GRUPO I
O que pretende criticar Popper e de que modo o faz ao propor um novo
critério e uma nova metodologia científica?
1. Como critério de demarcação, o “Falsificacionismo”
propõe uma metodologia rigorosa para separar ciência de “pseudo ciência” e, por
outro lado, ultrapassa o problema do critério “Verificacionista” que não podia
ser aplicado para justificar as leis científicas universais e necessárias, tais
como algumas leis da Física. Destes dois critérios de demarcação
científica: o critério “Verificacionista” que considera científico o que for
empiricamente verificável e o critério “Falsificacionista” que considera
científico tudo o que é empiricamente falsificável, só o segundo pode ser
aplicado a uma lei científica pois esta é empiricamente falsificável por ser
abrangente e informativa prevê certas ocorrências e proíbe outras. Desta forma
não podemos verificar todas as ocorrências previstas pela lei, mas podemos
seguramente falsificá-la empiricamente bastando para isso que as ocorrências
proibidas pela teoria aconteçam de fato. O primeiro método de investigação e
demarcação científica considerará que uma teoria é verdadeira se a experiência
e a observação a confirmarem, servindo-se de um método indutivo de confirmação,
enquanto o segundo serve-se da experiência para refutar as teorias. Esta
metodologia tem como consequência que nenhuma teoria científica possa ser
confirmada e portanto nunca haverá certeza da verdade de uma teoria, ela
permanecerá corroborada mas poderá no futuro ser refutada permanecendo com um
carácter de conjetura.
A Psicanálise e a Astrologia são “pseudociências”
porque não obedecem ao critério de falsificabilidade, tanto a Astrologia como a
Psicanálise não são empiricamente falsificáveis, pois a experiência é sempre
interpretada ou distorcida de modo a comprovar a teoria e não se prevê nenhuma
experiência possível que possa refutá-la. Assim afirmar que todos os Aquários
são independentes é não dizer nada porque seja qual for o comportamento de um
aquariano ele é sempre interpretado como sinal de independência, assim não há
forma de refutar a teoria e por outro lado ela nada nos diz sobre a realidade.
2. Compare a perspetiva de Popper com a perspetiva de Kuhn acerca do
conhecimento científico?
Para Kuhn não há verdadeiro progresso ou evolução
porque os paradigmas que se vão sucedendo são incomensuráveis, isto é, não
podem ser comparados pois apresentam diferentes formas de trabalhar, de
selecionar fenómenos para investigação e novos princípios metafísicos.
Há, portanto, na evolução da ciência, cortes abruptos
que correspondem a revoluções científicas, de mudanças de paradigma. As
revoluções científicas sucedem-se a períodos criativos (ciência extraordinária)
em que há teorias diferentes e a comunidade científica não forma consenso
acerca de nenhuma delas. A escolha de uma teoria pela comunidade científica
equivale a um acordo sobre a forma proposta de explicar os fenómenos. Uma vez
acordado, ele torna-se exemplar e guia a comunidade para um desenvolvimento
desta conceção dando origem a um novo paradigma e a uma nova fase de ciência
normal. Todavia não há objetividade na escolha dos Paradigmas visto que este
consenso é muitas vezes impossível e a escolha é influenciada por fatores externos
aos critérios objetivos, como por exemplo, o prestígio do cientista, as suas
posições ideológicas etc.
Para Popper, a ciência evolui no sentido de uma
aproximação à verdade na medida em que se faz eliminando os erros das teorias e
substituindo-as por outras mais abrangentes e consistentes com os factos
observados. Visto que a ciência se faz num processo racional de conjeturas e
refutações em que o papel da subjetividade tende a diminuir pois o cientista
trabalha no sentido de fazer previsões arriscadas de modo a testar os limites
de cada teoria. Embora não haja qualquer espécie de certezas pois o progresso
científico é um sistema em aberto e nenhuma teoria é verdadeira mas apenas
provisoriamente corroborada. A substituição de uma teoria por outra é um
processo de seleção em que as novas teoria aperfeiçoam as antigas na
medida em que não cometem os mesmos erros da anterior, explicam os fenómenos
das anteriores e ainda explicam novos fenómenos. Daí haver continuidade na
evolução científica.
3. Identifique a característica ou características do senso comum
evidenciadas no texto. Justifique.
No texto o
conhecimento científico e o senso comum são separados por um “ideal de
objetividade” e” por uma “separação das atividades ordinárias do quotidiano”,
isto significa que a experiência científica não se limita à observação
ocasional, constrói um quadro racional de problemas e metodologias de análise
que o senso comum não tem. Deste modo, embora a realidade pareça ser a mesma
ela aparece de modo diferente porque é selecionada por prévios problemas.
Partem dos dados dos sentidos e acumulam factos, mas se o segundo tira as suas
conclusões a partir da experiência, o primeiro formula certas hipóteses que
constituem uma diretriz através da qual organiza os dados da experiência e a
interroga de um determinado modo, sistemático e racional e não apenas ocasional.
São assim diferentes perceções da realidade. A outra característica apontada é
a linguagem. A linguagem científica é universal e rigorosa na medida em que
apresenta símbolos que obedecem a uma técnica de codificação aceite pela
comunidade e que tem um significado suscetível de ser apresentado numa
experiência e não pode ter vários significados. Veja-se o caso de H2O.
Contrariamente o senso comum utiliza a linguagem vulgar onde as palavras podem
ter diferentes sentidos e, por isso corresponderem a objetos diferentes. O
ideal de objetividade para o qual tende a ciência a partir do século XVIII, é
artificial uma vez que corta com as perceções ordinárias a que o senso comum
está ligado, encontrando novos métodos e uma nova linguagem para interrogar e
representar a natureza que estão enquadradas por exigências de rigor que a
instrumentalização permitiu e que ultrapassa a ambiguidade da linguagem vulgar
e do procedimento imediato e prático do senso comum.
4.A partir do
texto problematize a relação entre verdade e política tal como ocorre na
disputa entre Platão e os Sofistas.
A oposição entre Verdade e política pode ser
encontrada em Platão na medida em que sustenta que acerca de assuntos mundanos
nunca há conhecimento mas apenas
opiniões que se opõem. Um outro aspeto é o da utilidade do discurso. Para que
serve discursar se não for para nos tornar melhores e mais sábios, o discurso
deve ter a forma de um diálogo, isto é, de uma contraposição de opiniões com
vista a sair delas e a procurar os conceitos que já não são opiniões mas
conhecimento racional. Para os sofistas e para a nova democracia ateniense, não
há conhecimento verdadeiro sobre a forma como deve ser governada a cidade (relativistas)
ou se existe tal conhecimento o homem não o poderá alcançar. Daqui se segue
que, sobre os assuntos políticos, o “Homem é a medida de todas as coisas” e
portanto quem decide qual a opinião mais credível são os homens. Esta opinião
credível, por ser supostamente suportada por bons e sedutores argumentos, bem
como por uma postura ousada do orador, passa a contar como verdade. Neste
aspeto Platão critica esta aparência de verdade e dá-a como consequência de um
mau uso do discurso. O discurso quando é usado para unicamente persuadir um
auditório, tem estratégias que ultrapassam os factos e a verdade destes,
valendo qualquer argumento que avive as emoções e permita a satisfação dos
interesses e gostos do auditório. Um bom orador é capaz de persuadir qualquer pessoa
sobre qualquer assunto, mesmo que nada saiba sobre ele, (não tem necessidade de
conhecer o que é justo) apenas tem que parecer que conhece face à multidão (que
aparente sê-lo à multidão que deve julgar). Deste modo a Retórica é uma falsa
Arte porque manipula e ilude parecendo aquilo que não é. Concentra-se na forma de
tornar o discurso agradável e não com o seu conteúdo de verdade. A questão tem
a sua formulação prática no conflito que opõe filósofos e sofistas acerca da
melhor forma de educar os jovens. Se a finalidade da educação deve ser a ética
e a Filosofia ou arte de pensar e de ir à essência dos conceitos que todos os
dias utilizamos, ou, por outro lado a finalidade da educação deve ser preparar
chefes políticos capazes de fazer prevalecer os seus pontos de vista e de
governar com o apoio dos cidadãos.
Grupo III
O que se entende por problema da
indução de acordo com David Hume?
2.
Este problema ficou conhecido como o problema da indução. Consiste em
demonstrar que a crença na indução não está justificada porque ultrapassa a
experiência e a razão, isto é, não pode ser justificada nem empiricamente nem
racionalmente. Acreditamos que a natureza é uniforme e, por isso acreditamos
que aquilo que aconteceu de uma determinada maneira irá acontecer do mesmo modo
no futuro. Esse é o pressuposto que garante as nossas generalizações futuras,
mas esse pressuposto já resulta ele próprio de uma generalização e de uma
previsão, isto é, aquilo que garante a validade de uma indução é conseguido
através da indução, utiliza-se o mesmo processo para validar algo que devia ser
validado por um outro conhecimento onde se pudesse fundar. Há assim um raciocínio
falacioso, uma petição de princípio.
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