Miguel Angelo: A criação
A quinta via é a prova pela ordem do universo. Se considerarmos a ordem existente no universo, desde os componentes microscópicos existentes até os gigantescos astros do firmamento; a harmonia, a atividade e relação entre eles, facilmente chegamos à seguinte conclusão: houve uma inteligência que criou e ordenou tudo isso; caso contrário, seria absurdo dizer que isso é fruto do acaso.
“De fato, apenas a inteligência pode ser razão da ordem,
quer dizer, da organização dos meios em vista de um fim, ou dos elementos em
vista do todo que eles compõem: os corpos ignoram os fins e, por conseguinte,
se os corpos ou os elementos conspiram em conjunto, é necessário que sua
organização tenha sido obra de uma inteligência”.
Garrigou-Lagrange diz: “Os seres privados de razão não
tendem a um fim se não são guiados por uma inteligência, como a flecha pelo
arqueiro. Com efeito, uma coisa não pode estar ordenada à outra senão por uma
causa ordenadora, que necessariamente deve ser inteligente, sapientis est
ordinare. Por quê? Porque só a inteligência conhece a razão de ser das
coisas”.
Que inteligência ordena o universo?
Tem de ser diferente dos seres da natureza, porque os
minerais e vegetais são desprovidos da ciência das coisas e os animais não possuem intelecto. Deve ser, também, diferente
da inteligência humana, que, apesar de perceber e explicar a ordem que existe,
não a cria. Tem que ser, pois, a suma inteligência, dado que a ordem do
universo supõe um ser que possua a ciência de todos os seres e suas
propriedades. Por isso, conclui Garrigou-Lagrange: “Os animais conhecem
sensivelmente o objeto que constitui seu fim, mas nesse objeto não percebem a
razão formal do fim. Por conseguinte, se não houvesse uma inteligência
ordenadora, que governasse o mundo, a ordem e a inteligibilidade que há no universo e que as
ciências descobrem, proviria da inteligibilidade, e ainda mais, nossas próprias
inteligências proviriam de uma causa cega e ininteligível; uma vez mais, o mais
sairia do menos, o que é absurdo”.
Inteligência Criadora e Ordenadora
É preciso esclarecer que a Inteligência Criadora e
Ordenadora do universo é Infinita e Divina. Um ser natural, na sua criação não é precedido por nada e suas propriedades e
capacidades provêm de sua própria essência. Daí, a ordem interna de cada ser e,
por conseguinte, das relações destas essências entre si, resulta a ordem
externa do universo.
Sendo a causa total de toda ordem, o Autor dessas essências
precisa ser também Criador, por tirá-las do nada. Portanto, a Inteligência
ordenadora é também Criadora. Também, essa Inteligência não pode ter sido
criada, porque seria como qualquer outro ser existente e não ordenaria, mas
seria ordenada por outra inteligência. Por fim, a Inteligência
ordenadora deve ser também por si subsistente e infinita. A esse
ser Criador, subsistente por si e infinito, chamamos Deus.
Argumento:
1- No mundo, algumas
coisas operam por causa de um fim.
2- Essas coisas não atingem o fim por acaso.
3- Essas coisas não tendem para um fim a não ser que sejam dirigidas por algo inteligente.
4- Logo, existe algo inteligente, que é Deus, que dirige as coisas para um fim.
2- Essas coisas não atingem o fim por acaso.
3- Essas coisas não tendem para um fim a não ser que sejam dirigidas por algo inteligente.
4- Logo, existe algo inteligente, que é Deus, que dirige as coisas para um fim.
André Botelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário