quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Ficha de avaliação e revisão de conhecimentos com Correcção


GRUPO I
(3x30 Pontos)
Texto 1

“Depois, examinando com atenção o que eu era, e vendo que podia supor que não tinha corpo algum e que não havia qualquer mundo, ou qualquer lugar onde eu existisse, mas que nem por isso podia supor que não existia; e que, ao contrário, pelo fato mesmo de eu pensar em duvidar da verdade das outras coisas,  seguia-se mui evidente e mui certamente que eu existia; ao passo que, se apenas houvesse cessado de pensar, embora tudo o mais que alguma vez imaginara fosse verdadeiro, já não teria razão alguma de crer que eu tivesse existido; compreendi por aí que eu era uma substância cuja essência ou natureza consiste apenas no pensar, e que, para ser, não necessita de nenhum lugar, nem depende de qualquer coisa material. De sorte que esse eu, isto é, a alma pela qual sou o que sou, é inteiramente distinta do corpo e, mesmo, que é mais fácil de conhecer do que ele, e, ainda que este nada fosse, ela não deixaria de ser tudo o que é.”
Descartes, Discurso do Método, 4ºCapítulo

1. Explique o problema colocado por Descartes.

1. O sentido deste texto centra-se na descoberta, por parte de Descartes, de uma certeza absoluta do seu pensamento e a confiança de que a razão pode, só por si, alcançar o conhecimento verdadeiro. Essa certeza resulta da dúvida sistemática sobre todas as suas crenças, e resume-se na ideia de que se duvido é necessário que pense, há algo que dúvida, esse algo existe. A ideia do cogito “ Penso, logo existo” surge com clareza e distinção de modo a ser de tal modo evidente que o pensamento só a poderia considerar verdadeira, pois não poderia ser de outro modo. Descartes compreende com o Cogito que a verdade é um acordo da razão consigo própria, e só a razão é juiz do conhecimento e pode distinguir o verdadeiro do falso. Compreende ainda através do cogito que o conhecimento humano é possível pois a verdade encontra-se claramente demonstrada e a partir dessas verdades primárias (metafísicas), ou crenças básicas poder-se-ia conhecer outras verdades sobre as ciências por simples raciocínio dedutivo
2. Diga quais as etapas da dúvida metódica cartesiana.
2. A dúvida metódica foi a forma encontrada por Descartes para superar as dúvidas e as incertezas dos céticos que punham em causa a possibilidade de um conhecimento verdadeiro. Com a dúvida metódica, Descartes conseguiu demonstrar que há verdades indubitáveis e que se auto-justificam,  isto é, não necessitam  de outras crenças para se justificarem . Contraria assim o argumento da regressão infinita utilizado pelos céticos para criticar o conhecimento, alegando que nenhuma crença está justificada porque necessita sempre de outra que a justifique.
A dúvida metódica  consiste em examinar sistematicamente os fundamentos de todas as crenças e considerar falso, tudo o que fosse apenas duvidoso. Assim, as etapas da dúvida metódica são: 1ª Duvidar dos sentidos; 2ª Duvidar da existência do mundo; 3º Duvidar das verdades da razão.
Argumento 1: Uma vez que os sentidos nos enganam algumas vezes, podemos duvidar do que vemos ou sentimos, logo, não podem ser os fundamentos inabaláveis do conhecimento.
Argumento 2 : A realidade que vemos depende do estado de vigília que julgamos ter, mas não poderemos pensar que se trata de um sonho? No sonho estamos perante factos e, no entanto eles não são reais, o mesmo pode acontecer com toda a realidade exterior, que poderemos estar a sonhar e, por isso não ser real.

Argumento 3: As verdades matemáticas são inabaláveis mas poderíamos supor a existência de um génio maligno que nos enganasse sempre que pensamos numa verdade matemática levando-nos a dar o consentimento a algo que é falso. Assim a certeza das verdades matemáticas também é colocada em questão.


3. Demonstre a prova da existência de Deus.

3.Depois de concluir que de todas as verdades que julgara possuir só uma, a de que existia, parecia ser certa e inabalável, Descartes, fica sozinho com esta única certeza, não podendo provar que as coisas em redor dele existiam e sem poder confiar  em qualquer conhecimento obtido pela experiência. Visto considerar-se imperfeito, pois via claramente que duvidar e errar eram imperfeições e que há mais perfeição em quem não erra do que em quem erra (conhecer é perfeição maior que duvidar), interroga-se então qual a origem desta sua  ideia de perfeição? Não podia ser ele próprio, nem podia surgir do nada, visto que
 (não há menos repugnância em que o mais perfeito seja uma consequência e uma dependência do menos perfeito do que em admitir que do nada procede alguma coisa).

 Também não podia surgir da natureza porque nada na natureza lhe parecia superior a ele. Mas esta ideia não poderia ser retirada de algo que possuísse algumas imperfeições, só podia ter como causa um ser sumamente perfeito. (restava apenas que tivesse sido posta em mim por uma natureza que fosse verdadeiramente mais perfeita que a minha). A causa da minha ideia de perfeito só pode ser um ser com todas as perfeições, esse ser só pode ser Deus. Logo, Deus existe.


Grupo II
(4x15 Pontos)

1. Segundo a definição tradicional de conhecimento este consiste numa crença verdadeira e justificada. Porquê?
1. Tem de ser uma crença porque seria contraditório saber alguma coisa e não acreditar nisso, tem pois de o conhecimento ser uma crença. Tem de ser verdadeira porque o conhecimento é factivo não pode haver conhecimento de falsidades. Não basta ser uma crença verdadeira tem que estar justificada por boas razões porque o conhecimento não surge por acaso.

2.“O relógio da igreja da tua terra é bastante fiável e costumas confiar nele para saber as horas. Esta manhã, quando vinhas para a escola, olhaste para o relógio e viste que ele marcava exactamente 8h e 20m. Por isso, formaste a crença de que eram 8h e 20m. O facto do relógio ter sido fiável no passado justifica a tua crença. Contudo, sem que o soubesses, o relógio tinha avariado no dia anterior exactamente quando marcava 8h e 20m.

O que prova este exemplo?

Prova que podemos ter uma crença verdadeira, que está justificada pela experiência anterior e não corresponde a um conhecimento. Prova portanto que a definição tradicional de conhecimento está incompleta.

3. Diga quais os tipos de conhecimento e exemplifique.
Proposicional: "Sei que Paris é a capital da França" é o conhecimento que se elabora em proposições com valor de verdade, pode ser transmitido. 
Por contacto " Conheço Paris" implica contacto directo com o objecto do meu conhecimento.
Saber fazer: " Sei tocar piano" conhecimento que se adquire pela prática e pela experiência e não por proposições.

4. Descreva o acto cognitivo como relação sujeito-objecto.
O acto cognitivo pode descrever-se como um fenómeno que coloca frente a frente um sujeito e um objecto. O objecto é o que é conhecido e o sujeito aquele que conhece. Este fenómeno dá-se em 3 momentos: O sujeito sai de si, permanece na esfera do objecto e volta a si com uma representação (imagem) do objecto. O Objecto é transcendente ao sujeito porque não se deixa possuir na representação que o sujeito tem, permanece como algo exterior ao sujeito do qual ele apenas tem uma imagem na sua consciência mas não o objecto em si que não pode ser reduzido a uma imagem, é algo para além dela.

Grupo IV
( 2x25 Pontos)


1. SALVIATI – […] Espanta-me […] que não vos apercebais que Aristóteles supõe o que precisamente está em questão. Ora notai… SIMPLÍCIO – Suplico-vos, Senhor Salviati, falai com mais respeito de Aristóteles. A quem convenceríeis, aliás, de que aquele que foi o primeiro, o único, o admirável explicador da forma silogística, da demonstração, das refutações, […] de toda a lógica, em suma, tenha podido cair num erro tão grave como o de supor conhecido o que está em questão?

Galileu Galilei, Diálogo dos Grandes Sistemas (Primeira Jornada), Lisboa,

1.1. Nomeie a falácia cometida por Aristóteles, segundo Salviati.

Argumento falacioso é aquele que parece ser válido mas não é válido ou porque tem premissas falsas ou porque as premissas não são suficientes ou relevantes para retirar uma conclusão. Por ter uma falsa aparência este argumento é enganador. Pode ser eficaz pela força psicológica mas não tem validade lógica.A falácia cometida é uma Petição de princípio. Porque Aristóteles supõe como conhecido o que está em questão. 


1.2. Distinga manipulação e persuasão. Exemplifique.

O Bom uso da retórica implica a subordinação a princípios éticos: 
Princípio ético, por excelência, o reconhecimento da autonomia, da capacidade de escolha do auditório.
Esclarecimento da situação, das várias alternativas e dos seus pressupostos e consequências. Exige liberdade de expressão do pensamento.
O Mau uso da retórica – a argumentação degenera numa forma de ludibriar o auditório, em função dos interesses do orador. Manipulação – uso indevido da argumentação com o intuito de levar os interlocutores a aderir acrítica e involuntariamente às propostas do orador.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Guião para o trabalho sobre René Descates


FILOSOFIA DO CONHECIMENTO.

Obras:
“Discurso do Método”  de René Descartes
"Breve História da Filosofia" de Roger Scruton

INVESTIGAÇÃO
1. Além dos capítulos referidos da obra dos autores leia também obras de História da Filosofia sobre René Descartes para documentar melhor o trabalho.
Na fotocopiadora será colocada uma obras de História da Filosofia com os capítulos a ler destacados por autor bem como a versão para fotocopiar das partes do "Discurso do Método"

OBJECTIVOS:
1. Resuma cada um dos capítulos. Os temas, as teses, os argumentos, os conceitos fundamentais.
2. Responda às questões colocadas.
3. Elabore uma definição de todos os conceitos chave.
4. Contextualize a obra na época: principais opositores, cultura da época.
5. Coloque em evidência as ideias do autor e a sua importância para a história da Filosofia.
7. Elabore uma pequena biografia de todos os filósofos cujo nome ocorra.
8. No final tente compreender quais os problemas filosóficos que tratou no seu trabalho.

Leituras e questões por Grupo:

GRUPO 1 (azul)


OBRA : O DISCURSO DO MÉTODO - INTRODUÇÃO


1. Qual a importância de Descartes para a história do conhecimento?
2. Quais os temas principais tratados no "Discurso do Método?
3. O que significa a expressão "Dúvida metódica"?


Grupo 2 - OBRA : O DISCURSO DO MÉTODO - 1ª PARTE


1. Quem e o quê critica Descartes no primeiro capítulo? Porquê?
2. Que se propõe fazer para atingir um conhecimento certo?
3. Qual o contexto filosófico/cultural e científico que motivou Descartes a escrever o Discurso do Método?


GRUPO 3 - OBRA : O DISCURSO DO MÉTODO - 2ª PARTE


1. Que tarefa se propõe Descartes levar a cabo? Para quê? (2ºCap)
2. Quais as regras do método que Descartes propõe? (2ºCap)
3. Qual a importância do método na procura do conhecimento?
4. Que modelo científico serve de inspiração à Filosofia cartesiana?





GRUPO 4 - OBRA : O DISCURSO DO MÉTODO - 4ª PARTE


1. No quarto capítulo Descartes conclui que há três ideias que são indubitáveis (certas). Quais são?
2. O que são ideias indubitáveis e como chega Descartes a essas ideias?
3. Como prova Descartes a existência de Deus? (4º Cap)
4. Qual a relação alma corpo?

Grupo 5 - OBRA : O DISCURSO DO MÉTODO - 6ª PARTE
1. Quais as razões para Descartes publicar " O Discurso do Método"?
2. O que tem que ter o conhecimento para poder ser seguro?
3. Qual a crítica à Filosofia antiga?


Grupo 6 - OBRA: BREVE HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA" Roger Scruton

1. Duvidar de quê e para quê?
2. Porque é Descartes um Filósofo racionalista?
3. Descartes considera que as ideias racionais/inatas são mais certas que as ideias da experiência. Como prova ele esta tese?
4. Quais os problemas filosóficos que Descartes tenta esclarecer?





Grupo de trabalho – 4 alunos

Apresentação por escrito – 8 páginas (Espaçamento 1,5 letra 11)
Apresentação oral: Cada grupo apresentará um capítulo.


Data de entrega do trabalho por escrito, (impresso em papel) 19 de Janeiro

Apresentações orais:

Grupo 1 e 2 – 19 Janeiro

Grupos 3 e 4- 20 ou 22 Janeiro

Grupo 5 e 6 – 26 Janeiro

Grupos 7 e 8 – 26 Janeiro

AVALIAÇÂO:

Escrito:
Compreensão e análise correcta do texto
Resposta correcta às questões
Investigação com vários recursos
Problematização oportuna dos temas filosóficos
Correcção da apresentação
Oral:
Interesse filosófico da exposição oral
Dinâmica de grupo
Domínio dos conteúdos - Cada aluno deverá falar (sem ler) no mínimo 5 m acerca do tema do seu trabalho.
Originalidade da apresentação
As obras estarão para fotocopiar na Reprografia.

BOM TRABALHO!