transforma nenhum homem porque não lhe dá mais domínio sobre si próprio.

3. A verdade procura-se, através da reflexão e do diálogo com os outros. Verdadeira não é a opinião verosímil. Essa persuade mas não ensina, convence durante um período.
A verdade não pode ser uma mera opinião aprendida com outros, implica um conhecimento, uma investigação racional que afasta todas as opiniões.

4. A opinião é uma aparência de verdade, mesmo quando verdadeira a opinião ainda não é conhecimento. Para ser conhecimento tem de estar justificada com razões, não razões que a tornem mais agradável e verosímil, mas razões que a demonstrem, isto é que mostrem que é assim e não pode ser de outro modo.

5. A educação dos jovens deve basear-se na Filosofia porque só ela ensina a pensar.


terça-feira, 18 de novembro de 2014

Matriz para o teste 11ºAno Fevereiro Março 2013

Conteúdos
I
1. O que é o conhecimento?
1.a. Definição fenomenológica de conhecimento.
1.b. Definição tripartida: crença, verdadeira e justificada.
1.c. Contra-exemplos a esta definição: Gettier.
a. Quais os tipos de conhecimento? Saber fazer, saber que, conhecer x
b. Como se justifica a teoria da Crença Verdadeira e Justificada.
c. Em que consiste a teoria da Crença Verdadeira e Justificada.
d. Objecções a esta teoria.
II
1. Os problemas do conhecimento: O cepticismo e os argumentos cépticos.
2. Duas teoria interpretativas do conhecimento:
2. a. A Teoria racionalista de Descartes.
-A dúvida metódica.
-As etapas da dúvida
-A ideia do cogito como crença auto-justificada.
-A natureza da verdade.
-As ideias de Deus corpo e alma
-As provas da existência de Deus.
- A origem do conhecimento:O racionalismo cartesiano

3. O conhecimento "a priori e "a posteriori"

Competências:
- Compreender os conceitos e teorias estudadas.
- Analisar e interpretar textos.
- Expôr com clareza e objectividade.