O texto abaixo foi retirado e traduzido do site
http://www.askphilosophers.org/ (vale a pena visitar!) no qual os cibernautas
podem colocar perguntas a um vasto painel de filósofos e obter resposta. O
livro de Alexander George, Que Diria Sócrates?
Filósofos Respondem Às Suas Perguntas Sobre O Amor, O Nada E Tudo O
Resto, recentemente publicado pela editora Gradiva, baseia-se em perguntas que
foram seleccionadas de entre as muitas enviadas para este popular site.
Têm sido propostos muitos argumentos que visam dar suporte à
proposição que afirma que Deus existe. Até agora, parece que nenhum deles foi
convincente. Pensa que é possível que um argumento que conclua com ‘Deus
existe’ venha a ser alguma vez convincente? Se um tal argumento não puder ser
convincente, não podemos inferir que não é convincente nenhum argumento que
procure estabelecer a existência de Deus? Ou pensa que podemos vir a encontrar
um argumento que seja convincente?
RESPOSTA (de Allen Stairs)
Se por “convincente” quer dizer algo como “acima de qualquer
dúvida”, a resposta é quase de certeza não. No entanto, isto não é algo
exclusivo dos argumentos acerca da existência de Deus. A tese que afirma que
Deus existe tem pelo menos em comum com as teses filosóficas em geral o facto
de haver bastante margem de manobra para se argumentar a favor ou contra.
Por outro lado, se a questão é saber se existem argumentos
para acreditar em Deus que alguém possa achar convincentes sem cair na
irracionalidade, a resposta é quase de certeza sim. Mas, uma vez mais, isto não
é algo exclusivo dos argumentos acerca da existência de Deus. Pense no que quer
que seja em que os filósofos estejam em desacordo e verificará que alguns
filósofos no seu perfeito juízo se deixam convencer por argumentos que outros
não consideram persuasivos.
Pode alguém, razoavelmente, considerar um argumento
persuasivo, mesmo tendo consciência de que este dá azo a objecções que ainda
não obtiveram resposta? Se um padrão de razoabilidade é alcançável pelos seres
humanos, a resposta também é sim. Em parte, isto deve-se ao facto de haver duas
maneiras de encarar objecções. Uma, é pensar nelas como refutações; outra, como
problemas a resolver: ‘se calhar esta questão que me atormenta vai ser fatal
para as minhas convicções’; ou ‘se calhar, com algum jeito, eu ou outra pessoa,
acabaremos por descobrir uma resposta convincente’. Pessoas razoáveis podem
diferir, e diferem, sobre como encarar cada caso. Na verdade, o facto de os
filósofos e outro género de teorizadores diferirem quanto a isto é uma das
coisas que os vai mantendo ocupados!
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