sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Matriz para o teste de janeiro de 2025

 


Este elemento de avaliação é composto por dois testes, cada um é avaliado de 0 a 20 valores.

Cada teste avalia competências diferentes: 

  • O primeiro teste avalia a competência do domínio dos conceitos.
  • A competência da Conceptualização que vale 30% na avaliação final.
  • O segundo teste destina-se a avaliar as competências de Problematização e Argumentação que valem 45% na avaliação final.

1.    ESTRUTURA E COTAÇÕES:


TESTE 1 - CONCEPTUALIZAR 

Grupo I

10 perguntas de escolha múltipla - 10x15= 150 Pontos

Grupo II

Esclarecer conceitos:

2x25 = 50 Pontos

TOTAL - 200 Pontos 

TESTE 2 - ARGUMENTAR/PROBLEMATIZAR

As perguntas colocadas implicam desenvolvimento/explicação/justificação

Questão 1 - 35

Questão 2 - 40

Questão 3 - 35

Questão 4 - 50

Questão 5 -2x20 

TOTAL = 200 Pontos)

 

2.     CONTEÚDOS

 Conhecimento e Racionalidade Científica e Tecnológica.

1.      Análise comparativa de duas teorias explicativas do conhecimento.

1.1. O problema da origem do conhecimento: O Racionalismo – R. Descartes

1.2. A unidade de todo o conhecimento/ciência

1.3. A dúvida metódica.

1.4. Argumentos para duvidar.
1.5. As ideias verdadeiras/crenças básicas: cogito/dualismo corpo e alma e Deus. 

1.6. As substâncias do mundo/substância extensa/pensante e divina.  

1.6.  As ideias inatas, adventícias e factícias.
1.7. Deus como saída do solipsismo e garantia da verdade das ideias claras e distintas.

1.8. As provas da existência de Deus. 

1.9. Fundacionalismo racionalista. A autojustificação do cogito.

1.10. Críticas à filosofia cartesiana.

 

2. O Empirismo de  D. Hume
2.1. Conteúdos da mente - Impressões e ideias
2.2. Questões de facto e relação de ideias

2.3. O problema da possibilidade do conhecimento.

2.4. O problema da causalidade. 

2.5. O problema da indução.

2.4. O Ceticismo moderado. 

3. Comparação entre estas duas teorias do conhecimento: O racionalismo e o empirismo

4. Análise crítica ao racionalismo cartesiano e ao empirismo de Hume.

     

 COMPETÊNCIAS GERAIS:

1. Analisar corretamente os textos filosóficos.

3. Justificar com pertinência e bons argumentos as suas posições.

4. Dominar os argumentos dos filósofos com segurança.

5. Articular com clareza as ideias expostas.

6. Formular de forma clara os problemas.

7. Explicar corretamente os problemas colocados pelos filósofos. 

8. Saber problematizar as teorias dadas colocando-lhe objeções,

9. Comentar corretamente as frases.

10. Comparar as teorias filosóficas.

11. Criticar as teorias com bons argumentos.

12. Distinguir teorias.

13. Esclarecer conceitos.

14. Escrever com correção.

 

 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Texto para resumo Margarida Leão 11C


Há alguma justificação para Princípio da Uniformidade da Natureza (PUN), ou estamos mais uma vez na presença de um hábito mental contingente? Vejamos o que sucede se tentarmos justificar PUN através de um argumento indutivo. PUN afirma que as uniformidades do passado continuarão no futuro. Em que premissa podemos apoiar esta conclusão? Na premissa de que a natureza tem sido uniforme nas minhas observações do passado. Mas como Hume diz que todos os argumentos indutivos pressupõem PUN como premissa, o argumento é circular: pressupõe como premissa o que tenta estabelecer como conclusão. Logo, a justificação indutiva de PUN falha.

E será que uma justificação dedutiva de PUN teria sucesso? Mais uma vez, Hume diz que não. Se apreciares mais uma vez o argumento do parágrafo anterior, terás de concluir que ele não é dedutivamente válido. PUN não pode ser deduzido das observações feitas no passado. Um outro tipo de justificação dedutiva seria deduzir PUN das definições dos termos que usa. Nesse caso PUN seria uma verdade conceptual como “Um dia húmido não é um dia seco”. Assim, tal como da definição de “dia húmido” podemos deduzir que “um dia húmido não é um dia seco”, também seria possível deduzir que “a natureza é uniforme” da definição de “natureza”. Mas é evidente que não há qualquer contradição se dissermos que a natureza deixará subitamente de ser uniforme. Logo, esta tentativa também falha. PUN não é uma verdade conceptual.

Mas se todas estas tentativas falham, o que é PUN então? Mais uma vez, é simplesmente um hábito mental contingente, ainda que bastante importante na aquisição de conhecimento empírico. Tal como a noção de causalidade, não tem uma demonstração a priori. Acontece que a natureza humana funciona assim, mas ninguém pode honestamente excluir a possibilidade de que um dia deixe de funcionar da mesma maneira.

Intuitivamente supomos que os “eus” são entidades que persistem através do tempo e da mudança. Claro que acontecem mudanças na vida de uma pessoa, mas presumimos que não são essenciais: no fundo de cada um de nós há um substrato do nosso pensamento, da nossa percepção, de todas as nossas propriedades psicológicas. Esse substrato permanece inalterável. Hume defende que esta concepção de eu não tem base empírica. Assim, se por introspecção tentarmos compreender o que é afinal este eu, veremos apenas uma sucessão de impressões momentâneas e efémeras numa espécie de teatro em contínua mudança. Nada mais vemos além disto. A introspecção não capta qualquer substrato inalterável. Ora, o erro da nossa concepção intuitiva está no facto de a mente sentir a experiência de objectos relacionados como se fosse a experiência de um objecto único e imutável. O que se passa é que vemos unidade naquilo que de facto é diversidade. Logo, a introspecção apenas nos autoriza a conceber o eu como um feixe de percepções mutáveis, e não como um substrato permanente.

A mesma estratégia é seguida por Hume quando se trata de examinar a noção de mundo externo. Intuitivamente supomos que o mundo externo é feito de objectos estáveis. Mas aquilo de que temos experiência directa é momentâneo e efémero. Logo, a nossa concepção intuitiva de que o mundo é feito de objectos distintos e contínuos está errada. A experiência não fornece justificação para pensar desse modo. 

Faustino Vaz in Crítica na rede

 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Texto para resumo Leonor 11C



HUME E A JUSTIFICAÇÃO DA REGULARIDADE OU UNIFORMIDADE DA NATUREZA
O PROBLEMA DA INDUÇÃO

Colocado na sua forma mais simples, o problema da indução pode ser reduzido ao problema de justificar a crença na uniformidade da natureza. Se a natureza é uniforme e regular no seu comportamento, então o que acontece no passado e presente que observámos é um bom guia para os acontecimentos não observados do passado, presente e futuro. No entanto, os únicos fundamentos para acreditar que a natureza é uniforme são os acontecimentos observados no passado e no presente. Parece que não podemos ir para além dos acontecimentos que observamos sem assumir aquilo mesmo que temos de provar – isto é, que as partes do mundo não observadas operam da mesma maneira que aquelas que observámos. (Este é precisamente o problema apontado por Hume.) Acreditar, portanto, que o sol pode possivelmente não nascer amanhã é, num sentido estrito, lógico, uma vez que a conclusão que ele nascerá amanhã não se segue inexoravelmente das observações passadas.
(…)
Reconhecendo a fraqueza relativa das inferências indutivas (comparadas às dedutivas), um bom pensador redefinirá as conclusões atingidas através da indução, dizendo que elas se seguem não com necessidade mas com probabilidade. Isto resolve o problema? É esta reformulação justificada? Podemos, por exemplo, justificar a ideia que afirma que a repetida observação do passado torna mais provável que o sol amanhã nasça do que o contrário?
O problema está em não haver um argumento dedutivo para fundamentar esta reformulação. Para deduzir esta conclusão com sucesso necessitaríamos da premissa ‘o que aconteceu até agora acontecerá com mais probabilidade amanhã’. Porém, esta premissa está sujeita ao mesmo problema da afirmação mais forte ‘o que aconteceu até agora acontecerá com certeza amanhã’. Tal como a sua contrapartida mais forte, a premissa mais fraca baseia a sua convicção acerca do futuro no que aconteceu até agora e essa base só é justificada se aceitarmos a uniformidade (ou, pelo menos, a continuidade geral) da natureza. Mas a uniformidade (ou continuidade) da natureza é precisamente o que está em questão!
(…)
Apesar destes problemas, parece que não podemos dispensar as generalizações indutivas. Elas são (ou pelo menos têm sido até agora) demasiado úteis para as recusarmos. Constituem a base de muita da nossa racionalidade científica e permitem-nos pensar acerca de matérias sobre as quais nada poderíamos dizer através da dedução. Não podemos de maneira nenhuma rejeitar a premissa ‘o que observámos até agora é o nosso melhor guia para a verdade naquilo que não observámos’, mesmo se esta premissa não pode ela mesma ser justificada sem circularidade.
Há, todavia, um preço a pagar. Temos de reconhecer que o uso da generalização indutiva pressupõe uma crença que de um modo relevante não é fundamentada.


Julian Baggini, Peter Fosl, The Philosopher’s Toolkit (London)
Tradução de Carlos Marques

Texto para Resumo Madalena Camilo 11C

 

"O Problema da Indução

Um tipo diferente de objecção à perspectiva simples do método científico levanta-se pelo facto de esta se apoiar na indução e não na dedução. (...) Um argumento indutivo envolve uma generalização baseada num certo número de observações específicas. Se eu observar um grande número de animais com pêlo, concluindo a partir das minhas observações que todos os animais com pêlo são vivíparos (isto é, dão à luz crias em vez de porem ovos), estaria a usar um argumento indutivo. (...) 

Estamos sempre a usar argumentos indutivos. É a indução que nos leva a esperar que o futuro seja semelhante ao passado. (...) As nossas vidas são todas baseadas no facto de a indução nos proporcionar previsões razoavelmente fidedignas acerca do nosso meio e acerca do resultado provável das nossas acções. Sem o princípio da indução, a nossa interacção com o meio seria completamente caótica: não teríamos bases para presumir que o futuro seria como o passado. (...) Toda a regularidade prevista no nosso meio estaria aberta a dúvida. (...)

Apesar deste papel central desempenhado pela indução nas nossas vidas, é um facto indesmentível que o princípio da indução não é inteiramente fidedigno. (...) Para ilustrar este aspecto, Bertrand Russel usou o exemplo de uma galinha que acorda todas as manhãs pensando que, uma vez que foi alimentada no dia anterior, sê-lo-á mais uma vez naquele dia. Um dia acorda e o camponês torce-lhe o pescoço. A galinha estava a usar um argumento indutivo baseado num grande número de observações. Estaremos a ser tão tolos quanto esta galinha, ao apoiarmo-nos tão fortemente na indução?"

Nigel Warburton (2007), Elementos Básicos da Filosofia. Lisboa: Gradiva, pp. 185-187.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Texto para resumo Léa Deludet 11C

 



Se procurarmos a origem da ideia de causa, diz Hume, descobriremos que ela não pode ser uma qualidade particular inerente aos objetos; porque objetos dos mais variados tipos podem ser causas e efeitos. O que temos de procurar são relações entre objetos. De facto, descobrimos que as causas e os efeitos têm de ser contíguos entre si, e que as causas têm de ser anteriores aos seus efeitos. Mas isto não é suficiente; achamos ainda que tem de haver uma conexão necessária entre causa e efeito, embora a natureza desta conexão seja difícil de estabelecer. Hume nega que tenha de haver uma causa para a existência de tudo aquilo que começa a existir. Sendo todas as ideias distintas separáveis umas das outras, e sendo as ideias de causa e efeito evidentemente distintas, é fácil concebermos um objeto como não existente neste momento, e existente no momento seguinte, sem lhe juntarmos a ideia distinta de uma causa ou de um princípio produtivo. É evidente que «causa» e «efeito» são termos correlativos, como o são «marido» e «mulher», e que todo o efeito tem de ter uma causa, da mesma maneira que todo o marido tem de ter uma mulher. Mas isto não prova que todos os acontecimentos tenham de ter uma causa, da mesma maneira que, do facto de todos os maridos terem de ter uma mulher, não se segue que todos os homens tenham de ter uma mulher. Tanto quanto sabemos, pode haver acontecimentos sem causas, tal como existem homens que não têm mulher. Se não há qualquer absurdo em conceber que algo venha à existência ou seja sujeito a alterações sem uma causa, não há, a fortiori, qualquer absurdo em conceber que um acontecimento ocorra sem um tipo particular de causa. Sendo logicamente concebível que muitos efeitos diferentes resultem de uma causa particular, só a experiência pode levar-nos a esperar o efeito real. Mas com base em quê?
Anthony Kenny, História concisa da Filosofia, lisboa, 1999, Temas e debates, p.334,335