sábado, 20 de março de 2021

Texto para resumo Matilde 11A





Mark Rothko, Russia 1903

1. Pequena biografia dos autores referidos, incluindo (sobretudo)o autor do texto.
2. Breve resumo do assunto e da problemática que o texto trata.
3. Salientar o problema ou problemas levantados.
4. Esclarecer a resposta a esses problemas e os argumentos que a defendem
5. Análise crítica.
6. Conclusão

" Uma das respostas hoje em dia mais populares no que respeita ao sentido da vida é a resposta religiosa. Ao passo que na Antiguidade grega e romana as respostas ao problema do sentido da vida eram de carácter filosófico e cognitivo, hoje em dia é costume pensar que só a religião pode fornecer uma resposta ao problema. Nesta secção quero mostrar em linhas gerais qual é a resposta teísta habitual ao problema e mostrar as suas limitações. Na verdade, penso que o conjunto de doutrinas sobre o deus cristão que se foram cristalizando ao longo dos séculos — em parte em resposta aos desafios de filósofos não religiosos — é um agregado incoerente de doutrinas que só aparentemente respondem aos anseios humanos mais profundos. Vejamos o caso concreto da resposta teísta genérica ao problema do sentido da vida.
Do ponto de vista teísta, Deus é criador. Criou todo o universo para os seres humanos. Só por si, isto não dá grande sentido à nossa vida. Dá-nos apenas um lugar de destaque, que talvez seja emocionalmente reconfortante para algumas pessoas. O que dá sentido à nossa vida, do ponto de vista teísta, é o facto de Deus ter um plano para nós: uma finalidade, precisamente. Todo o universo, com os seus biliões de biliões de estrelas (só na nossa galáxia o número de estrelas é igual ao número de segundos que há em 2 mil anos — e há milhões de galáxias), foi criado para nós e com uma finalidade em vista. A monstruosidade aritmética desta ideia é impressionante. Mas mais impressionante ainda é o facto de ninguém saber bem que finalidade é essa. Todavia, mais grave do que ninguém saber que finalidade Deus nos reservou, são os dois problemas seguintes.
Em primeiro lugar, o teísta defende que é em princípio impossível saber exactamente quais são os desígnios divinos; podemos ter algumas ideias aproximadas, mas os desígnios divinos ultrapassam necessariamente a razão humana. Assim, em última análise, não podemos compreender qual é o sentido da nossa vida. Um teísta apenas tem a esperança (do meu ponto de vista, injustificada) de que a sua vida faça sentido, apesar de o sentido que a sua vida faz, se fizer, ser insusceptível de ser compreendido pela razão humana. Em resumo, a resposta teísta é esta: a nossa vida tem sentido, mas não sabemos nem podemos saber qual é.
Em segundo lugar, do facto de Deus ter reservado para nós uma finalidade última não se segue que a nossa vida tem sentido na acepção forte do termo. Como vimos, para que a minha vida tenha sentido em termos substanciais não basta que tudo o que eu faço se organize em torno de um conjunto de finalidades últimas; é preciso que essas finalidades últimas tenham em si valor objectivo — caso contrário, seremos como psicopatas felizes, que organizam a sua vida em torno de um dado conjunto de finalidades, sem que no entanto pareça que se possa dizer que a sua vida tem sentido.
A resposta teísta ao segundo problema é surpreendente e acaba por nos conduzir ao primeiro. A resposta é a seguinte: viver no paraíso, junto de Deus, é algo que tem valor em si. E uma vez mais somos reconduzidos ao primeiro problema: esta ideia é incompreensível. Por que razão viver eternamente feliz, num júbilo permanente, e junto de Deus, tem valor objectivo? Se temos a audácia de perguntar por que razão uma vida ética, como a proposta pelos estóicos ou por moralistas como Peter Singer, dá sentido objectivo à nossa vida, estamos obrigados a fazer a mesma pergunta agora. E a resposta teísta reconduz-nos ao primeiro problema: a vida eterna, no paraíso, junto de Deus, tem valor objectivo, mas é impossível saber porquê; isso é algo que só compreenderemos quando lá estivermos. Por outras palavras, a resposta teísta ao problema do sentido da vida é apenas a esperança de que um dia iremos dar connosco no paraíso com capacidades superiores de compreensão, altura em que compreenderemos por que razão tudo fez, objectivamente, sentido. Em resumo: o teísmo é a esperança de que a nossa vida faça sentido, apesar de ser impossível compreender que sentido é esse.
Não me parece que esta perspectiva seja muito satisfatória. Imagine-se que eu dizia que há leis que explicam o movimento dos planetas e a queda dos corpos; mas que essas leis são inalcançáveis pela razão humana. Isto, em si, não explica o movimento dos planetas nem a queda dos corpos; é apenas uma maneira de nos fazer parar de pensar acerca disso. Faz-nos parar de pensar porque nos garante que é impossível descobrir tal coisa, ao mesmo tempo que nos assegura que basta esperar que compreenderemos tudo, quando mudarmos de nível de existência — desde que façamos certas coisas, como ser virtuoso e crer firmemente, contra todos os indícios em contrário, que Deus existe. Mas se tivermos a audácia de querer continuar a pensar, se insistirmos em estudar o problema do sentido da vida, que alternativas nos restam? "

Em Desidério Murcho, 'O Sentido da Vida', Intelectu, http://www.intelectu.com

terça-feira, 16 de março de 2021

Texto para resumo Vasco Santana 11B Marta 11A

Prezado Senhor:

 Desde que pergunta minha opinião acerca da mútua tolerância entre os cristãos, respondo-lhe, com brevidade, que a considero como o sinal principal e distintivo de uma verdadeira igreja. Porquanto, seja o que for que certas pessoas alardeiem da antiguidade de lugares e de nomes, ou do esplendor de seu ritual; outras, da reforma de sua doutrina, e todas da ortodoxia de sua fé (pois toda a gente é ortodoxa para si mesma); tais alegações, e outras semelhantes, revelam mais propriamente a luta de homens para alcançar o poder e o domínio do que sinais da igreja de Cristo. Se um homem possui todas aquelas coisas, mas se lhe faltar caridade, brandura e boa vontade para com todos os homens, mesmo para com os que não forem cristãos, ele não corresponde ao que é um cristão. "Os reis dos gentios exercem domínio sobre eles ", disse nosso Salvador aos seus discípulos, "mas vós assim não sereis "(Lucas, 22, 25). O papel da verdadeira religião consiste em algo completamente diverso. Não se instituiu em vista da pompa exterior, nem a favor do domínio eclesiástico e nem para se exercitar através da força, mas para regular a vida dos homens segundo a virtude e a piedade. Quem quer que se aliste sob a bandeira de Cristo deve, antes de tudo, combater seus próprios vícios, seu próprio orgulho e luxúria; por outro lado, sem santidade da vida, pureza de conduta, benignidade e brandura do espírito, será em vão que almejará a denominação de cristão. "Tu, quando te converteres, revigora teus irmãos"; disse nosso Senhor a Pedro (Lucas, 22, 32). 

 Quem for descuidado com sua própria salvação dificilmente persuadirá o público de que está extremamente preocupado com a de outrem. Ninguém pode sinceramente lutar com toda a sua força para tornar outras pessoas cristãs, se não tiver realmente abraçado a religião cristã em seu próprio coração. Se se acredita no Evangelho e nos apóstolos, ninguém pode ser cristão sem caridade, e sem a fé que age, não pela força, mas pelo amor. Assim sendo, apelo à consciência dos que perseguem, atormentam, destroem e matam outros homens em nome da religião, se o fazem por amizade e bondade. E, então, certamente, e unicamente então, acreditarei que o fazem, quando vir tais fanáticos castigarem de modo semelhante seus amigos e familiares, que claramente pecaram contra preceitos do Evangelho; quando os vir perseguir a ferro e fogo membros de sua comunidade religiosa, que estão corrompidos pelos vícios e se não se emendarem estão indubitavelmente condenados; e quando os vir manifestar a ânsia e o amor de salvarem suas próprias almas mediante a inflição de todos os tipos de tormentos e crueldades. Visto que é por caridade, como pretendem, e zelo pelas almas humanas, que os despojam de sua propriedade, mutilam seus corpos, os torturam em prisões infectas e afinal até os matam, afim de convertê-los em crentes e obterem sua salvação; por que permitem que a fornicação, a fraude, a malícia e outros vícios, os quais, segundo o Apóstolo (Rom, 1), cheiram obviamente a paganismo, grassem desordenadamente entre sua própria gente? Estas, e artimanhas semelhantes, são mais opostas à glória de Deus, à pureza da Igreja e à salvação das almas, do que qualquer dissidência consciente, por mais errônea que seja, das decisões eclesiásticas, ou do afastamento do culto público, embora acompanhados de uma existência pura. Por que, então, este zelo abrasador por Deus, pela Igreja e pela salvação das almas - realmente abrasador, na fogueira - ignora, sem qualquer castigo ou censura, tais fraquezas e vícios morais, reconhecidos por todos como diametralmente opostos à confissão do cristianismo, e devota-se inteiramente na aplicação de todas as suas energias para introduzir cerimónias, ou para a correção das opiniões, as quais em grande parte dizem respeito a temas sutis que transbordam a compreensão ordinária dos homens?

 J. Locke, CARTA ACERCA DA TOLERÂNCIA , 




domingo, 14 de março de 2021

Temas para os trabalhos de grupo sobre Filosofia da religião:

 



11ª e B

 Entrega: 6/7 Abril

1. A existência de Deus. Argumento ontológico de Santo Anselmo

2. A existência de Deus. Argumento cosmológico de São Tomás de Aquino

3. A existência de Deus. Argumento teleológico/ argumento do desígnio de São Tomas de Aquino e Hume.

4. A fé e a razão. O fideísmo de Pascal

5. A fé como um paradoxo para a razão - Kierkegaard

6. O argumento do Mal – Leibniz

 

Objetivos e critérios de avaliação

 

Conteúdo: 50%

1.Investigar a obra de um filósofo.

Critérios: Investigação oportuna/Seleção essencial /Relacionamento correto com o contexto histórico e intelectual.

2. Analisar os argumentos

Critérios: Compreensão correta da lógica do argumento/ Boa organização dos passos do argumento/

3. Expor a controvérsia suscitada pelo argumento

Bons contra argumentos. Adianta respostas às objeções colocadas

4. Discussão  

Apresenta as fragilidades e problematiza

Abre a discussão à turma

 

Forma: 50%

Apresentação oral com diapositivos

Critérios: Exposição clara e sem erros científicos/ Revela bom domínio dos conteúdos/Diapositivo informativo/bem organizado e criativo

 

Calendário das apresentações:

Tema 1/2 - 7Abril

Tema 3: 9 Abril

Tema 4/5: 13/14 Abril

Tema 6: 16 Abril


 

Grupos de 4 alunos

sexta-feira, 12 de março de 2021

Texto para resumo 11ºA (Margarida) e 11ºB (Sebastião)

 


O Valor dos testes

Existe um género de “enunciado” ou “hipótese” que os cientistas repetidamente submetem a testes sistemáticos. Tenho em mente os enunciados que consistem nas melhores conjeturas de um investigador sobre a maneira adequada de relacionar o seu próprio problema com o corpo do conhecimento científico aceite. Ele pode, por exemplo, conjeturar que [...] a obesidade dos seus ratinhos experimentais se deve a uma componente específica da respetiva dieta; ou que um padrão espetral recentemente descoberto se deve compreender como efeito do spin nuclear. Em cada caso, os passos seguintes na sua investigação visam provar ou testar a conjetura ou hipótese. Se ela passar testes suficientes ou bastante minuciosos, o cientista fez uma descoberta ou, pelo menos, resolveu o enigma que se propusera. Se não, deve abandonar completamente o enigma, ou tentar resolvê-lo com a ajuda de algumas outras hipóteses. Muitos problemas de investigação, embora decerto não todos, tomam esta forma. Testes deste género são uma componente normal do que denominei "ciência normal" ou "investigação normal", um empreendimento que explica a esmagadora maioria do trabalho feito na ciência básica. No entanto, em nenhum sentido usual esses testes se dirigem à teoria corrente. Pelo contrário, quando empenhado num problema de investigação normal, o cientista deve pôr como premissa a teoria corrente, a qual constitui as regras do seu jogo. O seu objetivo é resolver um enigma, de preferência um que outros não resolveram, e a teoria corrente é necessária para definir esse enigma e para garantir que, com o brilhantismo suficiente, ele possa ser resolvido. É natural que o praticante de tal empreendimento deva testar muitas vezes a solução conjetural do enigma, que o seu engenho lhe sugere. Mas só a sua conjetura pessoal é testada. Se falhar o teste, só a sua própria capacidade, e não o corpo da ciência vulgar, é impugnada. Em suma, embora ocorram frequentemente testes na ciência normal, estes testes são de um género especial, porque em última instância é o cientista individual, e não a teoria comum, que é testado.

Thomas Kuhn, "Lógica da descoberta ou Psicologia da Investigação", in A Tensão Essencial, Lisboa, Edições 70, 1989, pp. 328-329.

 

terça-feira, 9 de março de 2021

Texto para resumo 11ºA (Manuel) e 11B (Pedro Castro)

 

Quando os cientistas têm de escolher entre teorias rivais, dois homens comprometidos completamente com a mesma lista de critérios de escolha podem, contudo, chegar a conclusões diferentes. Talvez interpretem a simplicidade de maneira diferente, ou tenham convicções diferentes sobre o âmbito de campos em que o critério de consistência se deva aplicar. Ou talvez concordem sobre estas matérias, mas difiram quanto aos pesos relativos a atribuir a estes ou a outros critérios, quando vários deles se desenvolvem em conjunto. No que respeita a divergências deste género, nenhum conjunto de critérios de escolha já proposto é útil. Pode explicar-se por que razão homens particulares fizeram escolhas particulares em tempos particulares. Mas, para este propósito, devemos ir além da lista de critérios partilhados, para as características dos indivíduos que fizeram a escolha. Quer dizer, há que lidar com características que variam de um cientista para outro sem com isso pôr minimamente em risco a sua adesão aos cânones que tornam científica a ciência. Embora tais cânones existam não são por si suficientes para determinar as decisões dos cientistas individuais.

Algumas das diferenças que tenho em mente resultam da experiência anterior do indivíduo como cientista. [...] Quanto do seu trabalho dependeu de conceitos e técnicas impugnados pela nova teoria? Outros fatores importantes para a escolha ficam fora das ciências. [...] O Romantismo Alemão predispôs aqueles que afetou para o reconhecimento e a aceitação da conservação da energia. [...] Ainda outras diferenças significativas são funções da personalidade. Alguns cientistas põem mais ênfase do que outros na originalidade e, portanto, têm mais vontade de correr riscos. [...] Toda a escolha individual entre teorias rivais depende de uma mistura de fatores objetivos e subjetivos, ou de critérios partilhados e individuais.

Como é que os filósofos da ciência puderam negligenciar, durante tanto tempo, os elementos subjetivos que, garantem eles, entram regularmente nas escolhas entre teorias reais feitas pelos cientistas individuais? Por que razão estes elementos lhes parecem apenas um índice da fraqueza humana, e não um índice da natureza do conhecimento científico?

Thomas Kuhn, "Objetividade, juízo de valor e escolha entre teorias", in A Tensão Essencial, Lisboa, Edições 70, 1989, pp. 385-389.

sexta-feira, 5 de março de 2021

Texto para resumo 11B (Pedro J.) 11A (Madalena)

 

"Kuhn não pode estar mais em desacordo com esta visão não histórica da ciência [de Popper e outros autores]e da filosofia da ciência, que reduz esta última à análise da estrutura lógica da ciência. Do seu ponto de vista, a história da ciência tem um papel central na filosofia da ciência. Podemos mesmo dizer que o seu trabalho filosófico é uma tentativa de desenvolver uma filosofia da ciência com base na história da ciência. A função da história da ciência, pensa ele, não é apenas fornecer alguns exemplos de investigações científicas bem-sucedidas para ilustrar uma certa concepção da ciência. É, ao contrário, o estudo de casos significativos da história da ciência que nos permite saber o que a ciência é. A história é, assim, o ponto de partida do filósofo da ciência na sua tentativa de compreender a ciência tal como ela é praticada pelos cientistas.

Que revela a história da ciência sobre a ciência? Antes de mais, que tanto a concepção indutivista como a falsificacionista da ciência estão erradas. A atividade científica não se processa do modo como uns e outros afirmam, mas antes de acordo com o seguinte esquema:

Ciência normal ➝ crise e ciência extraordinária ➝ revolução científica ➝ nova ciência normal

(...)

Uma área de investigação torna-se uma ciência madura quando existe consenso entre os investigadores que nela trabalham relativamente aos problemas a investigar, as leis a aplicar, e os métodos e os instrumentos a usar nesse campo de investigação. (...) Isto é, quando existe aquilo a que Kuhn chama paradigma, um conjunto de problemas, soluções — teorias e leis — práticas metodológicas e princípios metafísicos, que são aceites pela generalidade dos praticantes daquele campo. Uma ciência madura é dominada apenas por um paradigma, que estabelece o que é ou não legítimo investigar dentro de uma ciência e coordena e dirige a investigação nessa ciência. São exemplos de paradigmas a física de Aristóteles, a mecânica de Newton, o eletromagnetismo de Maxwell e a seleção natural de Darwin. Aquilo que, segundo Kuhn, distingue ciências de não-ciências não é, como pensam os indutivistas, o facto de as teorias científicas poderem ser verificadas, ou, como pensa Popper, o facto de poderem ser falsificadas, mas o de existir ou não num determinado campo de investigação um paradigma aceite pela generalidade dos seus praticantes. (...)

Podemos (...) dizer que um paradigma é constituído por

  • Um feito científico exemplar, que sirva como modelo para a investigação futura a realizar;
  • Problemas, métodos, instrumentos e técnicas sugeridos por este feito científico;
  • Crenças metafísicas acerca dos tipos de objetos e de fenómenos que constituem o mundo."

Álvaro Nunes, “Ciência e Objetividade”, in https://criticanarede.com/anunescienciaeobjetivid

Matriz para a ficha de revisões do dia 12 de Março 2021

Tempo: 45 min.


Conteúdos:


  1. Estatuto do Conhecimento Científico


1.1. Conhecimento Vulgar e Conhecimento Científico;


1.2. Ciência e Construção - validade e verificabilidade das hipóteses;


1.2.1. O método científico: método indutivo e método hipotético-dedutivo;

1.2.2. A crítica de Popper ao método indutivo;

1.2.3. O problema da demarcação - a crítica de Popper ao critério de verificabilidade. 

O critério de falsificabilidade.

1.2.4. O método das Conjeturas e Refutações;


1.3. A Racionalidade científica e a Questão da Objetividade.


1.3.1. O problema da evolução da ciência e da objetividade do conhecimento: 

as perspectivas de Popper e Kuhn;

1.3.2. A perspectiva de Popper - eliminação do erro e seleção das teorias mais aptas; 

progresso do conhecimento e aproximação à verdade;

1.3.3. A perspectiva de Kuhn - ciência normal e ciência extraordinária; revolução científica; 

a tese da incomensurabilidade dos paradigmas; a escolha de teorias;

1.3.4. Relação entre as perspectivas de Kuhn e Popper acerca da evolução e objetividade 

do conhecimento científico - continuidade e descontinuidade.


Competências gerais:


  • Interpretar texto;

  • Definir rigorosamente os conceitos;

  • Argumentar de modo claro;

  • Mobilizar conhecimentos adequados.


Competências específicas:


  • Distinguir entre senso comum e conhecimento científico;

  • Identificar o método indutivo e o método hipotético-dedutivo a partir de exemplos;

  • Criticar o critério de verificabilidade de acordo com a teoria de Popper;

  • Criticar o método indutivo de acordo com Popper;

  • Explicar o critério falsificacionista como critério de demarcação;

  • Compreender o método de Conjeturas e Refutações;

  • Explicitar a perspectiva de Popper sobre a evolução e objetividade da ciência;

  • Caracterizar etapas do desenvolvimento da ciência de acordo com Kuhn;

  • Definir os conceitos: paradigma; ciência normal; ciência extraordinária; incomensurabilidade;

  • Explicitar a perspectiva de Kuhn sobre a evolução e objetividade da ciência;



Estrutura:


5 questões de escolha múltipla (50 pontos);

2 perguntas de interpretação de texto (40+40 = 80 pontos);

1 pergunta de desenvolvimento (70 pontos).


 

terça-feira, 2 de março de 2021

Texto para Resumo 11B (Max) 11A (José)

 

"A explicação de Popper do progresso da ciência está intimamente associada com a sua concepção do método científico. 

(...)

A ciência progride, e o conhecimento científico cresce, pelo derrube das teorias científicas vigentes através de testes exigentes e a sua substituição por teorias melhores, capazes de resolver os problemas que as outras teorias resolviam e também os que elas se revelaram incapazes de superar. (...)

Esta capacidade de escolher entre teorias melhores e piores pressupõe um critério de progresso, isto é, um critério para determinar se uma teoria constitui, ou não, um avanço relativamente às outras. Popper aceita a teoria da verdade como correspondência, segundo a qual uma teoria é verdadeira se está de acordo com os factos e falsa se não está. Contudo, ele não pode usar a verdade como critério de progresso e afirmar, como os indutivistas, que a ciência progride por acumulação de teorias verdadeiras, porque as teorias científicas são sempre hipotéticas e conjeturais. Ele tem, portanto, de recorrer a outro critério. Qual é esse critério? A verosimilhança ou a proximidade à verdade. O facto de uma teoria ter sucesso onde todas as outras falharam, de ser capaz de explicar o que as outras explicam e aquilo que as outras não explicam, significa que essa teoria é uma melhor aproximação à verdade, uma teoria mais verosímil, que todas as outras. A verdade, embora não seja alcançável, funciona como uma ideia reguladora, uma luz no fundo do túnel, para a qual a ciência deve tender. O método é o processo que os cientistas usam para esse fim. E como na sua base está a atitude crítica, fundada em regras lógicas, a ciência é racional e objetiva. A escolha entre teorias não se faz com base em aspetos subjetivos, como as preferências individuais dos cientistas, mas em critérios objetivos, uma vez que os testes a que as teorias são submetidas são feitos de acordo com procedimentos metodológicos precisos, que permitem determinar quais as que se aproximam mais da verdade."

 Álvaro Nunes, “Ciência e Objetividade”, in https://criticanarede.com/anunescienciaeobjetividade.html