Teodiceia
 
        A origem do mal .
Leibniz concebe um mundo rigorosamente 
        racional e como o melhor dos mundos possíveis. Então, como explicar a 
        presença do mal? O mal manifesta-se de três modos: metafísico, físico e 
        moral.
        O Mal Metafísico é a imperfeição 
        inerente à própria essência da criatura. Só Deus é perfeito. Falta 
        alguma coisa ao homem para a perfeição, e o mal é a ausência do bem, na 
        concepção neoplatónica e agostiniana. O mundo, como finito, é imperfeito 
        para distinguir-se de Deus. O mal metafísico, sendo a imperfeição, ele é 
        inevitável na criatura. Ao produzir o mundo tal como ele é, Deus 
        escolheu o menor dos males, de tal forma que o mundo comporta o máximo 
        de bem e o mínimo de mal. A matemática divina responsável pela 
        determinação do máximo de existência, tão rigorosa quanto as dos máximos 
        e mínimos matemáticos ou as leis do equilíbrio, exerce-se na própria 
        origem das coisas.
        Um mal é, para Leibniz, a raiz do 
        outro. O mal metafísico é a raiz do Mal Moral. É por ser imperfeito que 
        o homem se deixa envolver pelo confuso. O Mal Físico é entendido por 
        Leibniz como consequência do mal moral, seja porque está vinculado à 
        limitação original, seja porque é punição do pecado (moral). Deus não 
        olhou apenas a felicidade das criaturas inteligentes mas a perfeição do 
        conjunto.
        Na moral, o bem significa o triunfo 
        sobre o mal e para que haja bem é necessário que haja mal. O mal que 
        existe no mundo é o mínimo necessário para que haja um máximo de bem. 
        Deus não implica contradição, portanto, Deus é possível como um ser 
        perfeitíssimo, mas para um ser perfeitíssimo sua tendência à existência 
        se traduz imediatamente em ato. A prova de que existe é a harmonia 
        preestabelecida. Porque há acordo entre as mônadas é necessário Deus 
        como autor delas. Outra prova são as coisas contingentes: tudo que 
        existe deve ter uma razão suficiente da sua existência; nenhuma coisa 
        existente tem em si mesma tal razão; portanto existe Deus como razão 
        suficiente de todo o universo. Deus é a mônada perfeita, puro acto. A 
        Teodiceia de Leibniz leva como subtítulo Ensaios Sobre a Bondade de 
        Deus, a Liberdade do Homem e a Origem do Mal.
 Maria Isabel Rosete, Texto retirado daqui
 



