quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Texto para resumo Mariana 11E



David Hume e a ideia de causalidade
Em que consiste a ideia de relação de causa-efeito ou de causalidade?
                 Consiste na ideia de conexão necessária entre acontecimentos, isto é, que sempre que, em certas condições, acontece A, acontece inevitavelmente B de tal maneira que A produz necessariamente B.

Qual a posição de David Hume sobre a ideia de causalidade?
                Segundo Hume, todo o conhecimento e raciocínios (indutivos) das questões de facto baseiam-se na relação de causa e efeito. O nosso conhecimento dos factos restringe-se às impressões atuais e às recordações de impressões passadas. No entanto, muitas vezes fazemos afirmações sobre o mundo que nos levam além da experiência imediata (ou passada). Eis alguns exemplos: O sol vai nascer amanhã; Todos os corvos são negros; Esta barra de metal dilatou por causa do calor. Todas estas afirmações referem-se a questões de facto, pelo que Hume considera que são verdades contingentes, conhecidas a posteriori. Ora, dizer que o sol vai nascer amanhã é afirmar algo que não foi observado. E também não podemos observar os corvos todos. Finalmente, com base apenas nos sentidos, só podemos ver que a barra de metal dilatou e que está quente – mas não que dilatou por causa do calor. Em qualquer destes casos, estamos a ir além da experiência. Isso só é possível através do raciocínio indutivo (que nos permite generalizar e prever a partir de casos semelhantes no passado e presente) e da utilização da ideia de causalidade (que julgamos refletir uma relação de conexão necessária entre acontecimentos, como por exemplo entre o calor – causa – e a dilatação da barra de metal – efeito).

Mas será que podemos justificar esta relação de causalidade?
Há duas possibilidades: a relação de causa-efeito pode ser conhecida a priori ou baseia-se inteiramente na experiência (a posteriori). Ora, segundo Hume, esta relação não pode ser conhecida a priori. Se fosse possível saber a priori que certos factos têm o poder de causar outros, poderíamos antecipar, sem nunca ter visto algo semelhante, que o impacto de uma bola de bilhar noutra bola de bilhar produz o movimento da segunda. No entanto, sem experiência não é possível saber nenhuma destas coisas.
Estará então a experiência em condições de justificar a relação de causa-efeito? A experiência apenas pode revelar entre dois acontecimentos uma sucessão temporal e conjunção constante e nada permite afirmar que o primeiro tenha realmente poder ou energia para produzir o segundo. Portanto, o conhecimento da relação de causa-efeito não pode ser obtido a priori nem a posteriori.

                Segundo Hume, esta ideia forma-se na mente do sujeito em consequência de um hábito, que é fruto da associação que se verifica na sua mente entre as ideias correspondentes aos acontecimentos observados e não algo que descubramos nas próprias coisas. Assim, David Hume diria que, em bom rigor, quando pomos a água ao lume, «não sabemos que a água vai aquecer, ainda que esse facto seja possível ou muito provável até». Em tal caso, não temos um saber, mas apenas uma crença ou suposição, e isto porque não existe qualquer justificação, estritamente racional (a priori) ou empírica (a posteriori), para a nossa crença na existência de relações causais. É o hábito baseado em repetições passadas, em que sempre que um fenómeno ocorria, um outro se lhe seguia, que nos leva a crer, isto é, a ter a tendência psicológica para formar a expetativa de que um é causa e o outro efeito. Com base no hábito (psicológico) e não na razão ou nos próprios objetos, acreditamos na igualdade futura dos acontecimentos. No entanto, não temos nenhum conhecimento direto do que seja a conexão necessária dos fenómenos, pelo que as inferências feitas desse modo são apenas provavelmente verdadeiras. A ideia de causalidade não é senão uma ficção, uma ilusão, uma criação subjetiva ou psicológica da mente humana.

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