“Não resta dúvida de
que todo o nosso conhecimento começa pela experiência; efetivamente, que outra
coisa poderia despertar e por em ação a nossa capacidade de conhecer senão os
objetos que afetam os nossos sentidos e que, por um lado, originam por si
mesmos as representações e, por outro lado, põem em movimento a nossa faculdade
intelectual e levam-na a compará-las, ligá-las ou separá-las, transformando
assim a matéria bruta das impressões sensíveis num conhecimento que se denomina
experiência? Assim, na ordem do tempo, nenhum conhecimento precede em
nós a experiência e é com esta que todo o conhecimento tem o seu início.
Se, porém, todo o conhecimento se inicia com a
experiência, isso não prova que todo ele derive
da experiência. Pois bem poderia o nosso próprio conhecimento por
experiência ser um composto do que recebemos através das impressões sensíveis e
daquilo que a nossa própria capacidade de conhecer (apenas posta em ação por
impressões sensíveis) produz por si mesma, acréscimo esse que não distinguimos
dessa matéria-prima, enquanto a nossa atenção não despertar por um longo
exercício que nos torne aptos a separá-los.
Há pois, pelo menos, uma questão que carece de um estudo
mais atento e que não se resolve à primeira vista; vem a ser esta: se haverá um
conhecimento assim, independente da experiencia e de todas as impressões dos
sentidos. Denomina-se a priori esse conhecimento e distingue-se do empírico,
cuja origem é a posteriori, ou seja, na experiência”.
KANT, IMMANUEL, Crítica da Razão Pura
1. Indique a tese principal do texto bem como o problema e os conceitos.
2. Formule a sua opinião acerca do problema colocado por Kant.
3. Exemplifique 2 proposições que revelem conhecimento a priori e duas proposições que revelem
conhecimento a posteriori.
Dan O'Brien, Introdução à Teoria do Conhecimento
Nenhum comentário:
Postar um comentário