1. Impressões e
ideias são perceções mentais, isto é, constituem todo o conteúdo da mente que
podemos conhecer. As primeiras são originais e antecedem as segundas que são
cópias feitas da memória das impressões vividas. Podemos ter ideias de objetos
nunca antes vividos, se associarmos ideias simples, formando assim ideias
complexas como a ideia de vampiro. Podemos também antecipar o prazer ou a dor
vividas pela expectativa de as voltarmos a viver. Seja pela memória ou pela
imaginação as perceções pensadas, ideias, não são nunca tão fortes e intensas
como as vividas, impressões, pois o original é sempre mais forte e
perfeito que a cópia. Hume conclui que as impressões são atos originais e que
não existem ideias sem na origem estar a impressão interna ou externa
equivalente.
As impressões podem
ser simples ou complexas e podem ser interiores ou exteriores, sendo que as
primeiras são vividas pela sensibilidade e as segundas resultam de um
sentimento, paixão ou dor vividos interiormente pelo sujeito. As ideias podem
ser ainda gerais quando resultam da associação de ideias simples, de acordo com
a sua semelhança para a formação dos conceitos, ou complexas quando são
fruto da associação de ideias simples através da imaginação.
2. Cenário de
resposta A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente
relevantes. Distinção entre as questões de facto e as relações de ideias: – as
verdades acerca das relações de ideias são verdades necessárias ou demonstrativamente
certas (OU que podem ser descobertas pela razão); (em contrapartida,) as
questões de facto apenas podem ser decididas recorrendo à experiência; – o
contrário de uma verdade acerca de relações de ideias implica uma contradição
e, portanto, é logicamente impossível; (ao invés,) o contrário de uma verdade
acerca de questões de facto não implica uma contradição e, portanto, é
logicamente possível.
A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros
igualmente relevantes. Apresentação do problema da indução: – a indução não
está justificada, uma vez que a tentativa de a justificar por meio da
experiência é circular (OU a tentativa de a justificar por meio do raciocínio
indutivo se baseia, ela própria, no raciocínio indutivo, que, precisamente,
necessita de justificação).Portanto, saber que o Sol vai nascer amanhã é uma
previsão e como tal baseia-se no que aconteceu no passado, faz-se uma
generalização indutiva, se até agora o sol sempre nasceu, amanhã irá nascer. Essa
probabilidade pode não ocorrer, porque só podemos ter conhecimento por
experiência, e não temos experiência do futuro a não ser que façamos um
raciocínio indutivo.
Este problema ficou conhecido como o problema da indução.
Consiste em demonstrar que a crença na indução não está justificada porque
ultrapassa a experiência e a razão, isto é, não pode ser justificada nem
empiricamente nem racionalmente. Acreditamos que a natureza é uniforme e, por
isso acreditamos que aquilo que aconteceu de uma determinada maneira irá
acontecer do mesmo modo no futuro. Esse é o pressuposto que garante as nossas
generalizações futuras, mas esse pressuposto já resulta ele próprio de uma
generalização e de uma previsão, isto é, aquilo que garante a validade de uma
indução é conseguido através da indução, utiliza-se o mesmo processo para
validar algo que devia ser validado por um outro conhecimento onde se pudesse
fundar. Há assim um raciocínio falacioso, uma petição de princípio.
3. Não há nenhuma impressão de conexão causal; isto é de uma
conexão necessária entre dois fenómenos como o calor e a dilatação do metal. As
impressões que nos são dadas são de contiguidade no espaço, prioridade temporal
e conjunção constante.
b) A impressão que temos é da repetição de fenómenos em
sucessão no tempo e contiguidade no espaço: “Vemos os dois fenómenos repetidamente
juntos, e quanto mais isso acontece mais forte é a crença que um não pode
existir sem o outro, isto é, que um é causa do outro.
c) Esta crença a que chamamos relação de causa efeito ou
conexão causal não está justificada nem empiricamente nem racionalmente, porque
“ não há nada que produza qualquer impressão, e consequentemente nada que possa
sugerir qualquer ideia de poder ou conexão necessária”, a relação é formada na
mente fruto do hábito e do costume. Não
é um conhecimento mas uma crença subjetiva.
d) Se o conhecimento de causa efeito tem a sua origem na
experiência e de modo nenhum é apriori (argumento
do ser racional que nada soubesse do mundo, jamais poderia ter a noção de causa
efeito) então é um conhecimento de facto e é contingente, todavia julgamos e
pensamos como se houvesse uma conexão necessária e, portanto ultrapassamos a
experiência.
Logo, para concluir, não uma justificação empírica nem
racional para uma conexão necessária entre dois fenómenos, ela é apenas fruto
do costume, um hábito psicológico, logo não é um conhecimento objetivo.
4. O Racionalismo e
o empirismo são teorias filosóficas que pretendem dar uma resposta ao problema
de saber qual a origem do conhecimento. A teoria racionalista defendida por
Descartes, fundamenta o conhecimento na razão e na capacidade desta retirar
ideias a partir de outras ideias de forma evidente e dedutiva sem recorrer à
experiência - ideias inatas. O Modelo de conhecimento verdadeiro para os
racionalistas é o modelo matemático porque tem necessidade lógica e validade
universal. Descartes é um filósofo racionalista porque defende a possibilidade
de um conhecimento “a priori”.
Quanto ao Empirismo
rejeita as ideias inatas da Razão, e a noção de conhecimento "a
priori" . Defende a tese de que nada existe na mente que não tenha passado
antes pelos sentidos, todo o conhecimento tem origem na experiência é, portanto
formado “a posteriori”. Fundamenta-se na noção de que qualquer conceito
para ter um significado tem que se referir a uma sensação/impressão qualquer,
essas sensações são simples e a mente neste primeiro momento capta apenas as
sensações e depois por abstracção e generalização forma os conceitos ou ideias,
estas não são tão vivas como as sensações ou impressões o que quer dizer que
são posteriores a estas. Os empiristas dão o exemplo das crianças que começam
por ter sensações e só depois as articulam numa linguagem. O raciocínio que o
entendimento faz para chegar ao conhecimento, segundo os empiristas é a
indução, por acumulação de experiências que se repetem, generaliza-se para
todos os casos e assim se obtém um conhecimento
Comparação das
perspetivas de Descartes e de Hume acerca da origem da ideia de Deus:‒
Descartes afirma que «o pensamento de alguma coisa de mais perfeito do que eu
[...] se devia a alguma natureza que fosse, efetivamente, mais perfeita», ou
seja, que a ideia de perfeição não pode ter tido origem num ser imperfeito como
ele (porque duvidar é uma imperfeição, e ele duvida);‒ Hume, em contrapartida,
afirma que as ideias, «por mais compostas e sublimes que sejam», são copiadas
«de uma sensação ou sentimento precedente», ou seja, que a ideia de Deus é uma
ideia composta, formada pela associação e pela ampliação de ideias simples
provenientes da observação das operações da nossa mente;‒ segundo Descartes, a
ideia de Deus não tem origem empírica / é inata;‒ em contrapartida, Hume
considera que a ideia de Deus tem origem empírica.
Acerca do “eu” a
ideia é clara e distinta, corresponde ao conhecimento indubitável e inato de
que existe uma substância pensante “o cogito”; para Hume o “eu” não é uma
substância mas um conjunto de imagens e sentimentos sem que haja alguma coisa que possa ser o pensamento por si só.
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