1. No texto são referidos dois tipos de ideias sobre o Sol. A primeira que resulta da perceção sensível, apresenta-nos um Sol muito pequeno; a outra “retirada dos raciocínios da astronomia” mostra-nos um Sol maior que a Terra. Estas duas ideias não podem ser ambas verdadeiras pois se assim fosse o Sol seria pequeno e grande o que seria impossível visto que ele é um corpo e, como tal, tem uma configuração só, não dependendo do modo como o vemos, mas do modo como a razão nos pode demonstrar como tem que ser para ter os efeitos que tem, tal como vem demonstrado nos cálculos sobre o Sol da investigação astronómica. Descartes conclui assim, contra os empiristas, que a visão, e os sentidos em geral, não nos dão um verdadeiro conhecimento do que existe e levam-nos a enganos. Se considerarmos que a fonte do conhecimento para os empiristas são as impressões sensíveis, o argumento de Descartes contraria a fiabilidade deste tipo de conhecimento opondo-o ao rigor dos cálculos matemáticos.
2. A dúvida metódica foi a forma encontrada
por Descartes para superar as dúvidas e as incertezas dos céticos que punham em
causa a possibilidade de um conhecimento verdadeiro. Com a dúvida metódica,
Descartes conseguiu demonstrar que há verdades indubitáveis e que se autojustificam,
isto é, não necessitam de outras crenças para se justificarem . Contraria
assim o argumento da regressão infinita utilizado pelos céticos para criticar o
conhecimento, alegando que nenhuma crença está justificada porque necessita
sempre de outra que a justifique.
A dúvida metódica consiste em examinar
sistematicamente os fundamentos de todas as crenças e considerar falso tudo o
que fosse apenas duvidoso. Assim, as etapas da dúvida metódica são: 1ª Duvidar
dos sentidos; 2ª Duvidar da existência do mundo; 3º Duvidar das verdades da
razão.
Argumento 1: Uma vez que os sentidos nos enganam algumas vezes, podemos duvidar do que vemos ou sentimos, logo, não podem ser os fundamentos inabaláveis do conhecimento.
Argumento 2 : A realidade que vemos depende do estado de vigília que julgamos ter, mas não poderemos pensar que se trata de um sonho? No sonho estamos perante factos e, no entanto eles não são reais, o mesmo pode acontecer com toda a realidade exterior, que poderemos estar a sonhar e, por isso não ser real.
Argumento 3: As verdades matemáticas são inabaláveis mas poderíamos supor a existência de um génio maligno que nos enganasse sempre que pensamos numa verdade matemática levando-nos a dar o consentimento a algo que é falso. Assim a certeza das verdades matemáticas também é colocada em questão.
Argumento 1: Uma vez que os sentidos nos enganam algumas vezes, podemos duvidar do que vemos ou sentimos, logo, não podem ser os fundamentos inabaláveis do conhecimento.
Argumento 2 : A realidade que vemos depende do estado de vigília que julgamos ter, mas não poderemos pensar que se trata de um sonho? No sonho estamos perante factos e, no entanto eles não são reais, o mesmo pode acontecer com toda a realidade exterior, que poderemos estar a sonhar e, por isso não ser real.
Argumento 3: As verdades matemáticas são inabaláveis mas poderíamos supor a existência de um génio maligno que nos enganasse sempre que pensamos numa verdade matemática levando-nos a dar o consentimento a algo que é falso. Assim a certeza das verdades matemáticas também é colocada em questão.
3. Através do método da dúvida sobre as fontes
do conhecimento, Descartes encontra a sua primeira verdade indubitável: “Penso,
logo existo”. O Cogito é uma ideia evidente, clara, distinta e inata, a
primeira crença básica a priori da filosofia cartesiana. Permite-nos
inferir que é possível um conhecimento a priori que não necessita da
justificação da experiência e que se fundamenta apenas na razão. Permite-nos
também concluir que é verdadeiro tudo o que se apresente com clareza e
distinção à razão, isto é todas as ideias evidentes que a razão vê claramente
que não poderiam ser de outro modo e não se confundem ou derivam de outras
ideias. A partir desta crença básica é possível construir os alicerces seguros
do conhecimento de modo a escapar ao ceticismo. As primeiras crenças básicas
inferidas do Cogito são: A existência de Deus. Porque se duvido sou imperfeito,
Qual a causa da ideia de perfeição? Não posso ser eu nem o mundo só pode ser
Deus, logo Deus existe. A terceira crença básica é a distinção entre a alma e o
corpo. Vejo claramente que a existência da alma é mais certa que a do corpo,
pois poderia existir mesmo sem corpo algum, mas não poderia existir se não
pensasse.
4. No texto Descartes refere-se ao o argumento
ontológico. é uma tentativa de mostrar que a existência de Deus se segue
necessariamente da definição de Deus como o ser supremo. Porque esta conclusão
pode ser retirada sem recorrer à experiência, diz-se que é um argumento a
priori.
De acordo com o argumento ontológico, Deus
define-se como o ser mais perfeito que é possível imaginar; ou, na mais famosa
formulação do argumento, Deus define-se como “aquele ser maior do que o qual
nada pode ser concebido”. A existência seria um dos aspetos desta perfeição ou
grandiosidade. Um ser perfeito não seria perfeito se não existisse.
Consequentemente, da definição de Deus seguir-se-ia que Deus existe
necessariamente, tal como se segue da definição de um triângulo que a soma dos
seus ângulos internos será de 180 graus, mas se podemos conceber a existência
do triângulo como mental, não se passa o mesmo com a definição de Deus, visto
que o conceito de perfeição implica que nada lhe pode faltar. Logo, não lhe
pode faltar uma existência autónoma do meu pensamento.
Quanto ao outro argumento utilizado na
filosofia cartesiana, apelida-se de argumento da causa e articula-se do
seguinte modo: Vejo claramente que sou imperfeito porque erro muito e há mais
perfeição em quem não erra do que em quem erra. Qual então a causa da minha
ideia de perfeição? Não posso ser eu, que sou imperfeito, não pode ser a
natureza que não sei se existe, a causa deve ser mais perfeita que a ideia, a
causa só pode existir, visto que nenhuma ideia existe sem uma causa. Logo, a
causa da minha ideia de perfeito só pode ser um ser com todas as perfeições,
esse ser só pode ser Deus.
(Explicação opcional: A ideia de Deus não é uma ideia imaginada tal como "uma cabeça de leão unida ao corpo de uma cabra". Não pode ser fruto da imaginação pois nenhuma ideia imaginada tem o grau de clareza que tem a ideia de Deus, ora as ideias imaginadas não são claras e distintas, pelo contrário são confusas, a razão não garante que sejam verdadeiras porque são igualmente duvidosas tais como as ideias das coisas que nos são dadas através dos sentidos.
A ideia de Deus apresenta-se como ideia de um ser perfeito a partir do qual o eu tem a ideia clara e distinta da sua imperfeição, as ideias da imaginação não têm a mesma universalidade, nem a mesma clareza e distinção porque se apresentam compostas de várias ideias e não têm a distinção e a simplicidade das ideias inatas como a de que existe algo perfeito medida da ideia de imperfeito. Todas as ideias que derivam da experiência apresentam-se duvidosas e sem garantia de verdade, por exemplo, nada garante que o Sol tenha a grandeza que vemos. Mas provando que Deus existe é superada a dúvida. Deus é a garantia que as ideias claras e distintas são e correspondem a algo igualmente existente. A ideia de Deus permite a Descartes sair do solipsismo a que tinha chegado ao duvidar de todas as coisas, sem Deus a Filosofia cartesiana não poderia ter qualquer outra certeza senão o cogito. Se Deus existe, então todas as ideias claras e distintas e os conhecimentos matemáticos são verdadeiros. Se Deus existe então o "génio maligno" é afastado e,assim, a confiança nos raciocínios humanos pode ser retomada. )
Grupo III
1.
2.
A fenomenologia do conhecimento reduz o
fenómeno do conhecimento a uma relação entre o sujeito (o que conhece) e
um
objeto (o que é conhecido). Descreve esta relação como uma correlação
visto que
não pode haver sujeito sem objeto nem objeto sem sujeito, existem apenas
na
relação embora sejam opostos um ao outro pois têm funções diferentes que
não se
podem permutar. A função do sujeito é ativa, produz uma imagem ou
representação
do objeto e a função do objeto é passiva, porque se deixa apreender.
Todavia
nesse ato de apreensão o objeto permanece como transcendente ao sujeito
nunca
podendo reduzir-se à esfera da sua representação mental. Os três
momentos do acto cognitivo de apreensão do objecto consistem em o
sujeito sair de si, permanecer fora de si, na esfera do objecto e voltar
a si integrando a imagem do objecto noutras imagens existentes na sua
mente.
2. Não, a calculadora não sabe quanto dá 356
euros a dividir por 4 pessoas.
Justificação da resposta:
‒ de acordo com a análise tradicional do
conhecimento (proposicional), crença, verdade e justificação são condições
necessárias do conhecimento (proposicional);o resultado apresentado pela
calculadora (embora seja correto e esteja adequadamente justificado, pois a
calculadora aplica um programa concebido por
matemáticos competentes) não é conhecimento, porque a calculadora não tem
crenças (nomeadamente, não tem a crença de que 356 euros a dividir por 4
pessoas dá 89 euros a cada uma, pois a calculadora não tem estados mentais)
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