VERSÃO A
Grupo 1
(5x10 =50 Pontos)
Escolha
a opção correta:
1.
Considere os seguintes enunciados relativos à comparação entre as teorias do
conhecimento de Descartes e de David Hume.
1. Para o primeiro, todas as ideias são
inatas; para o segundo, nenhuma ideia é inata. 2. Os dois autores defendem que
há ideias que têm origem na experiência. 3. Para o primeiro, o conhecimento tem
de ser indubitável; para o segundo, pode não ser indubitável. 4. Os dois
autores defendem que não há conhecimento sem experiência.
Deve afirmar-se que
(A) 2 e 3 são corretos; 1 e 4 são incorretos. (B) 1, 3 e 4 são corretos; 2 é incorreto. (C)
1 e 4 são corretos; 2 e 3 são incorretos. (D)
1, 2 e 3 são corretos;4 é incorreto.
2.
Descartes considera que o cogito é um conhecimento especialmente seguro, porque
é
(A) imune ao próprio processo
de dúvida.
(B)confirmado pela experiência.
(C) o fundamento do conhecimento.
(D) obtido por um processo a priori.
3.
Identifique o par de termos que permite completar adequadamente a afirmação
seguinte. A dúvida cartesiana é _______;
por isso, Descartes não é um filósofo
_______.
(A)
cética … empirista
(B) metódica … racionalista
(C) hiperbólica … empirista
(D) metódica … cético
4.
A principal finalidade do método proposto por Descartes é
(A) estabelecer os
fundamentos do conhecimento.
(B) provar que os sentidos nos enganam.
(C) mostrar que existe um ser perfeito.
(D) descobrir quais são as ideias claras e
distintas.
5.
De acordo com a análise tradicional do conhecimento,
(A) se sabemos que uma certa pessoa nasceu em 2001, então
acreditamos que ela nasceu nesse ano.
(B) para sabermos que uma certa pessoa nasceu
em 2001, basta que essa pessoa tenha nascido nesse ano.
(C) para sabermos que uma certa pessoa nasceu
em 2001, basta termos uma justificação para que tenha nascido nesse ano.
(D) se acreditamos que uma certa pessoa nasceu
em 2001, então sabemos que essa pessoa nasceu nesse ano.
6. Se é vermelho, então tem cor. 2. O
vestido é vermelho.
(A) As frases 1 e 2 expressam
proposições “a posteriori”
(B) A frase 1 expressa uma
proposição “a posteriori”, a frase 2
expressa uma proposição “a priori”
(C) As frases 1 e 2 expressam
proposições “a priori”.
(D)
A frase 1 expressa uma proposição “a priori”, a frase 2 expressa uma proposição
“a posteriori”
7.
Hume considera que
(A) não há distinção entre impressões e
ideias.
(B) não há relação entre impressões e ideias.
(C) as impressões são cópias
das ideias.
(D) as ideias são cópias das impressões.
8. De acordo com Hume, a impressão que origina a
ideia de causa/efeito
(A) é a razão e o raciocínio.
(B) é uma ideia complexa fruto da imaginação.
(C) é a impressão de conexão necessária.
(D) é a conjunção constante
entre dois factos
9. A relação causa/efeito
fundamenta-se:
(A) Nas impressões sensíveis.
(B) Numa conexão necessária entre
factos.
(C)
Num costume ou hábito fruto da repetição.
(D) Na razão: é uma relação “a
priori”.
10. Hume não ultrapassa o ceticismo
porque:
(A) Hume não é cético.
(B) Admite a possibilidade de uma dúvida
radical.
(C) Não encontra uma forma
infalível de justificar as nossas crenças sobre o mundo.
(D) Não encontra fundamentos para a existência
de Deus.
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Versão B
1.
De acordo com a análise tradicional do conhecimento,
(A) se sabemos que uma certa pessoa nasceu em 2001, então acreditamos
que ela nasceu nesse ano.
(B) para sabermos que uma certa pessoa nasceu
em 2001, basta que essa pessoa tenha nascido nesse ano.
(C) para sabermos que uma certa pessoa nasceu
em 2001, basta termos uma justificação para que tenha nascido nesse ano.
(D) se acreditamos que uma certa pessoa nasceu
em 2001, então sabemos que essa pessoa nasceu nesse ano.
2. Se é vermelho, então tem cor. 2. O
vestido é vermelho.
(A) As frases 1 e 2 expressam
proposições “a posteriori”
(B) A frase 1 expressa uma
proposição “a posteriori”, a frase 2
expressa uma proposição “a priori”
(C) As frases 1 e 2 expressam
proposições “a priori”.
(D) A frase
1 expressa uma proposição “a priori”, a frase 2 expressa uma proposição “a
posteriori”
3.
Hume considera que
(A) não há distinção entre impressões e
ideias.
(B) não há relação entre impressões e ideias.
(C) as impressões são cópias das
ideias.
(D) as ideias são cópias das impressões.
4. De acordo com Hume, a impressão que origina a
ideia de causa/efeito
(A) é a razão e o raciocínio.
(B) é uma ideia complexa fruto da imaginação.
(C) é a impressão de conexão necessária.
(D) é a conjunção constante entre dois
factos
5. A relação causa/efeito
fundamenta-se:
(A) Nas impressões sensíveis.
(B) Numa conexão necessária entre
factos.
(C) Num
costume ou hábito fruto da repetição.
(D) Na razão: é uma relação “a
priori”.
6. Hume não ultrapassa o ceticismo
porque:
(A) Hume não é cético.
(B) Admite a possibilidade de uma dúvida
radical.
(C) Não encontra uma forma infalível de
justificar as nossas crenças sobre o mundo.
(D) Não encontra fundamentos para a existência
de Deus.
7.
Considere os seguintes enunciados relativos à comparação entre as teorias do
conhecimento de Descartes e de David Hume.
1. Para o primeiro, todas as ideias são
inatas; para o segundo, nenhuma ideia é inata. 2. Os dois autores defendem que
há ideias que têm origem na experiência. 3. Para o primeiro, o conhecimento tem
de ser indubitável; para o segundo, pode não ser indubitável. 4. Os dois
autores defendem que não há conhecimento sem experiência.
Deve afirmar-se que
(A) 2 e 3 são corretos; 1 e 4
são incorretos. (B) 1, 3 e 4 são corretos; 2 é
incorreto. (C) 1 e 4 são corretos; 2 e 3 são incorretos. (D) 1, 2 e 3 são corretos;4 é incorreto.
8.
Descartes considera que o cogito é um conhecimento especialmente seguro, porque
é
(A) resiste ao próprio processo de
dúvida.
(B) confirmado pela experiência.
(C) a consequência do conhecimento.
(D) obtido pelos sentidos
9.
Identifique o par de termos que permite completar adequadamente a afirmação
seguinte. A dúvida cartesiana é _______;
por isso, Descartes não é um filósofo
_______.
(A)
cética … empirista
(B) metódica … racionalista
(C) hiperbólica … empirista
(D) metódica … cético
10. A principal finalidade do método proposto por Descartes é
(A) estabelecer os fundamentos do
conhecimento.
(B) provar que os sentidos são certos
(C) mostrar que existe um ser perfeito.
(D) descobrir quais são as ideias obscuras
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Grupo 2
(1-20 pontos+2-30 Pontos +3-30 Pontos +4- 40 Pontos)=120 Pontos)
Leia o texto
com atenção e responda com objetividade e clareza às seguintes questões:
"Todos admitirão prontamente que existe uma
diferença considerável entre as perceções da mente, quando um homem
sente a dor de um calor excessivo ou o prazer de um ardor moderado, e quando
ele depois traz à memória a sua sensação ou a antecipa mediante a sua
imaginação. “
David Hume, Investigação sobre o
entendimento humano.
1.Diga quais são as perceções
da mente de que fala o texto e a sua importância para o conhecimento.
1. Impressões e ideias são perceções mentais, isto é,
constituem todo o conteúdo da mente que podemos conhecer. As primeiras são
originais e antecedem as segundas que são cópias feitas da memória das
impressões vividas. Podemos ter ideias de objetos nunca antes vividos, se
associarmos ideias simples, formando assim ideias complexas como a ideia de
vampiro. Podemos também antecipar o prazer ou a dor vividas pela expectativa de
as voltarmos a viver. Seja pela memória ou pela imaginação as perceções
pensadas, ideias, não são nunca tão fortes e intensas como as vividas,
impressões, pois o original é sempre mais forte e perfeito que a cópia.
Hume conclui que as impressões são atos originais e que não existem ideias sem
na origem estar a impressão interna ou externa equivalente.
As impressões podem ser simples ou complexas e
podem ser interiores ou exteriores, sendo que as primeiras são vividas pela
sensibilidade e as segundas resultam de um sentimento, paixão ou dor vividos
interiormente pelo sujeito. As ideias podem ser ainda gerais quando resultam da
associação de ideias simples, de acordo com a sua semelhança para a formação
dos conceitos, ou complexas quando são fruto da associação de ideias
simples através da imaginação.
Todos os objetos da razão ou da investigação humanas
podem ser naturalmente divididos em dois tipos, a saber, as relações de ideias
e as questões de facto. [...] O contrário de toda e qualquer questão de facto
continua a ser possível, porque não pode jamais implicar contradição, e a mente
concebe-o com a mesma facilidade e nitidez, como se fosse perfeitamente
conforme à realidade. Que o Sol não vai nascer amanhã não é uma proposição
menos inteligível nem implica maior contradição do que a afirmação de que ele
vai nascer.
D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, IN-CM, 2002,
pp. 41-42 (adaptado)
2. Explique qual o problema que Hume coloca no texto
e distinga, com exemplos, esses dois tipos de conhecimento que são referidos.
Resposta
integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes. Distinção entre
as questões de facto e as relações de ideias: – as verdades acerca das relações
de ideias são verdades necessárias ou demonstrativamente certas (OU que podem
ser descobertas pela razão); (em contrapartida,) as questões de facto apenas
podem ser decididas recorrendo à experiência; – o contrário de uma verdade
acerca de relações de ideias implica uma contradição e, portanto, é logicamente
impossível; (ao invés,) o contrário de uma verdade acerca de questões de facto
não implica uma contradição e, portanto, é logicamente possível.
A resposta integra os aspetos
seguintes, ou outros igualmente relevantes. Apresentação do problema da
indução: – a indução não está justificada, uma vez que a tentativa de a
justificar por meio da experiência é circular (OU a tentativa de a justificar
por meio do raciocínio indutivo se baseia, ela própria, no raciocínio indutivo,
que, precisamente, necessita de justificação).Portanto, saber que o Sol vai
nascer amanhã é uma previsão e como tal baseia-se no que aconteceu no passado,
faz-se uma generalização indutiva, se até agora o sol sempre nasceu, amanhã irá
nascer. Essa probabilidade pode não ocorrer, porque só podemos ter conhecimento
por experiência, e não temos experiência do futuro a não ser que façamos um
raciocínio indutivo.
3. “Todos os
metais dilatam sempre com o calor” Para Hume esta afirmação não está
justificada, logo não é conhecimento. Porquê?
3. Não há
nenhuma impressão de conexão causal; isto é, de uma conexão necessária entre
dois fenómenos como a dilatação do metal e o calor. As impressões que nos são
dadas são de contiguidade no espaço, prioridade temporal e conjunção constante.
b) A impressão
que temos é da repetição de fenómenos em sucessão no tempo e contiguidade no
espaço: “Vemos os dois fenómenos repetidamente juntos, e quanto mais isso
acontece mais forte é a crença que um não pode existir sem o outro, isto é, que
um é causa do outro.
c) Esta crença
a que chamamos relação de causa efeito ou conexão causal não está justificada
nem empiricamente nem racionalmente, porque “ não há nada que produza qualquer
impressão, e consequentemente nada que possa sugerir qualquer ideia de poder ou
conexão necessária”, a relação é formada na mente fruto do hábito e do costume. Não é um
conhecimento mas uma crença subjetiva.
d) Se o
conhecimento de causa efeito tem a sua origem na experiência e de modo nenhum é
a priori (argumento do ser racional
que nada soubesse do mundo, jamais poderia ter a noção de causa efeito) então é
um conhecimento de facto e é contingente, todavia julgamos e pensamos como se
houvesse uma conexão necessária e, portanto ultrapassamos a experiência.
Logo, para
concluir, não há uma justificação empírica nem racional para uma conexão
necessária entre dois fenómenos, ela é apenas fruto do costume, um hábito
psicológico, logo, não é um conhecimento objetivo.
4. Problematize as teorias empirista e racionalista em
relação aos seguintes tópicos: Inatismo
das ideias, eu, Deus
4.1. Defenda uma posição pessoal em relação a este
problema (empirismo/racionalismo).
A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros
igualmente relevantes.
Comparação das posições de Descartes e de Hume sobre o
inatismo das ideias:
Hume rejeita a existência de ideias inatas, os
empiristas, defendem que todo o conhecimento substancial do mundo deriva de
impressões ou sensações e estas são adquiridas por experiência; consideram que
as verdades conhecidas a priori são
«não-instrutivas», ou seja, não são informativas (ou não têm conteúdo factual),
"jamais poderá sugerir-nos a ideia de qualquer objeto distinto", ao
passo que os racionalistas, como Descartes, consideram que as verdades inatas são
certas (evidentes, ou claras e distintas), são aspetos fundamentais do mundo e
delas se deduzem outras verdades acerca do mundo.
Comparação das perspetivas de Descartes e de Hume acerca
da ideia de Deus:‒ Descartes afirma que «o pensamento de alguma coisa de mais
perfeito do que o eu [...] se devia a
alguma natureza que fosse, efetivamente, mais perfeita», ou seja, que a ideia
de perfeição não pode ter tido origem num ser imperfeito como ele (porque
duvidar é uma imperfeição, e ele duvida) e que Deus é uma substância
independente do pensamento (substância divina);‒ Hume, em contrapartida, afirma
que as ideias, «por mais compostas e sublimes que sejam», são copiadas «de uma
sensação ou sentimento precedente», ou seja, que a ideia de Deus é uma ideia
composta, formada pela associação e pela ampliação de ideias simples
provenientes da observação das operações da nossa mente;‒ segundo Descartes, a
ideia de Deus não tem origem empírica / é inata;‒ em contrapartida, Hume
considera que a ideia de Deus tem origem empírica, fruto da imaginação e não
corresponde a uma entidade independente
do pensamento.
Comparação das perspetivas de Descartes e de Hume acerca
da ideia de um eu substancial: Para os racionalistas, há um sujeito que pensa e
a substância do seu pensamento é independente do corpo (dualismo), este eu é
uma certeza primeira e uma crença verdadeira que se autojustifica. Para os
empiristas como Hume, não existe uma substância pensante independente do corpo
mas sim o pensamento está ligado ao corpo e influenciam-se mutuamente; não
existe um eu mas uma série de impressões que estão em volição e mudança.
Grupo 3
(2x15Pontos)
1. Segundo a teoria tradicional de conhecimento como
crença verdadeira e justificada porque é que não podemos saber que a Lua é
feita de queijo? Justifique.
Não podemos saber que a Lua é feita de queijo porque é falso. A Lua não é
feita de queijo mas sim de matéria rochosa, sendo assim uma crença falsa. O
conhecimento é factivo, podemos acreditar em crenças falsas mas não podemos
conhecer (saber) falsidades.
2. Porque é que o empirismo de Hume é considerado um
ceticismo moderado?
Porque apesar das
nossas crenças sobre o mundo não terem uma justificação nem lógica nem empírica
infalível, não abandonamos essas crenças porque elas são o produto do hábito
que é, para Hume, o verdadeiro guia do conhecimento.
3.
Qual a importância do cogito na filosofia cartesiana?
Através do método da dúvida sobre as fontes do conhecimento, Descartes
encontra a sua primeira verdade indubitável: “Penso, logo existo”. O Cogito é
uma ideia evidente, clara, distinta e inata, a primeira crença básica a
priori da filosofia cartesiana. Permite-nos inferir que é possível um
conhecimento a priori que não necessita da justificação da experiência e
que se fundamenta apenas na razão. Permite-nos também concluir que é verdadeiro
tudo o que se apresente com clareza e distinção à razão, isto é todas as ideias
evidentes que a razão vê claramente que não poderiam ser de outro modo e não se
confundem ou derivam de outras ideias. A partir desta crença básica é possível
construir os alicerces seguros do conhecimento de modo a escapar ao ceticismo.