quarta-feira, 24 de maio de 2017

CORREÇÃO DO TESTE DE 16 DE MAIO 2017






GRUPO I



O que pretende criticar Popper e de que modo o faz ao propor um novo critério e uma nova metodologia científica?



1. Como critério de demarcação, o “Falsificacionismo” propõe uma metodologia rigorosa para separar ciência de “pseudo ciência” e, por outro lado, ultrapassa o problema do critério “Verificacionista” que não podia ser aplicado para justificar as leis científicas universais e necessárias, tais como algumas leis da Física. Destes dois critérios de demarcação científica: o critério “Verificacionista” que considera científico o que for empiricamente verificável e o critério “Falsificacionista” que considera científico tudo o que é empiricamente falsificável, só o segundo pode ser aplicado a uma lei científica pois esta é empiricamente falsificável por ser abrangente e informativa prevê certas ocorrências e proíbe outras. Desta forma não podemos verificar todas as ocorrências previstas pela lei, mas podemos seguramente falsificá-la empiricamente bastando para isso que as ocorrências proibidas pela teoria aconteçam de fato. O primeiro método de investigação e demarcação científica considerará que uma teoria é verdadeira se a experiência e a observação a confirmarem, servindo-se de um método indutivo de confirmação, enquanto o segundo serve-se da experiência para refutar as teorias. Esta metodologia tem como consequência que nenhuma teoria científica possa ser confirmada e portanto nunca haverá certeza da verdade de uma teoria, ela permanecerá corroborada mas poderá no futuro ser refutada permanecendo com um carácter de conjetura.

A Psicanálise e a Astrologia são “pseudociências” porque não obedecem ao critério de falsificabilidade, tanto a Astrologia como a Psicanálise não são empiricamente falsificáveis, pois a experiência é sempre interpretada ou distorcida de modo a comprovar a teoria e não se prevê nenhuma experiência possível que possa refutá-la. Assim afirmar que todos os Aquários são independentes é não dizer nada porque seja qual for o comportamento de um aquariano ele é sempre interpretado como sinal de independência, assim não há forma de refutar a teoria e por outro lado ela nada nos diz sobre a realidade.





2. Compare a perspetiva de Popper com a perspetiva de Kuhn acerca do conhecimento científico?



Para Kuhn não há verdadeiro progresso ou evolução porque os paradigmas que se vão sucedendo são incomensuráveis, isto é, não podem ser comparados pois apresentam diferentes formas de trabalhar, de selecionar fenómenos para investigação e novos princípios metafísicos.

Há, portanto, na evolução da ciência, cortes abruptos que correspondem a revoluções científicas, de mudanças de paradigma. As revoluções científicas sucedem-se a períodos criativos (ciência extraordinária) em que há teorias diferentes e a comunidade científica não forma consenso acerca de nenhuma delas. A escolha de uma teoria pela comunidade científica equivale a um acordo sobre a forma proposta de explicar os fenómenos. Uma vez acordado, ele torna-se exemplar e guia a comunidade para um desenvolvimento desta conceção dando origem a um novo paradigma e a uma nova fase de ciência normal. Todavia não há objetividade na escolha dos Paradigmas visto que este consenso é muitas vezes impossível e a escolha é influenciada por fatores externos aos critérios objetivos, como por exemplo, o prestígio do cientista, as suas posições ideológicas etc.



Para Popper, a ciência evolui no sentido de uma aproximação à verdade na medida em que se faz eliminando os erros das teorias e substituindo-as por outras mais abrangentes e consistentes com os factos observados. Visto que a ciência se faz num processo racional de conjeturas e refutações em que o papel da subjetividade tende a diminuir pois o cientista trabalha no sentido de fazer previsões arriscadas de modo a testar os limites de cada teoria. Embora não haja qualquer espécie de certezas pois o progresso científico é um sistema em aberto e nenhuma teoria é verdadeira mas apenas provisoriamente corroborada. A substituição de uma teoria por outra é um processo de seleção  em que as novas teoria aperfeiçoam as antigas na medida em que não cometem os mesmos erros da anterior, explicam os fenómenos das anteriores e ainda explicam novos fenómenos. Daí haver continuidade na evolução científica.







3. Identifique a característica ou características do senso comum evidenciadas no texto. Justifique.



 No texto o conhecimento científico e o senso comum são separados por um “ideal de objetividade” e” por uma “separação das atividades ordinárias do quotidiano”, isto significa que a experiência científica não se limita à observação ocasional, constrói um quadro racional de problemas e metodologias de análise que o senso comum não tem. Deste modo, embora a realidade pareça ser a mesma ela aparece de modo diferente porque é selecionada por prévios problemas. Partem dos dados dos sentidos e acumulam factos, mas se o segundo tira as suas conclusões a partir da experiência, o primeiro formula certas hipóteses que constituem uma diretriz através da qual organiza os dados da experiência e a interroga de um determinado modo, sistemático e racional e não apenas ocasional. São assim diferentes perceções da realidade. A outra característica apontada é a linguagem. A linguagem científica é universal e rigorosa na medida em que apresenta símbolos que obedecem a uma técnica de codificação aceite pela comunidade e que tem um significado suscetível de ser apresentado numa experiência e não pode ter vários significados. Veja-se o caso de H2O. Contrariamente o senso comum utiliza a linguagem vulgar onde as palavras podem ter diferentes sentidos e, por isso corresponderem a objetos diferentes. O ideal de objetividade para o qual tende a ciência a partir do século XVIII, é artificial uma vez que corta com as perceções ordinárias a que o senso comum está ligado, encontrando novos métodos e uma nova linguagem para interrogar e representar a natureza que estão enquadradas por exigências de rigor que a instrumentalização permitiu e que ultrapassa a ambiguidade da linguagem vulgar e do procedimento imediato e prático do senso comum.



4.A partir do texto problematize a relação entre verdade e política tal como ocorre na disputa entre Platão e os Sofistas.

 A oposição entre Verdade e política pode ser encontrada em Platão na medida em que sustenta que acerca de assuntos mundanos nunca há  conhecimento mas apenas opiniões que se opõem. Um outro aspeto é o da utilidade do discurso. Para que serve discursar se não for para nos tornar melhores e mais sábios, o discurso deve ter a forma de um diálogo, isto é, de uma contraposição de opiniões com vista a sair delas e a procurar os conceitos que já não são opiniões mas conhecimento racional. Para os sofistas e para a nova democracia ateniense, não há conhecimento verdadeiro sobre a forma como deve ser governada a cidade (relativistas) ou se existe tal conhecimento o homem não o poderá alcançar. Daqui se segue que, sobre os assuntos políticos, o “Homem é a medida de todas as coisas” e portanto quem decide qual a opinião mais credível são os homens. Esta opinião credível, por ser supostamente suportada por bons e sedutores argumentos, bem como por uma postura ousada do orador, passa a contar como verdade. Neste aspeto Platão critica esta aparência de verdade e dá-a como consequência de um mau uso do discurso. O discurso quando é usado para unicamente persuadir um auditório, tem estratégias que ultrapassam os factos e a verdade destes, valendo qualquer argumento que avive as emoções e permita a satisfação dos interesses e gostos do auditório. Um bom orador é capaz de persuadir qualquer pessoa sobre qualquer assunto, mesmo que nada saiba sobre ele, (não tem necessidade de conhecer o que é justo) apenas tem que parecer que conhece face à multidão (que aparente sê-lo à multidão que deve julgar). Deste modo a Retórica é uma falsa Arte porque manipula e ilude parecendo aquilo que não é. Concentra-se na forma de tornar o discurso agradável e não com o seu conteúdo de verdade. A questão tem a sua formulação prática no conflito que opõe filósofos e sofistas acerca da melhor forma de educar os jovens. Se a finalidade da educação deve ser a ética e a Filosofia ou arte de pensar e de ir à essência dos conceitos que todos os dias utilizamos, ou, por outro lado a finalidade da educação deve ser preparar chefes políticos capazes de fazer prevalecer os seus pontos de vista e de governar com o apoio dos cidadãos.



Grupo III



O que se entende por problema da indução de acordo com David Hume?



2. Este problema ficou conhecido como o problema da indução. Consiste em demonstrar que a crença na indução não está justificada porque ultrapassa a experiência e a razão, isto é, não pode ser justificada nem empiricamente nem racionalmente. Acreditamos que a natureza é uniforme e, por isso acreditamos que aquilo que aconteceu de uma determinada maneira irá acontecer do mesmo modo no futuro. Esse é o pressuposto que garante as nossas generalizações futuras, mas esse pressuposto já resulta ele próprio de uma generalização e de uma previsão, isto é, aquilo que garante a validade de uma indução é conseguido através da indução, utiliza-se o mesmo processo para validar algo que devia ser validado por um outro conhecimento onde se pudesse fundar.  Há assim um raciocínio falacioso, uma petição de princípio.


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